Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 229: Mel tem encontro inesperado ao ir visitar Thiago


Mateus e Larissa observam comovidos o relato de Graziele. A mãe da garota envolve os ombros dela em um meio abraço e Mateus fala:
   — Eu te entendo. O Thiago escondeu algo muito grave de todos nós.
Graziele limpa uma lágrima que escapa de seu olho e caminha para se sentar no sofá. Ela fica em silêncio e pensativa. 

Samuel levanta do sofá em estado de choque. Ele caminha de um lado para o outro por alguns segundos enquanto Malu acompanha seus movimentos com o olhar.
   — Até agora é difícil pensar nisso — ela comenta.
   — Cara, não pode ser! — Samuel passa a mão pelo cabelo. — Com tantas pessoas nessa cidade, eu tinha que cruzar justamente com ele? 
   — Na realidade, quem começou com tudo isso fui eu — lembra Malu. — Quem poderia imaginar que aquele garoto que eu conheci na praia era o seu meio irmão? — Ela respira fundo. — Parece até que existe uma força superior querendo que vocês se encontrem.
   — Nem fala isso! — pede Samuel. — Eu não quero contato com ele nem com ninguém desse povo.
   — Como assim, Sam?
Ele para de caminhar e volta a se sentar no sofá.
   — Malu, essa família é a prova da infidelidade do meu pai. Eu não quero contato com esse cara, eu não preciso de nada para lembrar do cafajeste que o meu pai é. 
   — Eu pensei que vocês estivessem se entendendo.
Samuel ri.
   — Não é porque o Elias prendeu o cara que tentou me assaltar e atirou em você que tudo ficou bem. Eu não esqueci o que ele fez com a minha mãe. 
   — Só que o Ben e a mãe dele não têm culpa disso.
   — Não importa! — Samuel levanta-se mais uma vez. — Eu não quero contato com ele. Eu não quero ver esse garoto na minha frente. 
   — Você está de cabeça quente — pondera Malu.
   — Sim, eu realmente estou de cabeça quente, mas isso não muda os fatos. — Ele anda até a porta. — Eu preciso ficar sozinho.
Malu pula do sofá e corre até ele.
   — Espera aí. 
Samuel não para e passa pela porta principal. Ela tenta alcançá-lo, mas ele sai da mansão antes que isso ocorra.
   Malu sacode a cabeça, preocupada e chateada com tudo o que o destino reservou para ela, Samuel e Ben.

Na manhã seguinte, Ben volta a se encontrar com Maria Luíza na praia para tomar café da manhã.
   — Já estamos virando clientes desse quiosque — ele comenta ao sentar de frente para ela em uma mesa.
Malu, que está com o rosto escondido por óculos escuros e um chapéu preto, sorri.
   — Bom dia.
   — Bom dia.
   — Eu pedi um tapioca pra você, gosta? — ela pergunta.
   — Tanto faz, não estou com fome mesmo.
A morena dá um leve sorriso e bebe um gole de seu suco.
   — Então, como você está?
   — Tão bem quanto o meu nome.
Ela começa a gargalhar.
   — Só você pra me fazer rir em uma situação dessas.
Ben sorri e respira fundo, adotando uma postura mais séria.
   — Eu não sei como enfrentar uma situação dessas.
   — Você já contou para a sua mãe?
   — Não. Ainda estou escolhendo o melhor momento.
   — Como você acha que ela vai reagir?
   — Para o meu desgosto, ela vai ficar feliz.
   — Feliz? — repete Malu espantada.
   — Sim. Ela odeia o Elias como homem, mas acha que ele é um bom pai. Ela e o meu padrasto sempre acharam que eu deveria conhecê-lo. Como eu disse ontem, as vezes que eu encontrei com ele foram sempre porque ela me obrigou. Agora que um irmão entrou na história, as coisas só tendem a melhorar para ela e piorar pra mim.
A garota assente.
   — Eu te entendo. E você? O que você quer?
   — Pra ser sincero? Nada. Eu não quero nada. Nada que venha desse cara, nada que venha do filho dele, nada.
Pelo tom de voz que Ben usa, Malu conclui que ele não tem uma boa ideia de Samuel.
   — O Samuel é diferente do pai dele — fala em tom apaziguador. — Ele é uma boa pessoa. 
   — Acho difícil alguém que é filho do Elias ser uma boa pessoa. 
   — Você também é.
   — Eu não fui criado por ele — rebate Ben. 
Os óculos de Malu são colocados na mesa por ela.
   — Ben — diz olhando nos olhos dele. — O Samuel tem o Elias como um exemplo. Um exemplo do que ele não quer ser. Ele não é um monstro como o pai.
   — Que seja! Malu, eu não estou disposto a conhecer ele. De verdade, eu passei dezoito anos sem o meu pai biológico, sem um meio-irmão. Por que eu iria querer isso hoje? 
   — Talvez você não perceba, mas a vida colocou a Samuel no seu caminho. Isso não foi um acaso.
   — Você acredita mesmo no que você está dizendo? — indaga Ben.
   — Eu nunca fui de acreditar muito nisso, mas... como isso foi acontecer? Ben, eu e o Samuel tínhamos um relacionamento mal resolvido. Então eu te conheço e a gente se envolve. Depois eu descubro que vocês são irmãos. Isso não foi uma mera coincidência. 
Ben não diz nada e fica por alguns segundos olhando para o mar. Malu estica o braço por sobre a mesa e pega em uma das mãos dele.
   — Ben, você é tão especial pra mim. Eu não queria estar nessa posição, mas já que estou, eu me sinto no dever de aproximar vocês dois.
Ele olha para ela.
   — Desculpa te informar, mas você vai fracassar nessa missão.
   — Não é possível que vocês não tenham interesse um no outro! — exclama Malu revoltada.
   — Vocês? — repete Ben. — No plural? Ele também não quer me conhecer? — Malu confirma com a cabeça e ele exclama: — Viu? Por que você quer mexer em uma coisa que está boa pra nós dois? Eu não quero conhecer ele, ele não quer me conhecer. Fim. 
   — Não, eu não vou desistir. Pode ser que o Elias realmente não seja a pessoa que você queira na sua vida, eu te entendo completamente. Só que o Samuel é o seu irmão e é um cara fantástico. Sua mãe está certa e vocês precisam se conhecer melhor!
   — Ainda bem que vocês duas não se conhecem — diz Ben —, porque vocês são duas insanas. — Ele arrasta a cadeira e fica em pé. — Fica com a minha tapioca. 
O rapaz afasta-se e Malu fica estarrecida. Ela tira algumas cédulas da bolsa, deixa em cima da mesa e vai atrás dele. 
   Enquanto corre pela praia, enxerga algo inusitado.
   — Aquele ali é o ex-namorado da Marina com a Jaqueline? — Ela sacode a cabeça. — Esse mundo está realmente virado. 

Sentados na areia, Brian e Jaqueline conversam.
   — Eu não pensei que a nossa aproximação fosse causar tanta discórdia com o pessoal — ela diz prendendo o cabelo loiro em um rabo de cavalo.
   — Nem eu! — concorda Brian. — Eu não sei porque eles reagiram tão fervorosamente assim. Na verdade eu sei, mas não compreendo.
Jaqueline sorri e senta mais perto dele, dizendo:
   — Brian, eu sei que todo mundo já deve ter dito isso pra você, mas eu faço questão de dizer eu mesma, porque, talvez, você não esteja acreditando.
   — Do que você está falando? — ele pergunta confuso.
Jaqueline respira fundo.
   — Eu não sou um anjo, estou bem longe disso, na realidade. Eu já armei muito na minha adolescência e os seus amigos não escaparam das coisas que eu já fiz. A Yasmin ou o próprio Victor deve ter te falado que eu tentei várias vezes ficar com ele e é verdade. — Ela desvia o olhar. — O Victor sempre me atraiu e eu sempre fui determinada pra conseguir aquilo que eu queria. Com ele não foi diferente. Acontece que eu já tomei consciência de que não posso ter tudo o que eu quero. 
Brian acaricia o rosto dela.
   — Talvez você tenha se sentido atraída por ele, porque ele é meio americano. — Ele aproxima o rosto do dela e sussurra: — Agora você tem um completo americano na sua frente.
Jaqueline ri e recebe um beijo lento de Brian. Após o fato, ela diz ainda sorrindo:
   — Você está levando tudo na brincadeira, Brian. Eu estou tentando te alertar.
   — Eu estou levando tudo na brincadeira, porque não é preciso você me alertar sobre nada. Eu sei o que você aprontou, mas eu não ligo. Eu acredito e vejo outra Jaqueline na minha frente. Uma garota totalmente diferente dessa louca que todos dizem.
Ela ri.
   — E se você estiver se iludindo?
   — Deixa eu me iludir — pede Brian e eles riem. — Eu gostei de ficar com você. De verdade. 
Jaqueline passa a mão pelo cabelo claro dele.
   — Não acredito que isso esteja acontecendo.
   — Nem eu. Eu sou muito sortudo por conhecer as brasileiras mais lindas.
Jaqueline ri e deita a cabeça no ombro dele.
   — E quais são as brasileiras mais lindas que você conhece?
O americano passa um braço pelas costas dela, abraçando-a.
   — Bom, primeiramente a Marina, né? — Eles riem. — Depois veio a Isabela, que é uma garota muito linda e meiga, a Yasmin, que é maravilhosa, mas eu não posso nem olhar e...
   — Como assim não pode nem olhar? — indaga Jaqueline sorrindo.
   — Ah, é que eu me interessei por ela, sabe? 
A loira arregala os olhos e afasta o rosto para poder vê-lo.
   — Você se interessou pela Yasmin?
   — Sim, ela é linda. Tão linda quanto você.
Ela começa a rir e volta a apoiar a cabeça nele.
   — Meu Deus! Com tantas meninas para se interessar você foi se interessar justamente pela Yasmin? Como se não bastasse o mau gosto, ela é namorada do seu ex-cunhado, né?
Brian ri.
   — Sim. Só pra constar, não é mau gosto. E foi justamente por isso, por ela namorar o Victor, que eu não pude nem olhar pra ela.
Jaqueline sorri.
   — Isso é bom, porque se vocês tivessem se relacionado, nós não teríamos nos conhecido.
Brian dá um selinho nela.
   — É verdade. Se bem que se a gente se visse na festa e você se interessasse por mim, quem sabe? Você gosta mesmo de pegar quem está com a Yasmin.
Jaqueline dá um tapa na coxa dele.
   — Cala boca! — pede e eles gargalham. 

Ao sair de seu quarto, ainda sonolento, Victor encontra com o pai no corredor.
   — Bom dia — eles falam ao mesmo tempo um para o outro.
   — Pai, eu quero falar com você depois — informa Victor.
   — Alguma coisa importante?
   — Um pouco.
   — Pode falar agora.
Victor sorri e responde:
   — Mais tarde a gente se fala, o meu café da manhã não pode esperar.
Eles riem e o jovem desce as escadas. 

O cabelo ruivo de Graziele está preso em um coque baixo e ela desce para tomar café da manhã com os pais.
   — Bom dia — deseja com a voz rouca de sono.
   — Bom dia! — respondem Henrique e Larissa em um uníssono.
   — Aconteceu alguma coisa enquanto eu dormia? — ela pergunta fazendo referência ao estado de saúde de Thiago.
Larissa e Henrique trocam um olhar, vendo quem vai responder à filha. É o veterinário quem diz:
   — O Thiago recebeu as visitas do Mateus e da Fer e pediu para falar com você.
Graziele permanece passando geleia de amora em sua torrada como se não tivesse escutado o pai. Ele e Larissa se olham novamente e quando a mulher vai perguntar se Graziele ouviu, a ruiva indaga:
   — Ele já sabe que a gente sabe?
   — Sim — responde Henrique.
   — E como ele lidou com isso?
   — A gente não sabe — conta Larissa.
Graziele pensa por alguns segundos.
   — Ok, eu vou visitar ele. 

Antes que Ben possa entrar em seu carro, Malu alcança ele. 
   — Eu corri praticamente a praia toda atrás de você — ela fala ofegante, segurando firme no braço dele.
   — Se não fosse tão sedentária, não teria cansado tanto — comenta Ben afastando a franja dos olhos dela.
   — Idiota.
   — O que você quer? 
Malu solta o braço dele e diz:
   — Quero te pedir pra não ficar estranho comigo.
O baterista franze a testa.
   — Como?
   — Sei lá, eu não quero que a nossa relação fique abalada por conta disso o que aconteceu. 
   — Malu — ele fala colocando as mãos nos ombros dela. — Eu te adoro, isso não vai mudar porque eu descobri que o seu ex-ficante é meu... parente. 
   — Que bom! Aliás, eu quero te contar uma coisa.
   — O quê? — ele indaga descendo as mãos pelos braços dela até pegar em seus dedos.
   — O Samuel não é mais o meu ex-ficante. 
   — Não entendi.
   — A gente está ficando de novo.
   — Ah, sério?
   — Sim, a gente fez as pazes na sexta. 
   — E mesmo assim você ficou comigo?
   — Foi depois.
   — Ah, entendi. — Ele dá de ombros. — Fazer o quê? Perdi pro meu irmão.
Malu sorri.
   — Você nunca me teve. 
   — Eu sei — ele fala tentando não rir —, isso é o que mais me dói. 
Ela gargalha e eles se abraçam.
   — Você é tão bobo.
   — Mesmo assim você é minha parceira.
   — Sou. — Ela afasta o rosto o suficiente para ver os olhos dele. — Eu quero que você saiba que pode contar comigo. A gente está junto nessa.
   — Pode deixar.
Eles dão mais um abraço e Ben abre a porta de seu carro.
   — Quer uma carona? — oferece.
   — Não, valeu — responde Malu sorrindo. 

Durante o café da manhã, Mel, Isabela e Vinícius conversam.
   — Que bom que o Thiago acordou — comenta a empresária. — Vou ver se dou uma passada no hospital mais tarde.
   — Eu estava muito preocupada com ele — assume Isabela. — Coma alcoólico é uma coisa séria.
   — Muito. Deus me livre isso acontecer com um de vocês dois!
   — Isso nunca vai acontecer — garante Vinícius. 
Mel sorri e come um pedaço de torta.
   — Então, vocês estão sabendo do show da reestreia da turnê do pai de vocês? 
   — Não — respondem o casal de irmãos juntos.
   — Vai ser nesse final de semana aqui no Rio.
   — Sério? — indaga Vinícius.
   — Sim — confirma Mel e acrescenta: — O Chay chamou a gente para assistir.
   — Nós três? — surpreende-se Isabela.
   — Sim.
   — E nós vamos?
   — Eu não vejo motivos para não ir — responde Mel sorrindo.
Os dois ficam animados e Isabela não deixa de se perguntar se isso é uma aproximação dos pais. No entanto, a lembrança de Reinaldo invade sua mente e suas esperanças murcham um pouco.

Sem a ajuda do despertador, Marina acorda. Ela, que sonhou com Thiago, lembra de vários momentos da ocasião em que eles saíram juntos:
   Marina sorri e olha ao redor com mais atenção. Na sala do apartamento de Hugo vários jovens se aglomeram em torno de uma mesa e olhando com mais atenção, ela consegue identificar os objetos que estão dispostos sobre esta: garrafas de bebidas alcoólicas e energéticos. Girando a cabeça para o outro lado, enxerga mais pessoas conversando, todas com garrafas ou cigarros nas mãos. Um outro grupo, próximo a janela, fuma narguilé e conversam com vozes alteradas. Mesmo o ambiente não sendo o dos mais agradáveis Marina se sente confortável e até feliz. Ela olha para Thiago e pergunta:
    — Então, nós vamos ficar parados aqui no meio?
   — Quer beber alguma coisa?
   — Pode ser.
Thiago caminha em direção a mesa de bebidas e Marina vai atrás. Ele empurra alguns colegas e serve dois copos com o conteúdo de uma das garrafas de vidro.
   — Tim tim — ele diz entregando um copo para Marina.
   — O que é isso? — pergunta ela olhando para o líquido.
   — Tequila.
Marina sorri e bate de leve o seu copo no dele.
   — Tim tim. — Eles sorriem e levam os copos até suas bocas. Hugo vai até a estante e liga o hometiter. Uma batida eletrônica se espalha pelo apartamento e vários jovens gritam.
   — Não se esqueçam que esse é só o começa da noite, pessoal! — grita Hugo e ri. Marina ergue o seu copo acima da cabeça, assim como diversas pessoas, e fala:
   — É isso aí!
Thiago ri e pega o copo vazio da mão dela.
   — O que vai querer agora?
   — Vou continuar na tequila.
Ele dá de ombros e responde servindo o copo dela com o conteúdo da mesma garrafa de vidro:
   — Você é quem sabe.
Marina ri e se aproxima dele para dizer:
   — Seus pais não sabem que você frequenta esse tipo de lugar, né?
   — Eles não precisam saber — rebate Thiago rindo e bebericando a bebida em seu copo.
   — Que feio! — exclama Marina em tom melodramático.
   — Cala a boca — ri Thiago.

   A casa de Fabrício, amigo de Thiago, está cheia de pessoas e não para de chegar mais gente. A luz foi apagada e poucos pontos estão iluminados, Marina e Thiago estão dançando junto com alguns colegas dele ao som de uma música eletrônica. Muitos deles estão drogados e com isso muito agitados. Thiago fuma um cigarro atrás do outro e conversa com todos. No momento ele e Marina dançam juntos. Thiago para de dançar, assim como alguns de seus amigos, mas Marina continua se remexendo.
   — Que cara é essa? — ela pergunta vendo a expressão de surpresa dele e notando que os amigos dele também estão assim.
   — Um convidado inesperado — responde Thiago olhando além dela.
   — Quem? — pergunta Marina sem parar de dançar.
   — O Santana.
   — Luan Santana? — ri Marina. — O Vinícius me apresentou a música dele.
   — Não, esse Santana. — Thiago coloca as duas mãos na cintura de Marina e gira ela. Marina vê que vários convidados olham na direção de uma mesma pessoa, um cara alto e forte com cara emburrada. Thiago, ainda com as mãos na cintura dela, a puxa para mais perto até seu peito esteja encostando nas costas dela.
   — Esse cara é o maior rival do Fabrício — ele sussurra no ouvido dela. 
   — Rival em que sentido? — ela pergunta virando a cabeça para o lado.
   — Os dois disputam o poder do tráfico na área nobre da cidade.
   — Eles são traficantes? — ela indaga um pouco mais alto. Thiago aperta a sua cintura como forma de censura.
   — Fala baixo.
   — Com a música alta ninguém vai me ouvir. Eles são ou não?
   — Sim — confirma Thiago.
Marina fica de queixo caído.

   Marina deixa Thiago dançando com os seus amigos e caminha até a mesa de bebidas. Ela pega um copo de plástico e enche com água. Depois se vira e fica observando as pessoas da festa. Sua atenção se foca em Fabrício, que atravessa a sala e se aproxima de Santana. Eles começam a conversar baixinho e ela analisa cada movimento dos dois. Seu corpo fica mais tenso ao reparar que eles começam a ficar alterados. Ela olha para Thiago, que dança sem reparar em Fabrício e no outro, mas alguns convidados os observam também.
   Marina volta a olhar para os dois no exato momento em que Santana tira um revólver do cinto.
   — Thiago! — grita Marina no instante em o cara atira para cima. Todos os convidados berram e começam a correr pela sala. Thiago procura por Marina enquanto tenta não cair por causa dos empurrões que recebe. Ela dá de encontro nele.
   — Thiago — ela diz com a voz embargada. — O que a gente faz? — grita além da música e dos berros.

Thiago pega no pulso de Marina e grita:
  — Corre. Corre!

   Exaustos, Thiago e Marina desabam no banco detrás de um táxi. Ele fala o endereço do condomínio e olha para Marina.
   — Você tá bem?
   — Acho que sim — responde a adolescente.
   — Desculpa por fazer você passar por isso — ele pede com sinceridade.
   — Você não tem culpa.
   — Se a gente tivesse ido embora na hora em que o Santana chegou, não teríamos passado por isso.
   — Não tinha como prever o que ia acontecer.
   — Tinha — fala Thiago sabiamente.

   — Assim como tinha como prever o que aconteceu com você — ela fala voltando a realidade. Com o coração apertado, ela pede: — Que todas as energias positivas te cerquem e te protejam agora, Thiago. 

Posteriormente ao café da manhã, Sophia reúne-se com a filha em seu escritório.
   — O que a senhora quer falar comigo aqui? — pergunta a garota.
   — Business, honey, business.
Yasmin sorri.
   — Negócios envolvendo a MelPhia?
   — É claro. Enfim, vamos direto ao ponto. Lembra que eu comentei com você sobre a campanha Do Jeito Que Eu Sou?
   — Sim, aquela de aceitação do seu próprio corpo, né?
   — Exato. A gente já reuniu as meninas que vão participar e vamos gravar nesta semana que entra.
   — Ok, que dia?
   — Terça e quarta no período da tarde.
Yasmin assente.
   — Ok, por mim tudo bem.
Sophia ri e repete:
   — Por mim tudo bem é ótimo. Esqueceu que você é uma funcionária, querida? Se está tudo bem pra nós, pra você tanto faz.
Yasmin fica de queixo caído.
   — Que horror, mãe! — exclama a loirinha rindo.
   — Estamos conversadas? — pergunta Sophia sorrindo.
   — Sim, chefinha.
As duas riem e deixam o escritório. 

Malu desce de um táxi em frente ao casarão em que Samuel mora com a mãe. Ela toca a campainha e é recebida pela própria Ruth.
   — O Samuel está? — pergunta educadamente.
   — Sim — responde Ruth com frieza.
Malu engole em seco e pede:
   — Eu posso falar com ele?
A mulher abre espaço no portão para a adolescente entrar.
   — Ele está no quarto dele — indica quando elas passam pela porta principal.
   — Ok. — Malu não perde tempo e sobe os degraus da escada.

   — Ei! — repreende Isabela ao ver a porta de seu quarto abrir abruptamente. Nina começa a pular e a latir em torno da pessoa que entra no cômodo.
   — Cheguei em um bom momento — comemora Felipe olhando para a namorada, que está parada ao lado da cama usando apenas lingerie.
   — Eu estava me trocando — responde Isabela sorrindo.
   — Estava? — Felipe pega Nina no colo. — Não está mais? Ah, já sei! Eu cheguei, então não tem por quê se trocar já que nós vamos tirar tudo de novo, né?
   — Larga de ser idiota! — Isabela ri e pega um vestido amarelo que está em cima de sua cama.
   — Não coloca, não — pede Felipe sentando na cama. Ela ri e não atende ao pedido dele.
   — Você é um tarado, sabia? — fala parando na frente dele. Nina caminha pela cama da dona e o rapaz puxa Isabela para o seu colo.
   — Sou tarado apenas por um tipo de garota.
   — Tem isso agora, é? — indaga Isabela passando a mão pelo rosto dele.
   — Sim. Só sinto tara por meninas morenas, pequenas, de cabelo comprido, cheirosas, educadas, inteligentes, fofas, bondosas, carinhosas, engraçadas, filhas do Chay Suede e da Mel Fronckowiak e chamadas Isabela.
Um sorriso de orelha a orelha surge no rosto de Isabela, que começa a beijar o namorado.
   — Você é um tchuco — fala entre o beijo.
   — Tchuco, melhor elogio.
Eles riem e Felipe joga Isabela no cobertor ao seu lado. Eles começam a se beijar com mais intensidade até que Isabela empurra o namorado.
   — Eu tenho que te contar um negócio.
   — Que negócio? — indaga Felipe colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.
   — Sábado que vem nós vamos em um show.
   — Show de quem? — pergunta o rapaz com interesse.
   — Do melhor cantor do país.
Felipe franze a testa.
   — Ué, mas o meu pai não vai fazer show sábado. — Ele e Isabela começam a rir.
   — Mas o meu vai. Minha mãe, eu, o Vini e você vamos. 
   — Você responde por mim?
Isabela mexe a cabeça.
   — Quase isso.
Felipe ri e dá um selinho nela.
   — Boba. 
   — Então, você topa?
   — Claro que eu topo! Vamos só nós quatro?
   — Sim e talvez a Marina e talvez o Brian e se a Yas quiser ir com o Victor também pode.
Ele ri.
   — Resumo, todo mundo.
Isabela gargalha.
   — É isso aí. 
Nina lambe o ombro dela e Felipe faz um carinho em seu pelo.
   — E você, vai também, garotinha?
Eles riem e começam a brincar com a cadelinha. 

Em uma ala da UTI, Thiago vai se recuperando. Ele observa tudo ao redor, tentando controlar o fluxo acelerado de pensamentos. O bipe do aparelho que o monitora fica levemente mais rápido, decorrente de seu coração que se acelerou ao ver o cabelo ruivo de Graziele romper a imensidão branca e esterilizada da UTI. Mesmo utilizando as vestimentas de higiene, Graziele permanece com sua beleza natural que encanta Thiago.

   — Oi — fala Malu ao entrar no quarto de Samuel, que toca violão sentado em sua cama.
   — Oi, Malu — responde espantado, colocando o violão para o lado. Ela caminha até a cama e senta perto dele.
   — Vim ver como você está.
   — Não estou doente.
   — Mas do jeito que você saiu ontem lá de casa, pensei que poderia.
Eles sorriem.
   — Eu estou bem — garante Samuel. 
   — Que bom! Você já contou pra alguém? 
   — Sim, minha mãe e minha avó já sabem. 
Malu lembra da recepção nada agradável que teve de Ruth.
   — Como elas reagiram? 
   — Com estado de choque, né? Não teria uma palavra melhor pra descrever. 
   — E o que elas acham disso?
   — Minha avó acha que esse cara não tem culpa de ser filho do Elias, assim como eu. Já a minha mãe não quer que eu me aproxime dele nem morto. 
   — Você continua concordando com a sua mãe? 
   — Continuo — responde Samuel com seriedade. 
Os ombros de Malu caem e ela deita na cama ao lado do violão dele.
   — Eu vim da praia pra cá, estava tomando café com o Ben. 
   — Hum.
   — Você não quer saber como ele está diante dos fatos?
Samuel respira fundo.
   — Se eu falar que não, você vai deixar isso quieto?
   — Não — responde Malu com sinceridade. — Vou te contar do mesmo jeito.
Ele suspira e acaba deitando também. Os dois fitam o teto enquanto Malu fala:
   — Ele está tão surpreso quanto você e compartilha dessa mesma vontade: ficar longe.
   — Vejo que ele é sensato.
Malu vira a cabeça para encará-lo.
   — Vou falar a mesma coisa que disse pra ele. Não é possível que vocês não tenham interesse um no outro!
   — Não, não temos. Ele é meu meio irmão por causa de um erro do meu pai, um erro que magoou e continua magoando a minha mãe, então por que eu vou querer ele na minha vida?
   — Porque ele não teve culpa dos atos do seu pai. Nem a mãe dele sabia que o Elias era casado!
   — Eu sei de tudo isso, mas mesmo assim. Ele não tem culpa, mas é a realidade. Não, eu não vou ver ele e fico muito feliz em saber que esse desejo é recíproco. 
   — Acontece que eu não concordo com vocês.
   — E daí? — pergunta Samuel ainda olhando para cima.
   — E daí que eu vou fazer de tudo para unir vocês dois. Não estou querendo que vocês virem melhores amigos, irmãos inseparáveis, mas que pelo menos se conheçam.
   — Nós já nos conhecemos. Eu quase atropelei ele uma vez, lembra? 
   — Eu estou falando de conhecer realmente. Vocês têm tanta coisa em comum!
   — Você que o diga. 
   — Hã?
Samuel vira a cabeça para olhar para ela.
   — Temos o mesmo gosto para mulheres.
Malu olha para o teto, sentindo o rosto queimar.
   — Não gosto de lembrar disso.
   — É a realidade. 
Ela fecha os olhos e solta um suspiro.
   — Está tudo bem com a sua mãe? — indaga tentando mudar um pouco de assunto.
   — Mais ou menos.
   — O que ela tem?
   — Está nervosa com essa revelação. Ela não quer que eu me aproxime do filho do meu pai com a amante dele. 
   — Ah, entendo. Ela foi um pouco grossa comigo, deve ser o estresse — diz dando de ombros.
   — Não é só isso.
   — O que é que tem?
   — Bom — Samuel morde um lábio —, ela meio que está te culpando por isso.
   — Me culpando? — pergunta Malu olhando para ele.
   — Sim, indiretamente foi você que trouxe o Ben para as nossas vidas. 
   — Mas eu não sabia!
   — Por isso o indiretamente.
   — Ela não pode estar brava comigo por isso. 
   — Vai passar quando ela se acalmar — garante Samuel.
   — E se não passar? — questiona Malu.
   — O que é que tem?
Malu dá de ombros.
   — Ah, nós estamos juntos agora, né? Eu não queria ficar brigada com a sua mãe. 
   — É comigo que você está e não com ela, então relaxa. — Ele aproxima o rosto do dela e dá um beijo em seus lábios.
Malu fica mais perto dele e entrelaça suas pernas com as dele.
   — Com tudo isso — diz apoiando a cabeça no ombro dele —, a gente nem tem curtido muito.
   — A gente não curtiu nada pra falar a verdade.
   — É verdade. Mais tarde eu vou visitar o Thi, quer ir comigo?
   — Ok, eu fico te esperando lá fora, não sou tão íntimo para visitar ele.
   — Tá, sem problemas.
Samuel faz carinho na nuca dela.
   — A gente pode jantar depois. O que você acha? 
   — Uma ótima ideia.
Malu acaricia o abdômen dele por sobre a camisa. Os dois ficam trocando carícias em silêncio, ambos sem acreditar totalmente que estão juntos de novo. 

Em uma sala para visitas do hospital, Mel conversa com os pais de Thiago.
   — Como vai ser depois que ele sair daqui? — pergunta.
   — Nós conversamos com uma das psicólogas do hospital — conta Mateus — e ela indicou alguns grupos que o Thiago pode participar para ajudar nessa nova fase. 
   — Sem contar que nós vamos procurar um psicólogo para acompanhar todo esse processo — completa Fernanda. — Nós precisamos usar todas as armas para libertar o Thiago desse vício.
   — Sim. Vocês podem conversar com a minha irmã.
Fernanda confirma com a cabeça.
   — Nós estamos pensando nela.
   — Pois é, ela é uma excelente psicóloga. Pode pessoalmente atender o Thiago ou mandar para um especialista.
   — É — concorda Mateus —, a gente tem que ver tudo isso com calma. Por agora, estamos concentrados na recuperação dele.
   — Como ele reagiu quando soube que vocês já sabiam da verdade?
Fernanda e Mateus trocam um olhar e contam para Mel sobre o estado em que Thiago se encontra. 

Ao pousar o seu olhar na cama em que o namorado está, Graziele fica surpresa devido ao abatimento em que ele está. Seus olhos estão fundos, sua boca pálida e sua pele fina. 
   — Grazi — sussurra com os olhos cheios de lágrimas. Graziele fica imediatamente emocionada e é conduzida pela enfermeira até Thiago.
   — Aviso quando o horário acabar — informa a mulher ao se afastar.
   — Grazi, me desculpa — pede Thiago ao ficar sozinho com ela. — Eu juro que eu não queria que isso acontecesse. Eu não quero mentir pra você! Não queria!
Com medo de que ele fique nervoso demais e passe mal, Graziele pede:
   — Fica calmo. Por favor, tenta se acalmar.
   — Eu só quero que você me perdoe. — Lágrimas rolam pelas bochechas dele. — Eu estou me sentindo tão culpado, tão envergonhado por tudo o que eu fiz. Eu não queria ver os meus pais sofrendo do jeito que eles estão sofrendo e nem você. Eu não queria causar tudo isso na vida de ninguém! Eu sou tão fraco.
Graziele seca com rapidez uma lágrima que escapou de seus olhos e dá um passo em direção à cama dele.
   — Não fala assim. 
   — É a verdade. Eu deixei que o cigarro fosse maior do que o que eu sinto por todos vocês. Eu sou tão idiota, não mereço nada do que eu tenho. 
   — Para de falar desse jeito — pede Graziele. — Você não pode ficar com esse tipo de pensamento agora, você precisa se recuperar para sair logo daqui. 
   — Eu não sei se eu quero sair daqui.
   — Como? — indaga a ruiva surpresa.
   — Eu não sei se mereço sair daqui. Não quero causar mais sofrimento em vocês.
Graziele não consegue controlar-se e começa a chorar junto com ele.
   — Por favor, não fala assim. A gente quer o seu bem, que você se recupere logo e saia desse lugar. Todo mundo ficou muito preocupado com o que aconteceu e a gente só quer o seu bem.
   — Como vai ser depois? — pergunta Thiago repentinamente.
   — Hã?
   — Quando eu sair daqui, como vai ser? Porque eu sei que o que eu fiz não vai passar em branco. Eu sei que eu mereço uma punição, porque eu escondi isso de todos vocês. Escondi até de você. 
Graziele tenta controlar o choro compulsivo que ameaça tomar conta dela.
   — Pensa somente na sua recuperação — diz olhando para as mãos dele.
   — Eu não consigo pensar em outra coisa a não ser em você. Eu não quero te perder, Grazi.
   — Eu sempre estarei aqui — garante a ruiva. — Sempre foi assim, não é?
   — Eu não quero perder o seu amor.
   — Thiago, esse não é o momento certo para a gente falar sobre qualquer coisa. Você está se recuperando ainda, tudo foi muito recente. — Ela enxuga suas lágrimas. — Você só precisa se concentrar na sua recuperação, o depois a gente resolve depois.
   — Eu sei aonde você quer chegar. Sei que mereço isso, mas não quero te perder. 
Graziele pega na mão dele.
   — Por favor, não fica assim. Agora eu só quero te ver bem. Então, por favor, tenta não ficar assim.
A enfermeira se aproxima.
   — O tempo acabou.
   — Ok — responde Graziele olhando para ela. — Já estou saindo. — Ela fita novamente Thiago. — Fica bem. Não fica pensando em besteira, foca apenas no presente. 
   — Eu te amo. 
Os olhos de Graziele voltam a se encher de lágrimas e ela solta a mão dele.
   — Fica bem — repete deixando a UTI.

Mel levanta do sofá em que esteve sentada durante o período em que ficou no hospital.
   — O horário de visitas acabou e eu nem vi o Thiago.
   — Pois é. Vem amanhã — chama Fernanda.
   — Sim, eu venho. — Ela pega sua bolsa. — Agora eu tenho que ir, tenho algumas coisas para organizar para a semana.
   — Tudo bem.
Mel despede-se de Fernanda e Mateus e sai da sala. Ela caminha por alguns corredores rumo ao estacionamento do hospital. Ao entrar em um corredor, toma um susto ao ver a pessoa que está na direção contrária à dela.
   — Chay? — fala ao parar frente a frente com ele.
   — Oi, Mel. — O cantor dá o sorriso que sempre derreteu o coração dela.


Comentários

  1. Que capítulo foi esse! Meu Deus! Samuel e a Malu são muito perfeitos!!!
    Só eu que acho que o Brian deveria ficar no Brasil com a Jaqueline, eles são muito fofos, já amo eles!
    O que será que o Victor que falar com o Arthur?
    Chorei no final com a Grazi e o Thiago :'(
    Será que o Ben e o Samu vão se dar bem!
    Posta o mais rápido possível!

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  2. Ai que tenso esse capítulo.
    Mas totalmente apaixonada por essa última "cena" <3 <3 !!!!

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  3. Ai eu chorei com o thiago e grazi, tomara que ele se recupere logo. ChaMel <3 Continua logo

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  4. Posta o eventual de hoje! por favor!

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  5. Continua por favor espero que a grazi e o Thiago não terminem :'(

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  6. Não vejo a hora de ver Chay e Mel novamente!!

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  7. preciso de ChaMel urgente

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  8. Tomara que Chay faça uma linda declaração pra Mel no show!

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  9. CHAMEELLL enloquecendo aqui com essa última cena. Muito ansiosa pelo próximo capítulo

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  10. Olá, Renata sou sua fã, vc escreve perfeitamente bem, vc pode até me estranhar mas meu Google não estava publicando. VOLTA ChaMel

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