Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 199: Chay e Mel passeiam em praia deserta

Limpando a boca com um guardanapo de papel, Maria Luíza levanta da mesa que divide com o casal de amigos Thiago e Graziele. 
   — Vou ao banheiro — informa e sai, passando no lixeiro para jogar o guardanapo. Ela dá uma bagunçada no cabelo enquanto caminha até o banheiro feminino. 
   — Malu — chama Samuel ao alcançá-la. 
   — Estou com pressa, Samuel. 
   — Eu quero falar uma coisa com você. 
   — E eu quero fazer xixi — ela retorque sem parar de caminhar. 
   — É sério. 
   — Eu também estou falando sério. Segurar xixi faz mal, sabia? — Malu para em frente à porta do banheiro e olha para Samuel. — Imagina se eu pego uma infecção urinária porque parei para conversar com você? Não rola, né? Fui! — Ela entra no banheiro e Samuel revira os olhos. 
   — Droga. 

Chay continua fazendo carinho no braço de Mel e sente a respiração dela em seu rosto, assim como sabe que ela está sentindo a sua respiração acelerada. Com a mão livre, ele afaga a bochecha dela de maneira totalmente diferente da que fez com Anelise nas horas anteriores. Aos poucos vai diminuindo os centímetros entre os seus rostos, diminuindo toda a barreira que foi formada entre eles desde o divórcio, diminuindo o aperto da saudade em seu peito.
   Mel vira o rosto e empurra a cadeira para longe de Chay. 
   — Acho que eu quero mais um cappuccino — diz tirando o cabelo do rosto. — Garçom! — chama.
Chay fica olhando para o rosto dela por alguns segundos, até que desvia o olhar com desânimo. 

Os alunos começam a regressar para a sala quando o sinal toca. No corredor, Yasmin se aproxima de Marina e pergunta baixinho pra ela:
   — Marina, como o Brian é? 
   — Hã? — A surpresa pela pergunta é evidente em Marina. — Como assim? 
   — Como o Brian é como pessoa? 
Marina sorri ao descrever o ex-namorado:
   — Ele é um dos garotos mais incríveis que eu já conheci. É lindo por fora, mas por dentro é ainda mais. De verdade, eu acho que depois do Vinícius ele é o garoto mais maravilhoso do mundo. — Yasmin também sorri. — Por que você quer saber? 
   — Porque o Victor falou umas coisas que me deixaram curiosa. 
   — Que coisas?
A loirinha dá de ombros. 
   — Nada demais. 

Durante o percurso de volta para a sala, Maísa brinca com Iago e Lorenzo, fazendo cócegas nos dois simultaneamente. Aline e Laís não estão com o trio pois resolveram ir ao banheiro no último minuto do intervalo. Entre risos, Iago e Lorenzo tentam desviar dos ataques das mãos de Maísa e ao entrarem na sala de aula, esbarram em Jonas e Pedro que pretendiam sair para encher suas garrafinhas. A garrafinha de Jonas cai no chão e ele agacha para pegar. Ao se levantar, lança um olhar repulsivo à Lorenzo e Iago. Maísa passa pelos garotos e pergunta:
   — Algum problema, Jonas? 
   Mayara entra na sala na companhia de Daniela e elas param logo atrás de Lorenzo, Iago e Maísa.  
   — Está acontecendo alguma coisa? — pergunta Daniela à Mayara, que dá de ombros. Ela olha para Jonas e em seguida para Pedro, que devolve o olhar.
Jonas analisa bem o rosto de Maísa e responde:
   — Nada demais, além da falta de atenção dos seus amigos. 
   — Eles tromparam em vocês sem querer — rebate Maísa. 
   — Como sempre, a diferença é que das outras vezes foi apenas o Lorenzo. Agora ele tem companhia — acrescenta olhando para Iago, que não desvia o olhar mas fica em silêncio. — Deve ser contagioso, toma cuidado. 
   — O Lorenzo não tem nada que possa contagiar a gente e mesmo que tivesse eu não me contagiaria. Já convivi com gente pior e saí ilesa. 
   — Você tem um conceito diferente do que é "gente pior".
   — Com certeza o meu conceito é diferente do seu. 
   — Percebe-se através das companhias que você tem — fala Jonas olhando para as pessoas que estão atrás de Maísa. 
   — Se as minhas companhias são ruins, as suas são péssimas — Maísa retorque lançando um olhar desprezível à Pedro. 
Jonas ri. 
   — Você não acha as minhas companhias tão ruins assim. 
   — Você não sabe o que eu acho. 
   — Diante de algumas atitudes que você teve algumas semanas atrás eu posso dizer que sei sim. Afinal, você teve um envolvimento bem íntimo com alguém que era minha companhia.
Maísa tenta se controlar e fala para provocar Jonas:
   — A pessoa se divergia de você. Era muito melhor. 
Jonas sai da linha e começa com a voz alterada:
   — Se você acha que falando essas coisas vai...
   — Jonas! — interrompe Pedro. — Não perca mais seu tempo com esse tipo de pessoa. Você já teve provas de que não vale a pena. 
O ex-namorado de Isabela concorda com a cabeça. 
   — É, não vamos perder tempo com... isso. 
Os dois desviam do grupo para sair da sala e são seguidos por Daniela, que no corredor chama Pedro. 
   — O que foi? — pergunta o garoto olhando para ela. 
   — Eu não gostei nem um pouco do que você disse. 
   — Eu não falei nada demais. 
   — Não? — indaga a garota com deboche. — Se o tipo de pessoa que a Maísa é não vale a pena pra você, eu também não valho, porque ela é uma das minhas colegas e nós somos muito parecidas. 
Pedro pega no braço dela. 
   — Dani, eu não falei aquilo para te ofender. Na verdade, não tinha nada a ver com você. 
   — Eu sei, mas me envolveu. Eu não gostei, Pedro! Acho que você tem que repensar nos predicativos que as pessoas têm que ter para serem suas companheiras. — Ela puxa o braço e caminha de volta para a sala. 

A partir do momento que Chay começou a agir como Mel, fingindo que nenhum momento mais íntimo aconteceu, eles voltaram a conversar com leveza e a se divertirem. 
   — Acho que já estou satisfeita — fala Mel colocando a xícara sobre a mesa. — Para um lanche da manhã eu comi demais. 
Chay ri. 
   — Eu também. — Ele limpa a boca com um guardanapo. — E aí, o que vamos fazer agora? 
   — O que vamos fazer agora? — repete Mel sorrindo. — Nós vamos para casa. Cada um para a sua. 
   — Ah, sério? Eu estava pensando em dar uma esticada até uma praia. O tempo está gostoso para sentar na areia e ficar olhando o mar, não tem Sol. 
Mel cobiça a sensação de ter os cabelos jogados para trás por causa da brisa marítima e acaba sorrindo. 
   — Até que eu queria ir, mas... — ela deixa a frase no ar. 
   — Mas?
   — Se a gente fosse flagrado em uma praia nas atuais circunstâncias, Chay, não seria uma boa coisa. 
   — Você está certa, mas eu tenho uma solução para isso. 
   — Qual? Uma capa de invisibilidade? — questiona Mel sorrindo. 
   — Você tem assistido muito Harry Potter com o nosso filho, hein? — Os dois gargalham. — Só que não é essa a solução que eu tenho. 
   — Qual é?
   — É simples, é só nós irmos à uma praia deserta. 
Mel sorri. 
   — Nós dois em uma praia deserta? 
   — O quê? Algum problema pra você? — desafia Chay. 
Ainda sorrindo, Mel responde:
   — Nenhum. 
   — Então vamos lá! — fala Chay com entusiasmo. 
   — Abaixa a bola, bonitão. Falta pagar a conta.
Eles começam a rir. 

Nas horas seguintes, os alunos são liberados e caminham em grupos para a saída. Maísa sai da sala primeiro que os amigos e fica os aguardando no corredor. Jonas e Pedro saem seguidos de perto por Samuel, Jaqueline e Luciana. Jonas encara Maísa quando passa por ela e a loira o fuzila com o olhar. Samuel percebe e fica intrigado, pois não sabe o que ocorreu logo após o intervalo. Segundos depois que eles se afastam, Aline sai e se junta a Maísa. 
   — Como eu pude me interessar pelo Jonas? — pergunta a loira de imediato. — Ele é tão escroto!
   — Era essa pergunta que a gente se fazia toda a vez que víamos ele com você. 
   — Sabe o que mais me revolta? É que aquele Jonas que conversava comigo não é o mesmo trouxa que anda por aí seguido pelo Pedro. Ele se transforma quando quer algo!
   — Ou no caso, alguém — complementa Aline. 
   Na calçada do colégio, os integrantes do grupo Little Rebels no Whatsapp se despedem. Victor puxa Yasmin para longe dos outros e abraça e beija ela.
   — Essa é a última vez que eu te vejo pessoalmente no dia — comenta a garota. 
   — Até quando o seu pai vai te deixar de castigo? — pergunta Victor com irritação na voz. — Eu não aguento mais isso!
   — Você acha que está fácil pra mim? — pergunta Yasmin encostando na parede. — A minha vida tem se restringido de casa pro colégio, do colégio pra casa. Eu estou exausta!
Victor passa a mão pelo cabelo dela. 
   — Sinto falta das nossas brincadeiras vespertinas. 
   — Sinto falta de tudo — responde Yasmin. — Sinto falta até das ruas do condomínio. 
Victor dá um abraço apertado em Yasmin. 
   — Vou forjar um sequestro e te trancar em um quarto comigo. 
Yasmin ri e morde o pescoço dele. 
   — Coisa boa não iria sair. 
   — Discordo — fala Victor dando beijos no ombro dela. 
   — Ei — chama Yasmin e Victor olha nos olhos dela. 
   — O que foi? 
   — Nada — responde a loirinha e eles continuam se olhando. Após alguns segundos, começam a rir e se beijam. Victor envolve a cintura dela com força e cola o corpo dela no seu enquanto aquece o beijo. Depois de um tempo, Yasmin interrompe o beijo.
   — Para, a gente está em público.
Victor ri e dá uma mordiscada no lábio dela. 
   — Quero muito ir para casa — fala Isabela para o namorado. — Estou com uma fome do poder.
Felipe ri e dá um beijo nela. 
   — Eu também. 
   — Até mais tarde!
   — Inté! — Eles riem e Isabela caminha até o carro. 
Marina e Vinícius se despedem com um beijo e ela pede:
   — Vai lá em casa mais tarde? 
   — Vou. 
   — Ok. — Eles dão um selinho e Vinícius segue a irmã. 

Assim que chegam à areia da Praia do Secreto, Mel tira os sapatos e corre livremente, o que faz com que seu coque se desfaça. Chay sorri e observa os passos dela com admiração no olhar até que começa a correr para alcançá-la. Quando chega perto dela, puxa ela pelo braço e a abraça com força. Mel retribui o abraço e Chay dá um giro, tirando ela do ar. 
   — Para, vou ficar tonta — ela pede e empurra o cantor ao ser colocada no chão. — Demorou pra caramba pra gente chegar aqui, mas valeu muito a pena. — A morena sorri e abre os braços, sentindo o vento exatamente como desejou. — Isso é o paraíso no Rio!
   — Sim — concorda Chay olhando para a areia deserta. — Nós estamos no paraíso!
   — Então vamos aproveitar — fala Mel sorrindo. Eles começam a caminhar pela areia e voltam a conversar sobre a vida. 

Ainda de uniforme, Yasmin se joga no sofá da sala de estar com o celular na mão e responde ao "Oi!" de Humberto.
Por que você não foi no encontro de skatistas? pergunta o garoto. 
Não deu, estava de castigo :/ responde a loirinha. 
Sério? :( Por quê? 
Sou uma bad girl! kkkk
Nossa! kkkk Ah, uma pena não der dado pra você ir. Foi muito legal! Você teria gostado. 
Eu realmente queria ter ido. 
   — Eu queria mesmo — fala a garota —, mas foi um alívio eu ter ficado de castigo e não poder ir. Isso evitou conflitos com o Victor e comigo mesma. 
Vai ter outro nos próximos dias... Quer ir? convida Humberto para o espanto dela. 
   — Outro? — repete franzindo a testa. 
Quero, mas não sei se já estarei livre do castigo. 
Você ainda está de castigo? 
Sim :(
Poxa! Boa sorte kkkk
Obrigada, estou precisando hahaha
Yasmin levanta do sofá e bloqueia a tela do celular. 
   — Será que o castigo vai me impedir novamente? — se pergunta subindo as escadas. — Se bem que eu prefiro enfrentar os meus conflitos do que continuar nessa prisão domiciliar. 

Sentada em uma poltrona na sala de visitas, Isabela lê um livro e brinca com Nina, jogando uma bolinha para ela pegar. Ela está tão entretida no livro que não nota que já faz alguns minutos que Nina não retorna com a bolinha. O que denuncia que algo está errado é o choro da cadelinha. 
   — Nina? — chama Isabela deixando o livro de lado. Ela segue o som e vai para a sala de jantar. — Nina? — A cadelinha está ao lado de um armário com taças de cristais com a patinha embaixo do móvel. — Você está com a perna presa? — indaga correndo até ela, porém Nina pula em seu colo e ela constata que não é isso. — O que foi, Nina? — O animalzinho continua choramingando e olhando para baixo do armário. Segundos depois Isabela compreende: — A bolinha está aí. 
   A adolescente tira Nina do colo e se ajoelha, colocando um braço para baixo do armário, seus dedos esbarram na bolinha e em algo a mais. Ela puxa as duas coisas e Nina começa a pular quando vê a bolinha. 
   — Peraí, Nina — pede a adolescente tentando desdobrar o papel que pegou, porém a cachorrinha não dá espaço. — Vai, pegar! — ordena e joga o brinquedo para fora da sala de jantar. Ela levanta do chão e abre o papel, lendo em voz alta as palavras ali escritas: — Me desculpa se eu cometi algum erro ontem, eu só queria ter um momento agradável com você. Espero ter outra oportunidade para fazer direito. Aguardo sua resposta. Um beijo, Chay. — Ela fica de queixo caído. — É um bilhete do meu pai para a minha mãe. De quando será que é? — pergunta olhando o outro lado do papel em busca de alguma data, mas não encontra nada. — É de depois do divórcio, sem dúvidas, mas não é tão recente, pois se fosse não estaria embaixo do armário. Não importa a data! — ela sorri. — O importante é que o pai ainda não desistiu. 

Durante o almoço, Marina relembra os pais da vinda de Brian ao Brasil. 
   — As aulas acabaram lá e daqui a alguns dias ele embarca pra cá. Eu não sei os detalhes ainda, mas estou contando os dias para vê-lo. 
   — Que bom, filha! — fala Lua. — Eu também estou com saudades dele. 
   — Eu não — responde Arthur. 
   — Muito menos eu — diz Victor e eles riem. 
   — Eu sinto que a gente vai aprontar muito nesse reencontro — fala Marina servindo uma garfada de arroz. 
   — E o Vinícius? — indaga Lua. 
   — O que é que tem? 
   — Ele é o seu namorado agora, filha. Como ele está com a vinda do Brian? 
   — Tranquilo — Marina responde vagamente. 
   — Sério? — se surpreende Arthur. 
   — Sim, o Vini é muito compreensível. 
   — Só não abusa muito da compreensão dele, tá filha? — pede Lua com delicadeza. 
Marina sorri.
   — Pode deixar. O Brian foi o meu primeiro namorado, meu primeiro amor, mas agora o meu coração é todo do Vinícius. Essa vinda do Brian não vai afetar em nada o nosso namoro, eu posso garantir isso. 
   — Toma cuidado com as coisas que você está garantindo — alerta Victor rindo, mas falando sério. 

Vera chama Vinícius e Isabela para almoçar e o garoto pergunta:
   — A mãe não vai comer com a gente hoje? 
   — Não — responde a governanta. — Ela me ligou e pediu para eu avisar vocês que está com o pai de vocês. 
   — Sério? — pergunta Isabela sem esconder o entusiasmo. 
   — Sim. 
A adolescente lembra do bilhete que encontrou e não consegue conter a esperança da volta dos pais.

Após andarem por quase toda a praia, Chay e Mel decidem sentar por um momento para descansar e observar o mar.  
   — Nada como respirar ar puro, né? — comenta Chay. 
   — Sim, não há nada melhor. 
   — Uma praia sem fotógrafos e uma boa companhia — constata Chay. — Por que eu iria querer ir embora? — se pergunta e deita na areia.
   — Dá vontade de ficar aqui o resto do dia, né? — Mel fala se deitando ao lado dele. 
   — A gente pode ficar o resto do dia aqui. 
   — Sem comida? 
   — A gente pode fazer igual as plantas e se alimentar da luz solar. — Eles gargalham. — Ou a gente pode pescar? — sugere aos risos e vira a cabeça para olhar para Mel. 
   — Ou eu posso te matar e me alimentar com o seu corpo — fala a empresária. Ela sorri e olha para ele, ficando com o nariz a poucos centímetros do dele. 
   — Eu pensaria em fazer outras coisas com o meu corpo. 
   — Chay — ela fala em tom de censura, mas continua com um sorriso no rosto. 
   — Mel — pronuncia o cantor no mesmo tom que ela. 
   — Roobertchay. 
   — Melanie. 
Ela ri. 
   — Faz tanto tempo que ninguém me chama assim. 
   — Eu posso te chamar do jeito que você quiser. Mel, Melanie, Melzita, Melzinha... Sra. Suede — completa em um sussurro. 
Mel fica olhando intensamente para Chay e ele sorri com o olhar. 
   — Chay, por favor.
   — Eu não estou fazendo nada — ele fala deitando de lado para olhar melhor para ela. 
   — Você sabe muito bem o que está fazendo. 
   — Estou sendo encantador? 
Mel ri. 
   — Agora está sendo idiota. 
   — Já que eu estou sendo idiota, posso fazer uma coisa estúpida? — indaga Chay.
   — Como assim? Que coisa...
Chay interrompe a frase Mel com um beijo em seus lábios.

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