Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 168: Yasmin e Victor conversam


   — Você não acha que é tarde demais pra pensar nisso? — rebate Yasmin com o olhar fixo em Victor. 
   — Não sei, me diz você. 
Assim como os outros, Isabela teme a resposta de Yasmin e interfere:
   — Gente! Esse não é a melhor hora para vocês terem esse tipo de conversa, né? 
Victor não reage e Yasmin assente. 
   — Você tem razão, amiga. Não vou ficar me estressando com coisas que não tem importância. 
   — O nosso namoro tem importância — Victor retorque imediatamente. 
   — Não é o parece pra você. 
   — Gente! — interrompe Vinícius. — Vocês ouviram o que a Isabela falou. 
O casal de loiros se encaram intensamente e é ela quem desvia o olhar primeiro, passando a observar a rua enquanto come sua pipoca. Felipe se aproxima um pouco mais de Isabela. 
   — Isa?
   — O que foi? — ela pergunta olhando para ele. 
   — Eu só queria saber se aquela hora que você pegou na minha mão foi...
   — Sem querer. 
   — Foi um ato inconsciente? 
Isabela percebe onde ele quer chegar e apenas assente. 
   — Você sabe o que isso significa, né? — pergunta Felipe e ela solta um suspiro, pronunciando o nome dele como um pedido:
   — Felipe...
   — Isa — ele diz pegando nas mãos dela —, o seu corpo quer o meu. Você devia ouvi-lo. 
   — Eu ouço o meu coração. 
Felipe acaricia o pulso dela, próximo a cicatriz que ela tem no antebraço direito. 
   — E o seu coração não está de dizendo nada? 
Isabela sente o seu íntimo se aquecer com a carícia, mas não responde. Iago e Lorenzo passam pelo portão do colégio e ambos olham para os lados, procurando por seus pais ou motoristas. Eles enxergam, sem querer, o grupo dos filhos dos ex-rebeldes e Iago se entristece ao ver Isabela e Felipe de mãos dadas. Rapidamente, desvia o olhar, fitando o outro lado da rua. 
   — O nosso motorista chegou — fala Vinícius para o alívio de Isabela, que puxa as mãos apressadamente das de Felipe. Ela troca um breve olhar com o moreno antes de se afastar. Com o curto contato Felipe percebe que o que disse e fez mexeu com ela e sorri contente. 
   — Depois que vocês conversarem, se quiser passa lá em casa — fala Isabela para melhor amiga. 
   — Tá bom. 
Isabela e Vinícius se despedem de todos e entram no carro dirigido por Evaldo. Sem o namorado, Marina se junta mais ao irmão. 
   — Está contra mim também? — ele pergunta um tanto quanto grosseiro. 
   — Me poupe das suas patadas, Victor. 
   — Foi mal. Falando sério, você está contra mim? 
A garota sente a ansiedade na pergunta dele e questiona-se se Victor está sofrendo com a situação que aparenta não se importar. 
   — Não — responde com sinceridade. 
   — Acho que você é a única. 
   —  Relaxa, você não vai ser colocado na cruz por causa disso. 
Victor assente e não fala mais nada até o carro chegar. Os gêmeos se despedem dos irmãos Borges (Victor somente de Felipe) e vão embora. Assim que fica sozinho com a irmã, Felipe indaga:
   — Você está mesmo tão brava assim com ele? 
Yasmin caminha até ele e apoia a cabeça em seu ombro. 
   — Por favor, eu não quero falar sobre isso. 
   — Ok. 

Horas mais tarde, Vinícius vai até a casa de Marina. Após abrir a porta para ele, Marina o leva até o quintal. Em cima de uma mesa à beira da piscina, têm dois pratinhos de plástico e um spray de chantilly. 
   — Pra que isso? — pergunta o garoto sentando em uma cadeira sob o guarda-sol. 
   — É pro nosso desafio — Marina responde sentando ao lado dele. 
   — Não estou sentindo boas energias vindo desse desafio. 
   — Cala a boca! — Marina ri e pega um post-it no bolso do short jeans. — É assim, a gente vai fazer algumas perguntas um pro outro sobre a nossa relação ou sobre a gente, se acertamos ok, agora se a gente errar, leva tortada.
Vinícius ri, recebendo uma parte do post-it que Marina dividiu enquanto falava. 
   — Isso quer dizer que eu vou sujar o meu cabelo? 
   — Larga de ser fresco, Vini. Até eu estou disposta a sujar o meu. 
   — Mas é difícil cuidar do meu cabelo. 
   — Difícil o caramba! Você mesmo já disse que só penteia quando lava e que não passa muitas coisas. 
   — O que eu posso fazer se Deus me deu esses cachos lindos por natureza? 
   — Então não reclama de sujar. 
Ele gargalha. 
   — Ok, mas como a gente vai escrever as perguntas se não tem caneta?
Marina analisa a mesa. 
   — Verdade, esqueci de pegar. Já volto!
Ela levanta, dá um selinho nele e corre para o interior da mansão. Vinícius fita a mesa e sorri. Instantes depois Marina retorna com duas canetas pretas. 
   — Pronto! Podemos começar. 
   — A gente escreve todas as perguntas de uma vez só ou conforme a gente for jogando vai escrevendo? 
   — Não, de uma vez só. 
   — Entendi. — Eles pegam as canetas e começam a escrever as perguntas que farão um ao outro. 

Em outra mansão do condomínio, Yasmin conversa com as empregas na cozinha esperando uma delas fazer um sanduíche natural para ela. A loira está relaxada e descontraída, não parecendo nem um pouco com a Yasmin que estava no colégio. Usando uma regata branca e uma saia longa, ela fala apressadamente:
   — Se ele ainda não ligou, passa pra outra — aconselha para uma das funcionárias. — Homem é assim, se está interessado corre atrás. 
   — A senhorita fala como se já fosse experiente — diz a empregada em tom de espanto. 
   — Eu já ouvi muitas histórias — explica a loira colocando um pé sobre a banqueta que está. — Quando eu era pequena, minha mãe me levava para passar o dia com ela lá na grife e eu sempre fazia amizade com as mulheres que trabalham com ela, então vocês podem imaginar, né? Já ouvi cada coisa!
Elas riem.  
   — Mas ele parecia tão legal — diz Sandra, uma das empregadas mais antigas da casa. 
   — Eles sempre parecem legais, Sandrinha. Só que não passam de umas fezes. É raro a gente achar um cara do jeito que a gente quer. 
   — A senhorita encontrou. 
A expressão de Yasmin fica séria repentinamente. 
   — Talvez não. 
   — Como assim, Dona Yasmin? — pergunta Sandra. — Vocês terminaram?
   — Não vamos falar sobre isso, meninas! — diz a loirinha ficando animada novamente. — Vamos conversar sobre coisas boas. Ah, vocês viram a plástica que aquela atriz fez no nariz? Ficou tão artificial. 
   — Qual? 
   — Aquela que fazia...
   — Dona Yasmin — chama o jardineiro passando pela porta da cozinha. — Desculpa atrapalhar — pede vendo que elas conversavam. 
   — O que foi? — pergunta a loira. 
   — Eu estava lá na frente, cuidando do jardim e o seu namorado apareceu. Ele disse que quer falar com a senhorita. 
A perna de Yasmin cai da banqueta. 
   — O Victor está aqui?
   — Sim, lá na entrada.  
A caçula de Sophia olha para o relógio e franze a testa. 
   — Que estranho!
   — O que eu faço? — pergunta o jardineiro. 
   — Manda ele entrar que eu já tô indo. 
O homem assente e sai da cozinha. Yasmin respira fundo e pula da banqueta.
   — Guarda o meu sanduíche na geladeira — pede para a empregada. — Eu como depois... se estiver com apetite. — Ela deixa a cozinha e se dirige à sala de visitas. 

Como tirou a tarde para ficar com o pai, Isabela está sentada em uma cadeira em um barzinho onde o cantor ensaia para um show intimista que fará no local. Ela assiste ao cover de Chay da música Thinking Out Loud do Ed Sheeran e fica encantada com a letra e voz do pai. Quando ele termina de cantar, Isabela bate palmas. 
   — E aí, gostou? — pergunta Chay depois de passar todas as músicas. 
   — Amei! — Isabela responde com um largo sorriso. — Eu quero vir ao show. 
   — Então está convidada. 
A adolescente sorri. 
   — Pai, posso te perguntar uma coisa? 
Chay, que estava guardando o seu violão na capa, olha para ela. 
   — Claro. 
   — Por que o senhor escolheu Thinking Out Loud para tocar no show?
   — O pessoal gosta quando tem algum cover — ele responde evasivamente. 
   — E por que essa música exatamente? 
   — Porque eu me identifiquei com a letra, filha. — Ele pega na alça da capa do violão. — Apenas isso.
Antes que Isabela possa fazer outra pergunta, ele se afasta com o instrumento. A adolescente acompanha com os olhos ele colocar o violão junto com os demais instrumentos enquanto traduz um trecho na música em sua mente: Querida, eu te amarei até que tenhamos 70 anos. Amor, meu coração ainda se apaixonará tão fácil quanto quando tínhamos 23. Mesmo não querendo alimentar qualquer esperança, ela não consegue imaginar uma razão para Chay ter escolhido essa música além de Mel.
   — Vem, filha — chama Chay. — Vamos comer alguma coisa. 
Isabela, sorridente, caminha até ele. 

Depois de terem escrito as perguntas, Marina e Vinícius começam o desafio. 
   — Vai, eu começo! — diz Marina. 
   — Por que você? 
   — Porque eu quero ver você levar tortada logo de cara. — Ela ri. 
   — Quem garante que eu vou errar? 
   — Eu, porque as perguntas que eu fiz são difíceis. 
   — Quero só ver. 
Marina sorri e lê sua primeira pergunta no post-it. 
   — Quando você soube que eu era fã de Harry Potter foi porque eu fiz uma comparação. Que comparação foi essa? 
   — Nossa senhora! — Ele coça o cabelo tentando lembrar. 
   — Não acredito que você não sabe!
   — Eu sei, só não estou lembrando. — Ele sorri. — É, foi naquela vez que a gente tava em um restaurante, a primeira vez que a gente se encontrou sabendo quem são os nossos pais, daí você tava passando um pouco mal e a gente foi pra fora. Só não lembro o que você disse!
   — Dez, nove, oito — começa a contar a morena com um sorriso no rosto e um pratinho cheio de chantilly na mão. 
   — Peraí — pede Vinícius. — Eu sei que eu sei. 
Os dois riem. 
   — Cinco, quatro, três, dois... um! Não sabe, não sabe — ela começa a cantarolar. 
Vinícius morde um lábio.
   — Que raiva, eu sei! Só não consegui lembrar. 
   — Vai levar tortada, vai levar tortada — Marina continua cantarolando. 
   — Não meu cabelo não — ele pede. 
   — No cabelo que é a graça. 
   — Ah, Marina!
   — Fica quieto, se não queria sujar a cabeleira era só ter acertado a pergunta. 
   — Qual era a resposta?
   — Só depois disso — Marina fala e logo em seguida acerta o rosto de Vinícius com o pratinho. Ela ergue um pouco a mão e consegue sujar bem pouco do cabelo dele antes que ele se afaste. — Não valeu! — reclama. — Você fugiu. 
   — Você já tinha acertado — se defende Vinícius limpando o rosto com os dedos.
   — Dessa vez eu vou deixar passar — fala Marina. 
   — Qual era a resposta? — indaga o garoto. 
   — Você disse que o Brian também estava sentindo a minha falta, como a Bella sente falta do Edward em Lua Nova, daí eu falei que preferia quando a Hermione sentia falta do Rony em Relíquias da Morte.
   — Ah, é verdade — ele se lembra.
Assim que tira o chantilly dos olhos e lambe o da boca, Vinícius esfrega as mãos maquiavelicamente. 
   — Agora é minha vez. 
   — Ai, ai, ai. — Marina se mexe na cadeira inquieta. 
   — Marina — ele começa pegando seu post-it com as perguntas —, quando a gente se beijou pela segunda vez aconteceu uma coisa inusitada, o que aconteceu? 
   — A segunda vez? — ela repete franzindo a testa. — Vish, peraí! A primeira vez foi em uma balada, eu ainda tava com o Brian. Na segunda — Marina fecha os olhos se esforçando para lembrar. — Ah! A segunda vez foi quando a gente já tinha terminado e nós estávamos na cozinha da sua casa tentando cozinhar. — Vinícius assente. — Mas eu não lembro de nada inusitado que tenha acontecido. 
   — Aconteceu — garante o garoto torcendo para ela não lembrar. 
   — Ah, já sei! — Marina vibra. — O pano que eu tava segurando começou a pegar fogo durante o nosso beijo. 
Vinícius desanima. 
   — Não acredito que você acertou. 
Marina gargalha. 
   — Chupa, eu não vou levar tortada. 
   — Não dessa vez, mas duvido que você acerte as próximas. 
A morena continua rindo e dá um selinho nele. 
   — Beijo com gosto de chantilly. 
   — Já já você vai sentir o gosto do chantilly na sua cara. 
Marina ri e fala:
   — Estou esperando pra ver. 

Victor está sentado no sofá da sala de estar da casa de Sophia e Micael. Ele usa uma bermuda jeans de lavagem escura, uma regata preta e chinelos. Yasmin entra na sala com o cabelo preso em um coque frouxo e se aproxima dele. 
   — Oi — diz Victor educadamente. 
Yasmin polpa a educação e fala seca:
   — Pensei que você fosse estar na academia essa hora. 
   — Não, eu e os meninos faltamos hoje. O Vinícius foi lá pra casa, o Felipe foi pra casa da sua avó e eu estou aqui.
   — Hum.
Ela se joga sem cerimônia na poltrona ao lado do sofá que ele está, dando a parecer que não está se importando com a presença dele. 
   — Você disse que a gente precisava conversar — lembra Victor. 
   — É, mas na verdade eu não quero conversar. Quero ouvir. 
   — Ouvir o quê? 
   — Os motivos que levaram você a fazer o que você fez. 
   — Os motivos não são claros para você? 
   — Até que estão, mas eu não quero acreditar neles. Não quero acreditar que o meu namorado é um babaca covarde. 
   — Babaca eu até aceito, agora covarde? 
Yasmin diz com raiva:
   — Você sabia que o Lorenzo tava com medo de você. 
   — Eu nem toquei nele. 
   — Certas palavras machucam mais. — Victor se cala e ela continua: — Por que você fez isso? 
   — Pra dar uma lição no Lorenzo. 
   — Uma lição?
   — É, ele sabia que a gente tava junto e mesmo assim te beijou lá no escuro. 
   — A gente não estava namorando. 
Victor ri. 
   — E daí? Todo mundo sabia que a gente tava junto. 
   — Ok, mas o Lorenzo se arrependeu. Ele agiu por impulso lá no Buraco Negro. 
   — É o que você acha. 
   — É, é o que eu acho — diz Yasmin impaciente. — Eu sei que você tem uma outra versão. O Lorenzo planejou tudo aquilo — ela completa imitando o tom grave da voz de Victor. — É patético! Só de olhar para o Lorenzo dá pra perceber que ele não é desses que arma. Ele é bom!
   — É, ele é o mocinho da história e eu sou o vilão, não é? 
   — Pode-se dizer que sim. 
   — E você acha que é quem? A mocinha? Desculpa, Yasmin, mas você está mais pra vilã. 
   — Não, eu não sou nem vilã nem mocinha. Eu sou a personagem secundária que é feita de trouxa. 
   — Você está querendo dizer que eu te fiz de trouxa? — indaga Victor franzindo a testa. 
   — Eu não estou querendo dizer não, estou dizendo claramente. Você me fez de trouxa, Victor. 
   — Em que momento?
Agora é Yasmin quem ri. 
   — Em que momento? Você me fez acreditar que não iria fazer nada contra o Lorenzo, sendo que já estava fazendo. Eu acreditei em você! É isso que está me doendo mais. 
   — Como assim? 
Yasmin se endireita na poltrona. 
   — Eu estou muito chateada com o que você fez com o Lorenzo, mas muito mesmo, porque eu sei que ele não merecia passar por isso. Só que eu também vejo que pra você ele é um falso, que finge ser bonzinho pra tirar vantagens depois, o que acaba justificando o que você fez. Se fosse apenas isso, se você tivesse armado pra ele, eu iria ficar muito brava, mas depois de um tempo ia passar, ainda mais que o Lorenzo ficou bem. Só que não foi só isso, Victor! — Ela morde um lábio antes de prosseguir. — Uma vez a Marina me disse que você é o meu calcanhar de Aquiles, que eu não consigo armar contra você. A Isabela, que também tava junto, falou que eu não consigo mentir algo muito sério pra você. — A loirinha desvia o olhar, como se o fato de não olhar para Victor fizesse ele desaparecer. — Eu concordei com elas, aceitei que eu não consigo planejar nada contra você porque eu gosto de você e eu pensava que você também fosse assim. Só que hoje eu percebi que estava enganada. Você não só pode, como fez uma armação contra mim. 
Victor, que acompanhava o desabafo dela atentamente, interrompe:
   — Eu não armei nada contra você. 
   — Armou sim! Quando você falava aquelas coisas para atingir o Lorenzo, me usou no seu plano. — Ela volta a encará-lo. — Você teve a coragem de olhar nos meus olhos e dizer que não ia fazer nada, que estava feliz por não ficar brigado comigo. Você me enganou sem ao menos se alterar. Você agiu como se eu fosse uma idiota por quem você não tem sentimento algum, que você pode manipular sem se envolver. É assim que eu me sinto, Victor, como um objeto que foi usado por você para atingir o Lorenzo. 
Conforme ela foi falando, a ficha de Victor caiu, o fazendo perceber que foi exatamente isso que ele fez. 
   — Eu não tive a intenção de te manipular pra atingir ninguém — ele se defende. — Eu não queria fazer você se sentir assim, não era você quem eu queria abalar. 
   — Acontece que você me abalou. Eu pensava que eu era diferente pra você, eu pensava que comigo ia ser diferente. 
   — Eu não sei nem o que te dizer — fala Victor totalmente surpreso. As palavras de Yasmin  atropelaram ele de um modo avassalador, pois ele esperava que ela fosse descontar toda a sua raiva pelo fato dele ter humilhado Lorenzo, não ouvi-lá dizer que está magoada por ele tê-la usado como meio de atingir o garoto. 
Yasmin fica um tempo em silêncio, se acalmando, e por fim pede:
   — Vai embora. 
   — O quê? 
   — Vai embora. 
   — Não! Eu não vou embora antes da gente se acertar. 
Yasmin fixa os seus olhos intensamente nos dele.
   — Você acha mesmo que a gente vai se acertar? 
   — Claro, a gente se ama. 
   — Amor não é tudo. 
   — Mas deveria ser. 
   — Você não deveria ter humilhado o Lorenzo nem me usado para isso. 
   — Eu errei em partes. 
   — Em partes? 
Victor se senta mais na beirada do sofá. 
   — Eu errei em ter te usado para atingir ele, mas não por ter atingido ele. 
   — Então você não se arrepende? 
   — Não. 
A loirinha suspira. 
   — Você está sendo tão injusto. 
   — Injusto eu fui quando te... manipulei. — Ele morde com força o lábio inferior. — Como dói dizer isso. 
   — Não deve doer mais do que ouvir. 
Victor se arrasta do sofá e para ao lado da poltrona dela, ajoelhado no tapete. 
   — Yasmin, me desculpa. 
   — Eu não sei se devo. 
   — Por favor, estou te pedindo. — Ele olha para as próprias pernas. — Estou até de joelhos — acrescenta dando um leve sorriso. 
   — Quem diria que um dia você iria se ajoelhar para uma garota. 
   — Isso é pra você ver o quanto é importante pra mim. 
   — Eu não sei mais. 
Victor pega nas mãos de Yasmin. 
   — Eu não quis te magoar, juro por tudo. 
   — Jura por Deus? 
   — Não vou fazer uma jura em vão. 
   — Deus nunca será em vão. 
   — Pra mim Deus não existe. 
   — Em um momento ele irá fazer você acreditar. 
   — Yasmin, não vamos falar dos meus conceitos religiosos. Eu estou aqui, de joelhos pra você, pedindo que me desculpe pelo o que eu fiz. Eu não quis agir como um idiota com você. — Ele dá um beijo nas mãos dela. — Estou te pedindo com sinceridade, me desculpa. Eu posso ter mentido pra você naquela lanchonete, mas teve uma coisa que era verdade. 
   — Que coisa? 
   — Eu não quero te perder. Nem pro Lorenzo nem pra ninguém.
Yasmin analisa profundamente os olhos dele e vê vestígios de dor e medo. 
   — Eu te desculpo com uma condição. 
   — Qual? — pergunta Victor receando que o palpite de Felipe horas antes se confirme. 
   — Só se você prometer nunca mais me manipular e nem mentir pra mim. 
Victor respira aliviado. 
   — Eu prometo. 
A loirinha dá um sorriso. 
   — Sendo assim, eu te desculpo. 
   — Ai, que bom, meu amor! — Victor sorri e levanta, tentando beijá-la, porém Yasmin vira o rosto. 
   — Eu te desculpo, mas isso não significa que a gente voltou às boas. 
   — Como assim? — ele pergunta desapontado. 

Marina lê sua próxima pergunta:
   — O meu maior medo era de água, em que lugar eu comecei a ter esse medo?
   — Lugar? — repete Vinícius. — Nossa, você pegou pesado, hein?
   — Ah, essa está até fácil. 
   — Eu sei que foi em uma piscina...
   — Não me diga? — interrompe Marina rindo. 
   — Fica quieta — pede Vinícius dando um tapinha na coxa dela. Ele volta a se concentrar em sua memória. — O Brian te empurrou em uma piscina, mas eu não lembro onde vocês estavam!
   — Dez, nove...
   — Não! Quando você começa a contar me desconcentra. 
   — Sete, seis — ela continua ignorando o comentário dele, ansiando em dar mais uma tortada. 
   — Peraí, peraí, eu sei. Foi em uma piscina, você tava com vários amigos porque... porque era um aniversário! — Ele se lembra de súbito. — Foi em um aniversário na casa de uma amiga sua. 
Marina solta um muxoxo desanimado. 
   — Ah!
   — Acertei, não acertei? — pergunta Vinícius sorrindo. 
   — Acertou. 
Ele gargalha e pega sua lista de perguntas.
   — Agora é a minha vez. Qual era a cor da calça que eu estava usando quando te pedi em namoro? 
O queixo de Marina cai. 
   — Você está de brincadeira comigo, né? 
   — Não acredito que você não lembra! — Vinícius exclama melodramático. 
   — A calça, Vini? Eu não reparo muito nas suas calças. 
   — Nossa!
Marina ri e se inclina para ele. 
   — É que eu prefiro você sem elas. 
Eles dão um selinho. 
   — Não adianta tentar me enrolar para ganhar tempo, não — ele fala sorrindo. — Dez, nove...
   — Não, espera! Eu lembro que você tava com uma blusa branca e um casaquinho verde, acho... Agora a calça? 
   — Três, dois, um!
   — Eu vou chutar! — Marina fala apertando o braço que ele segura o pratinho, impedindo assim que ele a atinja. — Como foi no Ano Novo, era branca? 
Vinícius ri e joga a cabeça para trás, Marina fica observando ele e uma fração de segundos depois sente o chantilly sujar seu rosto. 
   — Era laranja — ele responde lambendo o chantilly que espirrou em sua mão. 
   — Eu não consigo abrir o olho — diz Marina entre risos. Vinícius começa a rir e estica as mãos na direção do rosto dela, tirando com os dedos o creme da região dos olhos dela. — Bem melhor  ela fala piscando. 
   — Quem estava se vangloriando, hã? Quem?
   — Para, moleque! 
   — Você tem que me agradecer que eu ainda não sujei seu cabelo. 
   — Shh! Fica quietinho, fica. — Eles riem e continuam jogando. 

Yasmin levanta da poltrona, desviando de Victor que permanece ajoelhado no tapete. 
   — Eu ainda estou chateada com você — ela diz caminhando até a estante, onde pega o seu celular. 
   — Eu pensei que você tivesse me desculpado. 
   — Eu te desculpei pelo o que você me fez, mas não pelo o que fez com o Lorenzo. 
   — Mas o que eu fiz com você não é mais grave? Se você me desculpou, por que não me desculpar pelo outro também? 
   — Primeiro, porque você não se arrependeu, e segundo, porque não sou eu quem deve te desculpar. É Lorenzo. 
   — Como? 
   — É pro Lorenzo que você deve pedir desculpas, não pra mim? 
   — Você está querendo dizer que só vai voltar as boas comigo quando eu pedir desculpas pro Lorenzo? — indaga Victor atônito. 
   — Não! — discorda Yasmin. — Eu não vou agir igual a você. 
Victor entende ao que ela se refere: Ao fato dele ter forçado ela a pedir desculpas para Marina quando a loira adulterou o doce da sua gêmea. 
   — Então o que você quer que eu faça? 
Yasmin dá de ombros. 
   — Nada. 
   — Nada? — ele repete espantado. 
   — É, se você está em paz com a sua consciência não há nada que eu possa fazer. 
   — Você não vai me fazer sentir culpado — ele diz e dá um leve sorriso com medo que Yasmin ache que está sendo grosseiro. 
   — Eu sei — responde a loira com tranquilidade. — A gente vai ficar afastados até eu sentir que a raiva passou. 
   — Como é? 
   — Eu preciso sentir sua falta, Victor, pra lembrar do quanto eu gosto de você. 
   — Eu posso te beijar e você se lembra disso mais rápido. 
   — Não! Tem que ser do meu jeito. Se você não quiser, pode pular fora. 
Ele sorri. 
   — Você sabe que eu não vou pular fora. 
   — Só queria ter certeza. Agora levanta desse chão. 
O loiro faz o que ela pede e passa a mão nos joelhos, que ficaram marcados pelo tecido do tapete. 
   — É só isso — diz Yasmin com leveza. — Pode ir embora. 
   — Assim? Sem mais nem menos? 
   — Você tem mais alguma coisa pra falar comigo? 
   — A gente sempre tem o que falar um com o outro. 
Yasmin caminha até ele. 
   — No momento eu não estou a fim de ouvir. Agora me deixa um pouco sozinha. 
Victor solta um suspiro e diz com desânimo:
   — Podia ser pior, né? A gente poderia ter terminado. 
   — Pois é.
   — Me leva até a porta? — ele pede sorrindo angelicalmente e Yasmin se lembra da última vez que ele deu esse sorriso, sentindo o sangue ferver. 
   — Tá.
Ela vai na frente até o hall e Victor admira o corpo dela indo logo atrás. Yasmin abre a porta e sorri educadamente para ele.
   — Até amanhã. 
   — Como vai ser? — ele pergunta parando bem próximo a ela. 
   — Como vai ser o quê? — rebate Yasmin se apoiando na porta. 
   — Amanhã, como vai ser? Eu posso falar com você, posso te beijar, te tocar? 
   — Falar pode. 
   — O resto não? 
   — Como eu vou sentir sua falta se você não sair de perto de mim? — ela pergunta com obviedade.
Victor assente. 
   — Entendi. — Ele dá um passo na direção dela. — Sendo assim, eu acho que eu tenho direito do último beijo, né?
O loiro não dá tempo de resposta para Yasmin, envolvendo a cintura dela assim que termina de falar. Com os lábios nos dela, Victor a encosta na parede, aprofundando o beijo. Yasmin, ainda sobressaltada, retribui com o mesmo fervor. Victor aperta a cintura dela contra o seu corpo e começa a traçar uma linha de beijos até o pescoço da loirinha, que relaxa completamente nos braços dele.
   Enquanto ele beija sua nuca, Yasmin passa a mão pelo cabelo dele. Victor passa a beijar seu ombro, raspando os dentes levemente na pele e provoca um arrepio prazeroso pelo seu corpo. Eles voltam a se beijar com volúpia até que Yasmin empurra Victor. 
   — Agora chega. 
Ele apoia o antebraço na parede na altura do rosto dela. 
   — Não mereço nem mais um beijo?
   — Se eu fosse dar o que você merece, você sairia roxo daqui. Agora, vaza. 
Victor sorri e rouba um selinho dela antes de passar pela porta. Assim que fecha a porta, Yasmin gargalha. 
   — Meninos são tão idiotas! Dar um tempo para sentir saudades — ela apoia as mãos no joelho, dando uma risada de tirar o fôlego. — Ai, Victor, você vai pagar pelo que fez. — Mesmo usando palavras fortes, Yasmin não sente mais o mesmo desejo de vingança da manhã e até ri novamente ao imaginar maneiras de atiçar o desejo do namorado durante esse tempo. 


Comentários

  1. Tô boiando!
    O que será que a Yasmin vai aprontar?

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  2. O que a Yasmin vai fazer com o Victor? Estou curiosa kkkkk

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  3. Capítulo p-e-r-f-e-i-t-o

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  4. Adoro quando tem briga de YasVic!!

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  5. Own! ChaMel eh vida!
    Que fofo o Chay cantando akela música!

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  6. Quero Isalipe de volta. Estou sofrendo com o término mais que eles kkkk

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  7. Amo o seu Imagine, sou leitora nova e já li todas as outras temporadas. É maravilhoso e viciante!!! Não para de escrever nunca, pleeeeease

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  8. BeLipe & YasVic É Vida ❤💙💚💛💜💓 (Como É A Junção De Marina E Vinicius?)

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    Respostas
    1. Tem gente que fala maricius e outros que falam marvini

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  9. Nossa eu sinto saudade do Chay e da Mel juntos,quando li a tradução que a Isa fez quase chorei.

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  10. Adorei a brincadeira que a Marina e o Vinicius fizeram. O Vini pegou pesado na cor da calça que ele usou kkk. Essa foi a unica que eu não acertei

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  11. Tem gente que gosta do casal Isabela e Felipe e outros Yasmin e Victor,mas eu goato da Marina e do Vinicius eles ficam muito fofos juntos. Espero que nunca se separem

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  12. Quero que o Chay e a Mel fiquem juntos de novo não aguento mais ve- los separados,eles se conhecem desde os 17 anos não é justo ficarem separados

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  13. Amo quando tem essas cenas fofas de Maricius <33 Eles são o casal mais fofo e mais lindo do Imagine.

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  14. Amei! Amei! Amei! Como diria a Becky.

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  15. Estou relendo esse capítulo feliz porque hoje é QUINTA-FEIRAAA \o/ \o/ \o/

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  16. Hoje é QUINTA!!!!!!! \o/

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