Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 220: Vinícius alerta Yasmin a respeito de si mesmo

A voz grave e animada de Victor interrompe os devaneios de Yasmin.
   — Você não vai comer, não? — A loirinha gira a cabeça e o encara, mas não fala nada. — Você não vai comer? — ele repete. 
   — Ah! — exclama Yasmin repentinamente pegando o seu sanduíche. — Vou, claro. 
O garoto franze levemente a testa e morde o próprio sanduíche. 
   — Eu hein — diz de boca cheia. 

As mãos de Alexandre deslizam pela cintura de Laís e param nas costas dela, de forma que ele traga o corpo dela para mais perto do seu. Entre o beijo, a garota leva uma mão ao pescoço dele e acaricia a região. Alexandre provoca ela, mordiscando o seu lábio inferior. Um sorriso divertido aparece no rosto de Laís e eles voltam a se beijar. O casal troca mais alguns beijos e Laís desce da muretinha sentindo as pernas moles. 
   — Vamos indo? — pergunta como se nada tivesse acontecido. Alexandre dá um leve sorriso, pega na mão dela e responde:
   — Vamos. 
Com os dedos entrelaçados e os corações pulsantes, os dois voltam a caminhar rumo ao ponto de táxi.

Durante o almoço, Maria Luíza informa aos pais que irá no ensaio da banda de Ben. 
   — Quem é esse? — pergunta Lucas. 
   — Um amigo meu — Malu se resume a dizer. 
   — Amigo? 
Ela sorri e beberica o suco de pêssego de seu copo. 
   — Sim, pai, um amigo. 
Lucas olha para Nathália e pergunta tentando não rir:
   — Você sabe quem é esse? 
   — Sei. 
   — É só amigo mesmo?
Antes que Nathália responda, Malu exclama:
   — Pai!?
O casal ri e a adolescente sacode a cabeça, servindo uma garfada com creme de milho. 
   — Vocês dois são impressionantes — sorri enquanto coloca o alimento na boca. 
   — Eu estou preocupado com você — fala Lucas rindo. — Quero saber informações desse seu pretendente. 
   — Ele não é meu pretendente. 
   — Já passou dessa fase — diz Nathália entre risos. 
   — Sério? — indaga seu marido. 
   — Mãe, pai! Parem com isso. 
   — Você está ficando vermelha — observa Lucas. 
   — Vocês estão me deixando nervosa. 
   — Nervosa, por quê? Tem culpa no cartório? — insiste o publicitário. 
   — Argh! — Malu revira os olhos, provocando uma crise de risos nos pais. 

Em torno da mesa da sala de jantar estão reunidos Luciana, seus pais, Jonas e Jaqueline. 
   — Antes de nos alimentarmos — fala o pai da garota —, vamos agradecer por essa comida. 
Ele une suas mãos com a da filha e a da esposa. A mãe de Luciana, que está sentada ao lado de Jonas, pega na mão dele, assim como Luciana faz com Jaqueline. A loira estica a mão para Jonas do outro lado da mesa e quando o pai de sua melhor amiga começa a agradecer, se controla para não rir. Quando o seu olhar cruza com o de Jonas, os dois sorriem, aproveitando que Luciana e seus pais estão de olhos fechados. 

Os setes adolescentes caminham pelo shopping após almoçarem. Isabela olha para Felipe e fala somente para ele:
   — Eu quero comer sorvete. 
   — E eu com isso? — ele provoca, mas acaba sorrindo. 
   — Você poderia ir comprar para mim. 
   — Só se você for comigo. 
   — Se for para eu ir, não preciso de você. 
O queixo de Felipe cai de maneira trágica. 
   — Onde está a parceria e o companheirismo? 
Isabela ri e dá um tapa no braço do moreno. 
   — Vai logo!
   — Eu já falei que só vou se você for comigo — responde Felipe passando um braço pelos ombros dela.
Isabela revira os olhos, bufando. 
   — Ok. 
Felipe sorri e beija a testa dela antes de falar para todos:
   — Nós vamos comprar sorvete, alguém quer? 
   — Eu! — fala Marina de imediato. 
   — O que foi? — Brian pergunta baixinho para ela, pois Felipe perguntou em português. 
   — O Felipe vai comprar sorvete com a Isabela e está perguntando se alguém quer. 
   — Ah. Eu também quero — ele fala olhando para o irmão de Yasmin. 
   — Ok. Alguém mais?
Victor cutuca o ombro de Yasmin com o seu. 
   — Você não quer? — pergunta só pra ela. 
   — Se eu quisesse teria falado — responde a loirinha e ele ri. 
   — Sua grossa. 
   — Você. 
   — Sou mesmo. 
Yasmin sacode a cabeça, sorrindo. 
   — Pervertido. 
   — Você ainda não viu nada. 
Levando no duplo sentido, como fez Victor, Yasmin diz:
   — Literalmente. 
   — Se você quiser eu posso te mostrar — oferece o loiro falando no ouvido dela. 
   — Não estou interessada no momento — corta Yasmin e Victor morde a orelha dela. 
   — Idiota. 
   Felipe e Isabela se afastam para comprar sorvete. Para a surpresa de Isabela, Felipe puxa ela para o corredor dos sanitários. 
   — Felipe, as minhas necessidades estão em dia — fala a garota. 
   — As minhas também — ele diz empurrando Isabela para o banheiro adaptado para deficientes. Ele tranca a porta, olha para ela dos pés a cabeça e completa: — Se bem que você pode ser considerada necessidade pra mim. 
O moreno prende o corpo de Isabela contra a parede e começa a beijá-la. 
   — Felipe, para — pede Isabela virando o rosto. — E se algum deficiente precisar usar o banheiro? 
   — Ninguém vai precisar. 
   — Você não pode garantir. 
   — Nem você pode garantir que alguém vá — ele retorque beijando o pescoço dela. Isabela está toda arrepiada e se controla para não perder a cabeça e amolecer nos braços do namorado. 
   — Não, Fê, isso é errado. Proibido. 
   — Proibido é mais gostoso — diz o rapaz acariciando o corpo dela. 
   — Felipe, não — insiste Isabela, porém sua voz está mais fraca. O moreno afasta o rosto suficientemente para enxergar o dela. 
   — Isa, olha nos meus olhos e diga que você não quer. — Ele puxa um dos lábios dela bem devagar, propositalmente, para instigá-la ainda mais. — Diz que não me quer. 
Isabela umedece os lábios e fita os olhos de Felipe, porém a boca corada dele chama a sua atenção. Ela sente que ele emana um calor e tem a sensação de que uma luz alaranjada sai de Felipe e a envolve. Abandonando totalmente a parte racional, entrelaça seus dedos no cabelo da nuca dele e beija ele intensamente. 

No meio da tarde, Malu sai para ir ao ensaio ao qual foi convidada. Ela fala o endereço que foi passado por Ben ao taxista e chega a uma casa classe média. Poucos minutos depois de tocar a campainha é recebida por Ben. 
   — Demorei? — indaga. 
   — Chegou na hora certa — responde o garoto antes de segurar no pulso dela, puxando-a para dentro. — Vem!

Marina desaba no banco de trás entre Vinícius e Brian. 
   — Meus pés estão moídos — conta quando o carro entra em movimento. 
   — A gente andou pra caramba mesmo — diz Isabela do banco da frente. 
   — Se você quiser eu posso fazer uma massagem pra você quando a gente chegar em casa — propõem Brian para Marina com gentileza. 
Os músculos de Vinícius tencionam-se levemente, o necessário para Marina sentir e confirmar a sua resposta:
   — Não precisa — fala sorrindo educadamente para Brian. Vinícius apoia a cabeça na janela e fecha os olhos. 

Com a desculpa de levar o amigo ao banheiro, Luciana subiu com Jonas para o segundo andar. 
   — O que tem achado da minha família? — pergunta caminhando com ele pelo corredor. 
   — Os seus pais são bem... tradicionais. 
Luciana ri. 
   — Pode dizer caretas, eu não ligo. 
Jonas ri com ela. 
   — Eles não te repreendem? — pergunta segundos depois com curiosidade. Luciana para perto de um quadro e responde:
   — Agora não, mas no começo da minha adolescência foi difícil eles, digamos, me aceitarem. 
Jonas ri. 
   — Ainda bem que eles te aceitaram, porque senão nós não seríamos amigos — ele diz abraçando a cintura dela. 
   — Por que não? Você namorou a Santa Isabela — brinca Luciana. 
   — Ela foi uma exceção. 
   — Uma pequena exceção?
Eles riem. 
   — Exatamente — concorda Jonas. Luciana acaricia os braços dele e questiona:
   — Você não acha que nós já falamos de mais, não?
   — Por quê?
   — Porque eu estou a fim de fazer outras coisas. — Ao final da frase, ela dá um beijo nele. Jonas aperta ainda mais a cintura dela e retribui. 
   — Lu — ele fala entre os beijos —, você sabe que...
   — Ei! — Ela silencia ele com outro beijo e em seguida diz: — Eu sei o que nós temos. Nada.
   — Nada também não, você é minha amiga. 
   — Exatamente! Então não se preocupe, nós vamos continuar sendo amigos e nada mais. Quer dizer, só com uns beijos a mais. 
Jonas ri e beija Luciana, empurrando ela contra a parede. 

Ben leva Malu até o local de ensaio de sua banda. 
   — Sim — ele fala —, nós somos clássicos e fazemos um rock na garagem. 
Malu ri e olha ao redor, vendo prateleiras com várias caixas e bicicletas, skates e patins espalhados pelo espaço. 
   — Oi! — fala para os quatro rapazes que estão reunidos em um sofá velho. 
   — Oi! — eles respondem em um uníssono. 
   — Vocês ensaiaram isso? — Ben pergunta e todos riem. — Vai, levantem aí e se apresentem como rapazes direitos. 
Malu sorri e vê os amigos de Ben, um por um, ficarem em pé. 
   — Giovani — se apresenta um rapaz de cabelos pretos, pele morena, olhos castanhos e sorriso simpático. Ao seu lado, outro rapaz sorri para Malu:
   — Pedroca. — Ele tira o cabelo castanho claro dos olhos e Malu vê com mais detalhe o seu rosto gorducho. 
   — Fred — fala o último também sorrindo. Malu olha atentamente para o rosto dele, reparando em suas feições suaves e em um dos dentes caninos que é mais para frente do que os outros dentes, fato que não afeta sua beleza. 
   — Malu — ela se apresenta. 
   — Ou maluca — acrescenta Ben sorrindo. 
   — Ele é sempre tão engraçado — ironiza Malu. — Então, o que vocês tocam? 
   — Você vai saber agora — responde Fred. — Em suas posições. 
Os quatro dirigem-se aos instrumentos e Malu senta para observá-los no sofá. Ben assume a bateria, Pedroca, o baixo, Giovani, o teclaro e Fred, os vocais e guitarra. 
   Após verificarem os instrumentos, Ben conta com as baquetas e eles começam a tocar. Como nunca ouviu a música antes, Malu deduz que seja autoral. 

Ulisses para o carro em frente a mansão de Lua e Arthur.
   — Desce comigo? — chama Victor. 
   — Por quê? 
   — Vamos jogar um pouco. 
Yasmin dá um leve sorriso. 
   — Não sei se eu quero. 
   — Vai, eu te deixo ganhar uma. 
Ela gargalha.
   — Sou eu que tenho que deixar você ganhar e não ao contrário, querido. — Ela abre a porta do carro. — Vamos lá. 
Eles se despedem de Felipe e Ulisses e saem. 

Sozinho em seu quarto, Thiago pensa e fala consigo mesmo em voz alta:
   — Faltam cinco dias para o mês acabar, dois para o meu aniversário e a festa junina. — Ele esfrega as mãos no rosto. — Como eu vou cumprir com o combinado com a Yasmin, meu Deus? — Depois de se remexer mais um pouco na cama, chega à conclusão: — Eu vou contar no dia seguinte da festa, no sábado. Assim eu aproveito a festa e o meu aniversário antes de tudo... desmoronar. 

Minutos depois que Victor e Yasmin chegaram, Marina, Brian e Vinícius também. 
   — O quarto de hóspedes já está ocupado — brinca Victor com Vinícius, que ri sarcasticamente. 
   — Eu não vou dormir aqui, só vim visitar o Arthur, e eu não preciso de quarto de hóspedes. 
Victor entreabre a boca dramaticamente.
   — O que você quer dizer com isso? Você e a minha irmã já?
   — Já o quê? Já fizemos o que você e a Yas nunca fizeram? 
Victor cruza os braços e abandona o ar debochado. 
   — Ok, cansei de brincar. 
Vinícius gargalha e olha para a namorada, que se aproxima de todos falando:
   — O meu pai já chegou, está descansando lá no quarto. Vamos lá!
Os cinco sobem até os aposentos de Lua e Arthur. Marina gira a maçaneta e eles gritam:
   — Surpresa!
Arthur ri e fala:
   — Que surpresa boa!
   — Como o senhor está? — pergunta Victor aproximando-se da cama junto com os demais. 
   — Melhor agora que os meus filhos, a minha nora e os meus genros vieram me ver — responde o empresário sorridente. 
Yasmin acredita ser a única a ter se atentado a algo na frase de Arthur, porém ao olhar para Vinícius e ver o incômodo em seus olhos muda de ideia. 

Isabela fecha o portão de sua casa, ainda pensando na proposta que Felipe fez a ela na saída do shopping: "Quer que eu passe na sua casa mais tarde para a gente terminar o que começamos no banheiro?". Seu corpo todo se aquece e ela sorri, caminhando até a varanda. O motor de um carro aproximando-se chama a sua atenção e ela se vira para trás, vendo um automóvel de luxo parar no local em que ela acabou de ser deixada pelo motorista. 
   Um homem de cabelos levemente grisalhos desce e rodeia o veículo para abrir a porta do passageiro. Os olhos de Isabela estreitam-se ao ver Mel pegar na mão do sujeito e sair do carro. 

Cinco minutos depois de Vinícius ter saído do quarto dizendo que iria buscar o celular que esqueceu na sala, Yasmin deixa o cômodo com a desculpa de ir buscar água para Arthur. Ela encontra o amigo sozinho na sala, sentado em um sofá. 
   — Achou o seu celular? 
   — Hã? 
   — O celular — fala Yasmin chegando perto dele. 
   — Ah, achei — ele mostra o aparelho entre suas mãos. Yasmin senta ao lado dele. 
   — Não foi por isso que você desceu, né? — indaga pois sentiu o desconforto dele desde que Arthur disse suas primeiras palavras. 
   — Não — responde Vinícius baixinho. 
   — Ele não falou por mal, Vini.
   — Eu sei que o Arthur não falou "os meus dois genros" por mal, ninguém está fazendo nada por mal. O problema é esse! — ele ergue a voz. 
   — Calma, Vini — Yasmin pede com suavidade. 
   — Eu estou tentando ter calma desde que o Brian chegou e as coisas foram acontecendo. O problema é que está difícil ter calma quando parece que o universo conspira para os dois ficarem juntos. Eu estou tentando ser compreensível, entender o lado da Marina, o lado do Brian, mas p*rra, eu estou chegando no meu limite! 
Yasmin coloca a mão no joelho dele. 
   — Vinícius, calma! — pede assustada. — Nem está parecendo você, que é sempre tão tranquilo e desencanado. 
   — Eu sei — concorda o garoto —, a questão é que eu não sei até quando vou conseguir manter a minha calma. Sério, Yas, eu estou chegando ao meu limite.

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