Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 159: Victor e Yasmin se desentendem

Isabela dá um sorriso constrangido e Vinícius fala rapidamente:
   — Eu sou o Vinícius, irmão dela. 
Everton desvia o seu olhar de Isabela para fitar Vinícius. 
   — Prazer — fala e olha de relance para a filha de Chay. 
   — Você é a Marina, não é? — pergunta Breno sorrindo para a namorada de Vinícius. 
   — Sou — a jovem responde retribuindo o sorriso gentilmente. — Com certeza a Yasmin falou de mim, né?
Everton inclina a cabeça levemente ao ouvir Marina falar, prestando atenção no sotaque dela. Breno responde:
   — É, ela falou de você. — Ele sorri ao lembrar da maneira agitada com que Yasmin costuma falar. Dispersando de seu devaneio, cutuca Everton. — Reparou no jeito que ela fala? Ela foi criada nos Estados Unidos. 
Ao ouvir o nome do país, os olhos de Everton brilham.
   — Meu sonho é morar lá! — exclama sorrindo radiante. 
   — O meu também — responde Marina e ri. Lembrando da reação de seu namorado quando ela disse que se arrependia de ter vindo para o Brasil, acrescenta com medo que ele reaja do mesmo modo: — Queria voltar para lá com as pessoas que eu amo. — Para não restar dúvidas do que quer dizer, lança um olhar penetrante para Vinícius, que sorri suavemente. 
   — Onde você morava? Em que bairro? 
Marina sorri com a curiosidade de Everton.
   — Eu morava em New York, mais especificamente em Manhattan, mais especificamente ainda no Upper East Side.
   — Upper East Side pra mim é sinônimo de Gossip Girl — comenta Isabela. 
   — Às vezes eu via eles gravando. Era muito legal!
   — E como era o seu colégio? — Everton indaga. 
   — Legal. 
   — Você não era líder de torcida? — pergunta Breno franzindo levemente a testa. 
   — Era.
   — Uau! Então o seu colégio tinha um time de futebol americano?
   — Aham. 
   — O namorado dela era o quarterback — conta Vinícius monotonamente. 
   — Caramba! Sua vida era perfeita, por que você veio para cá?
   — A minha avó estava muito mal de saúde, então os meus pais resolveram voltar para ficar perto dela. 
   — Estava? — repete Breno e pergunta abaixando o tom de voz: — Ela morreu?
   — Não! Ela melhorou mesmo. 
Breno ri.
   — Entendi. 
   — Nossa, que azar você teve, hein? — diz Everton sem a menor intenção de ser indelicado. — Teve que trocar a sua vida lá para vim morar aqui. 
   — Mas eu sou muito feliz aqui — rebate Marina com certa grosseria.
   — Eu não quis ofender. — Everton se apressa em dizer.  
   — Ok. — Marina dá um leve sorriso. Os quatro ficam em silêncio, cada um olhando para um canto da sala, exceto por Everton que fita Isabela. 
   — Então — fala Rogério chamando a atenção deles —, adorável a sua nora, Chay. 
Marina sorri e se aproxima um pouco mais de Vinícius, não querendo que o foco da conversa se torne ela assim como aconteceu segundos antes com Everton e Breno. 
   — Você é americana, certo? — indaga Joana. 
   — Não, eu nasci aqui, mas fui criada em NY. 
   — Ah, que interessante! 
Chay percebe que a nora está incomodada e muda o assunto assim que tem oportunidade. Marina olha para Vinícius e automaticamente fica mais relaxada. 
   — Por que você tem que ser assim? — pergunta impassivelmente. 
   — Quê? Assim como?
Marina sorri passando o polegar pelo interior do pulso dele. 
   — Você me acalma — confessa baixinho para que Isabela, que está ao lado deles, não ouça.
Vinícius sorri e sacode o cabelo levemente com a mão. 
   — Você só está dizendo isso porque é a minha namorada. 
   — Não, é sério. Desde o começo você me acalma, me tranquiliza. É um poder que você tem, não só em mim, em todo mundo que está em volta de você. Como você consegue? 
   — Eu sou assim. 
Marina ri e se controla para não puxá-lo para um abraço. 
   — Era isso que eu queria ouvir. — Ela aperta o pulso dele. — Você é tão fofo, Vini. 
O garoto aperta a ponta do nariz, se segurando para conter uma gargalhada. 
   — Você está bem, Mari? 
   — Não sei. De repente eu me toquei do quanto você é maravilhoso e o melhor, você é o meu namorado. 
   — Não, o melhor não é que eu sou o seu namorado. O melhor é que eu te amo. 
   — Ai, e pensar que eu não queria vim para o Brasil!
Vinícius sorri e dá um beijo na bochecha dela. 
   — Mudando um pouco de assunto — diz se afastando um pouco dela. — Você que tem uma mente mais maligna, dá um jeito de deixar o Everton bem longe da Isa?
   — Por quê?
   — Eu não quero ele cantando a minha irmã a toda hora. 
   — Ciúmes?
   — Uma coisa é aturar o Felipe, porque ele sempre existiu na nossa vida e tal. Com o Iago eu não tenho que me importar muito porque eles conversam mais por celular e internet. Agora esse moleque também? Nem pensar! 
Marina sorri. 
   — Vocês garotos são tão estranhos. Ainda bem que o Victor não tem essas coisas. 
   — Não tem? — repete Vinícius quase rindo. 
   — Não — responde Marina com simplicidade. — Ele não sente ciúmes nem da Yasmin direito, vai sentir de mim? 
   — Ai, amorzinho, você fala isso porque não faz academia com a gente. 
   — Como assim?
   — Sabe, quando a gente está lá, praticamente sozinhos, a gente conversa sobre tudo. Tudo mesmo. E claro, vocês não ia ficar de fora, né? 
Marina arregala os olhos. 
   — Vocês falam sobre a gente? 
   — Claro, vai dizer que vocês não falam sobre nós?
   — Ah, eu já conversei com a Isabela, mas com a Yasmin é quase inexistente. 
   — Mas conversou. 
   — Ok — fala a morena com impaciência. — Sobre o que, especificamente, vocês falam da gente? 
   — Ah, sobre tudo — responde Vinícius dando de ombro. 
   — Exemplifica!
   — A gente já falou sobre o corpo de vocês, sobre as características de cada uma, sobre as nossas ficadas...
   — Como? Se você disser que já falou sobre as nossas noites, eu te mato, Vinícius! 
   — Já falei, mas...
   — Vinícius!? — Marina exclama um pouco mais alto, porém atrai apenas os olhares de Isabela, Breno e Everton. 
   — Relaxa, Mari — ele pede sussurrando. — Eu não falei nada demais, só que é perfeito. 
   — Você está mentindo pra mim? — ela pergunta semicerrando os olhos. 
   — Claro que não. 
   — Hum. — Marina cruza os braços e passa encarar a mesinha de centro. — Você disse que é perfeito, exatamente essa palavra? 
Vinícius sorri.
   — Exatamente essa palavra. 
   — Acho bom. 
Eles riem baixinho. 
   — Mas enfim — diz Marina voltando a fitar o namorado —, o Victor já disse que sente ciúmes de mim?
   — Não com todas as letras, mas às vezes ele pega no meu pé por sua causa. 
Marina abafa uma gargalha com a mão. 
   — Vou ter que zoar ele com isso. 
   — Você quer irritar o seu irmão? Porque ele sempre fica p da cara quando a gente provoca dizendo que ele ainda não... não... você sabe o quê com a Yasmin.
Marina precisa das duas mãos para esconder o riso.
   — Vai ser épico ver a cara dele quando eu falar tudo isso. 
   — Grava e me manda, ok? — pede Vinícius sorrindo.
   — Pode deixar. 
   — Agora, Mari, dá um jeito de afastar a Isa do Everton.
   — Ah é, verdade. Deixa comigo. — Marina vira sorridente para Isabela e os dois garotos. — Então, Everton, eu acabei de lembrar de umas coisas típicas de New York. Quer saber? 
O garoto lança um olhar para Isabela, em parte lamentando por ter sido interrompido em sua conversa com ela, em parte se corroendo de curiosidade para ter mais informações sobre a cidade de seus sonhos. 
   — Quero — responde olhando para Marina. Isabela solta um suspiro de alívio, pois não estava mais aquentando ouvir as tagarelices de Everton. Uma risadinha chega aos seus ouvidos e ela vira a cabeça na direção de Breno, constatando que ele notou seu agrado pela interrupção de Marina. 

Espalhados pela sala de estar no primeiro andar, Yasmin e Felipe conversam despreocupadamente sobre a vida. Ela está esparramada no tapete e ele deitado no sofá. Victor passa pela porta, caminhando lentamente. 
   — E aí, galera?
   — Oi, Victor — cumprimenta Yasmin esticando a cabeça para ver o rosto dele. 
   — Quem te chamou? — pergunta Felipe rindo.
   — Essa magrela aqui — diz apontando para a namorada com o pé. Ele cruza a sala e se joga em um pufe. — Está melhor? — pergunta para ela.
   — Aham, passei remédio quando cheguei. 
   — Agora a Isa está ralada e a Yasmin também — comenta Felipe rindo. 
   — Verdade — concorda Victor coçando o olho. 
Yasmin funga várias vezes antes de dizer:
   — Você trocou de perfume, Victor. 
   — É, deu pra perceber?
   — Claro, aquele era uma delícia, agora esse é ruim. 
   — Eu achei lá nas minhas coisas. Foi um presente. 
   — De quem? — pergunta Felipe. 
   — De uma amiga minha lá de New York. 
   — Amiga, sei. 
   — Péssimo gosto ela tem — opina Yasmin. 
   — Ah, não é tão ruim assim — rebate Victor cheirando a própria camisa. 
   — É péssimo. 
   — A Yasmin é exigente com perfume — Felipe explica com calma. 
   — Mas o corpo é meu, eu uso o perfume que eu quiser — retorque Victor. 
Yasmin fecha os olhos, preferindo aparentar que não ouviu o que Victor disse. Ela puxa o seu braço direito para evitar que o cotovelo machucado encoste no tapete. 
   — Ela está fingindo que não ouviu a tijolada que você deu — observa Felipe astutamente. 
   — Fica quieto, Felipe — pede Yasmin ainda com os olhos fechados. 
   — Yas, eu não quis te dar uma tijolada, ok? 
   — Me deixa quietinha na minha. 
Victor revira os olhos e Felipe coloca uma almofada sobre a cabeça, optando por ficar de fora do que vem pela frente. Mesmo assim, apura os ouvidos, escutando Victor pedir:
   — Yas, não vamos brigar de novo. 
   — Se você me deixar quieta, a gente não vai brigar. 
O loiro tenta partir para a brincadeira para ver se consegue um resultado melhor, por isso provoca:
   — E se eu não te deixar quieta?
Yasmin o surpreende, dizendo com rispidez:
   — Ai, Victor, cala a boca!
Com as sobrancelhas erguidas, Victor levanta do pufe e caminha para a porta silenciosamente. Sentindo ele passando, Yasmin abre os olhos.
   — Victor — chama e ele para entre a sala e o corredor. 
   — Você não me mandou calar a boca? Eu vou ficar quieto lá na minha casa. — E acrescenta com aspereza: — Longe da sua grosseria ridícula. — Ele sai e Yasmin fecha os olhos novamente, suspirando. 
   — Mandou mauzão, hein, Yasmin! — comenta Felipe tirando a almofada do rosto. 
   — Vai se ferrar — diz a loirinha levantando. Ela também deixa a sala de estar e diferentemente de Victor, vai para o seu quarto. Sozinho, Felipe se pergunta:
   — Que bicho mordeu esses dois hoje?

Duas horas depois, Chay deixa o casarão com os adolescentes. No caminho para o carro, Isabela reclama:
   — Nunca mais eu quero vim aqui, pai. O Everton passou a noite enchendo o meu saco e quando não estava fazendo isso tava perguntando sobre os Estados Unidos para a Marina. Que garoto chato!
Vinícius sorri, satisfeito com a opinião de Isabela. Ao seu lado, Marina diz:
   — Não sei como o Breno aguenta ele. 
   — É fácil — opina Chay. — Ele não dá em cima dele e nem fica perguntando sobre os Estados Unidos pra ele. 
Os quatro riem e entram no veículo. 
   — Isso quer dizer que o Everton está fora do páreo, Isa? — indaga Vinícius do banco de trás. Afivelando o cinto de segurança, Isabela questiona:
   — Como?
   — Ele não vai disputar com o Felipe e com o Iago pelo seu coração?
Chay ri dando partida no carro.
   — Fica quieto, Vini! — pede Isabela sorrindo. 

Depois de dar várias voltas pelo seu quarto, pensando no que aconteceu na última vez que encontrou o namorado, Yasmin abre a porta colocando uma camisa xadrez sobre a regata que está e caminha com seus chinelos pelo corredor. Na sala, cruza com Micael, que pergunta:
   — Vai sair?
   — Vou — responde Yasmin indo para o hall.
   — Espera aí, mocinha. — Yasmin para e se vira para ele. — Aonde você vai? 
   — Na casa do Victor. 
   — Você vai voltar, né? 
   — Vou, pai. 
   — Sendo assim, pode ir. 
Yasmin sorri levemente e anda até a porta, adentrando na noite. Sentindo frio nas pernas expostas no short jeans, caminha até a mansão dos Aguiar e para em frente ao portão. 
   — É a Yasmin — responde depois de tocar o interfone e ser atendida por uma empregada. O portão é liberado e ela se dirige apressadamente até a varanda luxuosa. A porta é aberta quando ela está se aproximando e Victor surge usando apenas uma bermuda. 
   — O que você veio fazer aqui? — pergunta olhando profundamente para a loirinha. 
   — Falar com você — Yasmin responde retribuindo o olhar. 
Victor se apoia no batente e cruza os braços.
   — Falar comigo ou distribuir grosserias? 
   — A gente sempre foi meio ignorante um com o outro, Victor, mas...
   — Mas sempre foi brincadeira. 
   — Sim e...
   — E hoje você não tava brincando — completa Victor. 
Os ombros de Yasmin caem levemente. 
   — Eu sei, é que eu estou de TPM então estou no meu limite. 
   — Yasmin, essa não é a primeira vez que você está de TPM e das outras vezes você não me tratou desse jeito. 
   — Sim, mas isso não é uma coisa que eu posso controlar. 
   — Ah, então pra você eu tenho que ficar aturando suas grosserias quieto? 
Yasmin mira os próprios pés, pensando no que argumentar e nesse momento Victor dá uma espiada no corpo dela, percebendo que a camisa xadrez é sua. 
   — Desculpa — ela pede erguendo o olhar para ele. 
   — Oi? Você está me pedindo desculpas? 
   — Eu não quero ficar brigada com você, muito menos terminar. Eu estou sensível, um término me faria chorar um oceano. 
Victor ri e desencosta da porta. 
   — Eu não ia terminar com você por uma coisa tão fútil como essa. 
   — Mas você  saiu daquele jeito lá de casa. 
   — Ah, eu estava chateado. 
   — Você estava p*to mesmo.
   — É, tava — ele assume sorrindo e Yasmin dá um passo em seu encontro.
   — Você não está mais?
   — Não sei. 
   — Você vai me desculpar? 
   — Não sei. 
   — Ai, Victor! — ela exclama agoniada. 
   — Ei — ele censura. — Vai me dar patada? 
Yasmin estreita os olhos.
   — Você deve estar se divertindo com essa situação, né? 
   — Por que eu me divertiria? 
   — Eu aqui, toda vulnerável, toda sentimental, abrindo o meu coração. 
   — Por favor, não começa a chorar — pede Victor. 
   — Eu estou de TPM e não com demência, "falô"? 
   — Acho que você está com bipolaridade, isso sim. Uma hora você está toda sensível, depois é grossa. 
Yasmin inclina a cabeça.
   — É uma teoria aceitável. 
Victor assente, fingindo compreender a namorada, mas achando cada vez mais esquisito o comportamento dela. 
   — Legal. 
   — Você não está mais bravo comigo, né?
   — Não. 
Yasmin sorri e se aproxima mais dele.
   — Que bom. 
   — Sorvete? 
   — Hã? 
   — É loira — ele comenta para si, mas Yasmin ouve. 
   — Você também é loiro, ok?
Victor coloca as mãos nos ombros dela.
   — Calminha, calminha. 
   — Cala a boca — ela pede mas sorri. 
   — Só se for para dar um beijo nessa sua boquinha louca. 
Yasmin envolve os ombros dele e o beija profundamente. 

Na sacada de seu quarto, Isabela repensa na noite e uma frase dita por Vinícius martela em sua cabeça: 

"Ele não vai disputar com o Felipe e com o Iago pelo seu coração?"

"... disputar com o Felipe e com o Iago pelo seu coração?"

"... Felipe... Iago... seu coração"

Ela se apoia na proteção e olha para o horizonte, na direção em que fica a mansão de Sophia e Micael. Em seguida pega o seu celular no bolso do short e fica observando por alguns segundos a foto de perfil de Iago no whatsapp. Com o coração acelerado, guarda o aparelho no bolso com certa brutalidade. 

   — Que p*rra de situação eu me meti! — Ela olha para o céu e fala como se estivesse conversando com Deus: — Deus, me dá uma ajudinha. 

Em seu bolso, o celular vibra ao receber mensagens novas no whatsapp. Ao ver de quem são, Isabela fica espantada. Uma é de Iago e a outra é de Felipe no grupo Little Rebels. 

   — Uau, Deus! — exclama e segundos depois sorri. — Eu sei que isso não passou de coincidência. — Ao olhar para a tela do celular e ver as mensagens de Iago e Felipe, acrescenta melancolicamente: — Seria engraçado se não fosse trágico. 

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