Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 202 [Parte 1]: Yasmin e Marina voltam a discutir após meses de trégua

Victor ri e fala:
   — Ai, Yasmin, você já mentiu melhor. 
   — Eu não estou mentindo — garante Yasmin olhando nos olhos dele.
   — Eu sei que está, seja sincera, não olhe nos meus olhos mentindo pra mim. Isso não é legal.
É a vez de Yasmin rir. 
   — Agora você sabe como eu me senti quando você mentiu pra mim na cara dura. 
   — Então você assume que está mentindo? 
   — Assumo. Eu estou querendo encher a Marina de tapas pelo o que ela fez, ou melhor, pelo o que ela não fez. 
   — É por isso que eu vou te levar para a sua casa e não para a minha. 
   — Qual é, Victor? Vai me impedir de conversar com ela? 
   — Você não vai apenas conversar com ela. 
   — Você não pode garantir nada. 
   — Exato, eu não posso garantir que não vai sair briga dessa conversa, por isso vou te levar pra sua casa. 
Yasmin ameaça:
   — Se você me deixar em casa, eu saio no mesmo momento para a sua. Você não vai conseguir me impedir de falar com a Marina. 
   — Yasmin, não se mete em uma coisa que não é isso. 
   — Eu não suporto esse tipo de comportamento, Victor. Eu não irei me calar assim como a Marina fez. 
O loiro revira os olhos. 
   — Ok, você vai comigo, mas pense bem antes de fazer alguma coisa, porque você vai arcar com os resultados sozinhas. 
   — Tudo bem — fala a loirinha. 

Samuel, Jaqueline e Luciana caminham juntos para a saída do shopping. 
   — Enquanto pegam o táxi — fala Luciana —, eu vou comprar um sorvete, ok? 
   — Tá, vai lá — responde Jaqueline e sua amiga dá meia volta, retornando para o interior do shopping. Samuel passa pelas portas automáticas com Jaqueline e adentra na noite amena. Os dois vão até o ponto de táxi e ficam aguardando Luciana. 
   — O que você comprou? — pergunta Jaqueline olhando as sacolas nas mãos dele. 
   — Um livro, um CD e a camiseta que você escolheu. 
Jaqueline sorri e passa uma das mãos pela camisa que o rapaz está usando, dizendo:
   — Vai ficar muito bonita em você. 
   — Digamos que você tenha um bom gosto — responde o rapaz rindo. 
   — Eu sou o bom gosto em pessoa. 
   — Convencida. 
   — Talvez. — Jaqueline ri e eles ficam se olhando por alguns instantes. Lentamente, Jaqueline se aproxima dele e Samuel faz o mesmo, colocando uma mão na cintura dela. Seus rostos vão ficando cada vez mais próximos, suas respirações se misturam e seus olhares permanece grudados um ao outro. No entanto, quando estão prestes a unir seus lábios, Jaqueline empurra Samuel e ele vira o rosto. Os dois se afastam, confusos com relação ao que estavam prestes a fazer. 

Marina está ouvindo música em seu quarto quando Victor e Yasmin entram de maneira abrupta. 
   — Saudades bater na porta — ironiza a garota retirando os fones de ouvido. 
   — Marina, a gente quer saber se você tinha conhecimento de uma coisa — fala Victor ponderando no uso das palavras. 
   — A gente tem certeza que ela sabe, Victor — retorque Yasmin e recebe um olhar cortante do namorado. 
Com a testa franzida, Marina pergunta:
   — Do que vocês estão falando?
Victor caminha até a cama dela e se senta em sua frente. 
   — Você sabe que o Thiago não parou de fumar, né? 
   — Hã? 
   — Para de se fazer de sonsa — pede Yasmin em pé ao lado da cama. Marina olha para ela e devolve:
   — Para de ser ignorante. — Ela olha para o irmão e fala: — Eu vi, faz um tempinho, o Thiago fumando na praça às escondidas. 
   — E por que você não contou pra ninguém? — indaga Victor com a voz sem emoção. 
   — Porque eu acho que é ele quem deve fazer isso. 
   — Então você preferiu ficar quieta e deixar o garoto se matar aos poucos? — acusa Yasmin. 
   — Ele não é uma criança, sabe muito bem o que está fazendo! — responde Marina se alterando. 
   — Ele precisa de ajuda! 
   — Sim, mas não adianta querer ajudar uma pessoa que não quer ajuda. 
   — Ele não quer porque não tem consciência das consequências do que está fazendo. 
   — Você já parou para pensar que talvez ele saiba e mesmo assim está nessa? Isso se chama direito de escolha, Yasmin. 
   — Ninguém escolhe se matar desse jeito. 
   — Para de falar como se ele estivesse cometendo um crime!
   — É praticamente isso. 
   — Você está viajando, Yasmin. 
   — Viajando estava você quando descobriu e se calou. Você compactuou com o Thiago.  
   — Eu não compactuei com nada. 
   — Compactuou sim. 
   — Por que você está tão nervosa, Yasmin? — indaga Marina se levantando.
   — Porque ele é meu amigo! Eu conheço ele desde que nasci e é muito ruim estar vendo ele se afundar, porque é isso que ele está fazendo. O Thiago não está apenas fumando escondido, ele está dando o primeiro passo para uma coisa muito maior e mais perigosa. 
Marina ri com ironia. 
   — Você querendo dizer que daqui a algum tempo o Thiago vai estar usando drogas pesadas? Fala sério, Yasmin, nem toda pessoa que fuma tabaco, fuma outra coisas, sabia? 
   — Claro que sabia! Acontece que você faz ideia da turma que o Thiago anda? Aposto que não!
   — Pelo ao contrário, eu sei muito bem, já fui a uma festa dos amigos dele. 
   — Ah, então você sabe o tipo de pessoa que eles são. Como você consegue não se preocupar vendo uma pessoa se afundar aos pouquinhos sem nem perceber? 
   — Ele fez a escolha dele, Yasmin. Entenda isso! 
   — Você fala porque ele não é o seu amigo! — berra Yasmin dando um passo para mais perto de Marina. — Queria ver se fosse o Brian, seu queridinho, se você ia continuar achando nada demais. 
   — Pra que meter o Brian nisso? — Marina indaga com raiva. 
   — Agora você ficou nervosinha, né? 
   — Sim, muito nervosa — responde Marina chegando mais perto de Yasmin. 
   — Então sabe exatamente como eu estou me sentindo agora. 
As duas se encaram intensamente e Victor, que até então observava quieto, resolve intervir:
   — Chega as duas! — pede e levanta, empurrando com os braços Yasmin e Marina para trás, de modo que elas fiquem longe uma da outra. As duas se calam e Victor olha para a namorada: — Vai embora, por favor. 
Yasmin assente, lança um olhar cortante para Marina e se retira do quarto. 

Durante a manhã seguinte, os adolescentes vão para o colégio. Logo quando chega, Pedro vai até Daniela. 
   — Oi. 
   — Oi — fala a garota olhando para ele. Pedro se senta na mesa dela. 
   — A gente vai ficar nesse clima estranho? — Daniela dá de ombros. — Dani, para. 
   — O quê? Eu não estou fazendo nada. 
   — Ah, não? 
   — Não.
Pedro revira os olhos. 
   — Ok, já que você não está fazendo nada, dança comigo? 
   — Hã? 
   — Dança comigo nas quadrilhas? — Daniela fica olhando para ele em silêncio. — Já que você não está fazendo nada, qual é o problema para não aceitar?
   — Ok, eu danço com você. 
Pedro sorri e dá um beijo nela. 
   — Eu gosto de você — fala pausando o beijo —, não vamos ficar nessas situações chatas. 
   — Ok, não vamos falar sobre isso. 
   Os gêmeos Blanco Aguiar chegam à escola. 
   — A gente foi o primeiro a chegar do grupo — comenta Marina colocando sua mochila em sua carteira. 
   — É verdade. 
Victor passa por ela e caminha rumo ao seu lugar no fundo da sala. Em seguida, Marina se aproxima dele e eles começam a conversar. 
   Poucos minutos depois, Yasmin e Felipe também chegam. Ela anda com o nariz empinado até o seu lugar e joga a mochila sobre a mesa, sem sequer olhar na direção de Marina. Porém, se vira para Victor e pega ele olhando para ela. O casal fita um ao outro por um tempo, mas não trocam nenhuma palavra antes de Yasmin se encaminhar até o meio da sala para se juntar a Felipe. 
   Isabela e Vinícius finalmente chegam e se surpreendem com a cena que veem. 
   — Ué, por que está todo mundo separado? — pergunta Vinícius. 
   — Sei lá — Isabela responde. Eles caminham para as suas carteiras. — Por que o Victor e a Mari estão lá no fundo? — indaga a garota. 
Yasmin dá de ombros. Marina, após ver o namorado chegar, fala para o irmão:
   — Vamos lá falar com eles. 
   — Tá.
Os dois vão ao encontro do resto do grupo. 
   Maria Luíza e Graziele descem do carro de Henrique e andam para dentro do colégio. Segundos depois delas, Maísa e Samuel também chegam e seguem o mesmo caminho. 
   — Bom dia — fala o rapaz ao se aproximar da loira. 
   — Bom dia, Samuel — responde Maísa. 
   — E aí, preparada para mais um dia de aula? 
   — Sim, só não estou preparada para prestar a atenção na aula. — Os dois riem e chegam ao andar em que ficam as salas de aula. Mesmo conversando com Maísa, Samuel percebe Gabriel parado em frente à sala do terceiro B e principalmente, o olhar que ele lança a Malu. 
   Apoiado na mesa de Marina com as mãos no bolso, Victor observa Yasmin, que conversa e ri com os demais, exceto com sua irmã. Ele caminha até ela e fala em seu ouvido:
   — Vamos lá pra fora. 
Discretamente, o casal deixa a sala no momento em que Malu, Graziele, Samuel e Maísa entram. 
   — E aí, cara? — fala Pedro se aproximando do amigo. 
   — Oi. Se acertou com a Daniela? Vi que vocês estavam juntos. 
   — É, eu chamei ela pra dançar comigo na quadrilha. 
   — Ela aceitou? 
   — Sim. 
Samuel sorri. 
   — Que bom!
   — E você? Com quem vai dançar? 
   — Nem sei. — Ele abaixa o tom de voz: — Eu queria dançar com a Malu, mas eu não consigo nem falar com ela. Vou acabar chamando a Jaqueline mesmo e está ótimo. 
   — Ih, se quer chamar a Jaqueline é melhor correr. 
   — Por quê? Você me disse que o Jonas vai dançar com a Luciana. 
   — Sim, mas não existe só o Jonas, né? — Pedro ri. 
   — Quem que quer dançar com ela? 
   — O Marcelo. 
   — Sério? — indaga Samuel. — O do terceiro B? 
   — Óbvio, né? Bom, foi o que eu ouvi no banheiro esses dias. 
Samuel coça o queixo. 
   — Hum. 

Sentados nos degraus de uma das escadas, Yasmin e Victor conversam. 
   — Está tudo certo entre a gente? — indaga Yasmin. — Porque eu pensei que fosse estar, mas hoje quando cheguei você nem falou comigo. 
   — Você também não falou comigo. 
   — Ah, agora você é orgulhoso também? 
Victor sorri. 
   — Você e a Marina estão naquele climão de novo, né? 
Yasmin hesita. 
   — Talvez. 
Victor suspira. 
   — Olha, dessa vez eu não vou ficar no meio de vocês igual ontem. Se querem se matar, que se matem. 
   — Pode deixar, capitão. — Ela acaricia a perna dele. — Então está tudo certo entre nós? 
Victor dá um selinho nela. 
   — Está. 
   — Ah, sabia que ontem eu cheguei em casa e ninguém me viu? Me senti muito f*da!
O loiro gargalha. 
   — Parabéns, esse é o primeiro passa para assaltar um banco. 
   Lorenzo caminha pelo corredor até a sala e passa por Jonas e Luciana, que fazem piadinhas quando ele passa e riem. 
O sinal toca. 
   Mayara entra na sala com Aline e se dirige ao seu lugar, que fica entre Daniela e Lorenzo. Ao se sentar, vira para trás e fala com Lorenzo, interrompendo o desenho que ele faz.
   — E aí, Lorenzo? 
   — Oi. 
   — Tenho uma proposta pra você. 
   — Que proposta? — indaga o garoto com curiosidade. 
   — Dança na quadrilha comigo? 
   — Hã? 
   — Você ouviu — fala a garota rindo da reação dele. 
   — E-eu estava pensando em fazer o trabalho em vez de dançar. 
   — Ah, fala sério, Lorenzo! Eu, Mayara, linda e loira, estou te pedindo para dançar comigo. Você vai negar? 
Lorenzo sorri.
   — Ok, eu aceito. 
   — É isso, Lorenzinho. — Eles riem e ela se vira para frente. 
   Aula de português começa e Isabela, como sempre, se destaca respondendo todas as perguntas feitas. 

As horas passam velozmente e o sinal para o intervalo toca. Maria Luíza está sentada na escada, mexendo no celular, enquanto aguarda Graziele e Thiago chegarem com o lanche. Gabriel, estudante do terceiro B, se aproxima dela. 
   — Oi — fala sentando ao lado de Malu. 
   — Oi — responde Malu com desconfiança. 
   — Você já tem um par para a quadrilha? — pergunta o garoto sem rodeios. 
   — Como? 
   — Eu te acho muito estilosa e queria saber se você quer dançar comigo na festa junina. 
Malu fica de queixo caído e não deixa de achar irônico o garoto que Samuel mais odeia convidá-la para dançar quadrilha. 

O celular de Marina começa a tocar e ela se retira da mesa que divide com os amigos. 
   — Oi, Brian! — fala em inglês. 
   — Oi, Marina. 
   — E aí, está tudo pronto pra viagem?
   — Sim, estou muito ansioso! 
   — Eu também, quero muito te ver. Então, seus pais e sua irmã vêm com você? — ela pergunta. 
   — Não, foi sozinho. 
   — Sério? Então você tem que ficar lá em casa, ué. 
Brian ri. 
   — Sério? 
   — Sim! Eu não vou deixar você ficar dias sozinhos em um hotel. 
   — Nossa, Mari, ia ser incrível! — A alegria é visível na voz dele. — Mas não vai dar problema pra você? 
   — Por que daria? — indaga Marina com inocência. 
   — Por causa do seu namorado, Mari. 
   — Ah! — exclama Marina só então lembrando desse detalhe. — Eu acho que não. 
   — Eu não quero provocar problema pra você, estou indo pra aí pra me divertir e matar as saudades. 
   — Relaxa, Brian, deixa comigo que eu resolvo isso — garante Marina, porém sente uma pontadinha no estômago. 

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