Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 222 (Parte2): Vinícius tem sonho tenebroso e Marina dorme com Brian

No início da noite, Isabela recebe a aparição surpresa de Felipe em seu quarto. 
   — Oi, Fê! — exclama em tom de espanto. 
   — Oi! — Felipe fecha a porta e segue a namorada até o closet, sendo rodeado por Nina que late e agita o rabo. 
   — Estou escolhendo o look que eu vou usar amanhã — conta Isabela passando a mão por algumas peças de roupas. 
   — Eu vou escolher a minha amanhã, depois que sair do banho. — Felipe ri e ela revira os olhos. 
   — Meninos. 
O moreno pega Nina no colo e acompanha a escolha do vestuário de Isabela. Quando ela se decide, vira-se para ele e pergunta:
   — Você vai dormir aqui? 
   — O que você acha? — Felipe aponta para uma mochila preta que está sobre a cama dela. Só então Isabela vai notar a presença do objeto. 
   — Hum, interessante — ela comenta aproximando-se dele. — Só que nós vamos só dormir, tá? Eu quero descansar bastante para a amanhã.
Felipe assente e levanta com Nina nos braços. 
   — Eu também quero descansar, daí pensei: Por que não unir o útil com o agradável e ir dormir com a minha namorada linda? 
Um sorriso apaixonado desabrocha no rosto de Isabela, que passa os braços pela cintura dele. 
   — Excelente pensamento. 
Eles riem e dão um beijo. 
   — Ok — pronuncia Isabela afastando-se dele. — Vou trocar de roupa para dormir. 
   — Estou saindo — cantarola Felipe do closet. 
   — Ué, não tem nada que você já não tenha visto — provoca a garota enquanto pega uma camisola branca. 
   — Acontece que a carne é fraca. 
Isabela gargalha e sacode a cabeça. 

Esparramada na cama da melhor amiga, Maria Luíza narra:
   — Eu estava na praia quando ele me ligou marcando da gente se encontrar. Então eu combinei de esperar ele no calçadão e de repente ele surge dirigindo uma BMW. 
   — Uma BMW? — repete Graziele enquanto veste uma meia calça preta. 
   — Sim, um modelo bem bonito, por sinal. 
   — E depois? — A ruiva demonstra interesse. 
   — Ele virou em uma rua deserta e falou que queria me mostrar uma coisa. 
Graziele arregala os olhos. 
   — Que coisa? 
Malu ri e conta com simplicidade:
   — Me mostrar que ele sabe estacionar um carro. 
   — Sério? — pergunta Graziele espantada. 
   — Sim. 
   — Mas você não disse que tinha acontecido uma coisa bombástica? Foi isso? — O tom de decepção é evidente na voz da namorada de Thiago. 
   — Eu não terminei de contar.
Os olhos de Graziele brilham e ela senta na cama, usando apenas uma lingerie preta e meia calça da mesma cor. 
   — Vai, conta. 
Malu sorri e prossegue:
   — Eu zoei ele e então a gente começou a se beijar. 
   — E aí? — indaga Graziele com empolgação. 
   — Os beijos foram ficando cada vez mais quentes e depois de algum tempo nós fomos para o banco de trás. E então aconteceu. 
   — Aconteceu o quê? — Graziele pergunta com o queixo caído. 
   — A gente transou. 
   — Você transou com o Ben? — A perplexidade é evidente no rosto da ruiva. 
   — Sim e para ser sincera, foi a melhor de todas. 
   — Malu, como você pôde? 
   — O que é que tem, Grazi? — indaga a morena sorrindo. — Nós já estamos ficando faz um tempinho. 
   — Eu sei, mas... transar? Isso eu acho uma passo muito elevado, ainda mais nas suas circunstâncias. 
   — Nas minhas circunstâncias o quê? 
   — Ah, você sabe. O lance do Samuel. 
Malu revira os olhos.
   — Por que vocês gostam tanto de lembrar desse moleque? 
   — Porque você gosta dele!
   — Eu também gosto do Ben!
Graziele revira os olhos e tenta ter mais paciência com a amiga. 
   — Malu, vamos ser sinceras.
   — Eu estou sendo sincera. 
   — Então você está se iludindo.
Malu respira fundo. 
   — Ok, talvez o Samuel tenha um pouco de importância. 
   — Claro que ele tem, você estava ouvindo a conversa dele esses dias. 
   — Não me lembre desse fato vergonhoso — pede Malu. — Eu quis morrer naquele dia. 
   — Que seja! Você quer a minha opinião verdadeira?
   — Não, mas você vai falar de qualquer jeito.
Graziele sorri. 
   — Isso é verdade. Então, eu acho que você não deveria ter transado com o Ben, tipo... isso é um nível mais elevado!
   — Grazi, menos. Você está falando como se tivesse sido a minha primeira vez. 
   — É que nós temos visões diferentes sobre sexo. 
   — Sim, temos — concorda Malu. 
Graziele levanta e caminha até o seu closet. 
   — Posso te perguntar uma coisa? — indaga puxando um sobretudo preto do cabide. 
   — Pergunta. — Malu dá de ombros. 
   — Você não acha que essa transa teria sido infinitamente melhor se tivesse sido com o Samuel? 
Malu ri. 
   — Como eu vou saber? 
   — Sei lá, imagina. 
   — Eu não vou comparar a realidade com a imaginação. 
   — Malu, você não está se esforçando para responder à minha pergunta. 
A morena revira os olhos e afunda a cabeça no travesseira de Graziele. 
   — Quando eu me imagino transando com o Samuel? — Ela fecha os olhos. — Eu penso em algo... intenso. — Um leve sorriso escapa de seus lábios e ela abre os olhos abruptamente. — Não quero mais imaginar!
   — Ué, estava indo tão bem. — Graziele confere seu sobretudo no espelho. 
   — É, mas eu cansei. 
   — Eu vi aquele sorrisinho, tá? — provoca a ruiva. 
Maria Luíza joga o travesseiro na amiga. 
   — Você quer saber a verdade? Quer mesmo? A verdade é que é óbvio que ir mais além com o Samuel seria mais maravilhoso. Com o Ben foi incrível, mas eu e o Samuel temos uma sintonia que eu não sei explicar. Só de imaginar nós dois eu fiquei arrepiada!
Graziele fita a amiga por um longo período. 
   — Por que você não dá logo mais uma chance pra ele? — pergunta baixinho em seguida. 
   — É porque toda vez que eu vejo o Samuel perto da Maísa, eu lembro do que eles tiveram e me sinto...
   — Magoada? 
   — Furiosa. Ele me fez de idiota!
   — Você não acha que ele já pagou por isso? Olha, você está dançando com o garoto que ele mais odeia, você está com o Ben, você está ignorando ele...
   — Parece que nada do que eu faça vai ser suficiente. 
   — Mas você não acha que se virar essa página vai ser melhor? Vocês se gostam tanto!
Malu passa a mão pelo cabelo, bagunçando propositalmente os fios. 
   — Ai, vamos parar de falar disso! Os momentos que eu tenho passado com o Ben têm sido muito melhores. 
   — Os momentos, mas o Ben não é o Samuel. 
   — Grazi!?
   — Ok! — A ruiva ergue as mãos. — Parei, parei! — Ela dá um giro sem sair do lugar. — Então, o que você acha do meu figurino?
   — Isso tudo, ou melhor, isso nada é para a surpresa para o Thiago? 
Graziele sorri. 
   — Sim. Quero fazer algo especial para o aniversário dele. 

Sozinha em seu quarto, Marina veste um short jeans, uma regata branca e calça seu par favorito de alpargatas. Erguendo os braços, ela divide o cabelo em duas partes e prende a parte de cima em um coque. Em seguida, passa um batom coral e se prepara para sair do cômodo. 
   A maçaneta gira para o seu espanto e Brian entra descalço. 
   — O que você quer? — pergunta a garota virando-se para ele. 
   — Você vai sair? — Brian responde com outra pergunta. 
   — Vou na casa do Vini. 
   — Ah. — Os ombros dele caem levemente. — Vocês combinaram alguma coisa em especial?
   — Não. — Marina dá de ombros. — Ele nem sabe que eu vou, na verdade. 
   — Entendi. 
   — Por que você quer saber? 
Brian dá de ombros. 
   — Ah, nada demais. É que alguém lá da Ucrânia tentou hackear o meu email, daí eu pensei em retribuir a gentileza.
Os olhos de Marina brilham. 
   — Sério? 
   — Aham.
Ela saltita até a porta, chegando mais perto dele. 
   — Eu quero fazer!
   — Você não ia sair? — indaga Brian confuso. 
   — Ah é. — Marina pensa por um instante. — Ah, o Vini não está me esperando mesmo, então não tem problema. 
   — Eu sei, mas... eu não quero atrapalhar as coisas entre vocês — ele diz abaixando o tom de voz. Marina lança um olhar descrente para ele. 
   — Brian, você não está atrapalhando nada. Eu resolvi ficar porque eu quero. Vai, vamos logo lá hackear esse ucraniano.
O americano dá um leve sorriso. 
   — Ok, se você quer assim. 

Quando o relógio marca meia-noite, Graziele bate na porta do quarto de Thiago. A porta abre-se e a expressão de surpresa surge no rosto do garoto. 
   — Grazi?
   — Feliz aniversário! — deseja a ruiva abrindo o sobretudo. Os olhos de Thiago descem, percorrendo todo o corpo dela. 
   — O que é isso, Grazi? — ele indaga ainda mais espantado. O sorriso sedutor de Graziele permanece firme quando ela pergunta:
   — Não gostou?
O rapaz permanece olhando intensamente para ela e seus lábios dão um leve sorriso. 
   — É óbvio que eu gostei, eu só...
   — Fica quieto! — pede Graziele empurrando ele para dentro do quarto. — Você já falou demais. 
   — Está aí uma coisa que eu concordo. — Thiago agarra Graziele e a beija. Entre o beijo, Graziele tira o sobretudo e pula no colo dele, entrelaçando as pernas em seu quadril. 
   — Eu quero te desejar um feliz aniversário, meu amor — diz após o beijo, passando a mão pelo rosto dele. — Você sempre foi o meu parceiro de brincadeiras, de palhaçadas, sempre foi meu melhor amigo e de repente nós nos apaixonamos. — Ela ri e dá um selinho nele. — Eu sei que não foi um conto de fadas como parece comigo falando desse jeito, mas a culpa foi sua. 
   — Minha? — indaga Thiago sorrindo. 
   — Sim, quem mandou você ser um irresponsável galinha, que achava que ia ficar comigo como se eu fosse uma qualquer.
   — É, hoje eu percebo que fui um otário por não ter percebido antes o óbvio. 
   — O que é o óbvio pra você? — pergunta Graziele ainda sorrindo. 
   — Que eu sou louco por você e que a gente não cresceu junto por um acaso, isso representa que eu não sei viver sem a sua luz na minha vida.
O sorriso de Graziele aumenta e eles dão mais um beijo. Thiago leva sua namorada até a cama e eles deitam. 
   — Você está muito linda com essa lingerie — sussurra em seu ouvido —, mas eu prefiro você sem. 
Graziele gargalha e estica o braço para apagar as luzes. 

O sono de Vinícius está inquieto, assim como ele, que vira de um lado para o outro na cama. Ele sonha que luta com um rapaz vestido totalmente de preto e mascarado. Este acerta um chute em seu estômago, fazendo-o cair de costas em um piso de cimento. Sem dar tempo para Vinícius recuperar-se, ele senta em suas pernas e começa a distribuir socos por todo o seu rosto. O cacheado sente seu maxilar deslocar e o sangue escorrer por seu nariz e boca, manchando seus lábios e dentes. 
   Sentindo as dores espalharem por seu rosto, Vinícius busca reunir o pouco de força que lhe resta para se defender. Ele dobra o braço e dá uma cotovelada no pescoço do mascarado, que vira a cabeça mas não sai do lugar. Vinícius não perde tempo e aproveita da fração de segundos para dar um soco certeiro no olho dele. Com a força, o mascarado cai e as pernas de Vinícius libertam-se. Ele ergue a perna e chuta o peito do outro, que cai com o rosto no chão. 
   Em menos de cinco segundos, o herdeiro de Chay e Mel pula sobre o mascarado e prende um de seus braços em suas costas. O rapaz solta um urro de dor e Vinícius puxa ainda mais. Ao se assegurar de que o braço dele permanecerá imóvel, ele segura a parte de trás da touca preta do rapaz e começa a bater a cabeça dele contra o cimento repetidas vezes. 
   Quando o rapaz está prestes a desmaiar, Vinícius ergue sua cabeça e abaixa o tom de voz, falando na altura de seu ouvido:
   — O que você prefere, tiro sua máscara agora ou depois de te matar? — O mascarado solta um gemido. — Hum? Eu não ouvi. 
Um grito agudo de horror interrompe o silêncio do espaço. Vinícius ergue a cabeça, buscando o emissor daquele som. Seus olhos arregalam-se ao ver Marina correr em sua direção. 
   — Vinícius, o que você está fazendo? — ela questiona empurrando ele de cima do mascarado. Vinícius abre a boca para responder, mas sua voz desaparece ao ver a mão de Marina deslizar pela cabeça do mascarado e puxar a touca preta, expondo o belo rosto e cabelo louro de Brian. 
   Vinícius ergue o tronco, acordando ofegante e suado. Ele passa as mãos no rosto e no cabelo cacheado.
   — Meu Deus! — sussurra para si. 

Depois de ter ficado por quase uma hora olhando para o teto, Thiago levanta da cama usando apenas sua cueca. Ele cobre o corpo despido de Graziele e fica olhando para ela por alguns segundos. Com a garganta apertada, afasta-se da cama e vai até a sacada. Ao olhar ao redor, recorda-se que era ali que ele costumava fumar seu cigarro.
   — É por essa razão que eu vou perder a garota mais importante da minha vida. — Seus olhos lacrimejam e ele sente o coração ficar apertado. — Por que tudo tem que ser tão difícil? — se pergunta passando as mãos pelo rosto. — A culpa disso tudo é minha. Minha! Por causa dos meus atos a minha família vai se voltar contra mim e a Grazi... Só Deus sabe o que a Grazi vai fazer. — As lágrimas escapam de seus olhos e ele olha para baixo. — Eu não estou preparado para contar a verdade e perder tudo o que eu amo. Não estou!

A última sexta-feira do mês desponta ensolarada, quente e com uma suave brisa que faz as folhas das árvores sacolejarem. Maísa, auxiliada por seu despertador, acorda na cama de Laís. 
   — Bom dia, amiga! — fala jogando-se sobre a menor, que desperta aos poucos. 
   — Bom dia pra quem? — pergunta Laís tentando tirar a loira de cima de si. 
   — Para todos! — exclama Maísa sorridente. — Hoje é a festa junina. 
   — Eba — cantarola Laís com a voz arrastada, evidentemente cansada. 
   — Ai, Laís, acorda! 
Maísa sacode o braço da prima e melhor amiga. 
   — Vamos dormir mais um pouco, Maísa. 
   — Não, hoje é a nossa festa! Vamos conversar sobre mais tarde? Eu quero saber os detalhes, quero saber como vai ser, quero saber tudo!
Laís revira os olhos e deita com a barriga para cima. 
   — O que você quer saber especificamente? 
   — Não sei, você é da comissão, é a vice-líder, me conte o que os outros ainda não sabem. 
Laís ri e coça os olhos. 
   — Não tem nada que eu posso contar que ninguém não saiba. 
   — Ai, que chato! Ah, a Aline me contou um negócio, é verdade? 
   — Que negócio? 
   — A festa é tão badalada que tem repórteres na porta? 
Laís sorri, ficando mais acordada. 
   — É verdade.
   — Uau, que chique! — Maísa ri.
   — Sabe o que eu quero ver? 
   — O quê? 
   — Como vai ser a nossa quadrilha. 
   — Ué, vai ser do jeito que nós estamos ensaiando — responde Maísa com obviedade. 
   — Eu sei, mas nós não estamos ensaiando vestidos. — Ela ri. — Quero muito ver o Alex de menina. 
   — E você de menininho. 
   — Você também.
Maísa começa a gargalhar. 
   — Eu quero muito ver o Sam de menina. 
   — Sam? Já está nessa intimidade? 
A loira sacode a cabeça. 
   — Nós nos aproximamos com a quadrilha.
   — Maísa, Maísa — cantarola Laís em tom de advertência. 
   — Nem vem! Nós somos apenas colegas. Eu não quero mais me envolver com esses dois. 
   — Esses dois? 
   — Sim, o Jonas e o Samuel. 
   — Assim espero. Falando no Samuel, ele parece estar bem mordido porque a Malu está dançando com o Gabriel, né? 
Maísa ri. 
   — Isso é. Eu finjo que não vejo as olhadas de esguelha que ele dá para os dois.
As duas gargalham. 
   — Esse mundo dá muitas voltas — conclui Laís. — O Samuel e a Malu se odiavam desde o primeiro ano, o Samuel não gostava do Gabriel, a Malu nem falava com o Gabriel, você chegou no colégio e ficou interessada no Samuel, mas depois se envolveu com o Jonas, melhor amigo dele. Enquanto todo mundo estava pensando que você e o Jonas ficariam, você ficou com o Samuel. O Samuel e a Malu se afastaram e ela aceitou dançar com o Gabriel assim como você aceitou dançar com o Samuel. O Jonas convidou a Luciana, ficou com ela, sendo que já namorou a Isabela e teve um rolo com a Jaqueline. 
Os olhos de Maísa saltam. 
   — O Jonas já teve um rolo com a Jaqueline? 
   — É o que dizem as más línguas — conta Laís. — Isso no primeiro ano, quando ela namorava com o Gabriel. Cara, que bagunça!
O queixo de Maísa está despencado e os seus olhos arregalados. 
   — O Jonas teve um possível rolo com a Jaqueline e ela namorou com o Gabriel? — repete estupefata. 
   — Sim. O pessoal falava que eles perderam a virgindade um com o outro. 
   — Meu Deus, para o mundo que eu quero descer! Peraí, não foi o Gabriel que ficou com a Yasmin nos anos anteriores?  
   — Não, você está confundindo o Gabriel com o Fernando. 
   — A Yasmin ficou com o Fernando? 
   — Isso!
   — Estou chocada. Todo mundo ficou com todo mundo naquele colégio.
Laís ri. 
   — É quase isso. 

A surpresa é notável no rosto de Graziele ao ver Thiago pela primeira vez no dia. Os dois se cruzam no corredor. 
   — Bom dia! — ela deseja sorrindo. 
   — Bom dia, meu amor. — Eles dão um beijo. 
   — Esse olho inchado é de sono? — ela pergunta acariciando o rosto dele. 
   — É — mente Thiago. 
   — Justo hoje que é o seu aniversário? — indaga a ruiva rindo. 
   — Pois é. 
   — Você estava lá embaixo? 
   — Não, fui no quarto dos meus pais, mas eu acho que eles já acordaram, então estava voltando para te chamar para o café. 
Eles sorriem um para o outro e Graziele beija Thiago novamente. 
   — Vem, vamos descer.
O casal desce e se encaminha para a sala de jantar. 
   — Ué, cadê todo mundo? — indaga Graziele.
   — Tem um papel ali — observa Thiago aproximando-se da mesa. Ele pega o bilhete e lê em voz alta: — Estamos no quintal. 
Thiago e Graziele se olham e seguem a indicação do bilhete. Ao chegarem de mãos dadas na parte de trás da mansão, encontram uma mesa enorme no jardim ao lado da piscina. Os pais dele, Fernanda e Mateus, não estão sozinhos no local. Os avós paternos e maternos dele também estão lá. 
   — Feliz aniversário! — eles gritam ao mesmo tempo.
Thiago sente a garganta fechar e se lembra da última madrugada. Ele aperta a mão da namorada, buscando uma força e recebe um sorriso acolhedor de Graziele, que não compreende o motivo do aperto dele.

Os raios de Sol penetram no quarto de Brian, iluminando ele e Marina, que dormem abraçados na cama dele rodeados por seus notebooks. A adolescente franze levemente a testa e abre os olhos.
   — Ai meu Deus! — exclama sentando abruptamente. Brian acorda assustado e coça os olhos. 
   — O que aconteceu? — ele indaga. 
   — Eu dormi aqui? — Marina questiona levantando confusa da cama. 
   — Pelo visto dormiu — responde o americano tirando o seu notebook da cama. 
   — Caramba, isso não poderia ter acontecido. 
   — Qual é o problema, Mari? — ele pergunta com calma. — Não aconteceu nada demais, a gente só apagou enquanto hackeava o ucraniano. 
   — Eu sei, mas... ah, é estranho, né? 
Brian dá de ombros. 
   — Um pouco. 
   — Pois é. — Ela pega o seu notebook. — Eu vou voltar a dormir lá na minha cama. 
   — Tá bom. 
Marina gira para ir em direção à porta, mas Brian chama ela:
   — Mari!
   — O que foi? 
   — O clima não vai ficar estranho entre a gente, né? 
   — Claro que não, Brian. — Ela sorri e volta para perto da cama. — Só amigos, lembra? 
Marina se inclina e dá um beijo demorada na bochecha dele. 
   — Te amo — fala Brian e Marina ergue as sobrancelhas. 
   — Oi? 
   — Te amo — repete o loiro. — Te amo como amigo.
Marina ri. 
   — Foi mal, eu viajei. 
Ele sorri levemente. 
   — Percebi. — Os dois gargalham e Marina sai do quarto. 

Ao som de Beyoncé, Yasmin acorda pulando em sua cama. 
   — Hoje tem festênha! Hoje tem festênha! — Ela pula da cama e corre até o espelho. — Preciso encontrar o homem que há dentro de mim. Yasmino, o noivo da quadrilha. — Uma gargalhada aflora em seu íntimo. 

Caixas de som e de iluminação, engradados de bebidas, freezers, barras de ferro, cabines fotográficas, lonas coloridas, todos esses objetos e muitos outros equipamentos são transportados para o interior do colégio Otávio Mendes. Diversos trabalhadores contribuem para a montagem do palco no ginásio, outros preparam o local que será a discoteca, uns equipam as cabines fotográficas enquanto outros organizam as barraquinhas. Uma equipe entra no ginásio com diversos sacos de brinquedos para a pescaria, um outro grupo leva os alimentos para a cozinha do colégio e as demais pessoas colaboram com a montagem da festa junina. O diretor do colégio, Joaquim, está presente e grita para os funcionários:
   — Vamos lá, pessoal! Vamos lá! Essa festa tem que ser perfeita. Vocês ouviram? Perfeita!

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