Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 167: Yasmin se indigna com Victor

Isabela sacode a cabeça.
   — Como nada? A Yasmin tava bem, daí de repente ela sai desse jeito? 
Victor não responde e toma um gole de seu refrigerante. Sentindo aflorar uma raiva pelo loiro, Isabela busca ajuda em Felipe. O moreno entende o olhar que ela lança e diz:
   — Victor, a gente estava vendo de longe. Vocês estavam discutindo, daí parece que se acertaram e do nada o Lorenzo sai parecendo que viu um fantasma e a Yasmin larga tudo pra ir atrás dele? Alguma coisa aconteceu. 
Pela primeira vez desde a noite anterior, Felipe vê um lampejo de preocupação passar pelos olhos de Victor. 
   — Não se metam nisso. 
   — Nós já estamos metidos — rebate Isabela. — Fala logo, Victor, o que você fez? 
O comportamento agitado de Isabela começa a chamar a atenção de alguns estudantes que estão perto deles. 
   — Controla a grande anã, por favor — pede Victor olhando para Felipe. Vendo a tranquilidade com que o loiro fala e age, Isabela explode e se inclina para mais perto dele. 
   — O que foi que você fez, garoto? — exige saber encarando Victor bem de perto. 
   — Era pra eu ficar com medo? — ele pergunta sorrindo. 
Isabela ergue a mão alguns centímetros. 
   — Isa — chama Felipe tocando na cintura dela. — Se controla. 
A adolescente crava o seu olhar mais desprezível nele.
   — Você não sabe como eu estou decepcionada com você — diz se recompondo. Mesmo com o rosto endurecido, a voz de Isabela deixa sua boca com um tom de tristeza. Victor e Felipe notam e o loiro fita a face dela com carinho, porém não diz nada. Surpreendendo a todos, Isabela pega na mão de Felipe e deixa a lanchonete. No corredor, eles passam por um grupo de garotas, que ao verem as mãos unidas, comentam:
   — Eles voltaram? 
   — Mas ela não estava com o Iago na festa do Terceirão? 
   — Foi o que me disseram, mas por que eles andariam de mãos dadas? 
   — Parece que eles nem estavam se falando.

O coração de Yasmin está acelerado devido a vários motivos. Um deles, o principal, é porque ela procura apressadamente Lorenzo e Iago pelo colégio, mas também por causa do ressentimento e da raiva que Victor despertou ao provocar essa situação. Depois de rodar pelo primeiro andar, decide ir para o segundo, usando a lógica de que se fosse procurar um canto mais tranquilo iria para o segundo andar, pois não há salas de aula por lá, ou seja, poucos alunos transitam pelos corredores. Ela passa por algumas turmas de meninas e em uma delas, uma garota a chama para se juntar a elas. 
   — Agora não — responde a loirinha sem sequer olhar para as meninas. Assim que chega ao andar, se frustra, pois não há ninguém no corredor principal. — Droga! — xinga e corre até o final, virando em outro corredor iluminado. Neste, encontra uma funcionária limpando o chão, mas nenhum sinal do garoto que procura. — Você viu dois garotos passando por aqui? — pergunta para mulher. 
   — Vi. 
Os olhos de Yasmin se iluminam. 
   — Para onde eles foram? 
   — Acho que entraram no banheiro. 
A loirinha assente e corre até o próximo corredor, sabendo que os sanitários ficam ali. Sem cerimônia, adentra no masculino e enxerga Lorenzo encostado na pia e Iago em sua frente. O rosto do moreno está vermelho e ele arregala os olhos ao ver Yasmin ali. 
   — Yasmin — fala Iago indo até ela enquanto Lorenzo vira de costas —, agora não é o melhor momento. 
   — Eu preciso falar com ele — rebate a loira sem tirar os olhos das costas de Lorenzo. 
   — Depois. 
Ela olha para Iago, adotando a sua clássica expressão de autoritarismo. 
   — Você não vai me impedir. 
   — Yasmin, ele não quer...
   — Ai, sai da frente! — Ela empurra Iago contra a pia e se aproxima de Lorenzo em três passadas. — Lorenzo? — O garoto não se move. — Lorenzo, não adianta me ignorar porque eu não vou sair daqui enquanto não falar com você. 
   — Eu não estou te ignorando — ele fala tão baixo que parece um sussurro. 
   — Então olha pra mim — pede Yasmin gentilmente. 
O jovem se vira lentamente e fita o belo rosto da adolescente. 
   — Eu queria te explicar — começa a loira, mas ele a interrompe:
   — Você não precisa me explicar nada. Quem errou fui eu, eu que não devia ter te... beijado — ele diz evitando os olhos dela. 
   — O Victor não tinha o direito de falar aquelas coisas!
Iago se apoia na pia e observa a conversa deles em silêncio. 
   — Ele não falou nenhuma mentira — Lorenzo diz sem encarar Yasmin. Como já está acostumada com o jeito dele, a loirinha não se incomoda de não ter os olhos dele em seu rosto enquanto conversa com ele. 
   — Nem ele nem ninguém tem o direito de rebaixar os outros. 
Iago não se controla, deixando escapar:
   — Olha quem fala. 
Yasmin olha por sobre o ombro, fuzilando-o com o olhar. Ele, assim como Lorenzo, evita encará-la. 
   — Ele não é melhor que você — continua, voltando a olhar para Lorenzo. — Nem ele nem ninguém! Você é o melhor por ser você, mesmo ouvindo certas coisas desagradáveis, como os comentários do Jonas, você não deixa de ser quem você realmente é. Isso é fantástico, Lorenzo! E eu te admiro muito por isso. 
Lorenzo, lentamente, ergue o olhar para ela e Yasmin segura seu rosto entre as mãos, acariciando as bochechas dele. Atônito pela atitude dela, Lorenzo não reage. 
   — Quando eu disse que o Victor não me perderia pra você — ela continua baixinho —, não é porque você não é o suficiente pra mim, é porque eu gosto dele, entende? Um dia você vai encontrar uma garota que goste de você assim como eu gosto dele. — Repentinamente ela solta Lorenzo e se afasta, dando um soco no tampo da pia. — Só não minta pra ela! — pede aumentando o tom da voz. — Nenhuma garota gosta de ser enganada, Lorenzo, nenhuma! — Mesmo parecendo estar conversando com ele, Yasmin fala consigo mesma. — Não use ela para atingir outra pessoa, ainda mais se essa garota for como eu, alguém que odeia ser enganada! — Ela termina a frase praticamente gritando e tanto Lorenzo quanto Iago se assustam com a brusca mudança de comportamento dela.
Yasmin olha para Lorenzo e acrescenta:
   — Isso que o Victor fez com você não vai ficar barato. 
   — Não! — pede Lorenzo falando mais alto do que Yasmin já ouviu desde que o conheceu. — Por favor, não faz nada. Ele vai querer descontar em mim e, na verdade, eu não liguei para o que ele falou. 
Yasmin ri. 
   — Se você não tivesse ligado não teria vindo correndo direto pro banheiro, né Lorenzo? — O garoto não responde e ela continua mais doce: — Relaxa, não vai sobrar pra você. 
   — Mas eu também não quero que você pague por uma coisa que eu fiz. 
A loira sorri perversamente. 
   — Lorenzo, você não me conhece. Fica tranquilo, o que o Victor fez não vai ficar em branco. — Ela se aproxima rapidamente dele e dá um beijo em sua bochecha. — Não se preocupe mais com isso. 
Yasmin caminha para a porta do banheiro e dá meia volta antes de sair. 
   — Por sinal, você beija bem, mesmo tudo não tendo passado de um selinho. — Ela sorri e sai. 

Em um banco, no pátio central do colégio, Thiago conversa com alguns alunos do outro terceiro ano e segundos. Graziele passa por eles segurando um copo de suco natural que é vendido na lanchonete, indo em direção às escadas. A ruiva caminha olhando para frente e não percebe a presença dele ali.
   — Depois a gente se fala — Thiago diz aos garotos e vai atrás dela. — Quem é a água de salsicha mais linda do colégio? — pergunta abraçando a namorada por trás nos degraus. 
   — Ai, quase derrubou meu suco — ela reclama virando de frente para ele. — Eu não sou água de salsicha, tá? 
   — Eu sei, o seu ruivo é fake. 
Graziele estreita os olhos e aproxima bastando o rosto do dele. 
   — Vai se ferrar! 
Thiago sorri e dá um selinho nela. 
   — Passa o resto do dia comigo?
   — Eu bem que queria, mas não vai dar. Eu tenho hora no salão pra retocar o meu cabelo fake. 
Thiago dá um leve sorriso, mas seus olhos se entristecem. 
   — Ok. 
Graziele se espanta com a reação dele, pois não esperava que o pedido negado o deixasse mal. 
   — Tá tudo bem? — pergunta fitando atentamente o rosto dele para não perder nenhum detalhe da expressão dele, que responde:
   — Tá, é só que... Como hoje é o primeiro dia sem cigarro, eu queria que você ficasse comigo, sabe? Só pra garantir que eu não vou ficar tentado. 
   — O salão pode ficar pra outro dia! — ela fala animada, porém Thiago não a acompanha e dá um passo para trás, descendo um degrau. 
   — Não! Eu não quero te atrapalhar. 
A ruiva sorri gentilmente e também desce um degrau. 
   — Você nunca me atrapalha — diz acariciando a bochecha dele com a mão livre. 
   — Graziele, eu não quero...
   — Ei! — ela o interrompe. — Já está decidido. 
Thiago sorri levemente e dessa vez sua namorada vê que foi um sorriso sincero. 
   — Então, você tava voltando para a sala? 
Graziele beberica seu suco antes de responder. 
   — Aham, eu só desci pra conversar com uma amiga do segundo já que a Malu está batendo um papo com o Samuel. 
   — Esses dois! — Eles sorriem. — Vou com você. 
   — Mas você não tava com os seus amigos? 
   — Você falou certo, eu tava com os meus amigos. Agora estou com a minha namorada. 
Eles trocam um olhar intenso junto com um sorriso adorável. 
   Perto dali, em um dos corredores do primeiro andar, Maria Luíza e Samuel conversam sentados no chão. 
   — Você nem falou comigo hoje — ele observa. 
   — Você estava ocupado ensinando física pra Yasmin — a morena rebate só para provocá-lo, pois em momento algum ficou incomodada com fato. 
   — Ciúmes? 
Malu ri. 
   — Eu não costumo sentir ciúmes, ainda mais de você. 
   — Eu soube que a Jaqueline está mal em física também, acho que vou me oferecer pra ajudá-la, o que você acha? — Malu lança um olhar fuzilante para ele e Samuel ri. — Qual é o problema? Ela é amiga do Jonas e amiga do Jonas é amiga minha. 
   — Opa, põem amiga nisso! Eu lembro da amizade de vocês na festa da Maísa. 
Samuel relembra do beijo que trocou com Jaqueline na festa da prima de Laís. 
   — Pois é, você vê como a nossa amizade é intensa. 
   — Vai se f*der!
   — Você vem junto?
Malu revira os olhos. 
   — O Alexandre tem dificuldades em história e eu sou ótima em história, acho que vou ajudá-lo. — Ela sorri superiormente para ele. — Assim nós dois seremos gentis com outras pessoas, não? 
   — Muito engraçada — ironiza Samuel tocando o joelho dela com o seu. 
   — É sério — fala Malu segurando um riso. — Ele está precisando de ajuda e é uma pessoa muito legal. Por que não? Ainda mais agora que ele cortou um pouco o cabelo. — Malu olha para o chão, como se estive delirando com a imagem de Alexandre na cabeça. — Não que eu não o achasse bonito antes — se apressa em dizer voltando a olhar para Samuel. — Mas nada bate a simpatia dele, né? Ele é muito gente boa, é...
   — Eu sei como ele é — interrompe Samuel sem a mínima vontade de ouvir Malu distribuindo elogios para Alexandre. — A gente já foi muito amigo. 
   — É? — ela se surpreende, abandonando a provocação. — Eu não lembro. 
   — É claro, a gente não se conhecia. Não foi no ensino médio, foi no fundamental. 
   — Nossa! E por que vocês se afastaram? 
   — Ah, sei lá. — Samuel dá de ombros. — Eu conheci o Jonas, a gente começou a andar junto e me afastei do Alexandre, foi meio natural. 
   — A troca foi péssima — diz Malu com sinceridade. 
   — Não começa. 
   — É sério, Samuel! — Ela se vira totalmente para ele, ficando com um ombro apoiado na parede. — Você é tão legal para andar com o Jonas. 
   — E você é tão chata para a Graziele andar com você. 
   — Vai se ferrar! — Malu tenta se levantar, mas Samuel a puxa pelo braço de volta para o chão. — Ai! — ela reclama batendo com as costas na parede. 
   — Quer beijinho pra passar? 
   — Você beijaria minhas costas? — ela indaga rindo. 
   — Beijaria, mas pra isso você teria que tirar o uniforme. 
   — Ah claro, já vou ficar só de sutiã aqui no corredor — ironiza Malu. 
Samuel inclina o tronco na direção dela. 
   — Se você quiser a gente pode ir para um lugar mais tranquilo depois do colégio. 
Malu sorri a poucos centímetros do rosto dele. 
   — Você acha que eu sou dessas que você passa um papinho e eu já vou para a cama com você? 
   — Preciso responder? 
Malu dá um tapa na testa dele. 
   — Vai tomar no meio do seu...
Samuel a corta com um selinho. 
   — Olha a boca. 
   — Eu te xingo pra não te bater. 
Ele sorri e inconscientemente coloca uma mão na perna dela. 
   — Mas eu adoro apanhar sabia? — ele brinca dando um sorriso sedutor. 
   — Ah é? Você é gosta de apanhar é? 
   — Aham, mas só em alguns momentos — responde Samuel abusando da perversão indireta. 
   — É muito bom saber disso. 
Malu segura no cabelo acima da nuca dele e o beija intensamente, puxando os fios com força durante o beijo. Mesmo sentindo a região doer, Samuel retribui o beijo com fervor. 
   — Você é muito palhaço — diz Malu depois da carícia. 
Samuel ri e dá mais um selinho nela. 
   — Sabe, eu não gosto de apanhar na hora H não, mas se você fosse a pessoa a bater em mim, eu até aceitaria. 
Malu coloca uma mão no peito dramaticamente. 
   — Uau! Essa é a coisa mais linda que já me disseram. 
Os dois começam a rir compulsivamente. 

Yasmin desce as escadas para o primeiro andar e encontra com Isabela e Felipe, que permanecem com as mãos unidas.
   — Até que enfim a gente te encontrou — diz Isabela ofegante. 
   — A gente foi pro térreo, olhamos em todo o primeiro andar e agora estávamos indo para o segundo. — Felipe também está ofegante e sente um calor agradável no coração por ter os dedos de Isabela entrelaçados nos seus. 
   — Eu fui atrás do Lorenzo, ele tava no banheiro com o Iago — conta a loirinha e o seu olhar cai nas mãos dos dois. — O que vocês estão fazendo de mãos dadas? — pergunta curiosa. 
Isabela olha para a sua mão e a de Felipe como se não tivesse percebido que elas estão juntas. 
   — Nada — responde puxando a mão rapidamente. Ao olhar para a amiga, Yasmin nota que ela está confusa e se pergunta se Isabela agiu involuntariamente ao pegar na mão de seu irmão. — Então, o que realmente aconteceu na lanchonete? 
Yasmin suspira e o ódio por Victor retorna. 
   — O babaca do meu namorado humilhou o Lorenzo. 
   — Mas como? — pergunta Felipe. — Ele estava falando com você. 
Yasmin explica rapidamente:
   — O Lorenzo estava atrás da gente o tempo todo. Depois que a gente discutiu, o Victor me falou que não ia fazer nada contra ele e eu fiquei aliviada, né? Afinal não queria brigar com ele por causa do selinho e disse isso pra ele. Daí o Victor me perguntou se o selinho não tinha significado nada pra mim e eu respondi a verdade, que não significou. Depois ele me fez prometer que isso não ia voltar a acontecer e falou que não queria me perder para o Lorenzo, daí eu falei que ele não ia me perder pro Lorenzo. — Ela morde o lábio, sentindo vontade de socar o namorado. — Aí ele falou exatamente assim: "É, por que quem é ele perto de mim?" Eu tenho certeza que ele sabia que o Lorenzo estava ouvindo! 
   — E o que você respondeu? — pergunta Isabela. 
   — Primeiro eu censurei ele, só que quando ele me perguntou se não era verdade, eu concordei com ele — diz Yasmin com pesar na voz. 
   — Foi aí que o Lorenzo saiu da lanchonete daquele jeito, né? — conclui Felipe. 
   — Foi. 
Isabela sacode a cabeça indignada. 
   — O Victor ainda teve a capacidade de falar que não tinha feito nada. 
   — Ele disse isso? — indaga Yasmin com as sobrancelhas arqueadas. 
   — Disse — confirma Isabela. — Com a cara mais lavada. 
   — Isabela, não põem mais lenha na fogueira — pede Felipe. 
   — Não! — exclama Yasmin. — Tanto faz ela colocar ou não lenha na fogueira, pois a fogueira já explodiu! Eu vou matar o Victor. 
   — Não acredito que ele humilhou o Lorenzo — Isabela fala mais para si mesma. 
   — Mas foi exatamente isso que ele fez! Ainda mentiu pra mim, me fez agir como uma idiota acreditando que ele não ia aprontar nada, sendo que ele estava aprontando exatamente nesse momento.
   — Talvez ele não tenha visto o Lorenzo e o Iago atrás de você — pondera Felipe. 
Yasmin ri. 
   — Não, eu tenho certeza que ele viu, por isso falou tudo o que falou depois. Ai, que ódio!
O sinal toca, indicando para eles voltarem para a sala. 
   — É melhor a gente ir — diz Isabela. 
   — Ainda vou ter que sentar atrás daquele idiota — Yasmin reclama descendo a escada com a amiga e o irmão. 
   — Se quiser trocar de lugar comigo — se oferece Felipe. Isabela quase diz "Não!", pois seu estômago se aperta ao se imaginar sem a presença calorosa de Felipe sentado atrás de si. O sentimento a surpreende, porque ela não costuma conversar com ele.
   — Não precisa — responde Yasmin para o alívio da morena. — Vai ser bom o Victor sentir toda a minha raiva nas costas dele. 
   — Ainda bem que as próximas aulas são leves e a revisão foi no segundo tempo — fala Felipe. — Assim você não precisa se obrigar a se concentrar na aula. 
   — Todas as aulas são importantes — rebate Isabela lembrando bastante a personagem Hermione da saga Harry Potter. Os três caminham até a sala sendo seguidos de perto por Malu e Samuel.

Quando as aulas do dia se encerram, todos saem de suas salas rumo à saída do colégio. Yasmin nem olhou no rosto de Victor nos dois últimos tempos, mas quando está descendo as escadas se aproxima dele. 
   — Se você ainda tem um pouquinho de caráter — fala friamente —, passa lá em casa mais tarde pra gente conversar. 
Ela não aguarda a resposta do loiro e desce rapidamente os degraus restantes. Marina e Vinícius que ficaram sabendo do ocorrido quando entraram na sala depois do intervalo, caminham entre a multidão de estudantes. 
   — A atitude do Victor não me surpreende — diz a garota. — Pelo ao contrário, é bem a cara dele fazer isso. 
   — Só que dessa vez ele pegou pesado — fala Vinícius com seriedade. 
   — Eu não acho. Ele sempre age assim e a Yasmin aprova esses comportamentos perversos dele. 
   — O Jonas que o diga. 
   — Então, agora só por que ele fez isso contra o Lorenzo ela está fazendo esse drama todo? 
   — É porque o Lorenzo não "merece" como o Jonas — Vinícius gesticula com os dedos fazendo as aspas. 
   — Só que, pelo o que eu entendi, para o Victor o Lorenzo fez isso porque quis, sabe? De propósito. Para ele foi tudo planejado. 
   — Eu sei, mas nada justifica ele ter humilhado o garoto desse jeito. 
   — Sim, amor, não tem nada demais você acreditar nisso, mas a Yasmin? Ela é a rainha das armações por aqui. 
Vinícius dá de ombros. 
   — Não sei, eu não vou ficar me metendo no problema dos dois. 
Marina assente. 
   — É, eu vou me controlar para não me meter também. Ah, eu tenho um convite pra te fazer — ela diz ficando subitamente animada. 
Os dois param perto de Felipe e Victor na calçada. Yasmin e Isabela estão comprando pipocas. 
   — Que convite? — pergunta Vinícius. 
   — Eu vi um desafio de casal no youtube e estava pensando em fazer com você. 
Vinícius sorri. 
   — Sério?
   — É. Vini, é super divertido. Aposto que você vai gostar. 
   — Desafio de casal do youtube? — ele indaga desconfiado. 
   — Ai, larga de ser velho, Vini! Você vai ver, é super legal. 
Vinícius sorri novamente e abraça ela. 
   — Tudo bem, minha linda, tudo bem.
Marina sorri animada. 
   — Oba!
Os dois riem e dão um selinho. Felipe, que observava a conversa dos dois, comenta com Victor:
   — Uns tão felizes, outros nem tanto. — Ele olha para a beirada da calçada, onde Isabela aguarda as pipocas com Yasmin. 
   — Está tão deprimido assim por causa do término com a Isabela? — indaga o loiro seguindo o olhar dele, porém se atentando em Yasmin. 
   — Ah, estou sentindo falta dela, né cara? Pra mim esse tempo distante já durou demais. 
   — Entendi. 
Felipe dá um tapinha no peito de Victor. 
   — Mas fala aí, você quis mesmo fazer aquilo com o nerd? 
O outro revira os olhos. 
   — Você não é a pessoa com quem eu quero falar sobre isso. 
   — Eu sei, é a minha irmã essa pessoa, né? 
   — Aham — confirma Victor ainda olhando para Yasmin. 
   — Saiba que ela está p*ta da cara com você. 
   — É, tô sabendo. 
   — Acho que o namoro vai e vem de vocês terá mais um vai. — Victor dá de ombros. — Você parece que nem se importa! 
   — É claro que eu me importo — retorque Victor imediatamente. — Eu não quero que o meu namoro acabe por causa de um merdinha como o Lorenzo. 
   — Você acredita mesmo que ele fez tudo isso de caso pensado, né? 
   — Óbvio. 
   — A minha irmã tem certeza que não. E eu também, sabe? Ele não tem cara de quem planeja tudo isso. 
   — A sua opinião não me importa. 
   — Calma aí, cara! — pede Felipe. 
   — Foi mal. 
   — Eu acho que você não deve pedir desculpas pra mim, e sim para o Lorenzo.
Victor sorri. 
   — Nunca. 
   — Nem se a Yasmin exigir? 
   — A Yasmin não manda em mim. 
   — E se ela falar que essa é a única condição para te perdoar? Não foi isso que você fez com ela quando a Marina comeu o doce adulterado lá? 
   — Espero que isso não aconteça — responde Victor no instante em que Yasmin e Isabela chegam com as pipocas. 
   — Querem? — oferece a menor para os colegas. 
   — Não, valeu — responde Vinícius. 
   — Eu quero — diz Marina e pega um pouco da pipoca no saquinho de Isabela. Yasmin come a sua própria pipoca sem oferecer a ninguém. Victor olha para ela sem disfarçar e ela começa a ficar incomodada. 
   — Perdeu alguma coisa aqui? — pergunta depois de alguns minutos. Os outros ficam surpresos com a atitude dela: Isabela arregala os olhos, Vinícius ergue as sobrancelhas, Marina morde um lábio e Felipe coça a ponta do nariz, fingindo não estar ali. 
   — Não, mas estou com medo de perder — Victor responde sem se importar com a presença dos amigos. 

Próximo capítulo | Capítulo anterior