Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 196: Yasmin recebe castigo de Micael
O olhar de Yasmin esquadrinha o rosto do pai e ela não gosta do que encontra, pois a expressão de Micael está endurecida e fechada. Como não quer causar mal entendidos, trata de começar a explicar, porém não utiliza de uma frase muito convincente:
— Pai, não é isso que o senhor está pensando.
Micael ergue as sobrancelhas.
— Ah, não?
— Ele estava apenas fazendo massagem nas minhas costas — explica a loirinha.
— Massagem? Com a mão ou com outras partes?
Yasmin arregala os olhos.
— Pai!?
— Yasmin, eu ouvi, Yasmin!
— Ouviu o quê? — O empresário e cantor troca o peso do corpo para outra perna, não querendo proferir o que ouviu. Yasmin percebe à que ele se refere e diz: — Ah, não, pai! O barulho era por causa da massagem.
Victor permanece quieto e imóvel na cama. Micael fala em tom de desconfiança:
— Hum, sei.
Yasmin fica incomodada com a suspeita do pai e indaga:
— Pai, o senhor acha que eu vou continuar desse jeito pra sempre?
Micael cruza os braços.
— Como é?
Reunidas na casa de Maísa, ela, Laís e Aline jogam Verdade ou Desafio. A dona da casa gira a garrafa que para em Laís.
— Verdade ou desafio? — indaga sorrindo.
— Verdade.
Maísa tamborila os dedos no queixo.
— Hum, deixa eu pensar. — Segundos depois, ela pergunta: — Você pretende ficar com o Alexandre ou está apenas enrolando o garoto?
Aline ri e Laís fica de queixo caído, espantada e até um pouco ofendida com a pergunta.
— Nossa, Maísa — fala.
Maísa ri e passa a mão pelo cabelo loiro.
— O quê? É só uma pergunta, amiga.
Um sorriso forçado surge no rosto de Laís, que responde secamente:
— Eu pretendo ficar com ele.
— Pronto — diz Maísa —, foi só uma pergunta, amiga. Vai, gira.
Laís pega a garrafa de vidro e gira. A ponta para em Maísa e ela pergunta:
— Verdade ou desafio?
— Verdade — Maísa responde.
— Em um universo paralelo, onde não existissem Malu nem Jonas, você ficaria com o Samuel novamente?
— Eita! — Aline exclama.
— Nossa, pegou pesado — fala Maísa espantada.
— É só uma pergunta, amiga — Laís fala no exato tom que Maísa usou.
A loirinha fecha a cara e Aline diz:
— Responde, Maísa, faz parte do jogo.
— Ficaria — conta a loira em um sussurro.
Como o clima fica pesado nas jogadas seguintes, Aline propõem:
— Vamos fazer outra coisa?
— É, vamos — responde Maísa.
— Yasmin — fala Victor em tom de alerta, porém a adolescente o ignora.
— Pai, uma hora ou outra isso que o senhor está pensando vai acontecer. É natural!
— Eu sei, filha, mas eu acho que você está muito nova para isso.
Yasmin ri.
— Muito nova? Pai, o Felipe já tinha perdido a virgindade com a minha idade. Além de antiquado, o senhor está sendo machista!
— Yasmin, meça as suas palavras!
— Eu só estou dizendo a verdade!
— A verdade é que você está sendo muito mal educada.
— Foi a educação que vocês me deram.
— Chega! — exclama Micael. — Você vai ficar de castigo até aprender a me respeitar.
— Como é, pai?
— Isso mesmo, você está de castigo. A partir de amanhã vai ser de casa para o colégio, do colégio para casa, e nisto está incluído ficar sem ver o Victor.
— Ah, não! — se indigna a loirinha. — O senhor não pode estar falando sério.
— Pode ter certeza de que eu estou.
— Pai, não!
Micael olha para dentro do quarto, encarando Victor, que está sem expressão e em silêncio.
— Você pode ir embora, por favor?
— Pai — reclama Yasmin —, não tem pra quê isso!
— Yasmin, você tem que entender que eu sou seu pai e que você precisa me respeitar. — Enquanto Micael falava Victor colocou a camisa e os chinelos.
— Eu não falei nada demais!
— Repense no que você falou que você vai ver.
Victor caminha até a porta e coloca uma mão na cintura dela.
— Fica na sua — ele pede no ouvido dela e dá um beijo em sua bochecha antes de passar pela porta. — Desculpa por qualquer incômodo, Micael.
— Tudo bem — responde o cantor e o jovem se afasta.
— O senhor não precisava fazer isso, pai — diz Yasmin. — O senhor pode me deixar sozinha? Contrariando o que o senhor pensa de mim, sei muito bem que fechar a porta na sua cara seria falta de respeito.
— Você está interpretando tudo errado, Yasmin. Coloca a cabeça no travesseiro e pense nas suas atitudes. — Ele dá um beijo na testa dela e vai para o seu próprio quarto. Yasmin bate a porta e vai resmungando para a sua cama.
O céu permanece estrelado durante o resto da noite e por volta das três horas da madrugada Isabela desperta na cama do namorado. Ela pega o seu celular na mesinha de cabeceira, confere o horário e se levanta, vestindo o seu robe preto. Olha, então, para Felipe que continua dormindo e sai do quarto descalça. Os seus olhos reclamam da luz do corredor e ela caminha pelo espaço até as escadas, que desce com tranquilidade. A sala de visitas está apenas iluminada por abajures e ela acha sinistra a sombra dos móveis no chão, por isso apressa o passo e entra em outro corredor que dá acesso à cozinha. Neste espaço a iluminação está totalmente acesa e ela se sente mais segura e admira o jardim de inverno que tem em um lado da parede. Enquanto ela está observando as plantas, começa a ouvir alguns ruídos vindos da cozinha, o que faz o seu coração bater mais rápido.
A adolescente fica sem saber o que fazer e após alguns instantes resolve ir ver com os próprios olhos o que se passa na cozinha. Quando passa pela porta constata que as luzes do grande cômodo estão apagadas com apenas um feixe de luz vindo da porta aberta da geladeira.
— Quem está aí? — pergunta se aproximando de uma bancada onde vê um porta-facas.
— Sou eu — responde Yasmin saindo de trás da grande porta.
Todos os músculos do corpo magro e pequeno de Isabela relaxam automaticamente.
— Ai, que susto!
— Eu estou procurando alguma coisa pra comer, mas vendo essas comidas percebi que não estou com fome.
— Ué, por que não vai dormir então? — indaga Isabela indo até a geladeira.
— Perdi o sono.
Isabela sorri e pega uma garrafa de água.
— O Victor deve estar capotado lá em cima e você aqui sem sono.
— Ele deve estar capotado mesmo, mas na casa dele.
A morena termina de beber água e indaga:
— Ele não ia dormir aqui?
— Ia, mas o meu pai mandou ele ir embora.
— Sério? Por quê?
Yasmin fecha a geladeira, mergulhando a cozinha praticamente no escuro completo, e caminha até uma mesa, onde puxa uma cadeira e senta.
— Tudo começou lá na sala de tv — fala. — Eu e o Victor estávamos nos beijando na mesa de sinuca quando eu dei um mal jeito no ombro e ele me levou no colo para o meu quarto. Lá, ele começou a fazer massagem em mim e eu fiz alguns sons de alívios, sabe?
— Hum, sei. E daí?
— O meu pai estava passando pelo corredor, ouviu e achou que a gente estava fazendo outra coisa.
— Eita! — exclama Isabela. — E aí?
— Daí ele bateu na porta, eu abri e tentei explicar que a gente não estava fazendo nada demais, só que o meu pai ficou desconfiado porque eu estava de sutiã e o Victor sem camisa. Foi aí que eu caguei com tudo! Eu fiquei brava porque ele estava desconfiando de mim e comecei a discutir com ele.
— Você discutiu com o seu pai?
— Sim, daí ele me colocou de castigo e mandou o Victor embora.
— Sério, Yas?
— Aham, o pior é que durante o castigo eu não vou poder ver o Victor fora do colégio.
O queixo de Isabela cai.
— Sério?
— Sim! Cara, eu fiquei com tanta raiva.
— Ah, mas até que o Micael estava com a razão, né? Já que você respondeu pra ele.
— Eu sei, mas não precisava disso tudo.
— É que você não consegue controlar a boca, Yas.
— É, isso é verdade.
— E o Victor? Ele não discutiu com o seu pai também, né?
— Não — Yasmin responde. — Ele fez aquela cara de nada de sempre e foi embora.
— Ele não falou nada?
— Só pediu para eu ficar na minha e pediu desculpas para o meu pai.
Isabela fica surpresa.
— Nossa, parece até um bom garoto.
As duas riem.
— O pior de tudo é que eu não vou poder sair — lamenta Yasmin e Isabela dá um leve sorriso.
— Pede desculpa para o seu pai, quem sabe dá certo?
— Acho difícil. — Ela levanta da cadeira. — Enfim, vou pro meu quarto.
— É, eu também.
— Vai para o seu quarto?
Isabela sorri ironicamente.
— Bobona.
As duas deixam a cozinha e fazem o caminho de volta para o primeiro andar. No corredor dos quartos, Isabela fala:
— Acho que eu vou dormir com você.
— Eu te chamei? — brinca a loirinha.
— Ah, é? Agora que eu durmo com você mesmo.
Yasmin ri e abraça a melhor amiga. As duas entram no quarto da namorada de Victor e se jogam na enorme cama dela.
Horas mais tarde o Sol surge no horizonte e os adolescentes começam a acordar para ir ao colégio. Marina e Vinícius dividem o banheiro do quarto dele. Ela escova os dentes enquanto ele termina de tomar banho. Quando Vinícius sai do chuveiro, enrola uma toalha no quadril e olha para a namorada, que está lavando o rosto. Ele decide fazer uma brincadeira com ela, por isso se aproxima por trás e começa a sacudir a cabeça, respingando água de seu cabelo para todos os lados, inclusive nas costas dela.
— Vinícius!? — reclama Marina se virando para ele.
— O quê? — ele se faz de desentendido.
— Você está me molhando.
— Ah, desculpa, só estava dando uma secada no meu cabelo. — Ele volta a fazer os movimentos e Marina dá um tapa em seu braço.
— Para! — pede rindo. — Parece aqueles cachorros que acabaram de sair do banho.
Vinícius cantarola:
— Eu não sou cachorro não. — Ele passa um braço pela cintura dela e começa a dançar pelo banheiro.
— Para, você está me molhando toda — pede Marina empurrando o namorado. — Você acordou com a corda toda hoje, né? Pelo amor de Deus!
Vinícius gargalha e dá um beijo nela.
— Estou com fome — fala passando a mão pelo cabelo dela. — Você vai tomar café com a gente?
— Eu até queria — confessa Marina —, mas eu preciso ir para casa me arrumar.
— Ah, que pena. — Ele dá mais um beijo nela e Marina bagunça o seu cabelo molhado, sorrindo entre o beijo.
— Agora eu tenho que ir. Até daqui a pouco!
— Até, minha gata.
Eles dão um selinho e Marina sai do banheiro e logo em seguida do quarto.
O despertador do celular de Felipe começa a tocar e o garoto desliga a função. Ele se vira na cama, falando:
— Bom dia, meu... — Ao ver que o espaço está vazio, se cala. — Ué, cadê a Isa? — Ele olha para a porta do banheiro, que está aberta, e vê que o cômodo parece estar vazio. Após se espreguiçar, levanta e vai fazer sua higiene matinal e tomar banho. — Será que a Isa foi embora? — se pergunta saindo do banheiro com o corpo molhado. — As mochilas dela estão ali — constata ao olhar para uma poltrona. — Deve estar comendo já.
Ele se seca e coloca uma calça jeans e o uniforme do colégio. Depois de pentear o cabelo, passar perfume e desodorante, sai do próprio quarto e encontra Isabela saindo do de Yasmin.
— Bom dia, Fê! — ela fala sorrindo.
— Bom dia, pequenina. Você dormiu aí?
— Metade da noite, sim. — Isabela fecha a porta e caminha até ele.
— Nossa, me deixou sozinho.
A adolescente ri e beija o ombro dele.
— É que a Yas tava precisando de mim.
— Por quê? Pensei que o Victor fosse dormir aqui em casa.
Isabela conta brevemente o ocorrido da noite anterior.
— Por isso eu fiquei com ela — fala no final.
— Ah, entendi! — Felipe passa um braço pelas costas dela e a puxa para si com a intenção de beijá-la, porém Isabela vira o rosto.
— Eu ainda não escovei os dentes — fala a garota.
— Oh, que coisa feia! — exclama Felipe dramaticamente. Ele pega Isabela no colo e caminha de volta para o seu quarto. — Vou ter que ensinar essa mocinha a ser mais limpinha.
— Cala a boca, Felipe — Isabela pede gargalhando.
Já vestido com o uniforme do colégio, Victor desce as escadas para tomar café da manhã. Marina chega em casa e cruza com o irmão na sala.
— Bom dia — deseja sorrindo, porém Victor não responde com a mesma animação que ela.
— Bom dia.
— Nossa, pra que essa cara amarrada? — indaga olhando para o rosto dele.
— Estou de mau-humor — informa o garoto encostando em uma poltrona.
— Novidade. Dessa vez tem algum motivo especial? — Victor coça os olhos e põem a irmã à parte das novidades. — Caramba! — exclama Marina. — Que bosta, hein?
— Muito! Agora eu só vou poder ver a Yasmin no colégio. Que merda!
— O Micael pegou pesado, hein?
— Até que não, eu sei que ele tava acreditando que não tinha acontecido nada, mas aí a Yasmin começou a ser malcriada e ele ficou p*to da cara.
— Ah, então foi mais pelo o que ela disse do que pelo o que ele pensou que estava acontecendo?
— É — confirma Victor. — Por causa do jeito dela a gente se f*deu.
— É. Pelo menos pensa pelo lado bom, vocês vão poder se ver no colégio.
— Ah, mas no colégio não dá pra fazer nada.
Marina ri e retorque:
— Fora de lá vocês não fazem nada mesmo.
O loiro lança um olhar cortante para ela e acaba contando:
— Ontem, ela ficou sem sutiã.
— Como? — se surpreende Marina.
— É, mas eu não vi nada, foi só para eu fazer massagem nas costas dela. — Ele dá um soco na poltrona. — Cara, é horrível você tocar e não poder ter. Eu nunca tive tanto auto-controle na vida!
— Parabéns — elogia Marina sorrindo debochadamente. — Isso é sinal de que você está se tornando uma pessoa melhor.
— Vai se ferrar, Marina.
A garota ri e tira o celular do bolso para ver as horas.
— Eita, preciso me arrumar. Fui! — Ela sai correndo escada acima enquanto Victor se arrasta para a cozinha.
Os minutos passam e os alunos começam a chegar no colégio. Com cara de sono, Malu sobe as escadas para o primeiro andar, onde ficam as salas de aula, e quando está entrando na sala de aula trompa em alguém que está saindo do espaço.
— Desculpa — pede Samuel segurando nos braços dela.
— Ai! — reclama Malu puxando os braços. — Ai, meu braço!
Samuel fica assustado.
— Desculpa. De verdade, desculpa.
Malu olha para o rosto dele e algo chama a sua atenção: uma mancha roxa no pescoço. Ela logo reconhece a marca deixada por um chupão e se afasta de Samuel.
— Você pode me dar licença, por favor — pede com rispidez. O rapaz fica espantado pela mudança de comportamento dela, mas abre espaço para ela passar.
Instantes depois, Yasmin, Felipe e Isabela também entram na sala. Ao ver que o namorado já chegou, Yasmin vai falar com ele em seu lugar no fundo da sala.
— Tudo bem? — pergunta Victor quando ela se aproxima. Yasmin joga a mochila com brutalidade em sua mesa e senta no espaço vago.
— Tudo ótimo — ironiza cruzando os braços.
— Ei, não adianta ficar assim.
— Ai, eu vou explodir de raiva, Victor.
— Isso só vai piorar as coisas.
— Piorar ainda mais? Eu não vejo como!
Victor toca com o seu joelho no dela.
— Tenta não pensar nisso. O Micael tem que ver que você está bem e que aceitou o castigo para cogitar te tirar do castigo.
— Você acredita que ele ainda fica me provocando? Hoje, quando eu tava saindo para vir pro colégio, ele falou para eu aproveitar porque vai ser o único tempo que vou poder te ver.
Victor dá um leve sorriso.
— Ele está se divertindo com a sua marra.
— E parece que você também — retorque Yasmin.
— Ah, estou mesmo — ironiza Victor. — Quase abracei o Micael quando ele falou que você não ia poder me ver. — Yasmin não fala nada e ele coloca uma mão na perna dela. — Ei, desfaz esse bico, está parecendo um elefante.
— Vai se f*der — ela fala, mas acaba sorrindo. — Ai, quero fugir.
— Só se me levar junto.
— Deus me livre! — ela brinca e eles gargalham.
— Viu, você já está mais relaxada.
Yasmin respira fundo.
— Estou mesmo.
— Você só precisa parar de ser bocuda e respeitar mais o seu pai.
— Até você, Victor?
Ele sorri.
— É sério. Os velhos a gente tem que respeitar, eu aprendi isso do pior jeito possível. Os meus pais já retiraram muitas coisas minhas.
— Ai, mas eu sempre fui assim e ninguém nunca fez nada.
— Agora eles fizeram.
Yasmin fecha a cara.
— Que bosta!
— Ei, larga de ser mimada.
— Eu não sou mimada!
— Tem certeza disso? Você ouve as suas palavras?
— Cala a boca.
— Me respeita, mocinha — brinca Victor e bagunça o cabelo dela.
— Para, seu babaca! — pede Yasmin arrumando os fios loiros.
No andar de baixo, Maísa chega e cruza com Jonas nas escadas. Eles se encaram em silêncio e seguem em direções opostas. Quando chega na sala de aula, ela vai falar com Laís.
— O que aconteceu ontem no Verdade ou Desafio fica lá, tá? — sugere com um sorriso pacificador no rosto.
— Tá — responde Laís sorrindo. Maísa dá um abraço na menor, selando a paz entre elas.
A aula tem início e logo nos primeiros tempos, eles têm educação física. A caminho do ginásio, Jaqueline e Samuel riem e conversam. Em um certo momento, ele dá um chega pra lá nela com o braço e Jaqueline chuta as pernas dele. Eles gargalham e o rapaz puxa a garota para um abraço de urso. Maísa, que caminha logo atrás, observa os dois sem expressão.
Ao chegarem ao ginásio, se dividem em times e começam a jogar vôlei, oportunidade de Yasmin para descontar a sua raiva.
Como estão de atestado médico, Malu, Samuel, Jonas e Pedro ficam sentados na arquibancada apenas observando os outros. Já que curtiu a noite anterior com Samuel, Pedro resolve ficar com Jonas, porém o rapaz o despensa, dizendo:
— Eu vou ali falar com a Maria Luíza.
— É sério? — se espanta Pedro.
— Sim.
Jonas levanta e desce alguns degraus para chegar ao lugar em que Malu está sentada sozinha. Samuel acompanha Jonas com o olhar e estreita os olhos ao ver que ele vai conversar com a garota.
— E aí — fala Jonas sentando ao lado de Malu.
— O que você quer? — pergunta a garota sem rodeios.
— Nossa, eu vim apenas falar com você, de boa.
— Quem não te conhece que te compre, Jonas. O que você quer?
— Eu não quero nada, só jogar conversa fora mesmo — mente o garoto, pois sua real intenção é provocar Samuel. — O seu braço está melhorando?
Malu fica sem entender o motivo da mudança de comportamento dele, mas acaba respondendo com educação e eles iniciam uma conversa. Samuel comenta com Pedro:
— Por que o Jonas está conversando com a Malu?
— Sei lá.
— Não gosto disso.
Pedro ri.
— Samuel, fala sério!
— O quê?
— Se você realmente gostasse da Malu não ficaria pra baixo e pra cima com a Jack e muito menos transaria com a Maria Maísa.
Samuel não pensa em corrigir o nome de Maria Elisa, apenas pergunta:
— Como é?
— É só o que eu acho — fala Pedro dando de ombros. Samuel sacode a cabeça e continua encarando Jonas e Malu.
Juntos no supermercado, Anelise e Bernardo fazem uma pequena compra.
— Como eu não pensei nisso antes? — ironiza Anelise. — Passar a sua manhã de folga fazendo compras é a melhor ideia do mundo.
Bernardo ri e dá um beijinho no ombro da esposa.
— Se a gente não fizesse compras, não teria almoço, bonitinha.
— Ah, mas daí nós teríamos que almoçar fora. Isso sim é uma ideia boa!
— Eu só quero ficar em casa com a minha esposinha.
Anelise revira os olhos e instantes depois comenta:
— Eu preciso comer alguma coisa, estou em jejum ainda.
— Quer que eu pegue algo pra você comer? — se oferece Bernardo.
— Não, eu espero chegar em casa.
— Ane, não faz bem ficar sem comer.
— Eu sei, doutor Bernardo, mas eu quero comer o meu cafézinho da manhã lá em casa, relaxada.
Bernardo sorri e dá um selinho nela.
— Ok, vamos apressar as coisas pra gente ir logo lá pra casa.
Após as partidas de vôlei os alunos se preparam para retornar para a sala. Victor puxa Yasmin e fala no ouvido dela:
— Eu vi você jogando. Pra que sacar com tanta força, loirinha? — provoca.
— Se eu te batesse seria considerado violência, então eu desconto no que posso.
Victor ri e dá um beijo na testa dela. Jaqueline, que olhava para ele, muda o seu foco com um olhar entristecido.
Sophia dá uma pausa no trabalho quando Micael entra em seu escritório na mansão em que moram.
— A que devo a honra? — ela brinca sorrindo.
Micael dá um leve sorriso, mas fica sério rapidamente e fala:
— A gente precisa conversar sobre uma coisa.
— Ih, o que foi?
Micael senta na poltrona em frente à ela e narra o castigo que deu para Yasmin e os motivos que o levaram à isso.
— Micael, você fez isso? — indaga Sophia.
— Você precisava ver como ela falou comigo, Sophia.
A loira pensa por um momento.
— Mesmo assim, a gente sempre usa o diálogo pra resolver os problemas.
— Eu sei, mas ela precisava ser castigada.
— Você deveria ter me consultado pelo menos.
— Eu sei, mas na hora não tinha como eu pedir uma pausa para ir te consultar.
Sophia respira fundo.
— Ok, o que está feito, está feito. Quando esse castigo vai acabar?
— Daqui a alguns dias. Deixa ela sofrer um pouco. — Ele sorri. — Você tinha que ver o bico que ela fez.
A empresária ri.
— Tadinha, Micael.
As sacolas de pano que acomodam as compras de Bernardo e Anelise são colocadas na mesa da cozinha pelo médico enquanto Anelise se apoia na pia para tirar as sandálias.
— Estou faminta — fala a blogueira e larga os sapatos onde estão e caminha até a geladeira. Ela abre e começa a pegar alguns itens para o café da manhã.
— Dá tempo de eu fazer uma omelete? — indaga Bernardo.
— Vai demorar muito? Porque eu estou com muita fome.
— Só alguns minutinhos — responde o rapaz lavando as mãos. — Senta aí em uma cadeira.
Anelise faz o que o marido sugere e fica aguardando ele fazer os omeletes. Bernardo quebra os ovos, bate em uma vasilha de vidro e os coloca na frigideira. Ele fica acompanhando o alimento fritar até que ouve Anelise o chamar em um sussurro. Ao se virar toma um susto, pois ela está pálida feito papel, sua boca sem cor nenhuma e parece suada.
— Ane! — exclama correndo até ela.
— Acho que eu estou passando mal — fala a empresária tentando levantar, porém ela se desequilibra e cai nos braços do esposo.
Assim que se acomodam na sala de aula, os alunos do terceiro A recebem a inspetora, que chama alguns alunos:
— Maria Luíza, Samuel, Jonas e Pedro, me acompanhem, por favor.
— Ih! — exclama Danilo.
— Sabia que eles iam descobrir — brinca Mayara. Os alunos riem, mas os envolvidos saem sérios da sala. Guiados pela inspetora, os quatro chegam à sala de Joaquim. Quando cruzam a porta enxergam dois policiais sentados em poltronas. Malu paralisa na porta, com a expressão endurecida e a respiração ofegante. Samuel coloca uma mão na cintura dela e fala em seu ouvido:
— Fica calma, não deve ser nada demais.
O som da voz dele traz Malu à realidade, ela dá um tapa na mão dele e entra na sala juntamente com Jonas e Pedro.
Sentada em um dos sofás da sala de estar, Mel conversa com Reinaldo ao telefone. Eles riem e falam sobre assuntos em comum. Vera entra no cômodo com um buquê de flores nas mãos e Mel sorri, falando para Reinaldo:
— Você sabia que ia chegar enquanto nós conversávamos?
— Hã?
O sorriso de Mel fraqueja e ela pede:
— Só um instante, por favor. — A empresária deixa o telefone sobre o sofá e levanta para pegar as flores de Vera. — Quem mandou? — indaga.
— Não sei, mas tem um cartão entre as flores.
Mel pega o envelope e pega o papel de dentro dele, onde está escrito:
— Eu sei, filha, mas eu acho que você está muito nova para isso.
Yasmin ri.
— Muito nova? Pai, o Felipe já tinha perdido a virgindade com a minha idade. Além de antiquado, o senhor está sendo machista!
— Yasmin, meça as suas palavras!
— Eu só estou dizendo a verdade!
— A verdade é que você está sendo muito mal educada.
— Foi a educação que vocês me deram.
— Chega! — exclama Micael. — Você vai ficar de castigo até aprender a me respeitar.
— Como é, pai?
— Isso mesmo, você está de castigo. A partir de amanhã vai ser de casa para o colégio, do colégio para casa, e nisto está incluído ficar sem ver o Victor.
— Ah, não! — se indigna a loirinha. — O senhor não pode estar falando sério.
— Pode ter certeza de que eu estou.
— Pai, não!
Micael olha para dentro do quarto, encarando Victor, que está sem expressão e em silêncio.
— Você pode ir embora, por favor?
— Pai — reclama Yasmin —, não tem pra quê isso!
— Yasmin, você tem que entender que eu sou seu pai e que você precisa me respeitar. — Enquanto Micael falava Victor colocou a camisa e os chinelos.
— Eu não falei nada demais!
— Repense no que você falou que você vai ver.
Victor caminha até a porta e coloca uma mão na cintura dela.
— Fica na sua — ele pede no ouvido dela e dá um beijo em sua bochecha antes de passar pela porta. — Desculpa por qualquer incômodo, Micael.
— Tudo bem — responde o cantor e o jovem se afasta.
— O senhor não precisava fazer isso, pai — diz Yasmin. — O senhor pode me deixar sozinha? Contrariando o que o senhor pensa de mim, sei muito bem que fechar a porta na sua cara seria falta de respeito.
— Você está interpretando tudo errado, Yasmin. Coloca a cabeça no travesseiro e pense nas suas atitudes. — Ele dá um beijo na testa dela e vai para o seu próprio quarto. Yasmin bate a porta e vai resmungando para a sua cama.
O céu permanece estrelado durante o resto da noite e por volta das três horas da madrugada Isabela desperta na cama do namorado. Ela pega o seu celular na mesinha de cabeceira, confere o horário e se levanta, vestindo o seu robe preto. Olha, então, para Felipe que continua dormindo e sai do quarto descalça. Os seus olhos reclamam da luz do corredor e ela caminha pelo espaço até as escadas, que desce com tranquilidade. A sala de visitas está apenas iluminada por abajures e ela acha sinistra a sombra dos móveis no chão, por isso apressa o passo e entra em outro corredor que dá acesso à cozinha. Neste espaço a iluminação está totalmente acesa e ela se sente mais segura e admira o jardim de inverno que tem em um lado da parede. Enquanto ela está observando as plantas, começa a ouvir alguns ruídos vindos da cozinha, o que faz o seu coração bater mais rápido.
A adolescente fica sem saber o que fazer e após alguns instantes resolve ir ver com os próprios olhos o que se passa na cozinha. Quando passa pela porta constata que as luzes do grande cômodo estão apagadas com apenas um feixe de luz vindo da porta aberta da geladeira.
— Quem está aí? — pergunta se aproximando de uma bancada onde vê um porta-facas.
— Sou eu — responde Yasmin saindo de trás da grande porta.
Todos os músculos do corpo magro e pequeno de Isabela relaxam automaticamente.
— Ai, que susto!
— Eu estou procurando alguma coisa pra comer, mas vendo essas comidas percebi que não estou com fome.
— Ué, por que não vai dormir então? — indaga Isabela indo até a geladeira.
— Perdi o sono.
Isabela sorri e pega uma garrafa de água.
— O Victor deve estar capotado lá em cima e você aqui sem sono.
— Ele deve estar capotado mesmo, mas na casa dele.
A morena termina de beber água e indaga:
— Ele não ia dormir aqui?
— Ia, mas o meu pai mandou ele ir embora.
— Sério? Por quê?
Yasmin fecha a geladeira, mergulhando a cozinha praticamente no escuro completo, e caminha até uma mesa, onde puxa uma cadeira e senta.
— Tudo começou lá na sala de tv — fala. — Eu e o Victor estávamos nos beijando na mesa de sinuca quando eu dei um mal jeito no ombro e ele me levou no colo para o meu quarto. Lá, ele começou a fazer massagem em mim e eu fiz alguns sons de alívios, sabe?
— Hum, sei. E daí?
— O meu pai estava passando pelo corredor, ouviu e achou que a gente estava fazendo outra coisa.
— Eita! — exclama Isabela. — E aí?
— Daí ele bateu na porta, eu abri e tentei explicar que a gente não estava fazendo nada demais, só que o meu pai ficou desconfiado porque eu estava de sutiã e o Victor sem camisa. Foi aí que eu caguei com tudo! Eu fiquei brava porque ele estava desconfiando de mim e comecei a discutir com ele.
— Você discutiu com o seu pai?
— Sim, daí ele me colocou de castigo e mandou o Victor embora.
— Sério, Yas?
— Aham, o pior é que durante o castigo eu não vou poder ver o Victor fora do colégio.
O queixo de Isabela cai.
— Sério?
— Sim! Cara, eu fiquei com tanta raiva.
— Ah, mas até que o Micael estava com a razão, né? Já que você respondeu pra ele.
— Eu sei, mas não precisava disso tudo.
— É que você não consegue controlar a boca, Yas.
— É, isso é verdade.
— E o Victor? Ele não discutiu com o seu pai também, né?
— Não — Yasmin responde. — Ele fez aquela cara de nada de sempre e foi embora.
— Ele não falou nada?
— Só pediu para eu ficar na minha e pediu desculpas para o meu pai.
Isabela fica surpresa.
— Nossa, parece até um bom garoto.
As duas riem.
— O pior de tudo é que eu não vou poder sair — lamenta Yasmin e Isabela dá um leve sorriso.
— Pede desculpa para o seu pai, quem sabe dá certo?
— Acho difícil. — Ela levanta da cadeira. — Enfim, vou pro meu quarto.
— É, eu também.
— Vai para o seu quarto?
Isabela sorri ironicamente.
— Bobona.
As duas deixam a cozinha e fazem o caminho de volta para o primeiro andar. No corredor dos quartos, Isabela fala:
— Acho que eu vou dormir com você.
— Eu te chamei? — brinca a loirinha.
— Ah, é? Agora que eu durmo com você mesmo.
Yasmin ri e abraça a melhor amiga. As duas entram no quarto da namorada de Victor e se jogam na enorme cama dela.
Horas mais tarde o Sol surge no horizonte e os adolescentes começam a acordar para ir ao colégio. Marina e Vinícius dividem o banheiro do quarto dele. Ela escova os dentes enquanto ele termina de tomar banho. Quando Vinícius sai do chuveiro, enrola uma toalha no quadril e olha para a namorada, que está lavando o rosto. Ele decide fazer uma brincadeira com ela, por isso se aproxima por trás e começa a sacudir a cabeça, respingando água de seu cabelo para todos os lados, inclusive nas costas dela.
— Vinícius!? — reclama Marina se virando para ele.
— O quê? — ele se faz de desentendido.
— Você está me molhando.
— Ah, desculpa, só estava dando uma secada no meu cabelo. — Ele volta a fazer os movimentos e Marina dá um tapa em seu braço.
— Para! — pede rindo. — Parece aqueles cachorros que acabaram de sair do banho.
Vinícius cantarola:
— Eu não sou cachorro não. — Ele passa um braço pela cintura dela e começa a dançar pelo banheiro.
— Para, você está me molhando toda — pede Marina empurrando o namorado. — Você acordou com a corda toda hoje, né? Pelo amor de Deus!
Vinícius gargalha e dá um beijo nela.
— Estou com fome — fala passando a mão pelo cabelo dela. — Você vai tomar café com a gente?
— Eu até queria — confessa Marina —, mas eu preciso ir para casa me arrumar.
— Ah, que pena. — Ele dá mais um beijo nela e Marina bagunça o seu cabelo molhado, sorrindo entre o beijo.
— Agora eu tenho que ir. Até daqui a pouco!
— Até, minha gata.
Eles dão um selinho e Marina sai do banheiro e logo em seguida do quarto.
O despertador do celular de Felipe começa a tocar e o garoto desliga a função. Ele se vira na cama, falando:
— Bom dia, meu... — Ao ver que o espaço está vazio, se cala. — Ué, cadê a Isa? — Ele olha para a porta do banheiro, que está aberta, e vê que o cômodo parece estar vazio. Após se espreguiçar, levanta e vai fazer sua higiene matinal e tomar banho. — Será que a Isa foi embora? — se pergunta saindo do banheiro com o corpo molhado. — As mochilas dela estão ali — constata ao olhar para uma poltrona. — Deve estar comendo já.
Ele se seca e coloca uma calça jeans e o uniforme do colégio. Depois de pentear o cabelo, passar perfume e desodorante, sai do próprio quarto e encontra Isabela saindo do de Yasmin.
— Bom dia, Fê! — ela fala sorrindo.
— Bom dia, pequenina. Você dormiu aí?
— Metade da noite, sim. — Isabela fecha a porta e caminha até ele.
— Nossa, me deixou sozinho.
A adolescente ri e beija o ombro dele.
— É que a Yas tava precisando de mim.
— Por quê? Pensei que o Victor fosse dormir aqui em casa.
Isabela conta brevemente o ocorrido da noite anterior.
— Por isso eu fiquei com ela — fala no final.
— Ah, entendi! — Felipe passa um braço pelas costas dela e a puxa para si com a intenção de beijá-la, porém Isabela vira o rosto.
— Eu ainda não escovei os dentes — fala a garota.
— Oh, que coisa feia! — exclama Felipe dramaticamente. Ele pega Isabela no colo e caminha de volta para o seu quarto. — Vou ter que ensinar essa mocinha a ser mais limpinha.
— Cala a boca, Felipe — Isabela pede gargalhando.
Já vestido com o uniforme do colégio, Victor desce as escadas para tomar café da manhã. Marina chega em casa e cruza com o irmão na sala.
— Bom dia — deseja sorrindo, porém Victor não responde com a mesma animação que ela.
— Bom dia.
— Nossa, pra que essa cara amarrada? — indaga olhando para o rosto dele.
— Estou de mau-humor — informa o garoto encostando em uma poltrona.
— Novidade. Dessa vez tem algum motivo especial? — Victor coça os olhos e põem a irmã à parte das novidades. — Caramba! — exclama Marina. — Que bosta, hein?
— Muito! Agora eu só vou poder ver a Yasmin no colégio. Que merda!
— O Micael pegou pesado, hein?
— Até que não, eu sei que ele tava acreditando que não tinha acontecido nada, mas aí a Yasmin começou a ser malcriada e ele ficou p*to da cara.
— Ah, então foi mais pelo o que ela disse do que pelo o que ele pensou que estava acontecendo?
— É — confirma Victor. — Por causa do jeito dela a gente se f*deu.
— É. Pelo menos pensa pelo lado bom, vocês vão poder se ver no colégio.
— Ah, mas no colégio não dá pra fazer nada.
Marina ri e retorque:
— Fora de lá vocês não fazem nada mesmo.
O loiro lança um olhar cortante para ela e acaba contando:
— Ontem, ela ficou sem sutiã.
— Como? — se surpreende Marina.
— É, mas eu não vi nada, foi só para eu fazer massagem nas costas dela. — Ele dá um soco na poltrona. — Cara, é horrível você tocar e não poder ter. Eu nunca tive tanto auto-controle na vida!
— Parabéns — elogia Marina sorrindo debochadamente. — Isso é sinal de que você está se tornando uma pessoa melhor.
— Vai se ferrar, Marina.
A garota ri e tira o celular do bolso para ver as horas.
— Eita, preciso me arrumar. Fui! — Ela sai correndo escada acima enquanto Victor se arrasta para a cozinha.
Os minutos passam e os alunos começam a chegar no colégio. Com cara de sono, Malu sobe as escadas para o primeiro andar, onde ficam as salas de aula, e quando está entrando na sala de aula trompa em alguém que está saindo do espaço.
— Desculpa — pede Samuel segurando nos braços dela.
— Ai! — reclama Malu puxando os braços. — Ai, meu braço!
Samuel fica assustado.
— Desculpa. De verdade, desculpa.
Malu olha para o rosto dele e algo chama a sua atenção: uma mancha roxa no pescoço. Ela logo reconhece a marca deixada por um chupão e se afasta de Samuel.
— Você pode me dar licença, por favor — pede com rispidez. O rapaz fica espantado pela mudança de comportamento dela, mas abre espaço para ela passar.
Instantes depois, Yasmin, Felipe e Isabela também entram na sala. Ao ver que o namorado já chegou, Yasmin vai falar com ele em seu lugar no fundo da sala.
— Tudo bem? — pergunta Victor quando ela se aproxima. Yasmin joga a mochila com brutalidade em sua mesa e senta no espaço vago.
— Tudo ótimo — ironiza cruzando os braços.
— Ei, não adianta ficar assim.
— Ai, eu vou explodir de raiva, Victor.
— Isso só vai piorar as coisas.
— Piorar ainda mais? Eu não vejo como!
Victor toca com o seu joelho no dela.
— Tenta não pensar nisso. O Micael tem que ver que você está bem e que aceitou o castigo para cogitar te tirar do castigo.
— Você acredita que ele ainda fica me provocando? Hoje, quando eu tava saindo para vir pro colégio, ele falou para eu aproveitar porque vai ser o único tempo que vou poder te ver.
Victor dá um leve sorriso.
— Ele está se divertindo com a sua marra.
— E parece que você também — retorque Yasmin.
— Ah, estou mesmo — ironiza Victor. — Quase abracei o Micael quando ele falou que você não ia poder me ver. — Yasmin não fala nada e ele coloca uma mão na perna dela. — Ei, desfaz esse bico, está parecendo um elefante.
— Vai se f*der — ela fala, mas acaba sorrindo. — Ai, quero fugir.
— Só se me levar junto.
— Deus me livre! — ela brinca e eles gargalham.
— Viu, você já está mais relaxada.
Yasmin respira fundo.
— Estou mesmo.
— Você só precisa parar de ser bocuda e respeitar mais o seu pai.
— Até você, Victor?
Ele sorri.
— É sério. Os velhos a gente tem que respeitar, eu aprendi isso do pior jeito possível. Os meus pais já retiraram muitas coisas minhas.
— Ai, mas eu sempre fui assim e ninguém nunca fez nada.
— Agora eles fizeram.
Yasmin fecha a cara.
— Que bosta!
— Ei, larga de ser mimada.
— Eu não sou mimada!
— Tem certeza disso? Você ouve as suas palavras?
— Cala a boca.
— Me respeita, mocinha — brinca Victor e bagunça o cabelo dela.
— Para, seu babaca! — pede Yasmin arrumando os fios loiros.
No andar de baixo, Maísa chega e cruza com Jonas nas escadas. Eles se encaram em silêncio e seguem em direções opostas. Quando chega na sala de aula, ela vai falar com Laís.
— O que aconteceu ontem no Verdade ou Desafio fica lá, tá? — sugere com um sorriso pacificador no rosto.
— Tá — responde Laís sorrindo. Maísa dá um abraço na menor, selando a paz entre elas.
A aula tem início e logo nos primeiros tempos, eles têm educação física. A caminho do ginásio, Jaqueline e Samuel riem e conversam. Em um certo momento, ele dá um chega pra lá nela com o braço e Jaqueline chuta as pernas dele. Eles gargalham e o rapaz puxa a garota para um abraço de urso. Maísa, que caminha logo atrás, observa os dois sem expressão.
Ao chegarem ao ginásio, se dividem em times e começam a jogar vôlei, oportunidade de Yasmin para descontar a sua raiva.
Como estão de atestado médico, Malu, Samuel, Jonas e Pedro ficam sentados na arquibancada apenas observando os outros. Já que curtiu a noite anterior com Samuel, Pedro resolve ficar com Jonas, porém o rapaz o despensa, dizendo:
— Eu vou ali falar com a Maria Luíza.
— É sério? — se espanta Pedro.
— Sim.
Jonas levanta e desce alguns degraus para chegar ao lugar em que Malu está sentada sozinha. Samuel acompanha Jonas com o olhar e estreita os olhos ao ver que ele vai conversar com a garota.
— E aí — fala Jonas sentando ao lado de Malu.
— O que você quer? — pergunta a garota sem rodeios.
— Nossa, eu vim apenas falar com você, de boa.
— Quem não te conhece que te compre, Jonas. O que você quer?
— Eu não quero nada, só jogar conversa fora mesmo — mente o garoto, pois sua real intenção é provocar Samuel. — O seu braço está melhorando?
Malu fica sem entender o motivo da mudança de comportamento dele, mas acaba respondendo com educação e eles iniciam uma conversa. Samuel comenta com Pedro:
— Por que o Jonas está conversando com a Malu?
— Sei lá.
— Não gosto disso.
Pedro ri.
— Samuel, fala sério!
— O quê?
— Se você realmente gostasse da Malu não ficaria pra baixo e pra cima com a Jack e muito menos transaria com a Maria Maísa.
Samuel não pensa em corrigir o nome de Maria Elisa, apenas pergunta:
— Como é?
— É só o que eu acho — fala Pedro dando de ombros. Samuel sacode a cabeça e continua encarando Jonas e Malu.
Juntos no supermercado, Anelise e Bernardo fazem uma pequena compra.
— Como eu não pensei nisso antes? — ironiza Anelise. — Passar a sua manhã de folga fazendo compras é a melhor ideia do mundo.
Bernardo ri e dá um beijinho no ombro da esposa.
— Se a gente não fizesse compras, não teria almoço, bonitinha.
— Ah, mas daí nós teríamos que almoçar fora. Isso sim é uma ideia boa!
— Eu só quero ficar em casa com a minha esposinha.
Anelise revira os olhos e instantes depois comenta:
— Eu preciso comer alguma coisa, estou em jejum ainda.
— Quer que eu pegue algo pra você comer? — se oferece Bernardo.
— Não, eu espero chegar em casa.
— Ane, não faz bem ficar sem comer.
— Eu sei, doutor Bernardo, mas eu quero comer o meu cafézinho da manhã lá em casa, relaxada.
Bernardo sorri e dá um selinho nela.
— Ok, vamos apressar as coisas pra gente ir logo lá pra casa.
Após as partidas de vôlei os alunos se preparam para retornar para a sala. Victor puxa Yasmin e fala no ouvido dela:
— Eu vi você jogando. Pra que sacar com tanta força, loirinha? — provoca.
— Se eu te batesse seria considerado violência, então eu desconto no que posso.
Victor ri e dá um beijo na testa dela. Jaqueline, que olhava para ele, muda o seu foco com um olhar entristecido.
Sophia dá uma pausa no trabalho quando Micael entra em seu escritório na mansão em que moram.
— A que devo a honra? — ela brinca sorrindo.
Micael dá um leve sorriso, mas fica sério rapidamente e fala:
— A gente precisa conversar sobre uma coisa.
— Ih, o que foi?
Micael senta na poltrona em frente à ela e narra o castigo que deu para Yasmin e os motivos que o levaram à isso.
— Micael, você fez isso? — indaga Sophia.
— Você precisava ver como ela falou comigo, Sophia.
A loira pensa por um momento.
— Mesmo assim, a gente sempre usa o diálogo pra resolver os problemas.
— Eu sei, mas ela precisava ser castigada.
— Você deveria ter me consultado pelo menos.
— Eu sei, mas na hora não tinha como eu pedir uma pausa para ir te consultar.
Sophia respira fundo.
— Ok, o que está feito, está feito. Quando esse castigo vai acabar?
— Daqui a alguns dias. Deixa ela sofrer um pouco. — Ele sorri. — Você tinha que ver o bico que ela fez.
A empresária ri.
— Tadinha, Micael.
As sacolas de pano que acomodam as compras de Bernardo e Anelise são colocadas na mesa da cozinha pelo médico enquanto Anelise se apoia na pia para tirar as sandálias.
— Estou faminta — fala a blogueira e larga os sapatos onde estão e caminha até a geladeira. Ela abre e começa a pegar alguns itens para o café da manhã.
— Dá tempo de eu fazer uma omelete? — indaga Bernardo.
— Vai demorar muito? Porque eu estou com muita fome.
— Só alguns minutinhos — responde o rapaz lavando as mãos. — Senta aí em uma cadeira.
Anelise faz o que o marido sugere e fica aguardando ele fazer os omeletes. Bernardo quebra os ovos, bate em uma vasilha de vidro e os coloca na frigideira. Ele fica acompanhando o alimento fritar até que ouve Anelise o chamar em um sussurro. Ao se virar toma um susto, pois ela está pálida feito papel, sua boca sem cor nenhuma e parece suada.
— Ane! — exclama correndo até ela.
— Acho que eu estou passando mal — fala a empresária tentando levantar, porém ela se desequilibra e cai nos braços do esposo.
Assim que se acomodam na sala de aula, os alunos do terceiro A recebem a inspetora, que chama alguns alunos:
— Maria Luíza, Samuel, Jonas e Pedro, me acompanhem, por favor.
— Ih! — exclama Danilo.
— Sabia que eles iam descobrir — brinca Mayara. Os alunos riem, mas os envolvidos saem sérios da sala. Guiados pela inspetora, os quatro chegam à sala de Joaquim. Quando cruzam a porta enxergam dois policiais sentados em poltronas. Malu paralisa na porta, com a expressão endurecida e a respiração ofegante. Samuel coloca uma mão na cintura dela e fala em seu ouvido:
— Fica calma, não deve ser nada demais.
O som da voz dele traz Malu à realidade, ela dá um tapa na mão dele e entra na sala juntamente com Jonas e Pedro.
Sentada em um dos sofás da sala de estar, Mel conversa com Reinaldo ao telefone. Eles riem e falam sobre assuntos em comum. Vera entra no cômodo com um buquê de flores nas mãos e Mel sorri, falando para Reinaldo:
— Você sabia que ia chegar enquanto nós conversávamos?
— Hã?
O sorriso de Mel fraqueja e ela pede:
— Só um instante, por favor. — A empresária deixa o telefone sobre o sofá e levanta para pegar as flores de Vera. — Quem mandou? — indaga.
— Não sei, mas tem um cartão entre as flores.
Mel pega o envelope e pega o papel de dentro dele, onde está escrito:
Me desculpa se eu cometi algum erro ontem, eu só queria ter um momento agradável com você.
Espero ter outra oportunidade para fazer direito.
Aguardo sua resposta.
Nunca comentei, mas literalmente amo o seu imagine! Amo BeLipe é vida com V maiúsculo! Posta logo! Beijinhos! ♡♡♡♡
ResponderExcluirVolta logo Chameeel *-*
ResponderExcluirAmeeei o capitulo de hoje *-*
ResponderExcluirEspero que a Mel dê uma chance para um outro encontro com o Chay... Esses dois precisam voltar logo ♡♡♡
Só eu que recarrego a página de 5 em 5 minutos pra ver se ela já postou???❤️❤️❤️AMOOOOOOOOOO de AMOR(ou paixão,interprete como quiser) esse imagine,leio desde o primeiro capitulo:
ResponderExcluirPerfeito queero logo outro
ResponderExcluirEspero que ChaMel volte! 😍
ResponderExcluirposta looogo....