Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 235: Yasmin e Victor partem rumo a iate

Depois de ter preso o cabelo ruivo em um rabo de cavalo, vestido um macacão jeans com uma regata verde e calçado chinelos, Graziele deixa a sua casa rumo à mansão de Fernanda e Mateus. Ao chegar no local, é recebida por uma empregada que informa que Thiago está em seu quarto. A garota estranha, pois no caminho até o cômodo não encontra com os sogros e não ouve nenhum barulho, o que deixa a mansão parecendo mal assombrada.
   Mesmo dando duas batidinhas na porta, não recebe nenhum indicativo que Thiago realmente esteja ali. Como considera ter um grau bem elevado de intimidade com ele, Graziele dá de ombros e gira a maçaneta.
   — Thiago? — chama vendo um volume sob a coberta. — Thiago? — insiste já que a pessoa sobre a cama não se moveu. Ela fecha a porta e anda até a cama, sentando perto da mesinha de cabeceira. Só então consegue confirmar que é o namorado que está deitado, pois ele tira o cobertor do rosto ao sentir o peso de alguém em sua cama. 
   — Ah, é você — diz Thiago com a voz grave enquanto tira os fones de ouvido. Os ombros de Graziele caem com leveza, já que ela não esperava essa reação dele.
   — É, sou. Você está bem? — pergunta colocando uma mão no ombro dele.
   — Não — assume Thiago.
Ela aguarda alguns segundos na expectativa dele explicar o que se passa, o que não acontece.
   — Aconteceu alguma coisa além disso tudo? — indaga.
Thiago vira de barriga para cima e coloca as mãos na barriga por cima do cobertor. Ele não olha nos olhos de Graziele quando conta:
   — Os meus pais falaram que eu vou fazer terapia e que vou também participar de um grupo para fumantes. 
Embora já esperasse por essa atitude de Fernanda e Mateus, Graziele fica chocada e demora algum tempo para recuperar a voz. 
   — Vai ser bom pra você. 
Thiago fica inquieto e diz:
   — Eu sei que é, mas... Ai! Eu não estou preparado para isso. — Ele puxa o cobertor e esconde o rosto. 
   — Thiago — chama Graziele puxando a coberta para ver os olhos dele. — Isso é necessário. É importante ter um apoio de um profissional e de pessoas que passam pela mesma situação. Você vai ver, com essa ajuda você vai se curar rapidinho.
   — Eu não estou doente — corta o rapaz. 
Graziele respira fundo, tentando não se descontrolar com ele.
   — Você está melhor, digo, fisicamente melhor? — questiona tentando mudar de assunto.
   — Sim. Ainda estou tomando uns remédios, mas estou ok.
   — Isso é bom. 
Eles ficam alguns minutos em silêncio e Graziele começa a se questionar se não é melhor ir embora e conversar com Thiago em outra ocasião, até que ele levanta o tronco e senta com as costas apoiadas na cabeceira da cama.
   — Fico feliz que você tenha vindo aqui me ver. Quando eu descobri que você já sabia de tudo, pensei que você nunca mais fosse olhar na minha cara.
   — Eu jamais faria isso. Você é muito importante para mim.
   — Você também é. — Ele estica a mão e toca no braço dela. — Mais importante do que tudo.
   — Menos do que o cigarro, né? Já que você me enganou pra continuar fumando — comenta a garota com amargura, mas logo se arrepende.
   — Me desculpa, Grazi — pede Thiago.
   — Tudo bem, eu não quero e nem vim aqui para te julgar. Eu — ela respira fundo —, eu vim aqui para dizer a decisão que eu tomei. 
Thiago fica com a garganta apertada.
   — Que decisão?
   — Eu quero terminar. — Ela não espera pela resposta dele e emenda olhando para as próprias mãos: — Eu não queria chegar nesse ponto, mas eu não consigo. O meu coração está em pedaços por tudo, pelo o que aconteceu com você, pelo o que está acontecendo com a gente, pelas palavras ditas, pelas não ditas. — Os olhos dela ficam marejados.
   — Eu te entendo — fala Thiago para o espanto dela. — Eu tenho consciência de que o que eu fiz foi muito errado, por isso eu adiei tanto contar, porque eu não queria perder você, nem a confiança dos meus pais. Só que agora que tudo isso aconteceu, eu não posso exigir nada de vocês. Eu só quero que um dia vocês me perdoem por tudo o que eu fiz vocês passarem. 
   — Eu só quero que você fique bem. 
   — Eu sei e eu juro que eu vou tentar ficar. Eu não quero mais ninguém me olhando com raiva, com dó ou com tristeza. — Ele enxuga uma lágrima que escorre por sua bochecha. — Eu só te peço uma coisa, Grazi.
Ela ergue os olhos marejados para o rosto dele.
   — O quê?
   — Não vira a cara para mim.
   — Eu nunca vou fazer isso! — garante a ruiva. — Antes de ser sua namorada, eu era a sua amiga. Eu sei que vai doer muito ficar perto de você, mas vai doer ainda mais se eu me afastar neste momento, agora que você mais precisa de mim. 
Thiago assente e pega na mão dela.
   — Sim, eu preciso muito de você do meu lado. — Ele olha diretamente nos olhos dela. — Eu te amo.
Com a garganta embargada, a ruiva assente.
   — Eu também te amo. 
   — Posso te abraçar? 
Graziele dá um leve sorriso.
   — Claro, Thi. 
Ele se aproxima dela e passa os braços por suas costas, aconchegando o corpo dela no seu. Graziele controla o seu instinto de beijar o pescoço dele e apenas aperta os seus ombros. Os dois ficam por um bom tempo abraçados e quando resolvem afastar-se, fazem isso lentamente. Nenhum dos dois toma consciência do pequeno espaço entre eles e não impedem seus lábios de se unirem. O beijo é lento, comedido e muito apaixonado. Graziele acaricia o rosto dele enquanto Thiago passa suavemente os dedos pela perna dela e para o beijo com selinhos quando começa a ficar sem ar. Eles não se movem, permanecendo com as testas coladas, olhos fechados e a respiração misturada. O rapaz dá um selinho nela e eles voltam a se beijar com a mesma tranquilidade. Thiago arrasta-se para mais perto dela e envolve sua cintura com mais firmeza, intensificando o beijo, que dura apenas alguns segundos a mais, pois Graziele recua.
   — Não! — fala tanto para ele quanto para si mesma. — A gente não pode. 
   — É difícil controlar. — Thiago passa a mão pelo cabelo.
   — Eu sei, mas é melhor para nós dois. Eu não quero me machucar ainda mais, Thiago. 
   — Eu te entendo. — Ele umedece os lábios e pede: — Só pode ficar só mais um pouco? A gente pode assistir algum filme ou conversar. 
Mesmo com o coração clamando por mais alguns minutos com ele, Graziele ouve a razão e diz:
   — É melhor eu ir. Nós dois sabemos que se eu ficar... — ela levanta —, bom, nós sabemos o que vai acontecer. 
Thiago assente.
   — Tudo bem. Posso te levar até a porta? 
   — Thi...
Eles sorriem um para o outro e Graziele controla-se para não voltar para a cama dele.
   — Ok, ok, entendi — diz Thiago com a aura bem mais limpa do que quando Graziele chegou. 
   — Até depois!
   — Até! Dorme bem. 
   — Você também. 
Eles trocam um olhar e Graziele sai do quarto.

   — Por que a urgência da minha agradável presença aqui? — indaga Isabela ao entrar no quarto de Yasmin.
   — Estou aqui no closet! — grita a loirinha e Isabela vai até lá. Ela franze a testa ao ver a melhor amiga arrumando uma mala. 
   — Vai viajar?
   — É hoje! É hoje! — exclama Yasmin com animação, pulando até Isabela.
   — Do que você está falando? 
Yasmin respira fundo, controlando sua animação para poder falar. 
   — O Victor me chamou para passar um final de semana em um iate com ele. Só nós dois!
Isabela sorri com incredulidade.
   — Sério? 
   — Sim! Ai, Isa, eu estou tão chocada e tão feliz.
Isabela senta em um pufe cor de rosa.
   — Eu também estou chocada e feliz — ela ri. — Eu não esperava isso do Victor. Um iate, cara! Um iate!
   — Isso põem o piano do Felipe no chinelo — brinca Yasmin.
   — Vai se ferrar! — Ela coloca uma mecha do cabelo atrás da orelha. — Eu não sabia que o Arthur e a Lua tinham um iate.
   — Não têm. É de um amigo do Arthur. Eu nunca passei um final de semana em um iate, só alguns almoços. 
   — É, nem eu. Serão várias primeiras vezes, né? — Ela ri. 
   — Ai, estou ficando ansiosa. — Seu sorriso fraqueja. — Se eu travar na hora?
Isabela sorri com leveza.
   — Fica tranquila, você não vai travar. 
   — E se acontecer? Dessa vez eu não vou me perdoar, porque eu quero, quero muito!
   — Yas, você vai estar tão envolvida com o clima, com o Victor, que nem vai pensar em nada. 
Yasmin dá um sorrisinho.
   — Parece que eu vou explodir de felicidade. Um final de semana em um iate!
   — Com o Victor — acrescenta Isabela.
   — O Victor é o de menos, eu só preciso dele de noite. — Ela gargalha e continua arrumado a sua mala. 

O celular de Maísa começa a tocar, horas mais tarde.
   — Jonas? — ela se surpreende ao ler o identificador de chamadas.
Laís ergue o rosto do sapato que estava calçando. 
   — Você tem o número dele salvo?
Maísa ignora e atende ao telefonema. 
   — Oi, Jonas.
   — Oi! Tudo bem? 
   — Sim — ela responde em tom de desconfiança.
   — O que você está fazendo?
   — Nada demais.
Ele sorri e pergunta diretamente:
   — Você vai na festa da Jaqueline?
Maísa também sorri.
   — Talvez.
   — Talvez sim ou talvez não?
   — Talvez é talvez — responde a loira ainda sorrindo. Laís tenta ignorar o jeito melodioso com que a prima fala com o garoto e continua passando rímel.
   — Espero te ver lá.
   — Você me ligou só pra saber isso? 
   — Pra você ver o quanto eu estou interessado na sua presença. 
Maísa sacode a cabeça com leveza enquanto analisa sua roupa no espelho.

   — Ai, Jonas.
   — Então, a minha vontade de te ter lá pode influenciar na sua decisão? 
   — Você não influencia em nada, Jonas — ri Maísa.
   — Poxa, também não precisa falar assim.
Eles riem e Maísa diz:
   — Eu tenho que desligar.
   — Pra poder se arrumar? 
   — Não é da sua conta — corta ela rindo.
   — Nossa, entendi. — Eles riem novamente, despedem-se e desligam.
   — O que ele queria? — Laísa não consegue controlar sua curiosidade.
   — Saber se eu vou na festa da Jaqueline. Vê se pode? 
   — Pelo visto você não quis falar se ia ou não — observa Laís. — Por que você não falou a verdade? A gente já está quase pronta pra ir mesmo.
   — Eu sei, mas queria manter o mistério — diverte-se Maísa.
Laís revira os olhos.
   — Ai, Maísa!

Brian coloca uma jaqueta de couro e observa sua roupa em frente ao espelho.

 A porta é aberta por Marina, que entra já pronta para o show de Chay. 

   — Oi! — diz a morena.
Brian vira-se e olha para ela.
   — Uau, você está linda.
Marina ri, chega mais perto dele e passa a mão pela sua jaqueta.
   — Você não está muito atrás. 
   — Obrigada!
Eles trocam um sorriso.
   — Você iria gostar de ir ao show do Chay — fala Marina.
   — É, eu queria ir. Quem sabe em uma outra oportunidade? 
   — Você pode ir hoje — tenta persuadi-lo Marina, causando um leve sorriso nele.
   — Você não quer que eu vá na festa da Jaqueline, né?
   — Não é isso — mente Marina sem se importar em ser convincente. — Eu só queria que você fosse no show do Chay, porque é muito bom.
   — Você é suspeita para falar — ri Brian.
   — Quer que eu abra as críticas do show dele? A maioria é positiva. 
   — Não precisa — garante Brian. 
   — A minha palavra é suficiente para fazer você ir hoje?
Os dois sorriem. e Brian brinca com a barra do top cropped dela.
   — Não. 
Marina bate o pé propositalmente.
   — Droga! — ela exclama em português, mas Brian entende.
Eles riem e o americano puxa ela para um abraço.
   — Você é uma caixinha de surpresa, sua bobinha.
   — É uma das minhas maravilhas. 
Os dois riem e continuam abraçados.

Um inseto entre os arbustos do jardim da mansão Abrahão Borges é observado por Victor, que está com os antebraços apoiados na mureta que rodeia a varanda, de costas para a porta principal. Ele fita com a expressão tranquila o belo jardim iluminado, com os pensamentos controlados e o corpo relaxado. Um barulho as suas costas indica que alguém saiu da mansão. Ao se virar, vê Micael arrastando uma grande mala rígida vermelha.
   — Nossa! — Victor não esconde sua surpresa. — A Yasmin está dentro dessa mala?
Micael ri e Yasmin sai em seguida, respondendo:
   — Estou aqui, querido.
O loiro arregala os olhos ao ver que Yasmin arrasta uma mala idêntica a de Micael, porém azul turquesa.
   — Você vai passar um dia lá, Yas, não um mês.
Sophia, que está atrás da filha, ri e diz:
   — Com a Yasmin tudo é exagerado.
   — Estou percebendo. 
Micael deixa a mala vermelha ao lado de Victor, que apoia a mão na alça. 
   — Bom — diz Yasmin voltando-se para os pais —, nós já vamos indo.
   — Olha lá, hein? Se cuidem! — Sophia passa a mão pelo rosto da filha.
   — Se estiver faltando um fio de cabelo na Yasmin quando ela voltar, Victor, prepara-se, tá bom? — sorri Micael. 
   — Pode deixar, eu vou cuidar dela.
Yasmin ri.
   — Coisa que eu preciso do seu cuidado, né? Querido, eu sou uma mulher poderosa. 
Eles riem. 
   — Eu sei dos seus poderes — Victor fala e ele e Yasmin trocam um brevíssimo, mas intenso, olhar.
   — Qualquer coisa só ligar pra gente — diz Sophia. 
   — Tudo vai dar certo — garante Yasmin. A empresária dá um abraço apertado na filha.
   — Vou sentir sua falta amanhã. 
A loirinha sorri.
   — É só uma noite e um dia, mãe.
   — Muito tempo!
Elas sorriem e Yasmin tenta sair do abraço, mas Sophia continua segurando ela com firmeza.
   — Se cuida, filha. Você está entendendo o que eu quero dizer, né? Usem camisinha! — Yasmin assente. — E se você não quiser, não faça nada. 
   — Eu sei, mãe.
   — Ai, minha menininha! — Sophia aperta ainda mais a filha.
   — Mãe, chega — pede Yasmin rindo. 
A loira solta a filha, que é abraçada em seguida pelo pai.
   — Tchau, minha princesinha! Aproveita a viagem.
   — Vou aproveitar muito — sorri Yasmin e não consegue ver se Micael entendeu o duplo sentido de sua frase, preferindo acreditar que não.
Victor despede-se dos sogros e desce as escadas da varanda arrastando a mala de Yasmin através das rodinhas. A loirinha anda ao seu lado com a outra mala, que anda pela lateral. 
   — Tem limousine a minha espera? — ela indaga rindo.
   — Menos, bem menos. 
O casal gargalha, passa pelo portão e entra no carro que está à espera deles, deixando as malas para o motorista guardar. 

As mãos de Vinícius estão na cintura de Marina, que está um degrau acima dele na escada.

   — Adorei o seu cabelo — ele diz com um sorriso carinhoso no rosto.
   — Eu também. Eu prendi pra tomar banho e gostei do jeito que ficou.
Vinícius ri e dá um beijo no queijo dela.
   — Só você mesma. 
Isabela entra na sala.

   — Vamos? A minha mãe já está esperando a gente lá no carro. 
Felipe levanta do sofá e alcança a namorada na porta de acesso à garagem.

   — Já disse que você está lindo hoje? — ela pergunta ficando na ponta do pé para dar um selinho nele.
   — Já, mas pode dizer mais vezes. — Eles sorriem e se beijam, porém são interrompidos por Marina, que puxa Isabela pela cintura.
   — Vamos? A minha sogra já está esperando a gente lá no carro — diz imitando o tom de voz fino de Isabela. 
O quarteto ri e segue para a garagem. 

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