Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 211: Ensaio para quadrilha deixa jovens agitados

Em menos de um segundo, o corpo de Malu passa por vários estágios. Primeiramente, quando Samuel envolveu seu braço, todo o seu interior ficou agitado e o seu coração quase saltou pela boca e uma força descomunal quase a fez jogar seus braços pelos ombros dele e afundar seu corpo no abraço do rapaz. No entanto, logo essa vontade passou e a raiva retornou, fazendo seu coração urrar.
   — Você realmente acha que é assim, né? — pergunta puxando o braço. 
   — Do que você está falando? — Samuel indaga. 
   — Acha que basta se aproximar de mim e falar palavras bonitas que tudo vai ficar bem. Você sabe o significado das suas palavras, Samuel? — Sua pergunta engloba tanto este momento quanto o do dia anterior. 
   — Eu sei muito bem o que eu digo. Eu não uso "palavras bonitas", apenas digo o que estou sentindo.
Malu leva uma mão ao peito. 
   — Ai, que lindo! — exclama de modo melodramático. 
   — Malu, dá para levar mais a sério o que estou falando? — ele pergunta ficando irritado. — Você tem noção do quanto isso é difícil pra mim, caramba? Foram raras as vezes que eu me abri desse modo para uma garota e mais raras as vezes que eu estava sendo sincero. 
   — Ah — interrompe Malu —, então você quer dizer que já falou essas... coisas apenas para conseguir o que queria com a garota, sem ser de coração? — Samuel não confirma, mas também não desmente. — Como eu posso saber se você está sendo sincero comigo? 
   — Se isso tudo não fosse verdade eu já teria desistido faz tempo. 
   — Então desista! — pede Malu. — Eu não aguento mais você atrás de mim.
Samuel é pego de surpresa pelas palavras dela. 
   — Eu... eu só não desisti ainda porque... porque acredito na gente. Sabe, eu não consigo acreditar que você não sente o mesmo que eu sinto. 
   — Então comece a acreditar. 
   — Não dá! 
   — Você está parecendo um psicopata. 
   — Não, não estou e você sabe disso. — Ele dá um passo na direção dela. — Você sabe que sente exatamente o mesmo que eu, você só não quer... admitir. 
Malu ri. 
   — Admitir? 
   — Sim, não quer admitir pra mim nem pra você mesma que mesmo com a merda que eu fiz, você continua na minha. 
A morena joga a cabeça para trás, gargalhando. 
   — Para, Samuel, isso já está ridículo!
   — A verdade é ridícula pra você? Porque nós sabemos que isso é sério. Você continua na minha e eu estou completamente na sua. 
Eles ficam se olhando por um tempo em silêncio, pois Malu perde seus argumentos. 
   — A única coisa que eu sei — ela fala assim que se recupera — é que você quase atropelou o meu amigo e eu não gostei disso. Agora me deixa em paz, por favor!
Malu empurra Samuel e caminha pela calçada até Ben. 
   — Não importa quanto tempo passe, Malu — Samuel eleva a voz para ela ouvir. — O que for pra ser, vai ser. 

Victor dá de ombros mais uma vez, o que deixa Yasmin além de espantada, irritada. 
   — Eu ficaria dependendo da situação. 
Após fazer um esforço para engolir a saliva, Yasmin indaga:
   — Que situação, por exemplo? 
   — Se ela tivesse se afogado e só tivesse eu para fazer respiração boca à boca — ele responde rindo. 
A loirinha não acha a menor graça e pede:
   — Responde sério, por favor. 
Victor permanece olhando para o asfalto, por isso não vê a expressão de raiva da namorada, porém nota algo estranho no tom de voz dela. 
   — Ok. Eu ficaria com a Isa em um universo paralelo, onde a nossa realidade fosse outra, onde o Felipe não existe e principalmente, você. 
   — Hã? 
   — Eu só ficaria com ela se nada do eu vivi aqui tivesse acontecido, sabe? Já sei! Se naquela noite, na balada, eu tivesse conhecido ela em vez de você, talvez a gente ficaria. 
   — Então você quer dizer que está comigo e não com a Isa por uma jogada de sorte? 
   — Claro que não! — Ele discorda olhando para ela. — Eu poderia ter ficado com ela naquela noite, mas nunca namoraria com a Isabela. — Um sorriso surge em seu rosto. — Você consegue me imaginar namorando com ela? 
   — Eu não consigo imaginar você namorando. Ponto. 
Victor ri. 
   — Isso é verdade. — Antes que Yasmin possa contestá-lo, prossegue: — Eu só namoro porque é com você. Na realidade, o que a gente tem não é namoro. 
   — Não? É o quê? 
   — Não sei. Namoro sempre teve um som negativo pra mim e o que a gente tem é totalmente o inverso disso. Eu achava que quando eu namorasse ia me sentir preso, sufocado. Só que com você não acontece isso pelo ao contrário, sinto que nós dois juntos podemos fazer qualquer coisa. Sinto que... deixa quieto. 
   — O quê? — ela pergunta sorrindo do jeito que ele desvia o olhar, parecendo envergonhado. — Continua. 
   — Não, eu ia falar uma coisa muito gay. 
   — Não mais que o normal. 
Victor olha para ela com um meio sorriso nos lábios. 
   — Engraçadinha. 
   — Vai, fala — ela pede cutucando o joelho dele com o seu. 
   — Eu ia dizer que ao seu lado eu sinto que posso fazer qualquer coisa, que você faz eu me sentir invencível. — Yasmin gargalha. — Gay, não? 
   — Um pouco — ela responde bem menos chateada. 
   — Pois é. — Ele coloca o braço nos ombros dela novamente. — Respondendo melhor a sua pergunta, nas atuais circunstância eu jamais ficaria com a Isabela. Não por causa dela, porque ela é uma garota incrível, mas pelo Felipe e principalmente por você. 
Yasmin sorri e apoia a cabeça no peito dele. 
   — Nem se a gente terminasse e ela e o Felipe também? — pergunta por curiosidade.
   — Não. Ela é sua melhor amiga, cara, isso seria muita sacanagem. Sem contar que eu precisaria me ajoelhar pra beijar ela. 
Yasmin gargalha. 
   — Verdade. 
   — Prefiro muito mais uma loirinha aí. 
   — É? — ela pergunta sorrindo. 
   — Sim. Sabe que parece que ela foi feita exatamente pra mim? 
   — Sério? 
   — Aham. Eu gosto de tudo nela, até do lado porco dela, e olha que é um lado bem grande. 
Yasmin dá uma cotovelada na costela dele. 
   — Idiota.
Victor ri e vira o rosto dela para encarar os seus olhos. 
   — Eu gosto até desse seu lado curioso que faz perguntas ridículas. 
   — Não foi uma pergunta ridícula. 
   — Não? Até a cachorrinha da Isabela sabe que eu não ficaria com ela nessa vida. A Isa é uma grande anã e você é minha... — ele deixa a frase no ar. 
   — Sua o quê? 
   — Minha coisa gostosa. 
Yasmin ri e é beijada por Victor. 

Marina empurra a mão de Brian.
   — Ciúmes? Eu de você? 
   — Ué, seria natural. 
   — Seria natural um ano atrás. 
   — Você é minha amiga, amigos também sentem ciúmes. 
Marina sorri levemente e cruza os braços. 
   — Só que não é nada disso. 
   — Não? Tem certeza? 
   — Absoluta. Eu não sou de sentir ciúmes e o único que consegue despertar isso em mim é um cacheado que está lá no condomínio. 
Brian sorri. 
   — Ok, eu poderia dormir sem essa. 
Ela olha para ele. 
   — Oh, tadinho! Feri seus sentimentos? 
   — Muito — fala Brian fazendo biquinho com os lábios. Marina olha intensamente para a região e desvia o olhar com rapidez ao relembrar do sabor dos lábios dele. 
   — Essa fila não anda, né? — comenta para mudar de assunto. 
   — É — responde Brian sem notar a respiração ofegante dela. 

Horas mais tarde, Malu retorna para casa depois de um dia divertidíssimo com Ben. Ela se joga no sofá e começa a tirar os tênis.
   — Como foi a tarde com o seu futuro namorado? — pergunta Nathália entrando na sala. Malu ergue a cabeça com uma resposta na ponta da língua, mas quando olha para o rosto risonho de sua mãe nota que ela está brincando. 
   — Foi legal — responde. 
   — E aí, você vai ficar iludindo o menino?
   — Eu não estou iludindo ele. 
   — Se você está fazendo ele achar que tem chances com você, sim, você está iludindo ele — fala Nathália sentando ao lado de Malu, que pergunta:
   — Como a senhora pode ter certeza que ele não tem chances comigo? 
   — Porque eu te conheço. 
Malu deita a cabeça no encosto do sofá.
   — Está tão na cara assim? 
   — Que você ainda está mexida pelo garoto que sempre falou mal pra mim? Sim!
Malu suspira. 
   — Por que tem ser tão difícil, mãe? 
   — O que é difícil?
A garota olha diretamente para Nathália e responde com um sincero desabafo:
   — Querer me envolver com o Ben, mas não conseguir tirar o Samuel da cabeça. Eu quero voltar a sentir todo aquele ódio mortal, mãe, mas... eu não consigo! 
   — Então por que você não deixa esse novo sentimento tomar conta? 
   — Porque eu não posso! Mãe, ele ficou com a Maísa. 
   — E você ficou com o Ben. Malu, vocês nunca foram namorados. 
   — Mas ela é, ou era, uma das minhas amigas!
   — Colegas. 
   — Não importa, nós éramos próximas e ele ficou com ela quando eu tava internada. Não, mãe! Pode parecer fácil, mas eu não consigo esquecer isso. 
   — Quem está falando em esquecer? Eu só estou querendo dizer que se ele se arrependeu e parece estar tão empenhado em te reconquistar, é porque talvez ele realmente goste de você, filha. Você nunca deixou ninguém entrar no seu coração, ele conseguiu, isso não deve ser por acaso. 
Malu se agacha para pegar seus tênis e fala ao se levantar:
   — O meu maior erro foi deixar ele entrar!

Com uma bandeja de lanche, Vinícius retorna para o seu quarto com a intenção de continuar assistindo um seriado. Ao entrar no cômodo se espanta ao ver Marina deitada em sua cama. 
   — Aparatou aí? — indaga sorrindo. 
   — Quase isso — responde a garota se levantando. — A empregada me falou que você estava na cozinha e eu resolvi te esperar aqui em cima. — Ela caminha até ele e retira a bandeja de suas mãos, colocando-a na mesa de estudos dele. — Eu estava louca pra sentir uma coisa. 
   — Sentir o quê? — indaga Vinícius com a testa franzida.
Marina coloca as mãos nos ombros dele. 
   — O seu cheiro, a sua pele, o seu toque, a sua boca na minha. — Ela mordisca o lábio dele, que sorri levemente antes de empurrá-la na sua cama. 
   — Você chegou em um excelente momento.

Um balde de pipoca é devorado por Yasmin enquanto ela assiste mais um episódio de Once Upon a Time. Seu celular dá um bipe e ela vê o ícone de notificação do Whatssap. 
   — Breno — fala ao ler o nome da pessoa que enviou uma mensagem para ela. O rapaz puxou papo e Yasmin resolve pausar a série para conversar com ele.

O final de semana corre e na manhã de segunda-feira Marina vai até o quarto de hóspedes se despedir de Brian antes de ir para o colégio. 
   — Mais tarde a gente se vê — ela fala para o garoto que permanece deitado na cama sem camisa. 
   — Tudo bem, vou dormir a manhã toda para aguentar firme a sua ausência — brinca o americano. 
   — Idiota!
Marina dá um abraço em Brian e sente o corpo quente dele contra o seu. 
   — Tchau! — eles falam um para o outro quando ela deixa o quarto. 

Assim que chega ao colégio, Samuel é abordado por Pedro. 
   — E aí, como vai? — pergunta o garoto. 
   — Relativamente bem e você? 
   — Bem também, por que relativamente bem?
Samuel coça os olhos. 
   — Pensei demais durante o final de semana. 
   — Pensando em quê? Ou em quem? 
   — Em quem. 
   — Não precisa nem dizer, já sei. Começa com Ma e termina com Lu. — Samuel confirma com a cabeça. — Essa sua novela já está me cansando. 
   — A mim também. 
   — Opa, o que você quer dizer com isso?
Samuel dá de ombros. 
   — Nem sei mais o que estou dizendo. 
   — Mas eu sei, você quer desistir desse plano maluco de ficar com ela. 
   — Eu não disse isso. 
   — Mas é o que você quer dizer. 
   — Eu realmente não sei, cara. Eu gosto dela, sei que a gente teve um passado forte, mas... e se tudo o que eu estou fazendo for em vão? E se ela realmente não quiser mais nada comigo? 
   — A Maísa está aí. 
   — Como? 
   — Você vai dançar com a Maísa, vocês estão mais próximos por causa dos ensaios da quadrilha, fica com ela e esquece a Maria Luíza. 
Samuel ri.
   — Suas ideias são insanas. 
   — Não, elas são práticas. Por que ficar correndo atrás de uma garota que já deu sinais claros de que não quer mais você sendo que você pode ficar com uma loira gata? 

Logo que o sinal toca e todos os alunos se acomodam em suas carteiras, Yasmin e Laís tomam à frente na sala. 
   — Pessoal — chama a menor. — Como nós temos feito nas últimas semanas, nós vamos ensaiar nos dois primeiros tempos. 
   — Ou seja — complementa Yasmin —, vamos para a quadra!
Todos eles saem da sala e se encaminham para o ginásio do colégio, onde a professora de inglês e o de educação física estão os esperando juntamente com os alunos do terceiro ano B. 
   — Bom dia, turma! — fala Ronaldo. — Nesse primeiro tempo vocês vão ensaiar a quadrilha tradicional dos terceiros, no segundo tempo o terceiro A vai ensaiar a sua quadrilha e antes do intervalo o terceiro B ensaia. Combinado? — Os alunos confirmam com a cabeça. — Ok, então podem juntar os pares e fazer a fila de entrada. 
Uma movimentação entre os alunos começa, cada um juntando-se ao seu par. Malu procura por Gabriel e o seu olhar cruza com o de Samuel, que está com um dos braços entrelaçados com o de Maísa. Ela sente um embrulho no estômago antes de sentir duas mãos em sua cintura. 
   — Bom dia — fala Gabriel parando atrás dela.
Malu se vira e sorri para ele, sabendo que Samuel continua a observá-la. 
   — Bom dia! Preparado para mais um ensaio? 
   — Ao seu lado? Como não? 
Eles sorriem e vão para fila. 
   Isabela e Felipe estão entre dois casais, ele conversa com Yasmin e Victor que estão atrás enquanto Isabela observa o casal da frente: Jonas e Luciana conversam, falando um no ouvido do outro. A morena vê os lábios dele roçando a orelha dela quando pronuncia as palavras antes de Luciana sorrir. Em seguida, seu olhar desce até a cintura de Luciana, onde uma das mãos de Jonas está firme. Uma pulseira de couro no pulso dele chama a sua atenção e ela reconhece imediatamente o presente que deu para ele no ano anterior. Sem entender o motivo, seu coração se acelera e ela quase grita de susto quando Felipe pergunta em seu ouvido:
   — Está tudo bem? 
   — Hã? — ela indaga olhando para ele. 
   — Está tudo bem com você? — repete Felipe com suavidade. 
Isabela olha de relance para Jonas e assente levemente. 
   — Sim, está. 

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