Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 176: Victor e Jonas saem no soco


Lorenzo ergue a cabeça e olha para as mãos de Victor. Ele não consegue enxergar qual desenho específico o loiro está vendo, mas pela expressão dele (ou falta dela) faz ideia de qual seja. Jonas e Pedro esticam as cabeças tentando ver o desenho que está nas mãos de Victor enquanto Yasmin se aproxima dele.
   — Deixa eu ajudar vocês. — Ela se joelha ao lado do namorado, recolhe os desenhos que restaram no chão e pega os de Victor. — Toma, Lorenzo. 
O garoto pega as folhas e sem querer encosta na mão de Yasmin, que percebe o quanto ele está nervoso pela temperatura de seus dedos. 
   — Sua mão está gelada — ela observa e ele puxa os braços com rapidez. 
   — É o ar-condicionado — responde Lorenzo e levanta. Yasmin e Victor fazem o mesmo e ouvem Lorenzo dizer com a voz trêmula: — O-obrigada.
Ele anda apressadamente, passa pela última carteira, que é a de Samuel e vai para o outro lado da sala. Isabela vai até ele para ver se ele está bem, assim como Iago. Alguns alunos que viram a queda dele, observam Yasmin chegar mais perto de Jonas. 
   — Você é muito babaca, garoto!
Victor se apoia em sua carteira, que é ao lado da de Malu onde Jonas e Yasmin estão, e fica observando a namorada explodir com o ex de Isabela. 
   — O que foi que eu fiz? — Jonas fala dissimulado. 
   — Não se faça de idiota — pede Yasmin com raiva. — Eu vi você colocando o pé no caminho dele. 
   — Eu fiz isso? — Jonas olha para o lado, perguntando para Pedro. 
   — Não. 
Yasmin fuzila o affair de Daniela com o olhar e volta a encarar Jonas. 
   — Eu tenho vontade de socar a sua cara. 
   — Que medo — ironiza Jonas e Yasmin ergue o braço para acertá-lo, mas Samuel segura seu pulso no ar. 
   — Se controla — ele pede. 
   — Você vai defender ele, Samuel? — se indigna Yasmin e puxa o braço com raiva. — O Pedro eu até aceito, porque ele é um escroto assim como o Jonas, agora você? 
   — Olha, Sam — diz Jonas cutucando o amigo — você não está conquistando só a amiguinha dela, ela também. Desse jeito até compensa pegar a esquisitona grosseira.
   — Cala a boca, Jonas — Samuel manda. 
   — Falei alguma coisa errada? 
Yasmin não se controla e dá um tapa no rosto de Jonas. O garoto age por impulso e dá um passo na direção dela ao mesmo tempo que Victor puxa Yasmin para trás e se coloca na frente dela. 
   — Vai bater nela? — questiona com ódio. 
   — Claro que não. 
   — Não foi o que pareceu — diz Yasmin por sobre o ombro do namorado. — Seu covarde!
   — Cala a sua boca, garota.
   — Ou você vai fazer o quê? — Victor o enfrenta e Jonas se aproxima mais dele, devolvendo o olhar duro. 
   — Ele não vai fazer nada. — É Samuel quem responde e fecha os dedos no braço de Jonas, o puxando de perto de Victor. 
   — Me deixa, cara — Jonas solta o braço com brutalidade. — Eu estava querendo mesmo arrebentar a cara de alguém. Já que não posso bater na babaca ali atrás — fala olhando para Yasmin — no namoradinho dela serve. 
   — E você acha mesmo que vai me bater? — provoca Victor. 
   — Eu não tenho dúvida. 
   — Estou pagando pra ver. 
Jonas empurra Victor, que esbarra em Yasmin. Em uma fração de segundos o jovem empurra Yasmin ainda mais para trás, fazendo ela encostar na mesa dele de modo que fique longe do que vem pela frente, e cerra o punho atingindo o olho de Jonas com força. Laís solta um gritinho e Jonas devolve o soco em Victor, acertando o maxilar dele. Samuel cruza os braços e escolhe não intervir assim como Pedro. Victor segura na gola do uniforme de Jonas e acerta uma joelhada no abdômen dele. Duas mãos seguram com firmeza em seus braços antes que ele acerte o soco que pretendia dar no rosto do ex-namorado de Isabela. 
   Vinícius segura Jonas enquanto Felipe prende Victor. 
   — Seu filho da p*ta — xinga Jonas. — Você vai me pagar por isso! 
   — Você não se acha o bonzão? Então, estou pagando para ver — Victor provoca. 
   — Para, cara — pede Felipe. — Aqui não é lugar para isso. 
   — Tira as mãos de mim — ordena Jonas se mexendo na tentativa de se libertar do aperto de Vinícius. 
   — Se você for pra cima dele, nós três vamos te bater, entendeu? — avisa o irmão de Isabela em um raríssimo tom de ameaça. 
   — Me solta!
Vinícius larga Jonas e o rapaz sai recebendo olhares de toda a sala, inclusive de Maísa. Felipe também solta Victor e o loiro olha para Pedro. 
   — O próximo é você. 
   — Você pode ter batido no Jonas, mas em mim não vai bater — rebate Pedro.
   — Quer ver? — Victor fecha os dedos novamente, se preparando para socar Pedro. 
Yasmin, que conseguiu escutar o bater do sino durante a briga, se junta à Victor. 
   — Para — ela pede segurando no braço dele. — Daqui a pouco o professor tá na sala. 
   — Eu não me importo. 
   — Victor, você já foi para a direção uma vez — lembra Yasmin. 
   — E daí? 
   — E daí que se o Joaquim pegar birra com você, já era a suas gracinhas por aí. 
   — Ela tem razão — apoia Felipe. — Sei bem como é isso.
Victor assente e fala para Pedro:
   — Dessa vez você escapa. 
   — Não, dessa vez você escapa. 
Pedro pula da mesa e caminha para fora da sala, cruzando com Malu na porta. 
   — O que aconteceu? — ela pergunta parando junto aos amigos no fundo da sala. — Eu encontrei com o Jonas e o olho dele tava vermelho pra caramba. 
   — O Victor bateu nele — conta Vinícius.
   — Pelo visto também apanhou — Malu diz observando o maxilar avermelhado do namorado de Yasmin. 
   — Acredite — fala Samuel — o Jonas mais apanhou do que bateu. 
   — E você não tentou apartar? 
   — Eu não — responde Samuel. — O Jonas merecia apanhar. 
Malu ri enquanto Yasmin fala:
   — Você é tão bipolar. 
   — Yasmin — o garoto desce da própria mesa —, vou te explicar um negócio. Eu sou amigo do Jonas, só que eu não aceito que ele faça gracinhas com a minha vida. Eu não me importo dele zoar os outros, tanto faz para mim, mas com a minha vida não. A partir do momento em que ele brinca com os meus assuntos, eu lavo as minhas mãos e deixo ele arcar com as consequências dos seus atos. 
   — E ele brincou com qual assunto? — pergunta Felipe com curiosidade. — Porque você nem se mexeu para separar ele do Victor. A coisa deve ser importante. 
   — Não foi nada demais — responde Samuel, porém Yasmin conta ao mesmo tempo:
   — Ele falou da Malu.
A morena finge que não ouviu a voz da amiga e continua quieta e impassível e Samuel volta a sentar em sua mesa. Marina e Isabela se aproximam deles e a primeira pergunta:
   — Você está bem, Victor?
   — Estou. 
   — Você tem que colocar um gelo — fala Marina passando a mão pelo rosto dele. Malu fica surpresa pela preocupação dela, pois mesmo sendo irmã dele parece nunca se importar. 
   — Relaxa, Mari. Não vou morrer por causa disso. — Os gêmeos riem e ela se afasta dele. 
Yasmin vai para o seu lugar, passando a mão tranquilamente pelo cabelo. 
   — Eu sou contra a violência — diz Isabela —, mas foi legal ver o Jonas apanhar. 
   — Estou transformando a grande-anã? — brinca Victor e eles riem. 
O professor entra na sala seguido pelos alunos que não estavam no ambiente e o grupinho do fundo se desfaz. 
   — Você está bem? — Victor pergunta após se sentar na carteira em frente a de Yasmin. 
   — Não fui eu que briguei, né? — Ela ri, mas logo fica séria. — Como você está? 
   — Sinceramente? Com a alma leve. 
Os dois riem e Yasmin passa a mão pela bochecha dele em cima do machucado. 
   — Tá doendo? 
   — Um pouco, mas já recebi piores. 
Yasmin sorri.
   — Agora vira para frente, a aula já começou. 

No segundo tempo, o professor de português entra na sala.
   — Hoje vocês vão fazer algumas questões retiradas do ENEM. Laís, Maísa, distribuem as cópias para mim? 
   — Tá bom, professor — responde a menor e as duas primas levantam. Assim que recebe sua folha, Felipe cutuca a namorada. 
   — Preciso da sua ajuda. 
   — Vou pensar no seu caso. — Isabela ri e coloca o seu caderno e estojo na mesa dele. 
Maria Luíza vira para trás e Samuel ergue os olhos de sua folha, falando:
   — Se for para pedir ajuda, saiba que eu sou bom nas exatas e não nas humanas. 
Malu ri e diz:
   — Não é isso. Eu só queria dizer, te perguntar uma coisa. 
   — O quê? 
   — Você gosta de mim, né?
Samuel ri.
   — Por que eu responderia? 
   — Porque eu estou perguntando. 
   — Desde quando eu tenho que responder a todas as suas perguntas? 
   — Eu só quero saber. 
   — Você sabe a resposta. 
   — Queria ouvir da sua boca — Malu confessa.
   — Quem sabe um dia? 
Malu sorri e balança a cabeça enquanto se vira para frente. 
   — Malu? — chama Samuel e ela volta a olhar para ele. — Vamos fazer juntos? 
Ela sorri para ele e pega o seu material. 
   A aula passa com rapidez e assim que o professor de português sai da sala, o de física entra. 
  — Bom dia, pessoal! — Quando a turma responde, ele prossegue: — Hoje nós vamos fazer uma pré-prova. 
   — Como? — Amanda se surpreende. 
   — É sério, professor? — indaga Isabela preocupada. 
   — Calma, meninas, calma. Vocês vão fazer um só exercício. 
   — Vish! — exclama Mayara em voz alta e todos ouvem. 
   — Qual é o motivo desse vish, Mayara? — pergunta o professor. 
   — Um só exercício pra aula toda? Deve ser difícil pra caramba. 
   — Não é não, eu demorei cinco minutos pra resolver. 
Laís fala:
   — Só que o senhor é o senhor, né? 
O professor ri. 
   — Falando sério, pessoal, não é um exercício simples mas é possível de ser resolvido em quarenta e cinco minutos. E como é um pouco complexo, a primeira pessoa que terminar vai ganhar um ponto na média. 
Alguns alunos se agitam, animados com o bônus. 
   — Agora ficou interessante — fala Felipe sorrindo. 
   — Só a primeira pessoa? — indaga Samuel. 
   — Sim, só a primeira.
Aline indaga:
   — É obrigado a fazer? 
   — Não quer nem tentar, Aline? Vai que você consegue. 
   — Professor? Você acha que eu vou ser mais rápida do que o Felipe ou o Alexandre, por exemplo? 
   — É, professor — apoia Yasmin. — Eu como líder de sala, tenho uma proposta para o senhor. 
   — Fala, Yasmin — permite o homem sorrindo. 
   — O senhor dá um ponto para quem terminar primeiro e meio ponto para quem conseguir terminar. 
O professor e alguns alunos, como Victor, riem da proposta dela.
   — O exercício é complexo, mas não é pra tanto, Yasmin. Desse jeito eu vou dar meio ponto para a sala toda. 
   — Mas é uma boa ideia! — se manifesta Graziele. 
   — Eu posso até aceitar, mas vou ter que escolher um exercício mais difícil. 
   — Ah, não! — Jaqueline reclama. — Tá bom do jeito que está. 
O professor ri e fala:
   — Só vou aceitar porque vocês são a melhor sala na minha matéria. 
Os alunos vibram. 
   — Agora eu vou passar a conta no quadro, enquanto isso vocês guardem o material. Só uma folha, lápis e caneta na mesa. 
Victor vira para trás.
   — Boa sorte — deseja para a namorada. 
   — Obrigada, vou tentar pelo menos meio ponto. 
   — Eu vou tentar ser o primeiro. 
   — É bom você ser bem rápido, porque o Felipe e o Alexandre também são bons. — Ela abaixa o tom de voz: — E eu acho que o Samuel é mais rápido do que eles dois. 
   — Eu estou preocupado com a Marina, ela é muito boa em matemática e física. 
   — Ah, se você perder é só um ponto mesmo. 
Victor sorri.
   — Eu não vou fazer pelo ponto, não preciso de nota em física. 
   — É só pra encher o seu ego — conclui a loirinha sabiamente. 
   — Ego é uma palavra forte. — Eles riem. — Deixa eu copiar logo. 
Assim que terminam de copiar o enunciado na folha que destacaram, os alunos começam a fazer. Luciana, que não está interessada em resolver os cálculos, observa os colegas:
Ao seu lado, Jonas franze a testa como se os dados oferecidos na questão fossem um enigma a ser desvendado e olhando além dele, enxerga Samuel arrastando o lápis com rapidez pela sua folha parecendo subitamente inspirado. Ela continua observando o jovem por um momento e assiste ele descansar o lápis por alguns segundos, compenetrado em enxergar qual será o próximo passo. 
   Quando Samuel volta a rabiscar números em sua folha Luciana analisa a fileira da parede, começando de trás para frente, vendo Yasmin morder o lábio encarando a folha, Victor escrevendo com a mesma agilidade que Samuel, Iago parecendo desanimado resolvendo sem pressa a conta, Aline batucando com o indicador na mesa demonstrando estar perdida, Maísa escrevendo em sua folha porém sem a mesma energia de Victor e Samuel e Laís apagando o que já tinha feito. Um movimento no centro da sala chama a atenção dela e ela olha para Marina, que prende o cabelo em um coque e volta a resolver a conta com a mesma disposição que o irmão. 
   — O senhor pegou pesado, hein professor! — reclama Samuel depois de um tempo, parando por um tempo. Com a voz dele rompendo o silêncio, a maioria dos alunos ergue a cabeça como se estivessem se esquecido que estavam na sala de aula. 
   — Vocês são muito reclamões. Até você, Samuel? Pensei que você gostava de física. 
   — Eu gosto, mas esse exercício está fritando o meu cérebro. 
   — O que você já fez? — pergunta Victor apoiando as mãos na mesa. 
   — Eu calculei a carga elétrica de cada partícula depois do contato — começa Samuel olhando para a sua folha —, o módulo das cargas são iguais, né? 
   — Sim — responde Victor — e será a média aritmética do total de cargas que tinha no começo.  
   — É — Samuel concorda. — Aí o resultado da conta deu seis microcoulombs. 
   — Ou seja, seis vezes dez a menos seis microcoulombs. 
   — Depois disso eu faço o quê? — Alexandre pergunta para eles lá da frente da sala.
Felipe é quem responde:
   — Agora você usa a Lei de Coulomb. 
   — Ah, é claro! — Alexandre retorna para a sua conta e começa a escrever descontroladamente. 
   — Eu já comecei a usar a fórmula de coulomb — fala Victor — o problema é...
   — A distância? — completa Samuel. 
   — É! Você também?
   — Sim. 
O professor, que observa a conversa, ri e fala:
   — Gente, isso é coisa básica. 
   — Eu também estou empacado aí — conta Felipe virando para trás. Grande parte da turma apenas finge fazer as próprias contas, mas na verdade está com os ouvidos atentos na conversa dos garotos para tentar entender onde está errando. A única que presta a atenção na conversa por pura curiosidade é Marina e ela arruma o coque, se virando para os colegas. 
   — Credo, meninos, como vocês puderam esquecer uma coisa dessas? 
   — Do que você está falando? — indaga Victor. 
   — É tão óbvio — Marina ri. — A distância está em centímetros no enunciado e na fórmula é em metros. 
   — Nossa! — exclama Samuel pegando o lápis com rapidez. 
   — Como eu não percebi isso? — indaga Felipe voltando a fitar sua folha. Victor não fala nada e se concentra em sua conta novamente. A sua irmã só deu a dica para eles porque está mais avançada na conta, porém assim que refaz o coque volta para os seus cálculos sem perder tempo. 
   Poucos minutos depois, Victor e Samuel largam os lápis ao mesmo tempo enquanto Felipe se espreguiça mais a frente. O loiro e o affair de Malu se olham. 
   — Terminou? — pergunta Samuel. 
   — Aham, você também? 
   — É. 
Eles se encaram e pulam de suas cadeiras, correndo para a mesa do professor. Felipe também levanta e os três se apressam para chegar primeiro, porém Marina sai de sua fileira com rapidez e é a primeira a colocar a folha sobre a mesa do professor. 
   — Não é justo — fala Victor sem pestanejar. — A gente levantou primeiro. 
   — Não é quem levantou primeiro que ganha — retorque Marina —, é quem entrega o resultado primeiro. 
   — Você só entregou primeiro porque senta na frente — rebate Samuel. 
   — Claro que não, eu estava na frente de vocês. 
   — Então por que você não terminou primeiro? — indaga Felipe. 
   — Eu terminei primeiro, só demorei porque estava tirando os pelinhos da folha. 
Os três garotos olham para a folha dela e constatam que é a única que está sem essa parte. 
   — Grande coisa — diz Victor. — Você tirou vantagem só porque senta na frente. 
   — Ai, Victor, aceita que eu fui mais rápida que você. 
   — Mas você não foi! 
   — Claro que fui! 
   — Parem! — ordena o professor e eles se calam. — Vocês nem sabem se acertaram e já estão discutindo? 
   — Eu tenho certeza que acertei — fala Samuel com confiança. A turma toda abandonou suas resoluções para prestar a atenção na confusão em torno da mesa do professor. 
   — Qual foi o resultado de vocês?
   — Trezentos e sessenta newtons — respondem os quatro em um uníssono. 
   — Acertei! — Alexandre bate com a palma da mão na mesa.
   — É, vocês acertaram. Porém quem vai ganhar um ponto na média vai ser a Marina. 
Os outros três protestam, mas não conseguem mudar a decisão do professor. 
   — Ela chegou primeiro, o ponto é dela e não se fala mais nisso! — diz o homem sem espaço para contestações. — Vocês ganharam meio ponto, garotos.
Os três voltam cabisbaixos para os seus lugares enquanto Marina saltita para o seu. Victor senta em sua carteira e dá uma espiada no desempenho de Yasmin, que está séria e com o cabelo jogado para trás. Ele vê que ela está quase finalizando a conta e quando vai abrir a boca para dar um enpurrãozinho nela a loira levanta a cabeça e vira o rosto dele para a frente com a mão esquerda. Instantes depois ela levanta com sua folha e caminha para a mesa do professor. Victor observa o corpo dela e lembra da sensação prazerosa de tê-lo em seus braços. Ao mesmo tempo em que Yasmin anda até a mesa do professor Samuel estica o pescoço para olhar por sobre o ombro de Malu para ver a conta dela. No entanto a garota ergue os braços para se espreguiçar e acaba acertando o rosto dele. 
   — Ai, desculpa — ela pede se virando para trás.
   — Coloca na base dez — aconselha Samuel.  
   — Oi?
   — Você está errando porque não tá colocando na base dez a distância.
O professor pigarreia.
   — Sem conversa, Malu e Samuel.  
Maria Luíza se volta para a frente. 
   — Eu só tava pedindo desculpa porque bati sem querer nele — explica.
   — Dá beijinho pra passar — Pedro provoca e alguns riem.
   — Vocês estão juntos? — pergunta o professor com a testa franzida. 
   — Não! — Os dois respondem ao mesmo tempo e o professor assente com desconfiança. Marina Luíza volta a fazer o exercício e utiliza da dica de Samuel. 
   — Samuel, vem cá bater um papo comigo — pede o professor.
   — Eu não vou passar cola pra ninguém, professor. Relaxa. 
   — Eu sei, mesmo assim vem cá. 
Samuel revira os olhos e levanta de sua carteira no instante que Isabela faz o mesmo. Como senta na frente, ela chega primeiro na mesa do professor e para ao lado de Yasmin que espera o professor conferir sua resolução. 
   — Fala, professor — diz Samuel parando atrás das duas. 
   — Vamos bater um papo, Samuel. Como vai a vida?
   — Já esteve melhor. 
   — O que está pegando? — indaga o professor conferindo a conta de Yasmin. 
   — Problemas. 
   — É a vida de adulto, meu rapaz. 
   — Pois é.
O professor entrega a folha de Yasmin e ela pega com a mão direita. 
   — O que foi no seu pulso, Yasmin? — pergunta olhando para uma cicatriz na pele dela. A loirinha olha para a própria marca e responde:
   — Eu caí de skate, porque quase me atropelaram. — Ela lança um olhar duro para trás, encarando Samuel. 
   — Eu não tenho nada a ver com isso — fala o garoto sorrindo. 
   — É, não tem não — ela fala sarcasticamente. 
O professor balança a cabeça.
   — Vocês, vocês. Podem voltar pros seus lugares. 
   — Eu também? — Samuel pergunta.
   — É, pode ir também, você é muito mau de papo. 
O garoto ri e se afasta junto com Yasmin e Isabela. 

Aproveitando o seu dia de folga, Bernardo joga videogame no quarto. Sua mulher, Anelise, sai apressada de seu closet arrumando a bolsa. Seus óculos escuros caem de sua cabeça, ela se agacha para pegá-los e quando levanta fica parada no mesmo ponto remexendo em sua bolsa. Bernardo tosse de propósito e fala:
   — Ane, você está na minha frente. 
   — Ah, desculpa — ela pede dando um passo para frente. Bernardo pausa a sua partida e olha para ela.
   — Aonde você vai toda produzida? 
   — Tenho uma reunião na Melphia, acho que a Mel quer falar alguma coisa comigo. Depois eu vou participar de uma palestra sobre exposição na internet, a marca quer que eu cubra o evento pro blog.
   — Entendi. Quer que eu vá com você? 
Anelise sorri.
   — Você faria isso? 
   — Claro, eu tô de folga. 
   — Ok, então se arruma rápido. 
   — Que roupa eu devo usar? — pergunta o médico levantando da cama. 
   — Pode ser uma calça jeans escura e uma camisa social por dentro. 
   — Beleza. 
   — Vou te esperar no carro. 
   — A gente vai no seu? — indaga Bernardo de dentro do closet. 
   — Algum problema? — Ela ouve a risada dele e a reposta "Não". Ainda mexendo na bolsa deixa o quarto e pega as chaves do carro e do apartamento na sala antes de sair.

Durante o intervalo, os alunos se espalham pelos corredores e pátios do colégio. Na lanchonete, Victor, Felipe, Isabela, Marina e Vinícius comem sanduíches e salgados assados. 
   — Cadê a Yas? — pergunta Isabela engolindo um pedaço de seu sanduíche. 
   — Ela foi lá pra baixo logo que bateu o sino — Vinícius informa e mesmo depois da resposta sua irmã permanece olhando para ele. — O que foi, Isa? 
A morena inclina a cabeça.
   — Seu cabelo está diferente. 
   — Deu pra perceber? — indaga o garoto passando a mão pelos cachos. 
Felipe franze a testa tentando encontrar algo diferente em Vinícius. 
   — Eu não tô vendo nada. 
   — Está sim — insiste Isabela. — Está mais definido os cachinhos. 
   — Eu falei que dava pra perceber — Vinícius reclama com a namorada.
   — Está um diferente bonito, não é Isa? — questiona Marina dando um chute no pé da menor. 
   — Está — Isabela responde sentindo os dedos do pé latejarem dentro da sapatilha. 
   — Viu, Vini? — fala Marina dando uma mordida em seu salgado. 
Victor questiona:
   — O que foi que aconteceu?
   — A sua irmã louca fez babyliss no meu cabelo.
Os outros três caem na gargalhada. 
   — Tadinho, Marina — fala Isabela entre os risos. 
   — Você gravou isso? — pergunta Felipe com interesse. 
   — Não — Marina responde sorrindo.
   — Poxa, maninha — fala Victor —, como você perde uma oportunidade dessas? 
   — Isso é bullying contra mim — choraminga Vinícius. 
   — Oh, tadinho! — zoa Felipe e eles voltam a rir. 
Yasmin se aproxima da mesa em que eles estão usando um chapéu de festa e com um pratinho de bolo nas mãos.
   — Hoje vai ser uma festa — cantarola puxando uma cadeira entre Victor e Isabela. — Bolo e guaraná, muitos doces pra você. — Ela para de cantar e sorri para os amigos. 
   — Da onde você veio? — indaga Felipe cobiçando o bolo dela. 
Yasmin passa um dedo pela cobertura do bolo e lambe. 
   — Uma garota do primeiro ano ganhou uma festa surpresa. 
   — Desde quando você é amiga dos alunos do primeiro ano? — indaga Isabela. 
   — Eu não sou — Yasmin responde sorrindo. — Só que me chamaram, então eu fui. 
   — Esse bolo é pra gente, né? — fala Victor puxando o pratinho das mãos dela. 
   — Ei — Yasmin pega o prato novamente. — É meu. 
   — Você não comeu lá? 
   — Comi, mas eu quero mais. 
   — Larga de ser egoísta, Yasmin.
   — Não é egoísmo. Se você quiser bolo, vai lá e pede. 
   — Tá bom. — Ele levanta deixando todos surpresos. — É em qual primeiro?
   — Você vai mesmo lá? — indaga Yasmin. 
   — Você não falou para eu ir? 
Yasmin balança a cabeça e fala:
   — É no primeiro A. 
   — Ok. 
Victor sai da lanchonete e Isabela comenta:
   — Como ele é cara de pau!
   — Será que ele vai trazer bolo pra gente também? — pergunta Felipe com interesse e eles gargalham. 
   Na mesa ao lado Graziele e Thiago conversam enquanto comem.
   — E aí, como você está se saindo? — pergunta ela. 
   — Em que sentido? 
   — Já faz alguns dias que você não fuma. 
Os músculos de Thiago se enrijecem. 
   — Grazi, não vamos falar sobre isso — ele pede pois está se sentindo cada vez pior por estar mentindo para ela. 
   — Tudo bem. — Ela sorri e pega nas mãos dele por sobre a mesa. — O importante é que você está conseguindo. 
Thiago puxa suas mãos das dela e levanta. 
   — Vou pegar mais suco pra você. 
Graziele percebe que ele inventou qualquer desculpa para desviar do assunto pois o seu copo ainda está cheio. 
   — Esse papo ainda incomoda ele — fala tirando as próprias conclusões. Malu senta na cadeira que estava ocupada por Thiago, falando apressadamente:
   — Eu preciso de um conselho. 
   — Você quer um conselho? — A ruiva exagera no tom de espanto. — Você quase nunca pede conselhos para mim. Nem pra ninguém. 
Maria Luíza ri. 
   — Eu quero saber a sua opinião sobre o Samuel. 
   — Sobre o namoradinho? — brinca Graziele. 
   — Ele não é nada meu.
   — Ok — Graziele gargalha. — Fala. 
   — O Samuel quer me levar em um jantar da família dele. 
   — Ele tem família? Quer dizer, a família dele está bem para fazer um jantar? 
   — É a parte da mãe dele — conta Malu.
   — E qual é o problema? 
   — Ele quer que eu vá! Tipo, eu vou conhecer a família toda dele e a gente não é nada um do outro.
   — Você quer que ele te peça em namoro? 
   — Não! — exclama Malu elevando o tom da voz. — Eu não quero namorar agora, muito menos com o Samuel. 
   — Qual é o problema dele? 
   — Ele é ele, só isso já é problema. 
   — Você não gosta dele? 
   — Gosto. 
   — Então qual é o problema de namorar com ele? 
   — Ai, não sei! O ponto da conversa não é esse, é o almoço. Você acha que eu devo ir? 
   — Acho que sim — opina Graziele. — É só um almoço.
   — Aquele jantar que você levou o Thiago não foi só um jantar. 
Graziele assente. 
   — É verdade. Olha, amiga, se você não se sente confortável para ir, não vai. É simples!
Malu concorda com a cabeça e vê Thiago se aproximando. 
   — Você tem razão. Eu vou indo. — Ela levanta da mesa e sai da lanchonete. 

Duas batidas na porta fazem Sophia despertar de seu devaneio com a próxima coleção. 
   — Entra! 
Sua secretária passa pela porta e informa:
   — A blogueira já chegou para a reunião. 
   — Ah sim, mas sou eu quem vai falar com ela? Pensei que fosse a Mel. 
   — A Dona Mel ligou avisando que está presa no trânsito.
Sophia passa a mão no cabelo e levanta. 
   — O trânsito prende mais pessoas do que a polícia. — A secretária ri. — A blogueira está aonde? 
   — Na sala de reunião. 
   — Ok, estou indo lá. 
Sophia pega sua necessaire e faz alguns ajustes na maquiagem antes de deixar seu escritório. 

Em seu carro, Mel batuca no volante ao som de uma música de Micael tentando não ficar estressada por causa do congestionamento. Ela olha para um dos lados da avenida em que está parada, analisando uma vitrine de uma loja de perfumes. Quando observa todo o lado direito que está em seu campo de visão, se volta para o lado esquerdo e a porta de um restaurante chama a sua atenção pois enxerga Chay saindo acompanhado de uma loira. Seu coração salta e seu estômago embrulha. Sem acreditar no que vê, abre o vidro e percebe algo que não tinha reparado no primeiro olhar: A mão de Chay está nas costas da loira. 
   — Isso é sério? 


Comentários

  1. O que você achou desse capítulo? Deixe sua opinião aqui nos comentários. ;)

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  2. Eita porra! O capítulo de hoje foi tenso e muito quente... AMO TRETA kkkkkk

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  3. Jonas mereceu, o Victor bateu até pouco kkk Amo a cada capítulo mais o Samuel <3

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  4. Quem é essa com o Chay? AI MEU DEUS!

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  5. Marina sambando na cara dos meninos kkkkkkkk Amei o capítulo!! Espero que o Chay com essa mulher não seja nada demais.

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  6. Adorei o victor ter batido no Jonas ele meio que mereceu.
    adorei a aula de Física
    quem será essa com chay?
    Terça chegue logo meu amor kkkkkkkk

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  7. Tô apaixonada pelo Imagine e pelo Samuel kkk 😍😍

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  8. Adorei a Marina ganhando dos Meninos kkkkk

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  9. "Victor se apoia em sua carteira, que é ao lado da de Malu onde Jonas e Yasmin estão, e fica observando a namorada explodir com o ex de Isabela."
    Amo o jeito do Victor e da Yasmin pq eles não ficam defendendo um ao outro o tempo todo, só quando a situação fica bem seria. Isso é legal pq eles não ficam "dependentes" um do outro.

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  10. O seu Imagine é o melhor

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  11. Não canso de ler esse capítulo!!

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  12. Tomara que hoje tenha Imagine pq quero mto saber quem é essa loira

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  13. Será que o Chay vai trocar a Mel por essa loira?Trocar não pq eles não estão junto, mas enfim Kkkk

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  14. Jonas merecia apanhar mais. #VictorDivo

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  15. A Porra Ficou Séria Kkkk Amoo ❤

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  16. Amei o capítulo!! Você escreve mto bem.

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  17. Victor e Jonas brigando foi demais. Victor me representa! kkkk

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  18. Cadê a minha arma? Vou preparar ela para se o Chay estiver fazendo merda p'ra Mel.

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  19. Chay com uma loira?? Não pode ser, tomara que seje um engano!

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