Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 234: Victor conta seus planos para o final de semana à Yasmin

Thiago dá um leve sorriso e se aproxima de Graziele.

   — Oi. 

Ela não consegue controlar o próprio corpo e abraça Thiago com força. Os braços dele envolvem a cintura dela com firmeza e ele beija a sua bochecha. Emocionada, Graziele afasta-se um pouco dele, dizendo:

   — Ainda bem que você está bem.

Thiago assente e permanece com as mãos na cintura dela. Fernanda também chega perto do filho e o abraça, obrigando-o a soltar Graziele. 

   — Meu bebê!

Thiago sorri e abraça a mãe.

   — Menos, mãe. 

Mateus coloca uma mão no ombro dele e chama:

   — Vamos indo? O dia ainda vai ser longo.

O adolescente fica mais sério ao ouvir o comentário do pai. Ainda assim, vira-se para Graziele e pergunta:

   — Você vem com a gente? 

A ruiva olha de soslaio para a mãe antes de responder.

   — Não, vou com a minha mãe. Quando der eu passo lá na sua casa. 

   — Tudo bem — diz Thiago notando o distanciamento entre eles. 

Graziele ergue uma mão e afaga o rosto dele, pedindo em um tom gentil:

   — Se cuida. — Ela se despede de Fernanda e Mateus e vai embora com Larissa.

   — Você sabe que eu não veria problema se você fosse com eles, né? — comenta a empresária.

   — Sei, mas eu não queria ir. Ficar perto do Thiago dói, porque eu sei o que vai acontecer. 

Larissa fica com o coração apertado ao ver a filha nesta situação. 

O Sol se põem, dando espaço à Lua. Arthur está em seu escritório, analisando o roteiro de uma peça teatral rodeado por papéis da gravadora, xícaras de café e pratinhos de vidro com farelos de bolo, biscoito e torrada. A porta de seu escritório é aberta e o seu filho entra, espantando-se com a bagunça do local.

   — Pai? — chama Victor em tom de brincadeira. — Será que tem um pai no meio dessa bagunça? 

Arthur sorri, tira os óculos de grau do rosto e ergue a cabeça para visualizar o loiro.

   — Oi, Victor. 

   — Pai! — exclama Victor como se houvesse encontrado Arthur neste momento. 

Arthur ri e indaga:

   — O que você quer?

   — Você conseguiu aquilo que eu te pedi? — pergunta Victor sentando em uma poltrona na frente dele.

   — Consegui. Já está tudo pronto do jeito que eu você pediu. 

   — Excelente! — exclama Victor sorridente.

Deitada em sua cama com um livro apoiado na barriga, Isabela fita o teto com o pensamento longe. Em sua mente, revive o beijo que deu em Iago:

   "   — Quem diria que nós dois nos aproximaríamos tanto assim em trinta dias? — ela pergunta próximo ao ouvido dele.

   — O destino.
   — Você acredita em destino?
   — Claro. Qual outra resposta para eu estar dançando com a garota mais incrível do colégio?
Isabela ri com leveza.
   — São os seus olhos.
   — É você e unicamente você. 
Iago vira o rosto lentamente, assim como Isabela. Eles se olham e aproximam suas bocas, as encaixando com perfeição. O primeiro beijo do casal é lento, no ritmo da música, suave e doce. Isabela fica entorpecida pelo toque de Iago e o abraça com mais força, querendo mais daquele beijo tão suave e ao seu gosto, delicioso. Iago para o beijo com selinhos longos e acaricia o rosto dela com as costas da mão. Os dois ficam em silêncio, apenas com os olhos trocando gentilezas mudas. Iago fecha os olhos e leva sua boca de encontro com a de Isabela, que sorri levemente, agradecida por seu pedido ser realizado."

   A lembrança é interrompida quando a voz de Felipe entra em seus ouvidos.

   — Felipe? — ela indaga olhando para ele, que está parado à porta.

   — Estava sonhando de olhos abertos? — questiona o moreno sorrindo ao fechar a porta.

   — Não era bem isso — responde Isabela desconsertada como se houvesse sido flagrada com Iago. 

Felipe senta na cama ao lado dela.

   — Então o que era? 

Ao observar os olhos negros dele, a boca carnuda e corada, Isabela esquece completamente as lembranças de Iago, ficando encantada com a beleza dele. 

   — Isa? — chama Felipe estralando os dedos em frente ao rosto dela. — Planeta Terra chamando.

Isabela ri e pisca os olhos. Ela fica de joelhos no colchão e chega mais perto do namorado, colocando suas mãos em seu pescoço. 

   — É que a sua beleza me desconcentra. 

Felipe sorri e beija Isabela. Durante o beijo, o rapaz deita o corpo dela sobre os travesseiros e dá alguns selinhos em seus lábios antes de contar:

   — Hoje eu vou dormir aqui.

Os olhos de Isabela ficam iluminados.

   — Sério?

   — Gostou?

Isabela dá um beijo demorado no namorado e responde em seguida:

   — É óbvio.

Os raios de luz do luar iluminam o torso de Victor, exaltando a pele desnuda, os músculos definidos, o rosto esculpido naturalmente e os cabelos loiros e macios. Os membros inferiores estão submersos em um imenso mar, representados por uma vastidão negra e brilhante. Os olhos profundos estão fixos na Lua, a boca, sempre corada, entreaberta e os ombros relaxados. 
   Com o coração martelando em um ritmo acelerado, Yasmin pisa na areia branca e olha para a Lua, pedindo silenciosamente sorte. Seus olhos azuis escuros descem até a nuca de Victor e ela respira fundo antes de colocar o pé direito a frente e em seguida o esquerdo, caminhando lentamente até as águas negras e pacíficas, caminhando lentamente até Victor.
   A sensação de não estar mais sozinho preenche o corpo de Victor e o formigamento em sua nuca e o arrepio caloroso indicam que sua companhia é Yasmin. Ele se vira lentamente, ficando de costas para a Lua e de frente para a areia. Suas pupilas dilatam ao visualizar o corpo esguio da loirinha, que está coberto por um roupão branco. Os cabelos dourados escorrem por seus ombros e costas e o rosto está livre de qualquer cosmético, o que a deixa naturalmente bela. 
   Ao ter o olhar dele em seu corpo, Yasmin sente o coração bater ainda mais frenético e as pernas bambearem. Quando chega perto do mar, leva as mãos ao nó do roupão e o desfaz demoradamente, com os olhos fixos nos de Victor, que tem o rosto sombreado pela Lua. 
   O roupão branco cai ao chão, ficando entre os grãos de areia branca. Os olhos de Victor percorrem o corpo nu de Yasmin e sua respiração fica entrecortada enquanto a jovem sente-se exposta, porém com um sentimento de liberdade pulsando em suas veias. Ela coloca os pés na água, receando a temperatura, e fica aliviada ao perceber que a água está natural. Ele acompanha com o olhar cada parte do corpo dela submergir na água até que apenas a parte superior aos ombros fique para fora. 
   Aos poucos os seus corpos aproximam-se um do outro e quando suas peles tocam-se ambos sentem uma onda de calor quase febril. Victor não fala nada, apenas busca com um certo desespero a boca de Yasmin. Ela aceita a língua macia dele e fecha os olhos, sentindo os braços dele percorrerem sua cintura até as costas, unindo os seus troncos. 
   Os seus corpos são iluminados unicamente pela luz do luar e os bustos, unidos como um só, estão visíveis acima do nível d'água. Suas respirações começam ficar irregulares, seus braços apertam o corpo do outro cada vez mais forte e o beijo torna-se ainda mais intenso. 
   Victor desce uma das mãos até a última vértebra da coluna dela, passa os dedos com leveza até o umbigo e começa a subir em linha reta. Yasmin afasta-se poucos centímetros dele e fita os seus olhos sem dizer nenhuma palavra. Quando a mão dele chega em seu pescoço, ela joga a cabeça para trás e recebe beijos nesta região. Ainda com os olhos no céu, sente algo em entre suas coxas e solta um suspiro. Seus dedos entrelaçam-se com os de Victor e ela olha para a Lua, agradecendo aos céus por este momento. Sua respiração para quando sua pélvis une-se a dele e em seguida volta, cada vez mais ofegante. Com uma das mãos puxa o cabelo dele e morde o lóbulo de uma de suas orelhas. 
   Yasmin desperta subitamente e senta na cama, com duas semelhanças com o seu sonho: a respiração ofegante e a nuca molhada, porém de suor. Ela percorre o quarto com o olhar, ainda confusa com relação ao espaço ao seu redor, pois o sonho parecia incrivelmente real. Após alguns minutos tenta dormir novamente, mas depois de diversas tentativas sem êxito, desiste e levanta, indo para a sacada. Imóvel, ela acompanha o nascer do Sol e busca controlar as reações de seu corpo ao sonho. 

Horas depois, o colégio Otávio Mendes começa a encher-se de alunos, entre eles estão Malu e Samuel, que chegaram coincidentemente juntos.
   — Pensou sobre a festa? — ele indaga subindo os degraus da escada ao lado dela.
   — Que festa? — retorque Malu com a voz enrolada de sono.
   — A festa julina da Jaqueline.
   — Ah! — exclama Malu entrando no corredor com ele.
Samuel aguarda pela resposta dela, mas a morena apenas boceja e coça os olhos.
   — Então, você pensou? — ele volta a perguntar.
   — Pensei. 
   — E? 
Malu para antes de entrar na sala e se vira para ele.
   — Você quer mesmo que eu vá? — questiona um pouco mais atenta.
   — Quero, se eu não quisesse não teria te chamado. 
Malu sorri enquanto revira os olhos.
   — Ok, então eu vou. Só que eu já vou avisando que se a festa estiver extremamente Jaqueline, eu vou embora.
   — Como assim extremamente Jaqueline?
   — Extremamente chata, extremamente nojenta, extremamente fresca, extremamente...
   — Tá, já entendi! — corta Samuel sorrindo. 
   — Vem, vamos entrar. — Malu pega na mão dele e os dois entram na sala de aula.
   Dentro do espaço, Graziele conversa com Maísa e Laís.
   — E o Thiago? — indaga Laís em um determinado momento. — Como ele está?
   — Bem — Graziele responde. — Ele saiu ontem do hospital.
Laís e Maísa ficam animadas.
   — Sério? — questiona a loira. — Que bom!
Graziele dá um leve sorriso.
   — É.
   — Mas ele não vai na festa da Jaqueline, né? — pergunta Laís.
   — Festa da Jaqueline? — A ruiva franze a testa.
   — É, ela vai fazer uma festa julina na casa dela. Você não está sabendo?
   — Ah, sim! Estou, eu recebi um convite por whats, mas não vou. Nem eu, nem o Thiago.
Maísa sorri e dá um leve cutucão nela.
   — Ah, entendi, estão querendo aproveitar o tempo juntos, né? — Ela dá um sorriso malicioso que Graziele não acompanha, apenas dá de ombros sorrindo com leveza:
   — É mais ou menos isso. 
Mesmo sorrindo, seu olhar entristece. 
   Yasmin e Felipe chegam e vão para os seus respectivos lugares. Ele se encontra com a namorada e Vinícius enquanto Yasmin cumprimenta Malu e Samuel. Segundos depois, Victor e Marina também passam pela porta. Ao olhar para o namorado, a loirinha sente o seu estômago agitar-se.
   — E aí, gatinha? — sorri Victor com naturalidade ao chegar mais perto dele.
   — Oi, gato. 
O loiro deixa sua mochila sobre a própria mesa e em seguida aproxima-se dela. Ele olha com tanta intensidade para ela, que Yasmin não consegue deixar que o seu sonho invada sua mente. Ela sacode a cabeça levemente, tentando afastar a lembrança, e sorri para ele ao dizer:
   — Vamos lá falar com o pessoal.
Victor é arrastado por ela até Isabela, Felipe, Marina e Vinícius. O loiro começa a conversar com Felipe, Marina e Vinícius enquanto Yasmin segura no pulso de Isabela e a leva para fora da sala.
   — Como você consegue? — questiona.
   — Consigo o quê? — Isabela não compreende.
   — Ter auto-controle. 
A resposta não é o suficiente para cessar a confusão de Isabela.
   — Do que você está falando, Yas?
   — Ontem eu e o Victor quase transamos. 
Os olhos de Isabela saltam.
   — Sério? E aí? 
   — Você não vai acreditar no quê aconteceu?
   — Os seus pais pegaram vocês? — palpita Isabela.
   — Não, o Victor foi embora. 
   — Hã?
   — É, isso mesmo. Isa, eu estava disposta, eu estava pronta, eu queria! Mas na hora H o Victor parou e disse que precisava ir.
   — Como assim, Yas? Ele deu pra trás?
Yasmin assente com a cabeça.
   — Eu nunca pensei que isso pudesse acontecer.
   — Nem eu — responde Isabela atônita. 
   — Sabe o que é ainda pior?
   — Tem como piorar? 
A pergunta dela faz Yasmin sorrir.
   — Tem.
   — O que aconteceu? 
   — Eu sonhei que a gente fazia amor. 
   — É? E como era?
   — Maravilhoso! — responde Yasmin erguendo as mãos na altura do rosto. — Sabe aquela cena de Amanhecer parte 1 em que a Bella sai da casa lá na ilha da Esme e encontra com o Edward no mar? Foi exatamente daquele jeito! Foi incrível, Isa! — Ela dá um leve sorriso e acrescenta mais comedida: — Foi a prova que eu precisava para ter certeza do que eu quero.
Isabela sorri e diz:
   — Agora eu fiquei pensando, por que será que o Victor foi embora?
   — Não faço a mínima ideia, porque não era nenhum problema físico, se é que você me entende, eu evitei olhar, mas pude perceber que ele estava... no clima. 
Isabela assente.
   — Eu entendo. Bom, se não foi isso, eu não vejo outro motivo para ele ter dado para trás, porque, fala sério, é o Victor, né? Eu sempre tive a certeza que se você ligasse para ele às duas da madrugada falando que estava pronta, ele aparecia cinco minutos depois na sua casa. 
Yasmin não se controla e começa a rir.
   — Eu não tenho motivos para rir, mas essa foi muito boa.

Durante a tarde, os seis reúnem-se com Brian na piscina da mansão Blanco Aguiar. Isabela usa um biquíni hot pants com estampa étnica, Yasmin um biquíni fio dental preto, Marina um maiô decotado nas costas e os rapazes bermudas. A filha de Mel e Chay está sentada na beira da piscina com as mãos apoiadas nos ombros do namorado, que está parado de costas para ela dentro d'água, Marina aproveita o Sol deitada em uma bóia laranja, Vinícius está sentado ao lado da irmã, Victor em um dos degraus da piscina com as pernas de Yasmin nas laterais de seu corpo, pois ela está sentada logo acima e Brian em um degrau abaixo ao dele. 
   Yasmin e Vinícius trocam alguns olhares, mas não falam nada um para o outro, provocando um clima estranho entre eles. Até Marina já está incomodada com o distanciamento do namorado e da cunhada. A loirinha também percebeu que Victor está agindo com naturalidade, como se nada de estranho tivesse acontecido na noite anterior. Como ele não tocou no assunto, ela também prefere ficar calada. 
   — O show já é amanhã! — lembra Isabela com animação. — Vocês estão confirmados, né? 
Eles assentem, exceto por Victor, que diz:
   — Eu e a Yasmin temos outros planos. 
Todos ficam surpresos, inclusive Yasmin.
   — Que planos? — ela e Isabela perguntam ao mesmo tempo.
   — Coisa nossa. 
   — Coisa sua, né? — comenta Felipe. — Porque nem ela sabe. 
Victor ri e arruma seu óculos de Sol.
   — Mais ou menos isso.
   — Ah, gente, mas a gente tinha marcado — resmunga Isabela.
   — Relaxa, Isa — Felipe pede acariciando a coxa dela. — Eu vou estar lá, você não precisa de mais ninguém.
Os sete caem na gargalhada e Marina comenta em tom de ironia:
   — Convencido nem um pouco.
Enquanto os outros continuam rindo, Yasmin inclina-se sobre as costas de Victor e pergunta em português no ouvido dele:
   — Que planos é esse que você está falando?
   — Depois eu te falo.
   — Fala agora — insiste a loirinha. Victor morde o joelho dela e repete com um leve sorriso:
   — Depois eu te falo.
Yasmin revira os olhos e volta a se apoiar no degrau em que estava. 
   — Eu também não vou — conta Brian.
   — Por quê? — Isabela indaga.
Marina, a pessoa que mais conhece Brian no grupo, percebe que ele ficou levemente embaraçado, o que atiça sua curiosidade. 
   — Eu fui convidado para uma festa — o americano explica. 
   — Que festa? 
Yasmin estreita os olhos, pois começa a fazer ideia de qual festa ele está referindo-se. 
   — É que a Jaqueline vai fazer uma festa julina — Brian diz, agradecendo por seu óculos ser preto pois assim ninguém vê os seus olhos hesitantes, pois ele sabe que Jaqueline não é bem vista entre eles. 
   — Você vai na festa dela? — pergunta Felipe. — A gente recebeu o convite, mas não vamos. 
   — Acontece que o Brian tem um tipo de relacionamento com a Jaqueline, nós temos outro — fala Victor. Marina olha intensamente para o irmão, tentando absorver toda a impassividade que ele demonstra sempre que algo abala seu emocional, pois não quer aparentar que não gostou dos planos de Brian para o final de semana para não ser mal interpretada. Assim que assume a expressão mais neutra que consegue, olha para Vinícius em busca da tranquilidade que o olhar dele provoca em seu corpo, porém ele não devolve o olhar pois está fitando o próprio pé, que balança dentro da piscina, alheio à situação. 
   — Ok — fala Isabela encerrando o assunto, pois até ela notou que Brian ficou incomodado. — Vamos eu, o Felipe, o Vini e a Mari.
Yasmin controla-se para não revirar os olhos ao ouvir Isabela chamar Marina desse modo. 
   — Já volto! — diz Vinícius levantando. Ele caminha até o interior da mansão, rumo ao banheiro mais próximo. Os seis mudam de assunto e começam a conversar com a mesma empolgação de minutos anteriores. Passado um tempinho, Yasmin fica em pé nos degraus, arrancando olhares de Victor e Brian, e caminha até uma mesinha coberta por um guarda-sol. 
   — A Yasmin é gata, hein? — comenta Felipe rindo. 
   — É — concorda Brian sem pensar. Ele recebe olhares dos outros quatro e logo emenda: — As mulheres brasileiras realmente são gatas. 
Isabela ri, ciente da atração que Brian sempre sentiu por Yasmin, e olha para Victor. Mesmo com ele usando óculos bem escuros, ela praticamente o vê revirando os olhos. 
   — Droga — reclama Yasmin consigo mesma ao ver que o suco acabou. — Vou lá pegar mais.
Ela caminha para dentro da mansão, colocando os óculos no cabelo, e logo no corredor cruza com Vinícius, que retorna do banheiro. Eles trocam um brevíssimo olhar e passam em silêncio um pelo outro. Movida por um súbito impulso, Yasmin volta-se para ele e segura em seu braço.
   — Ei!
Vinícius ergue os olhos da mão dela em seu braço para os olhos azuis escuros.
   — O que foi? 
Vendo que já abriu mão de seu orgulho e que não tem como voltar atrás, a loirinha respira fundo e confessa:
   — Até quando nós vamos ficar assim? Estou sentindo a sua falta. 
Vinícius fica surpreso, pois sabe o quanto ela é orgulhosa e imaginava que ele teria que ser o primeiro a se reaproximar. 
   — Você não vai dizer nada? — questiona Yasmin diante do silêncio dele.
   — É que você me pegou de surpresa — assume Vinícius e eles sorriem. 
   — Isso é para você ver o quanto você é importante pra mim.
Ele pega na mão dela carinhosamente.
   — Você também é importante pra mim, só que o que você fez e disse mexeu comigo.
   — Me desculpa — pede Yasmin e Vinícius vê a sinceridade nos olhos dela. — Eu juro que não fiz por mal. Eu só queria te ajudar, mas acabei atrapalhando o que nós temos. — Ela dá um passo na direção dele. — A gente nunca tinha se afastado assim e isso me fez perceber o quanto eu gosto de você. Eu te amo, Vini, você é meu melhor amigo desde sempre e eu não quero te perder por causa de relacionamentos. 
   — Você nunca vai me perder, Yas — garante o rapaz. — Você é muito importante pra mim, é como se fosse a minha segunda irmãzinha. — Ele acaricia o rosto dela. — Eu quero cuidar de você, te proteger, embora eu saiba que o Victor e Felipe existem. 
Yasmin ri, mandando uma lufada de ar quente para o rosto dele.
   — O Victor e o Felipe nunca ocuparão o seu lugar. Você é único na minha vida!
   — Você também é única, até porque nem se eu quisesse teria outra Yasmin. 
Os dois gargalham e Vinícius puxa Yasmin para mais perto, passando os braços pela cintura dela. 
   — Estamos acertados? — ele sussurra no ouvido dela.
   — Sim! — responde Yasmin e dá um beijo no pescoço dele. Eles ficam por um tempo abraçados, sentindo a energia do outro. Vinícius afasta-se um pouco e segura o rosto de Yasmin em suas mãos. Os dois trocam um olhar profundo, sorriem e em seguida Vinícius beija a testa dela.

Na manhã de sábado, com o celular na mão, Jaqueline anda de um lado para o outro pela sua casa na companhia de sua mãe, distribuindo ordens para os funcionários que organizam a sua festa julina. 
   — Eu quero aquela barraquinha ali! — ordena apontando para um espaço no jardim perto da piscina que foi coberta por uma lona. Em seguida, olha para a sua mãe, indagando: — E as comidas?
   — Já estão chegando.
Jaqueline assente e olha sua listinha na tela do celular.
   — A senhora encomendou quantidades suficientes para todos, né?
   — Claro, né Jaqueline?
A loirinha para à sombra de um coqueiro e ergue os braços, sorrindo de satisfação.
   — Essa noite será perfeita, mãe. Perfeita!
   — O gringo que você está ficando vai vir? 
Jaqueline olha para sua mãe, uma mulher de quarenta e poucos anos, pele branca, cabelo louro igual ao dela, olhos castanhos e corpo esbelto de quem frequenta academia diariamente.
   — O nome dele é Brian — fala Jaqueline com o olhar brilhante ao lembrar do americano. — E a gente não está ficando sério, somos apenas amigos. Mãe, nem pensa em chamar ele de cunhado ou algo do gênero. Aliás, pede para o Enzo ficar de boca calada e não falar com os meus amigos.
   — Jaque? Ele é uma criança.
   — Ele tem dez anos, mãe, já pode entender muito bem. 
   — O que é que tem ele falar com os seus amigos, Jaque?
   — Ele é uma peste, mãe! A senhora sabe disso. Ele vai querer fazer piadinhas com os meus amigos e ninguém vai poder mandar ele catar coquinho, porque ele é meu irmão. 
Cleuza, mãe de Jaqueline, assente.
   — Tudo bem. Vou conversar com o Enzo. Mais alguma coisa, mocinha?
A garota sorri.
   — Não, mãezinha! Agora é só curtir e aproveitar as horas antes da festa. Ah, posso ir lá na clínica?
   — Fazer o quê? 
   — Ah, umas massagens relaxantes.
   — Eu não sei, Jaque, não sei se tem horário.
   — Mãe? Eu sou a filha dos donos da clínica e não vai ter horário para mim?
Cleuza ri e passa a mão pelos longos cabelos de Jaqueline.
   — Ok, vou ver o que arrumo pra você.

Deitadas em lençóis no gramado da frente da casa de Larissa e Henrique, Graziele e Malu conversam.
   — Acho que vou conversar com o Thiago hoje — conta a ruiva. — Acho, não. Tenho certeza!
   — Estou com medo dessa conversa — assume Malu.
   — Você? Por quê?
   — Vocês dois são os meus melhores amigos, eu não quero ficar no meio de uma situação chata.
   — Se depender de mim não ficará situação chata nenhuma — garante Graziele. — Eu pretendo continuar amiga do Thiago, por mais que seja difícil para mim. Eu sei que ele vai precisar de todo o apoio possível nessa fase.
   — Eu sei, mas será que ele vai entender? 
   — Ele tem que entender. Ou é isso ou é... nada. 
Malu assente e continua olhando para o céu azul. 

Enquanto sua mãe arruma-se em seu closet, Isabela caminha pelo espaço seguida por sua cadelinha Nina. 
   — Esse vestido é tão lindo — opina pegando um vestido dourado.
   — É mesmo — concorda Mel olhando para a peça.
   — A senhora poderia ir com ele no show do pai mais tarde.
Mel ri.
   — Você ficou maluca, Isa? Esse vestido é chique demais para um show.
   — Não é nada. Nem longo ele é. — Ela lança um olhar travesso para Mel. — Iria ressaltar suas pernas.
Mel começa a gargalhar e fecha sua caixa de jóias.
   — Ai, Isa, você sai com cada uma. 

Yasmin está andando de skate pelo condomínio com o cabelo preso em um coque frouxo, short jeans rasgado, t-shirt branca, tênis preto e óculos de Sol. Ela diminui a velocidade ao passar pela mansão de Lua e Arthur, pois vê Victor saindo.
   — Olha, nem precisei ir até a sua casa — ele ri. 
Yasmin para na frente dele e apoia as suas mãos nos ombros dele.
   — Você ia lá em casa?
   — Ia, preciso falar com você.
Ela sorri e dá um selinho nele.
   — Tem a ver com o nosso compromisso de hoje à noite? Porque até agora você não me falou nada, eu preciso saber com que roupa eu vou, que make vou fazer.
Victor ri e fala mais para si mesmo do que para ela:
   — Você vai levar uma mala mesmo.
   — Hã? 
Ele pega na mão dela e chama:
   — Vamos entrar!
Yasmin pega seu skate e coloca sob o braço. Os dois caminham até o jardim e sentam entre os arbustos.
   — Então — ela fala com curiosidade —, pra onde nós vamos? 
Victor dá um sorriso misterioso e mexe com o coque dela antes de responder.
   — Vai, Victor, fala! — apressa Yasmin.
Ele deixa as mãos caíram sobre o próprio colo e conta:
   — Nós vamos passar o final de semana em alto mar.
   — Como é? — ela questiona de queixo caído. 
   — Eu e você vamos passar o final de semana em alto mar — repete Victor divertindo-se com a reação dela.
   — O que você quer dizer com alto mar? Nós vamos para algum cruzeiro? Olha, eu só fui no cruzeiro do Roberto Carlos uma vez e foi até legal, então eu topo. 
Victor ri.
   — É algo menor do que um navio de cruzeiro.
   — Menor? Tipo o quê? Uma lancha? Um barco?
   — Um iate. 
Yasmin arregala os olhos.
   — Nós vamos passar o final de semana em um iate? Só nós dois? — A lembrança de seu sonho e da noite anterior perpassa por sua mente e causa uma arrepio em sua nuca.
   — Sim, o que você acha? — pergunta o loiro interessado na opinião dela.
   — Eu acho magnífico! — responde Yasmin sorrindo de orelha a orelha. — Mas eu não sei se os meus pais vão deixar e nós vamos ficar completamente sozinhos? Quem vai dirigir o iate?
Victor ri e acaricia o queixo dela.
   — Relaxa, eu já arrumei tudo.
   — Ah, não, Victor!
O rapaz ri.
   — O quê?
   — O jeito que você arruma as coisas sempre é errado e a gente se ferra no final. 
   — Dessa vez eu garanti que tudo dê certo.
   — Eu não confio.
   — Você não confia em mim? 
Yasmin sorri e passa a mão pelo cabelo dele.
   — Confio, mas os meus pais não.
   — Se esse é o problema, eu já falei com eles.
   — Sério? — Ela fica realmente espantada. — E eles deixaram?
   — Sim, foi um pouco difícil porque o Micael não queria, mas depois ele aceitou.
Yasmin fica feliz por essa notícia, mas lembra de outra coisa.
   — E quem vai dirigir o iate?
   — Relaxa, não vai ser eu — responde Victor como se lesse os pensamentos dela. — Um funcionário vai ficar com a gente o tempo todo, até porque eu tenho outros planos para passar o tempo. 
Ele olha de forma tão intensa para Yasmin, que ela sente suas bochechas aquecerem.
   — De quem é o iate? — questiona para quebrar o clima tão quente que ficou entre eles. 
   — Meu, comprei. 
Ela arqueia uma sobrancelha, sem acreditar no quê ouviu.
   — Você está falando sério?
O jovem passa um braço pelas costas dela sem se importar com fato dela estar suada. 
   — Claro que não — diz rindo. — Foi zoeira.
   — Ah tá! Então, é de quem?
   — Um amigo do meu pai — responde o loiro brincando com o brinco dela.
   — E como é?
Victor morde o lóbulo da orelha dela e sussurra em seu ouvido:
   — Isso você só vai descobrir quando a gente chegar lá.
Yasmin vira o rosto e fica com o nariz bem perto do dele.
   — Quando nós vamos embarcar?
   — Hoje à tarde. — Victor responde sem olhar para os olhos dela, pois fita sem disfarçar os seus lábios. Ele ergue lentamente os olhos e pergunta baixinho: — Está preparada para passar o final de semana sozinha comigo? 
   — Sem dúvida.
   — Olha lá, hein? Não vai poder fugir.
Yasmin ri e morde a ponta do nariz dele.
   — Mal posso esperar. 

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