Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 150: Yasmin coloca laxante em doce de Jaqueline

Isabela olha para todos com confusão.
   — O que houve, gente? 
   — É uma longa história — responde Vinícius. — Eu te conto no caminho para casa. 
   — Você chamou o táxi? — pergunta Marina olhando para o irmão. 
   — Ah, não. Eu vou ligar agora.
   — Não precisa! — fala Vinícius. — Eu chamo o nosso motorista. Você pode ligar para o seu, Yasmin? A gente vai precisar de dois carros.
   — Não será necessário dois carros. Eu não vou para casa agora. — Victor lança um olhar questionador para ela. — Depois eu te explico — ela fala baixinho para o loiro.
Vinícius, que estava mandando uma mensagem para Evaldo, fala:
   — Vamos indo? Ele já está a caminho. 
Laís se despede deles e volta para a festa. Antes de se afastar com Thiago, Graziele diz para Isabela:
   — Quando você souber o que aconteceu, me conta, tá bom?
A menor assente.
   — Tá. 
De mãos dadas Marina e Vinícius caminham para a saída do colégio. 
   — Está se sentindo melhor?
   — Sim, quanto mais eu me acalmo, com mais sede de justiça eu fico. 
Ainda próxima ao banco, Yasmin dá um selinho rápido em Victor.
   — Depois a gente se fala.
Victor segura no braço dela para ela não ir.
   — O que você vai fazer?
   — A Jaqueline ainda tem que pagar. Assim que eu terminar o que eu tenho para fazer, vou embora. 
   — Queria te ajudar, mas...
   — Eu sei. Agora eu tenho que ir. 
Victor solta Yasmin e ela retorna para o ginásio. Isabela olha para Victor, falando:
   — Vamos?
   — Aham.
Lado a lado, eles seguem Vinícius e Marina. 

Com as pernas cruzadas, Maria Luíza está sentada em uma cadeira das arquibancadas tomando refrigerante. Ela observa as pessoas na quadra, vendo Lorenzo conversar com Iago, Talita e Amanda votando inúmeras vezes na Melhor Fantasia da Noite, Laís e Alexandre sentados em uma mesa, conversando com proximidade, o que faz ela rir suavemente. No entanto, seu sorriso desaparece quando ela constata quem é o garoto fantasiado de vampiro com quem Maísa dança. 
   — Jonas. — A morena sacode a cabeça. — Era só o que faltava, a Aurora com o vampiro. 
Seus olhos se estreitam ao ver duas garotas entrando no ginásio fantasiadas de Marilyn Monroe e enfermeira. É a que está fantasiada de ícone do cinema que mais atrai a atenção da adolescente. Mayara e Vanessa adentram na festa conversando animadamente. Malu desvia o olhar, fitando a arquibancada do outro lado e seu coração dispara ao ver Samuel falando com Luciana. O jovem ri e vira a cabeça para um lado. 
   Os olhares de Maria Luíza e Samuel se encontram e ele volta a olhar para Luciana rapidamente. Malu permanece observando os dois e nota que algo dito por Samuel deixa Luciana desapontada. Segundos depois ele levanta, desce a arquibancada e cruza o ginásio depressa. Malu levanta quando Samuel se aproxima dela.
   — Finalmente eu te encontrei. 
   — Sentado batendo papo com a Luciana você não ia me achar mesmo. 
   — Eu estava atrás de você desde que a gente saiu da cabine fotográfica. 
   — Pra quê?
   — Aquilo que você falou para o Pedro, que me beijar foi um erro. É verdade?
Malu gargalha.
   — Feri os seus sentimentos, foi?
   — Isso não é engraçado — censura Samuel dando um passo em direção a ela.
   — Ah, convenhamos que é sim. Nós sempre nos odiamos, já nos insultamos várias vezes e agora, por uma frase boba que eu disse, você ficou sentido.
   — Uma frase boba?
Malu passa a mão na testa.
   — Ai, Samuel, é óbvio que não foi um erro te beijar. Agora que eu entendo o que sinto, percebo que nunca foi. Só disse aquilo pra retorquir o Pedro. 
   — É sério?
Maria Luíza envolve os ombros de Samuel com os seus braços.
   — Escuta bem, porque eu vou dizer apenas uma vez. Eu gosto de você, a cada dia mais.
Samuel sorri.
   — Quem diria, Maria Luíza apaixonada por mim. 
   — Não se cabe muito não, tá?
   — A minha vontade é de gritar pra todo mundo dessa festa que eu consegui dobrar a durona da Malu. 
   — Cala a boca!
Samuel ri mais uma vez e beija a morena. 
   — Mas vamos estabelecer regras — fala Malu interrompendo o beijo. — Nada de falar com os seus amigos sobre mim, entendeu? Nem para ninguém.
   — Por que não? 
   — Porque eu não quero. Isso que a gente tem só deve que ficar entre nós dois.
   — Ok — ele fala dando de ombros. — Por mim tanto faz. 
Malu sorri e dá um beijo nele. Um pigarreio faz os dois se soltarem e Samuel vira para ver quem chegou.
   — Desculpa atrapalhar o mais novo casal — fala Yasmin. — Mas eu preciso bater um papinho com a Malévola aí, quero ver se ela é tão má assim. 
Samuel sorri e indaga:
   — Yasmin, Yasmin, contra quem você quer armar?
   — Contra a sua amiguinha Jaqueline. 
   — Ela não é minha amiga. 
   — Enfim, não me interessa. Malu, preciso que você me ajude.
   — Pode falar — diz a morena se colocando ao lado de Samuel. 
   — Eu tenho uma coisinha aqui que preciso que você coloque em uma comida pra Jaqueline.
   — Que coisinha?
Yasmin tira uma cartela de seis pequenos comprimidos de laxante de dentro da bolsa. 
   — Você anda com Lactopurga? — pergunta Samuel sorrindo.
   — Não, né, idiota! Eu peguei na enfermaria.
   — Mas a enfermaria está fechada.
   — Ai, Samuel, acorda! — interrompe Maria Luíza. — Ela invadiu e roubou a cartela.
Yasmin cruza as mãos a frente do corpo.
   — Então, vai me ajudar ou não?
   — É óbvio. Mas por que você mesma não coloca?
   — Porque eu quero estar com ela quando ela comer. 
   — Ok, vamos lá. — Ela dá uma risada típica de vilã de novela. — Você vai com a gente? — pergunta para Samuel.
   — Claro. — Enquanto descem as escadas, ele diz: — Estou me sentindo aquele gay do Meninas Malvadas, a Malu é a roqueira lá e você, Yasmin, é a Lindsay Lohan. 
As duas gargalham.
   — Cala a boca, Samuel! — pede a loirinha caminhando até a barraca de doces. — E aí, Higor. 
   — Oi, Yasmin — responde o garoto do terceiro B. — O que vai querer?
   — Quero um mousse. 
   — De quê?
   — Maracujá. 
O jovem entrega o doce para ela e os três deixam a barraca. 
   — Tive uma ideia — fala Malu. — E se a gente entregar para a Grazi e ela manda para a Jaqueline?
   — Boa! — apoia Yasmin. — Vamos fazer isso.
Eles caminham até a ruiva, que está dançando na entrada do O Buraco Negro. Ela ergue os braços e dá uma voltinha, remexendo de maneira inusitada. No caminho, Yasmin amassa um comprimido de laxante sobre o mousse e mexe com a colherzinha.
   — Que tipo de dança é essa, Grazi? — pergunta Malu ao se aproximar com Yasmin e Samuel. Graziele suspira e para de dançar.
   — A Francine falou que se eu dançar desse jeito, vai atrair a atenção das pessoas. 
   — Vai mesmo — fala Samuel — está hilário. 
   — Vocês querem mandar um bilhete de amor? — Como Samuel e Maria Luíza estão juntos, ela olha para Yasmin. — É para o Victor?
   — Na verdade é para a Jaqueline.
   — Oi? 
   — A gente quer que você entregue esse mousse para a Jaqueline, dizendo que foi um cara qualquer.
   — Tá, posso saber o por quê?
   — Não, não pode. 
Graziele olha para a melhor amiga, esperando por alguma explicação, mas Malu apenas dá de ombros. Voltando a encarar Yasmin a ruiva diz:
   — São quatro reais. 
Yasmin olha para Samuel.
   — O quê? — ele pergunta surpreso.
   — Você não ouviu a Grazi falando? São quatro reais. 
   — E eu vou pagar? 
   — Seja cavalheiro. 
Samuel revira os olhos e tira de dentro de suas vestes o dinheiro. 
   — Toma, Graziele. 
A adolescente pega as duas notas de dois reais e as guarda na caixinha prateada. 
   — Vão querer algum bilhete junto com o mousse?
   — Não — responde Yasmin. — Espera eu me aproximar da Jaqueline, daí você entrega. 
   — Tá bom. 
Laís corre até eles.
   — Samuel, ainda bem que você apareceu.
   — Eu estava sumido? — pergunta sorrindo para a garota.
   — Preciso de um favor seu.
Yasmin, Malu e Graziele observam a conversa com curiosidade.
   — O que é? — Samuel indaga.
   — A Maísa e o Jonas estão dançando juntos lá na pista, preciso que você tire ele de lá.
   — Por quê?
   — Porque a Maísa não pode ficar com ele.
   — Por quê? — ele pergunta mais uma vez.
   — Porque ele é o Jonas! 
   — Mas você não acha que se ela não quisesse ficar com ele, sairia de lá?
   — A Maísa não conhece o Jonas como nós conhecemos. Faz o que eu estou te pedindo, por favor. 
Malu toca no ombro de Samuel.
   — Livra a Maísa do horror que é ficar com o Jonas — diz.
   — Como você sabe que é um horror? Já ficou com ele?
   — Não precisa ficar pra saber — interrompe Graziele. 
Samuel suspira.
   — Ok, vou lá. 
   — Enquanto isso — diz Yasmin — nós continuamos no nosso plano. 
Alexandre chama Laís para ela tirar uma foto junto com ele, Danilo e Aline. As outras três deixam a entrada do Buraco Negro para cumprirem o plano de Yasmin. Ela e Malu encontram Jaqueline sentada em uma mesa com Luciana, Amanda e Talita.
   — As cobras reunidas — comenta Malu. As duas chegam na mesa e se sentam.
   — Oi, meninas — cumprimenta Yasmin com uma falsa cordialidade. 
   — Oi — respondem as quatro. 
   — A gente estava comentando sobre o sucesso do Buraco Negro — fala Yasmin. — Vocês não acham que ele está bombando?
   — É — concorda Amanda estranhando a aproximação das duas. 
   — O pessoal está aproveitando para pegar geral lá dentro — diz Malu. 
   — E não é! — concorda Luciana dando um sorriso forçado. 
   — O problema é que as pessoas beijam sem nem saber quem é — Maria Luíza fala. 
   — Ou se aproveitam do escuro para beijar aquelas pessoas que não querem ser beijadas — diz Yasmin sorrindo enquanto olha para Jaqueline, que não diz nada. Diante do silêncio dela, a loira pergunta: — O que você acha dessa atitude de covardia, Jaqueline?
   — Não acho covardia.
   — Ah não?
   — Não, é apenas questão de aproveitar o momento.
Yasmin gargalha.
   — É claro, aproveitar o momento — repete de maneira pensativa. 
Graziele se junta à elas saltitando e anunciando:
   — Olha o cupido! Olha o cupido! — Ela para ao lado da mesa. — Hello, girls! — fala com empolgação. — Tenho uma encomenda para uma de vocês. 
Todas ficam entusiasmadas, exceto Yasmin e Maria Luíza. 
   — Pra quem é? — pergunta Luciana empolgada. 
   — Pra Jaqueline — conta Graziele pegando o mousse em sua cesta. — Só que não é um bilhete, é um doce. O rapaz que me pediu para entregar falou que era para adoçar a sua noite. — Ela coloca o potinho sobre a mesa e o empurra na direção da loira. 
   — Quem que te deu? — pergunta torcendo para a resposta ser "Victor" só para deixar Yasmin de queixo caído.
   — Um rapaz aí, não estuda no colégio.
Malu chuta Jaqueline por baixo da mesa, dizendo:
   — Olha, arrasando os corações dos mais velhos. 
Jaqueline sorri massageando o pé. Graziele arruma seu chapéu e diz:
   — Já fiz o meu trabalho, agora eu vou. Bye!
Jaqueline olha para o mousse e pega a colherzinha, provando o doce. 
   — Uma delícia — elogia. 
   — Dá uma prova? — pede Talita, esticando os braços.
   — Não! — fala Jaqueline puxando o docinho para mais perto de si. — É meu.
   — Credo, Jack. 
A loira, fantasiada de Katy Perry, sorri e continua comendo o doce. Yasmin finge estar prestando a atenção em um grupo de garotos que votam na Melhor Fantasia ao lado da pista de dança. Quando ela percebe que a outra loira terminou de comer, fala:
   — Estava gostoso?
   — Tava uma delícia. 
   — Agora que você já se deliciou com esse maravilhoso mousse — diz enfatizando "maravilhoso" — quero te fazer uma perguntinha mais íntima, se quiser que as suas amigas saem.
   — Não, não precisa. O que é?
   — Agora a pouco eu falei sobre pessoas que beijaram outras pessoas no Buraco Negro, você sabe muito bem sobre o que eu estava me referindo, né? Ou melhor, sobre quem. 
   — Não estou entendendo aonde você quer chegar — rebate Jaqueline.
   — Pode deixar que eu te explico. Eu sei que você beijou o Victor no Buraco Negro. — Amanda e Talita se surpreendem com a revelação. — E então, você não tem nada a me dizer? Algo como: Eu provei do sabor americano?
As sobrancelhas de Jaqueline se arqueiam em um visível espanto, que ela não queria demonstrar. 
   — Eu não sei como você soube disso — diz lançando um olhar cortante para a melhor amiga, Luciana. 
   — Eu não falei nada — se defende Luciana. 
Yasmin sorri, contente com o efeito de suas palavras, e estufa o peito para o golpe final.
   — E sabe o seu maravilhoso mousse? — Jaqueline assente, receando o que vem pela frente. — Não foi nenhum rapaz que mandou te entregar. 
O queixo de Luciana cai, Talita ergue as sobrancelhas e Amanda arregala os olhos.
   — Como assim? — questiona Jaqueline com o coração acelerado.
   — Fui eu — Yasmin conta com simplicidade. — E quer um conselho? É melhor ir para casa, porque talvez te dê, como posso dizer? Uma dorzinha de barriga. 
A peruca lilás quase cai da cabeça de Jaqueline.
   — Como é que é?
   — É só um conselho, segue se quiser.
   — Mas é bom seguir — fala Malu. — Cansei desse papinho, vamos Yas?
   — Claro. — As duas levantam. — Mais uma coisa, Jaqueline. Não tenta competir comigo, a gente sabe quem sempre vai ganhar. Beijos, meninas!
Ela e Malu se afastam rindo. 
   — Caraca, isso foi delicioso! — diz Malu. 
   — Agora eu vou atrás do Felipe, preciso ir embora.
   — Antes de receber o título de Melhor Fantasia da noite? 
   — Quem garante que eu vou ganhar? — pergunta Yasmin segurando uma risada. 
   — A gente sabe que esses prêmios são, na verdade, para aquele que tem mais popularidade. Você é a mais popular.
Yasmin sorri.
   — Eu sei, mas eu tenho que ir. Aconteceu uma coisa essa noite e eu preciso ir para casa. 
   — Ok. 
Yasmin pega no braço da amiga.
   — Valeu por me ajudar. 
   — Imagina. 
   — Tchau, Malévola. 
   — Tchau, Elsa.
Elas riem e Yasmin começa a procurar por Felipe. 

No sofá da sala de estar da mansão dos Aguiar, Marina, Vinícius, Isabela e Victor esperam Lua e Arthur descerem. O casal, com roupas de dormir, desce os degraus da escadas às pressas.
   — O que aconteceu? — pergunta Arthur. — Quando vocês me ligaram no caminho pareciam apavorados. 
   — Aconteceu uma coisa com a Marina — conta Vinícius.
Lua coloca a mão no peito e fica assustada ao ver os olhos da filha, que emitem tristeza e raiva.
   — O que houve, minha filha? — pergunta parando ao lado de uma poltrona. Marina respira fundo, apertando a mão de Vinícius, ergue o queixo e fala:
   — Dois homens me agarraram no banheiro do colégio. 
Lua desaba no braço da poltrona e Arthur se apoia no móvel.
   — Meu Deus! — exclama perplexo. Um minutos depois, recuperado do baque, diz: — O que eles realmente fizeram contra você?
   — Eles me prenderam no banheiro e um deles beijou o meu pescoço. 
   — Eles não chegaram...?
Marina sacode a cabeça.
   — Não, não — diz ficando agitada só de imaginar o que poderia ter acontecido se Yasmin não chegasse. 
   — Bom. E o que aconteceu com eles?
   — Conseguiram fugir — responde Victor. 
   — Mas não vai ser difícil identificá-los, o colégio é repleto de câmeras — fala Arthur sabiamente. 
   — Sem contar que um deles deve estar com um roxo no olho — diz Vinícius.
   — Como? — indaga o pai dos gêmeos.
   — A Yasmin que me salvou e ela deu um soco nele — responde Marina. 
Arthur fica surpreso com a atitude da filha de Sophia e Micael.
   — Uau — deixa escapar. 
   — O que vocês vão fazer? — pergunta Victor. — Nós vamos prender esses caras, né?
   — Prender eu não sei, porque a justiça desse país não das melhores, mas eles vão pagar. 
   — Nós vamos amanhã mesmo no colégio olhar as câmeras de segurança! — diz Lua com ódio na voz. 
   — Amanhã é domingo — lembra o seu filho.
   — Não importa. O Joaquim vai abrir aquele colégio para nós vermos as câmeras.
   — Eu vou ligar para o nosso advogado — fala Arthur pegando o telefone sobre uma mesinha ao lado do sofá. Enquanto ele faz a ligação Isabela conversa baixinho com Victor.
   — O que será que vai acontecer quando eles encontrarem os caras?
   — Não sei — responde o loiro —, mas eu quero arrebentar a cara deles. 
   — A Yasmin já começou o serviço.
O canto da boca de Victor ergue um pouco em um sorriso discreto. 
   — Ela teve muita coragem para fazer isso. 
   — Ela foi ela. 
   — Eu nem agradeci, na hora tava muito esquentado. 
Isabela assente.
   — Posso imaginar. 
Eles ficam em silêncio por alguns segundos.
   — Isabela. 
   — O que foi?
   — Fala alguma coisa para me distrair, a raiva está voltando.
   — Falar alguma coisa? Que tipo de coisa? 
Victor dá de ombros.
   — Sei lá, como foi a festa pra você?
Isabela pensa um pouco no que vai falar e decide contar em primeira mão a Victor o que aconteceu na festa.
   — Eu fiquei com o Iago.
   — Você o quê? — pergunta Victor se esforçando para não falar mais alto. 
   — A gente tava dançando e rolou.
   — Ficou maluca? E o Felipe?
O estômago de Isabela fica agitado ao ouvir o nome do ex, mas ela mantem a expressão neutra.
   — A gente terminou faz um mês.
   — Mesmo assim, vocês vão voltar. 
   — Victor, eu não quero falar sobre ele. 
   — Ok, mas você errou em ficar com o Iago.
   — Nossa, pensei que fosse receber o seu apoio.
   — Darling, eu sou seu amigo, mas não sou trouxa. Acho que você não deveria ter ficado com o Iago, vocês combinam demais.
   — Desde quando isso é ruim?
   — Porque a graça é ficar com alguém diferente de você, pra ter fogo. Entende?
   — Você e a Yasmin não são diferentes.
   — O nosso caso é complexo. Agora, você e o Iago não rolam. Tenta namorar com ele pra você ver, vai cair na... monodo...
   — Monotonia — ajuda Isabela. — E eu não vou namorar com o Iago só pra provar pra você que seria um tédio. 
   — Olha, vou te comprovar que eu estou certo com uma simples comparação. Aposto que o seu beijo com o Felipe era intenso, com gosto de quero mais, não era? Agora descreva o beijo com o Iago em uma única palavra.
A única palavra que vem a mente de Isabela é:
   — Doce. 
   — Viu? Que romance vai para a frente com somente beijos doces?
   — Victor, a gente só se beijou duas vezes. Tenho certeza que um hora o clima vai ficar quente.
   — Ah, então você confessa que não foi quente.
   — Não, foi calmo, doce, maravilhoso.
   — Isa, beijo bom é aquele que te deixa eletrizada. Se o primeiro beijo não te arrepiou é sinal de que não vai para frente.
Isabela revira os olhos.
   — Deixa pra lá — fala e eles se calam. Mesmo quieta, a mente de Isabela trabalha a todo vapor. Ao recordar dos seus beijos com Felipe, os pelos de todo o seu corpo ficam eriçados e o seu coração descompassado. — Ai, Victor, que bosta! — ela reclama e dá uma cotovelada nele.
   — O que foi?
   — Por que você me fez pensar nisso? Eu estava tão convicta de tudo e você... — ela suspira — Lembrar do Felipe sempre vai me deixar agitada. 
Victor pega na mão dela.
   — Isso só tem um significado e você sabe qual é. 

Próximo capítulo | Capítulo anterior