Imagine ChaMe 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 227: Jovens preocupam-se com o estado de saúde de Thiago

Larissa aperta os dedos de Graziele, tentando de alguma forma tranquilizá-la. 

   — Eu não sei direito o que aconteceu. 

   — Como assim coma alcoólico, mãe? — pergunta Graziele remexendo-se no colchão. 

   — Não tenho muitas informações, mas parece que ele foi em uma outra festa depois da do colégio e... e aconteceu. 

Graziele puxa as mãos abruptamente e pula da cama. 

   — Como isso pôde acontecer? — Ela começa a andar de um lado para o outro na cama. — Mãe, mãe eu quero ir lá. Me leva ao hospital, por favor! Eu preciso... eu preciso saber direito o que está acontecendo. — Ofegante, para e olha intensamente para Larissa. — Eu não estou acreditando ainda. 

Larissa assente, levanta da cama e aproxima-se da filha. 

   — Fica calma. Troca de roupa, lava o rosto e escova os dentes, nós vamos pro hospital. 

Graziele faz que sim com a cabeça e anda até o banheiro, ainda em estado de choque. 

Ao acordar, a primeira coisa que Maria Luíza faz é olhar as mensagens em seu Whatsapp. Ela não entra em nenhum grupo, vai direto na nova conversa com Fred.

   "O Ben está bem, ele deu uma volta de carro para esfriar a cabeça e foi para casa." 

Após dar um suspiro de alívio, a morena liga para Ben. 

   — Alô? — diz o rapaz. 

   — Ben? 

   — Oi, Malu, sou eu sim. 

   — O que aconteceu ontem? 

   — Eu sei que você já sabe de tudo. 

Malu demora um tempo para responder. 

   — A gente pode se encontrar? 

   — Agora? 

   — O quanto antes. 

   — Ok, a gente pode se encontrar em Copacabana. 

   — Por mim tudo bem.

   — Então eu te vejo daqui a pouco. 

   — Tá bom. Tchau!

   — Tchau, Malu! — Eles desligam e Malu levanta para fazer suas higienes matinais. 

Lentamente, Vinícius e Marina acordam. Ela se vira para ele e passa a mão por seus cachos despenteados. 

   — Você fica ainda mais charmoso com o cabelo bagunçado — elogia beijando o rosto dele. Vinícius coça os olhos e diz com a voz rouca de sono:

   — Eu tive um sonho horrível com o Thiago. 

   — Eu sei. 

Ele franze a testa. 

   — Hã? 

   — Você acordou de madrugada falando desse sonho. 

   — Sério? Eu não lembro.

Marina sorri e apoia a cabeça no ombro dele.

   — Foi estranho. 

   — Por quê? 

   — Porque parecia que você está hipnotizado ou algo do gênero. Ai, sei lá, fiquei com medo. 

Vinícius ri e dá um beijo na testa dela. 

   — Medo de mim?

   — É, foi estranho. 

Vinícius continua rindo.

   — Por essa eu não esperava. Você com medo de mim. 

Marina sorri e dá um tapa no peito dele.

   — Larga de ser trouxa, Vinícius!

Felipe acorda contra a sua vontade, pois recebe um tapa de Isabela nas costas. Ele olha para a namorada, que continua dormindo.

   — Não! Eu não quero! — ela diz entre o sono. — Vocês juntos não! Eu não quero — repete e desperta abruptamente. 

Felipe olha com curiosidade para ela e ri.

   — O que foi isso, amor? 

Isabela deita a cabeça no travesseiro e tira o cabelo do rosto.

   — Eu estava tendo um pesadelo.

   — Eita, com o quê?

   — Eu estava em um restaurante, usando roupa de gala com o Vinícius e de repente apareciam os meus pais.

   — Cadê o pesadelo nisso? — pergunta Felipe passando os dedos com suavidade na barriga dela.

   — Eles não chegavam juntos. O meu pai chegava com aquela mulher que ele diz trabalhar para ele e a minha mãe com aquele cara que levou ela em casa. — Ela esfrega as mãos pelo rosto. — Ai, que horror!

   — Qual é o problema disso, Isa? 

Isabela gira a cabeça na direção dele.

   — Qual é o problema, Felipe? Eu preciso dizer qual é o problema?

O rapaz acaricia o cabelo dela.

   — Eles já estão separados faz tempo, amor. Uma hora ou outra vão conhecer outras pessoas.

Isabela puxa o cobertor até desaparecer sob ele.

   — Eu não estou pronta para isso. 

Felipe ri e abraça ela envolvida no cobertor. 

   — Tenta abrir a mente. 

   — Eu vou abrir a sua mente se você não calar a boca — avisa Isabela colocando a cabeça para fora, ficando com o rosto no pescoço dele. 

   — Ai, sua violenta.

Eles sorriem e permanecem conversando abraçados por um tempo até levantarem. 

Juntamente com os pais, Graziele chega ao hospital em que Thiago está internado. Ela encontra com Fernanda e Mateus em uma sala de visitas. Ao ver a nora, Fernanda levanta do sofá. O nariz e os olhos dela estão bem vermelhos, em decorrência das lágrimas que têm derrubado. 

   — Fernanda! — exclama Graziele. — O que aconteceu? — Ela olha de relance para Mateus, que está com a cabeça abaixada. 

Fernanda seca as lágrimas e tenta encontrar a voz para responder à adolescente:

   — Nós não temos muita informação ainda. Ninguém fala nada! O Thiago chegou aqui cedo e foi direto para a UTI. 

Graziele permanece impassível e seu pai pergunta:

   — Ele está mesmo em coma alcoólico? 

   — Foi o que o médico disse para o rapazinho que chegou com ele. 

   — Rapazinho? — indaga Larissa.

   — Sim. O Thiago foi encontrado desmaiado nessa festa por um colega, que trouxe ele para cá. 

Graziele, que está prendendo a respiração desde que Fernanda começou a contar, pergunta:

   — Este cara ainda está aqui? 

   — Acho que sim. Ele falou alguns minutos atrás que iria beber água.

Graziele vira as costas e sai da sala, deixando os pais conversando com Fernanda sobre a falta de notícias.

   — Onde fica o bebedouro mais próximo? — pergunta para uma funcionária.

   — Logo ali — informa a mulher apontando para um corredor. 

Graziele praticamente corre até lá e quando vai virar, esbarra em alguém.

   — Cuidado, ruivinha — diz uma voz rouca e grave. Graziele ergue o olhar e vê o rosto de Douglas.

   — Douglas! — exclama em tom de alívio. — Douglas, me fala o que aconteceu. 

   — Ele vai ficar bem. Eu sei que vai. 

   — Me diz o que aconteceu — ela insiste. 

   — Isso já aconteceu comigo — diz o rapaz como se não tivesse escutado Graziele — e olha como estou bem.

   — ME FALA ALGUMA COISA! — berra Graziele. Os olhos dela se enchem de lágrimas e ela agacha com as costas apoiadas na parede. — Eu não sei o que está acontecendo, eu não sei o que aconteceu. Eu não sei nada! — diz entre os prantos. 

Douglas agacha ao lado dela e coloca uma mão em seu ombro.

   — Ele chegou na festa de madrugada — começa a contar —, ele estava desanimado e a gente começou a beber com ele para tentar animar ele. Demorou um tempo, ele começou a se soltar. Nós curtimos, dançamos, zoamos um com o outro. Foi muito legal! Ela já estava super bêbado quando desapareceu, então eu pensei que ele tivesse ido para casa. Depois quase uma hora eu achei ele desmaiado atrás do galpão... com vômito ao lado.

Graziele, que fitou o piso branco do hospital o tempo todo, morde um lábio e chora silenciosamente. Ela teve a sensação durante todo o relato de que Douglas escondia algo dela e continua sentindo-se assim. Porém, está tão entristecida com tudo o que está ocorrendo que não pergunta mais nada. 

   A ruiva abaixa a cabeça e esconde o rosto nos joelhos, não querendo mais ficar naquele ambiente e, principalmente, não querendo que nada aconteça com Thiago. 

Sentados em um quiosque na praia, Malu e Ben começam a discutir sobre os acontecimentos da noite anterior. 

   — Você é filho do Elias — ela diz. — Por que você não me disse nada? — pergunta com decepção. 

   — Malu, isso é um assunto que eu não converso nem com a minha mãe. Eu tenho raiva desse cara. As únicas vezes que eu falei com ele foram porque minha mãe me obrigou.

Malu assente. 

   — Você não sabia que o Samuel era seu... filho do Elias, né? 

   — Não! Claro que não. Quando eu poderia imaginar que o garoto que quase me atropelou era filho do Elias? Eu não fazia ideia!

   — Por isso que você saiu daquele jeito ontem? 

   — É claro, foi um choque pra mim. Você tem noção o que isso significa, Malu? 

Pelo olhar dele, ela entende o que ele quer dizer.

   — Eu sei. — Ela demora para concluir: — Eu fiquei com vocês dois. 

   — É. Eu fiquei muito espantado quando percebi que o garoto que você está enrolada é meu... ai, como é difícil dizer isso.

   — Meio-irmão — Malu diz por ele. — Até agora eu estou chocada. — Ela se prepara para contar para ele que voltou a ficar com Samuel quando seu celular começa a tocar. — Peraí, é a Graziele. — Após atender diz: — Oi, Grazi! — A cor de seu rosto vai desaparecendo conforme ouve a melhor amiga falar. — Estou indo para aí agora. — Ela desliga e levanta da mesa, puxando sua bolsa saco. — O Thiago está em coma no hospital. Eu preciso ir para lá!

   — Eu estou de carro, quer que eu te leve até lá?

   — Quero. Vamos logo — Malu começa a caminhar até o calçadão e Ben acerta a conta. 

Após tomarem café da manhã, Marina e Brian sentam para conversar na beira da piscina.

   — O Vinícius já foi embora? — ele pergunta.

   — Já. — Marina encara a piscina, ainda insegura com o fato o qual quer abordar. — Brian.

   — O que foi?

   — Eu quero conversar com você sobre o que aconteceu ontem na festa.

   — Você está falando sobre o quê? 

Marina olha para ele.

   — Estou falando sobre você ter ficado com a Jaqueline.

Os ombros do americano caem.

   — Você também, Mari? 

   — Eu também?

   — Ontem a Yasmin discutiu com a Jaqueline. 

   — Sério?

   — É. Eu não sei qual é o problema de vocês com ela. Ela parece ser tão adorável. 

Marina ri.

   — Ela pode ser tudo, menos adorável.

   — Comigo ela é.

   — O que eu quero que você entenda, Brian, é que ela não é a melhor pessoa para você se envolver. Se foi só um lance ontem, tudo bem, já passou. Só que caso você esteja pensando levar isso além, eu não aconselho. 

   — Qual é o problema? — ele pergunta ainda sem compreender todo o discurso de raiva contra Jaqueline.

   — Ela é uma péssima pessoa, Brian. Ela é mentirosa, falsa, interesseira. Olha, ela passou um bom tempo investindo no Victor mesmo com ele namorando a Yasmin. Eu não sou fã desse casal, mas eu jamais aprovei esse comportamento dela. 

   — Isso é passado. Eu sei que eles já ficaram.

   — Ficaram não. Ela roubou um beijo dele às escondidas. 

Brian respira fundo.

   — Mari, eu sei que vocês estão preocupados comigo, mas eu gostei dela. A Jaqueline foi muito simpática e legal comigo. Eu não vejo motivos para não investir nela. 

   — Eu estou te falando os motivos! — ela exclama impaciente. 

   — Mas eu não consigo ver essas coisas nela.

   — Para! — pede Marina. — Para! Parece que você está se apaixonando por ela.

   — Eu não estou me apaixonando por ela — discorda Brian. — Mas se eu tivesse, não seria problema pra vocês.

   — Pra mim seria! Você é o meu amigo, Brian, eu não quero você envolvido com o tipo de pessoa da Jaqueline. 

   — Mari — ele diz pegando nas mãos dela. — Eu sei que não é isso, mas parece que você está com ciúmes de mim com a Jaqueline.

Marina ri.

   — Como é? Olha, Brian, uma coisa é você achar que os meus conselhos sobre a Jaqueline não são verdadeiros, outra é insinuar que eu estou com ciúmes de você com ela. Isso é patético!

   — Eu não insinuei nada e nem disse que os seus conselhos não são verdadeiros. Não distorça as minhas palavras — ele fala ficando mais sério.

   — Quer saber de uma coisa? — Ela levanta do chão e calça os seus chinelos. — Quer ficar com a Jaqueline? Fica. Depois que ela te fizer de trouxa por aí, não diga que eu não te avisei. 

Marina caminha apressadamente para dentro da mansão, deixando Brian estarrecido sob o Sol. 

O sono de Victor é interrompido pelo celular de Yasmin, que toca alucinadamente uma música da Beyoncé. Ele estica o braço para pegá-lo na mesinha de cabeceira e atende ainda confuso de sono.

   — Alô?

   — Quem está falando? — pergunta a pessoa do outro lado da ligação.

   — Victor, quem é? 

   — Sou eu Malu. Cadê a Yasmin?

   — Está dormindo — diz o loiro olhando para o corpo da namorada, que está submerso pelo cobertor.

   — Estou aqui — responde Yasmin tirando o cobertor do rosto. Os olhos dela ainda estão inchados de sono e sua voz fraca.

   — Peraí, ela acordou — avisa Victor para Malu.

   — Passa para ela — pede Malu com emergência na voz.

   — Tá.

Ele passa o celular para a namorada, que permanece praticamente escondida na cama.

   — Oi, Malu.

   — Yasmin, aconteceu uma tragédia.

   — Hã? 

   — O Thiago foi internado agora de manhã.

Yasmin franze a testa e tira o cabelo loiro do rosto.

   — Como assim, Malu?

   — Ele está em coma alcoólico.

Os olhos de Yasmin arregalam-se.

   — Você está falando sério? 

Cerca de uma hora depois, Yasmin, Isabela, Marina, Vinícius, Felipe e Victor enchem a sala de visitas juntamente com os familiares de Graziele e Thiago. Todos estão sentados em sofás e um silêncio esmagador está entre eles. Vinícius está em choque devido a relação de seu pesadelo com o ocorrido e por essa razão pediu para Marina não comentar nada com ninguém.

   — Ele nunca bebe desse modo! — exclama Larissa. — Como isso foi acontecer? 

   — Eu só não quero que nada de mais grave aconteça com o meu filho — fala Fernanda inconsolável. 

   — Deve ser por isso que aconteceu esse acidente — fala Henrique. — Quando a pessoa não tem o costume de beber, a probabilidade é maior.

Os jovens não precisam trocar olhares para saberem que todos estão pensando a mesma coisa: Thiago já estava acostumado a beber e coisas além disso. Yasmin e Marina chegam à conclusão que são as únicas juntamente com Victor que sabem que Thiago ainda estava fumando. 

A loirinha olha inconscientemente para a cunhada, que permanece com o olhar baixo. Ela morde o lábio, tendo bem claro em sua mente que ao contrário de seus amigos, Mateus e Fernanda nunca souberem que Thiago fumava costumeiramente. 

Marina ergue lentamente o olhar e fita Yasmin, tentando analisar a expressão no rosto da loira. No entanto, ela não consegue identificar nada. Ela acompanha a garota sussurrar para Victor:

   — Vou ao banheiro. 

Yasmin levanta e sai da sala. 

   Desde que soube da verdade através de Douglas, que já foi embora, Graziele não para de chorar e se lamentar. Ela é consolada por Malu e Isabela.

   — Tenta se acalmar, Grazi — fala Isabela.

   — Não adianta você se desesperar — complementa Malu.

Graziele funga e diz entre soluços:

   — Eu sei, mas eu fico pensando "E se eu tivesse ido embora com ele, será que isso teria acontecido?". Eu sinto que eu tenho minha parcela de culpa por tudo isso!

Isabela inclina a cabeça, visivelmente abalada, e Malu diz:

   — Para de pensar assim! Você não teve culpa de nada. Olha, imagina se você tivesse ido com ele e tivesse acontecido um acidente comigo, com a Mayara e com a Vanessa, você ia se culpar também? Aconteceu, Grazi. Aconteceu. 

A ruiva continua chorando e sacudindo a cabeça. 

Minutos depois, Victor estranha a demora de Yasmin e resolve ir atrás dela. Ele sai e segue as placas até os sanitários femininos, encontrando a namorada sentada em uma fila de cadeiras no corredor. O rosto dela está vermelho, olhos inchados e encharcados de lágrimas. 

   — Yas?

Ao ouvir a voz dele, Yasmin vira para o outro lado e tenta enxugar as lágrimas, mas não consegue ser ágil o suficiente. Victor senta ao lado dela e pergunta com preocupação:

   — Yasmin, o que aconteceu?

   — Nada — ela responde com a voz embargada.

   — Nada? Por que você está assim?

   — Victor, me deixa sozinha.

   — Não, não até você me contar o porquê de estar assim.

   — Eu só quero ficar sozinha — diz Yasmin soluçando.

Victor pega nos ombros dela e obriga ela a encará-lo.

   — O que foi, Yas? — indaga com a voz suave.

Yasmin sacode a cabeça, não querendo falar em voz alta a confusão em que se encontra sua mente. 

   — É... é minha culpa — sussurra.

   — Como?

Ela encara os olhos dele.

   — É minha culpa, Victor. 

   — Você está querendo dizer que é sua culpa o Thiago estar internado? 

   — Sim! 

   — Yas, de onde você tirou isso?

   — Você sabia que ele continuava fumando, né? E que eu tinha colocado ele na parede?

Victor ri. Uma risada sem nenhum humor e com muito nervosismo.

   — Yasmin, você não tem culpa de nada. Ninguém tem!

   — Ele foi para essa festa para tentar esquecer que estava chegando o prazo que eu dei a ele. Eu tenho certeza disso! — Os ombros dela sacodem com a força de seu choro. — Ele bebeu para esquecer a pressão que eu coloquei nele. Victor, eu provoquei toda essa situação. Não adianta você falar que eu não tenho culpa, eu sei que eu tenho! — Ela chora cada vez mais. — Fui eu. Eu a responsável por isso. E agora eu não consigo ficar na mesma sala que os pais dele, que não sabem de absolutamente nada. 

Victor respira fundo e passa a mão pelo cabelo, buscando qualquer palavra que possa tirar essa concepção que Yasmin está tendo de si mesma. 

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