Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 149: Festa a fantasia se torna pesadelo para Marina

Yasmin lava as mãos e arruma alguns fios de seu cabelo que estão fora do lugar. Depois disso sai do banheiro e volta para o ginásio, onde encontra Victor logo na entrada, ao lado da urna.
   — Estava votando em nós dois — ele conta sorrindo. 
   — Eu sei quem te beijou — Yasmin despeja as palavras sem cerimônia.
   — Sério, quem foi?
   — A Jaqueline.
   — Não acredito!
Yasmin assente.
   — Eu vou matar essa garota. 
   — Como você descobriu? — Ela conta para ele tudo o que ouviu no banheiro. — Ela ainda tirou sarro da sua cara. 
   — Exatamente, isso que está me deixando mais p*ta. Só que eu já sei como vou me vingar dela. 
   — Como? Eu também quero participar, afinal de contas foi a minha boca que ela beijou.
   — Como se você não tivesse gostado — resmunga Yasmin.
   — É claro que eu não gostei. Eu não gosto de receber beijos de garotas que eu não me sinto atraído. 
   — Enfim, isso não importa agora. O que interessa é que a festa vai acabar mais cedo para a Jaqueline. 

Maria Luíza passa a mão carinhosamente pelo cabelo de Samuel e ele acaricia a bochecha dela com o polegar enquanto conversam. 
   — Acho que eu vou fazer amanhã — fala a morena. 
   — O lugar é seguro?
   — Aham, é com o cunhado da irmã do Chay. Eu sempre converso com ele quando tem alguma festa grande, porque vai todo mundo e a gente se fala. 
Ela tira a mão do cabelo dele para arrumar sua capa. 
   — Qual é o nome dele? — pergunta Samuel estralando os dedos preguiçosamente. 
   — Pablo alguma coisa. 
   — Ah, ele que é o dono do Pablo Tattoos? 
   — É, você conhece?
   — Conheço, ele tem mais de um estúdio, né?
   — Sim. 
   — Pensei que você fosse fazer no mesmo cara que o Thiago.
   — Eu não! — Malu ri. — Vou fazer no Pablo mesmo, que eu conheço. 
   — Mas o Fábio é tranquilo. A minha primeira eu fiz com ele.
   — Você tem tatuagem? — Malu se surpreende. 
   — Tenho duas.
   — Sério, Samuel? Aonde?
   — Tenho uma na batata da perna e a outra na costela. 
   — Quais são os desenhos? 
   — Na babata é uma caveira mexicana e na costela é uma palavra em árabe.
   — Que palavra?
   — Vida.
   — Por que em árabe? Você achou bonito? 
   — É porque eu tenho descendência árabe. 
Inconscientemente, Malu coloca uma mão na coxa dele. 
   — Legal.
Um braço de Samuel rodeia a cintura de Maria Luíza, aproximando mais o corpo dela do seu. 
   — Já decidiu o que vai fazer? — ele pergunta dando um beijo na lateral da testa dela.
   — Sim. O contorno de um triângulo. 
   — Simples assim?
   — Aham, para a primeira está ótimo.
   — E onde você vai fazer? 
   — Na virilha. 
Eles gargalham.
   — Sério? — indaga Samuel.
   — Sério — Malu mente.
Ele ri mais um pouco e pergunta com suavidade:
   — Você vai deixar eu ver depois de pronta? 
   — Quem sabe? — Malu responde provocadoramente e para tentar ainda mais Samuel dá uma mordiscada no lábio inferior dele. Ele coloca uma mão na nuca dela e a beija com intensidade. — Só pra constar, eu não vou fazer tatuagem nenhuma na virilha — ela diz entre o beijo e Samuel se afasta abruptamente, deixando os ombros caírem de propósito. 
   — Como assim? — fala levando uma mão ao peito de maneira teatral. Maria Luíza cai na gargalhada e joga a cabeça para trás. Se aproveitando do momento, Samuel começa a beijar o pescoço pálido dela e recebe leves puxões no cabelo. A boca dele começa a traçar beijos pela clavícula dela e sobe lentamente para o rosto, deixando Malu arrepiada. Quando a boca deles voltam a se unir, Daniela entra na cabine acompanhada por Pedro.
   — Ops, tem gente aqui — fala parando onde está. Samuel e Maria Luíza olham para eles e o jovem sorri.
   — Oi, pessoal.
   — Que surpresa ver vocês dois aqui — diz a garota. 
   — Os opostos se atraem — fala Pedro. Malu levanta, sorri para Daniela, mas logo fica séria, olhando para Pedro. 
   — Vou sair, porque o ar ficou sujo.
   — Indireta pra mim? — pergunta Pedro cinicamente. 
   — Direta mesmo. — Ela se aproxima ameaçadoramente dele. — Eu não fico no mesmo ambiente que amigos do Jonas.
   — Tem certeza? Porque eu acabei de ver você beijando o melhor amigo dele. 
   — Errar uma vez é humano — rebate Malu e sai da cabine, fazendo questão de empurrar Pedro com o ombro. O garoto olha para Samuel, que está coçando o queixo com tranquilidade. 
   — Vou deixar vocês sozinhos — fala o jovem saindo da cabine. 
   — Por que a Malu tinha que lembrar que você é amigo do Jonas? Um defeito como esses é quase imperdoável — fala Daniela. Pedro ri e a abraça.
   — Eu sou amigo do Jonas, mas não sou ele.
   — Até porque se você fosse, eu jamais ficaria com você. 
   — Shiu! — Pedro começa a beijar Daniela. 

Ao som de Bang Bang do trio Jessie J, Ariana Grande e Nicki Minaj, Graziele dança com Laís e Maísa. Mesmo com a cesta do cupido e as asas, ela curte sem restrições. Próximas a elas, um grupo de meninas do primeiro ano conversam.
   — Se você não tem coragem, deixa um recado com o cupido para ele — aconselha a morena. 
   — Mas eu queria falar com ele — diz a loira de baixa estatura. 
   — Você não tem coragem! — lembra uma terceira. 
   — Ok, vou falar com o cupido. 
A adolescente se afasta das amigas, caminhando até Graziele.
   — Ei — chama. Fantasiada de Jessie, a ruiva continua dançando despreocupadamente. — Cupido!
Graziele olha para a loirinha.
   — Ah, oi. 
   — Quero entregar um bilhete para um garoto — fala a jovem praticamente gritando por causa da música. 
   — Vamos sair da pista — diz Graziele pegando no pulso dela. As duas deixam a pista de dança. — O preço é quatro reais. 
   — Aqui. — A menina entrega o dinheiro e Graziele o guarda em uma caixinha prateada.
   — Você quer escrever ou prefere que eu escreva? — pergunta pegando um bilhete vermelho em formato de coração em branco.
   — Pode ser você. 
   — Ok, qual é a mensagem?
   — Gostaria de te conhecer melhor. Gosto de como você se move e do seu sorriso. Ana Alice. 
   — Quer colocar o seu ano? 
   — Não. 
   — Tá, é para quem? 
   — Thiago. 
Graziele ergue o olhar do papel para fitar o rosto de Ana Alice.
   — Thiago? — repete. 
   — É, do terceiro ano A. 
   — Eu sei quem é, ele é o meu namorado. 
Ana Alice arregala os olhos e ruboriza. 
   — Eu... eu...
   — Não sabia que ele tinha namorada? — pergunta a ruiva tentando ser compreensível. 
   — Não, eu não te reconheci... Você está fantasiada e eu nunca tinha te visto tão de perto. 
O sangue de Graziele ferve em suas veias e ela aperta a cesta com força para controlar a raiva. 
   — Você sabia que nós namoramos e mesmo assim queria mandar um bilhete para ele?
   — Eu... é que...
A mais velha se recorda do modo como Yasmin e Francine falaram com a garota fantasiada de mamãe noel sexy e se inspira para dizer:
   — Garota, se enxerga. Nem o Thiago e nem um garoto qualquer do terceiro ano vai trocar nós, por vocês. Se toca, primeiro ano! — Ela arruma o seu chapéu vermelho e se distancia, resmungando: — Era só o que faltava. 
   Ana Alice fica estarrecida onde está e suas amigas correm até ela.
   — O que houve, Ana?
   — O cupido era a Graziele. 
   — Como é? — pergunta a morena. — A Graziele Castro, namorada do Thiago?
   — Aham. Ela me humilhou — conta Ana Alice.
   — Mas ela é tão simpática — se surpreende a amiga. — Pelo menos é o que eu vejo, nunca conversei com ela.
   — Mas ela disse que um garoto do terceiro ano nunca vai trocar as garotas do terceiro ano pela gente, do primeiro.
   — Ela disse isso?
   — Aham. 
Ana Alice é abraçada por uma de suas amigas.
   — Esquece isso, Ana. 

Marina e Vinícius estão dançando e rindo na pista, a música que está tocando é Bailando do Enrique Iglesias. Marina comprova que mesmo tendo sido criada nos Estados Unidos o sangue que há em suas veias é latino. Ela rebola calientemente e dança junto com Vinícius, que demonstra ser bem desenvolto mesmo com a fantasia. Marina dá um passo para trás e joga o cabelo todo para um lado, rebolando alucinadamente, deixando não só Vinícius energizado. Alguns rapazes, não alunos, dançam e comentam o desempenho dela. No término da música, Marina ri e fala para o namorado: 
   — Pega uma bebida para nós enquanto eu vou no banheiro? 
   — Ok.
Eles dão um selinho e saem em direções opostas da pista de dança. Um dos rapazes cutuca o outro e eles vão atrás da adolescente. Marina deixa o ginásio, ouvindo as batidas de Break Free da Ariana Grande, e caminha despreocupadamente para o banheiro. Como não explorou muito o colégio, conhece apenas o banheiro do pátio central e se encaminha para lá, passando por vários convidados e alguns casais que namoram. Em sua mente, canta a música da ídola teen e acaba não percebendo que os rapazes estão atrás de si. 
   Ela entra no pátio e vai para o banheiro, que se encontra vazio. 
   — Deve ter outro lá perto do ginásio, por isso esse tá vazio — pensa em voz alta. Mesmo distante do local da festa, ela ouve quando começa a tocar Animals do Maroon 5. — Baby I'm preying on you tonight — ela cantarola entrando no box do banheiro.  — Hunt you down eat you alive. Just like animals, animals. Like animals-mals. 
   Após dar descarga Marina abre a porta e leva um susto ao ver dois rapazes apoiados na pia. O primeiro é alto, cabelos curtos e loiros, rosto delicado e músculos definidos pelo corpo, única característica em comum com o segundo, que tem cabelos pretos e charmosamente bagunçados e o rosto anguloso. 
   — Além de linda, ela canta — diz o loiro, fazendo o outro emitir uma risada que causa calafrios em Marina.
   — O que vocês estão fazendo aqui? — ela pergunta tentando parecer corajosa. 
   — Não parece óbvio? — O moreno fala e dá um passo em direção a ela. Marina recua, quase entrando no box novamente. — Não precisa ter medo — diz o rapaz dando um sorriso que Marina, se não estivesse nessa situação, poderia até achar atraente. 
   — Não se aproxima — ela fala com o coração acelerado. 
   — E esse jeito de falar? — pergunta o loiro se afastando da pia. — Sotaque americano? — Seu palpite é certeiro e Marina engole em seco.
   — Por favor, me deixem sair. 
   — Só se você pedir em inglês — fala o loiro alcançando o amigo. — No meu ouvido — acrescenta sorrindo maliciosamente. 
Tomada pelo pavor Marina entra no box e tranca a porta. Os rapazes riem e o moreno diz:
   — Não adianta fazer isso, docinho. 
Pelo o seu tom de voz, a adolescente constata que eles estão se divertindo com o comportamento dela. Lágrimas começam a se formar nos olhos dela, deixando sua visão embaçada. 
   — Você vai abrir, amorzinho? — pergunta um dos rapazes. Marina respira de modo ofegante e olha para os lados, procurando por uma alternativa para escapar, mas não encontra nada viável. — Acho que nós vamos ter que ajudá-la. 
Marina dá dois passos para trás, parando ao lado do vaso sanitário, no mesmo instante que os dois rapazes começam a forçar a porta. Desesperada, ela começa a gritar por socorro. Enquanto empurram a porta, os rapazes riem. 
   — Não adianta gritar, docinho. Ninguém vai te ouvir. 
   — Essa noite você é nossa — completa o outro.
   — Socorro! Alguém me ajuda — grita a adolescente com todas as suas forças. 
O loiro dá um chute na porta e ela cede. Marina gruda as costas na parede, sentindo o suar se acumular em suas mãos. O moreno sorri e entra no box.
   — Socorro! — berra Marina com o coração descompassado. — Tira as mãos de mim — grita quando o homem segura em seus braços. 
   — Não precisa temer, nós não vamos te machucar. 
   — Me solta! — ela se debate enquanto ele a tira do box do banheiro. 
   — Tá bom. 
O rapaz moreno liberta Marina e ela corre para o pequeno corredor que leva até a porta, mas para abruptamente ao ver o loiro encostado na porta de madeira. 
   — Vem até aqui — ele chama carinhosamente. Marina sente o estômago se revirar e olha para os lados, buscando algum objeto que poderá usar como arma. 
   — Você é líder de torcida, é? — pergunta o moreno no ouvido de Marina. Ela se assusta e gira, encarando-o à poucos centímetros de seu rosto. — Estou doido para você animar a minha torcida. 
   — A minha já está animada — fala o loiro pelas costas de Marina e ela constata que está encurralada entre eles. 
   — Você já é linda com esse uniforme, imagine sem? — O rapaz tenta tocar na barriga dela, mas Marina dá um tapa em sua mão.
   — Don't touch me — fala sem pensar. Os dois riem e o moreno diz:
   — Que docinho. 
Marina pensa com rapidez e dá uma joelhada entre as pernas do moreno. Ele se inclina e aproveitando o espaço, ela corre de volta para o centro do banheiro, tentando atrair o outro para empurrá-lo contra o espelho. Assim como ela espera, o rapaz a persegue, porém não dá tempo para ela chegar à pia. Marina sente os braços dele se fecharem em sua cintura e ela é puxada para trás, tropeçando em seus pés antes de cair contra o corpo dele.
   — Agora você deixou a gente muito chateado, amorzinho. 
   — Socorro! Alguém me ajuda — Marina volta a berrar. — Socorro! 
O loiro e vira de frente para ele e começa a beijar o pescoço dela. Marina esperneia e tenta se soltar, mas o rapaz é forte e continua segurando-a com firmeza. 
   — Socorro! — ela berra com toda sua força. — Socorro!
O homem coloca uma mão na boca dela, mas Marina cospe na pele dele. 
   — Você gosta de cuspir, é? — ele indaga tenebrosamente. — Bom saber. 
Marina sacode a cabeça, tentando empurrá-lo.
   — Alguém me ajuda! — grita enquanto o rapaz acaricia suas costas. — Tira as mãos de mim — ordena com a repulsa que sente evidente na voz. — Me solta, seu nojento.
   — Gosta de xingar? Eu também gosto. — Ele tenta beijar na boca dela, mas Marina vira o rosto e ele começa a dar beijos pela bochecha, descendo para o pescoço. — Vadia — xinga entre os beijos. 
   — Socorro! — pede Marina começando a acreditar que ninguém irá tirá-la dessa situação. 
A porta do banheiro é aberta e Yasmin entra com a testa franzida. Ela solta um grito quando vê o rapaz moreno ajoelhado no chão com as mãos na parte genital.
   — O que é isso? — pergunta com a voz alterada. Dentro do banheiro, Marina reconhece a voz dela e berra:
   — Yasmin, me ajuda!
O loiro solta a adolescente, que cambaleia mas não cai no chão. Yasmin corre para o centro do banheiro e se assusta com a cena que encontra.
   — Marina? — Ela olha da irmã de Victor para o outro rapaz. — O que... Você estava agarrando ela? — a loirinha esbraveja. 
   — Não, a gente estava apenas se divertindo.
Marina corre para perto de Yasmin, falando:
   — Mentira, eles estavam me agarrando. 
Yasmin fica perplexa por meio segundo, mas logo sua expressão se endurece e ela cospe as palavras contra o rapaz:
   — Seu nojento, escroto! Não é homem o suficiente para conseguir uma mulher? Precisa agarrar garotas no banheiro do colégio? Sabia que pagando você pode comer a prostituta que quiser. — O seu ódio é tanto que ela cerra os punhos. — Se bem que nem as prostitutas devem querer um babaca com você. 
   — Olha aqui, garota...
   — Olha aqui você, seu tarado cretino. Você vai se arrepender por isso. 
   — Você quem vai me fazer pagar? — Ele pergunta sorrindo cinicamente e olha para Yasmin dos pés a cabeça. — Não vejo a hora.
O estômago de Yasmin fica embrulhado e sem pensar, ela soca com toda a sua força o olho do rapaz. Ele recua, sentindo o olho latejar. O soco foi tão forte que a própria Yasmin sente sua mão doer. 
   — Isso é só o começo. 
Yasmin pega no pulso de Marina e arrasta a garota para a porta. Quando elas passam pelo moreno, que ainda se recupera do chute certeiro que levou, Yasmin solta Marina e ergue alguns centímetros o vestido para chutar o rosto do rapaz. 
   — Filha da p*ta — xinga saindo do banheiro com Marina. 

No ginásio, Vinícius caminha até Victor, que conversa com Alexandre e Thiago.
   — Vocês viram a Marina? — pergunta.
   — Não. Por quê?
   — Ela falou que ia ao banheiro, mas até agora nada dela voltar. 
   — Ah, é normal menina demorar — tranquiliza Thiago. 
   — Mesmo assim, já deu tempo suficiente para ela refazer toda a maquiagem. 
   — Vamos acabar com esse mistério — diz Alexandre. — Laís! — ele chama a adolescente, que está saindo do Buraco Negro. 
   — O que foi? — pergunta a adolescente ainda sorrindo sobre o que aconteceu dentro da cabine.
   — A gente precisa de uma favor seu.
   — Fala.
   — Vai no banheiro e vê se a Marina está lá.
Minutos depois Laís passa pela porta do banheiro mais próximo do ginásio, sacudindo a cabeça para os garotos que aguardavam do lado de fora.
   — Nem sinal dela. 
   — Aonde será que ela tá? — pergunta Vinícius começando a ficar preocupado. O som de saltos se chocando contra o chão antecede a chegada de Yasmin, que corre até o grupo.
   — Aconteceu uma coisa horrível com a Marina — ela conta. 
   — O que houve? — pergunta Victor assustado. 
   — Vêm comigo — chama a garota. Os cinco vão com ela até um pátio secundário, onde Marina está sentada em um banco com um copo de plástico com água. 
   — Mari, o que aconteceu? — indaga Vinícius vendo o rímel dela borrado. A adolescente ergue os olhos das próprias mãos, exibindo os olhos vermelhos de choro.
   — Marina! — exclama Victor sentando ao lado dela. — O que aconteceu?
A morena olha para Yasmin, que entende o sinal e começa a explicar para os outros:
   — Eu fui na enfermaria pegar uma coisa e quando estava voltando para o ginásio, ouvi gritos vindo do banheiro do pátio central. No começo eu achei que tivesse ouvindo coisas, mas quando passei pela porta fechada, ouvi um pedido de socorro. — Laís e Thiago olham assustados para Marina, que está apoiada no irmão. Yasmin continua: — Quando eu abri a porta, vi um cara ajoelhado no chão. Aquilo me deixou assustada e eu perguntei o que estava acontecendo lá, foi quando eu ouvi a Marina gritar por ajuda. — Ela para, sentindo-se mal pela lembrança que a envolve com tanta intensidade. 
   — O que mais? — Victor a incentiva a continuar. Yasmin umedece os lábios e diz:
   — Quando eu entrei realmente no banheiro, vi a Marina perto de um outro cara. Ele disse que eles estavam apenas se divertindo, mas aquilo não parecia nem um pouco com diversão. — Todos olham fixamente para ela, completamente absortos na história. — A Marina falou que eles estavam agarrando ela. 
Laís leva uma mão à boca.
   — Eu fiquei tão enojada e revoltada que agi sem pensar — prossegue Yasmin. — Eu disse várias coisas para ele, as quais eu não me lembro agora, e dei um soco no olho dele.
   — Você fez o quê? — pergunta Alexandre surpreso.
   — Eu dei um soco no olho dele — Yasmin repete. — Foi automático, quando vi já tinha feito. Quando a gente saiu, eu chutei a cara do outro que tava no chão. 
   — Corajosa — Thiago diz baixinho. 
   — Onde eles estão agora? — pergunta Vinícius com ódio na voz. 
   — Não sei, eles ficaram no banheiro. 
   — Nós vamos lá! — fala Alexandre apontando para Thiago. — Se eles tiverem lá, nós os arrastamos para cá.
   — Isso — apoia Laís. — Vão logo! Eu vou ver com a segurança se eles já passaram pelo portão do colégio.
Os três correm para o pátio central, deixando um silêncio pesado entre os cinco. Vinícius agacha na frente de Marina, segurando nos joelhos dela com firmeza. 
   — Está tudo bem agora. 
Marina volta a chorar e Vinícius senta ao seu lado, a abraçando com força. 
   — Foi horrível — ela fala com a voz abafada pela pele dele. — Ele beijou o meu pescoço. Eu estou com nojo de mim mesma. 
Victor franze a testa, imaginando os maus momentos que a irmã passou. Yasmin toca discretamente o pé dele com o seu e sinaliza com a cabeça para eles se afastarem. Victor levanta, dizendo:
   — Vou ligar para um táxi. 
Yasmin pega na mão dele e os dois caminham para um corredor que leva às salas do segundo ano. 
   — Eu quero matar esses caras — fala Victor ao ficar sozinho com ela. — Juro, eu quero matar esses filhos da p*ta. 
Yasmin se surpreende com a forte presença do ódio na voz dele, pois nunca o viu tão furioso como ele está. 
   — Foi horrível — diz Yasmin olhando para o chão. — Eu fico apavorada só de imaginar o que ela passou nas mãos deles. 
Victor dá um soco na parede, fazendo Yasmin estremecer. 
   — É a minha irmã, car*lho! Eles tentaram abusar da minha irmã. 

Vinícius acaricia os ombros de Marina.
   — Passou, Marina. Agora você está em segurança, ninguém vai deixar ninguém chegar perto de você. Eu não deixarei. 
   — Eu não consigo esquecer deles me chamando de docinho, amorzinho — diz a garota entre lágrimas. 
   — Ei, ei, respira fundo. Acabou. A gente vai encontrar eles e eles vão pagar. Eu sei que isso não vai mudar o que aconteceu, mas vai ajudar um pouco. Marina, eu estou aqui para ficar do seu lado. Ninguém vai te fazer mal de novo, eu juro pela minha vida. Ninguém vai tocar em você. 
Marina abraça Vinícius com força.
   — Por favor, não me deixa sozinha.
   — Eu não vou te deixar. Nunca. Está ouvindo? Eu vou te proteger. 
Vinícius dá um beijo no topo da cabeça dela, a apertando ainda mais em seus braços. 

Yasmin não encontra palavras para dizer, apenas abraça o próprio corpo e olha discretamente para Victor. Os olhos dele estão vermelhos de raiva e sua expressão está tão sombria que até ela fica com medo dele. Victor fecha os olhos e respira fundo algumas vezes.
   — Não consigo me acalmar — ele fala com a voz baixa e grave. — Eu só consigo pensar em maneiras de matar aqueles dois...
   — Victor, se acalma! Você não pode fazer nada muito grave agora, só iria piorar as coisas. 
Ele olha diretamente para com os olhos semi-cerrados. 
   — Você tem noção do que eles fizeram? — pergunta com uma frieza de dar calafrios. Mesmo com o coração acelerado e o estômago ainda agitado, Yasmin responde com firmeza:
   — Tenho, eu vi a cena. 
   — Então me explica como eu não vou querer matar aqueles dois — fala Victor aumentando gradativamente o tom da voz. 
   — Você está me assustando. — As palavras fogem da boca de Yasmin sem que ela possa controlá-las. Victor fecha os olhos novamente e inspira profundamente.
   — Desculpa — ele pede segundos antes de Laís chegar correndo até eles.
   — E aí? — pergunta Yasmin agradecida por alguém ter aparecido. 

Desconhecendo os eventos mais recentes da noite, Isabela dança Let her go com Iago. As mãos dele estão na cintura dela e ela o abraça carinhosamente. 
   — Quem diria que nós dois nos aproximaríamos tanto assim em trinta dias? — ela pergunta próximo ao ouvido dele.
   — O destino.
   — Você acredita em destino?
   — Claro. Qual outra resposta para eu estar dançando com a garota mais incrível do colégio?
Isabela ri com leveza.
   — São os seus olhos.
   — É você e unicamente você. 
Iago vira o rosto lentamente, assim como Isabela. Eles se olham e aproximam suas bocas, as encaixando com perfeição. O primeiro beijo do casal é lento, no ritmo da música, suave e doce. Isabela fica entorpecida pelo toque de Iago e o abraça com mais força, querendo mais daquele beijo tão suave e ao seu gosto, delicioso. Iago para o beijo com selinhos longos e acaricia o rosto dela com as costas da mão. Os dois ficam em silêncio, apenas com os olhos trocando gentilezas mudas. Iago fecha os olhos e leva sua boca de encontro com a de Isabela, que sorri levemente, agradecida por seu pedido ser realizado. Graziele se choca contra eles, que interrompem o beijo imediatamente. 
   — Desculpa, não consegui parar a tempo.
   — O que foi? — pergunta Isabela soltando Iago timidamente. 
   — Eu cruzei com o Thiago e ele me disse que aconteceu uma coisa terrível com a Marina. 
   — Que coisa? — questiona a jovem franzindo a testa.
   — Não sei, eles estão no pátio perto das salas do segundo ano. 
   — Vamos lá.
Isabela olha para Iago, que se apressa em dizer:
   — Vai, pelo visto a sua amiga precisa de você. Eu vou atrás do Lorenzo.
Isabela sorri e dá um selinho nele antes de sair correndo da pista de dança com Graziele ainda vestida de cupido. 
   — O que será que houve com a Marina? — indaga correndo rumo ao pátio.
   — Não sei, mas parece que é sério.
   — Ai meu Deus!
Elas chegam correndo ao pátio e se aproximam da roda de amigos a tempo de ouvir Vinícius dizer:
   — Não importa eles terem escapado, nós os encontremos nem que seja no inferno. Eles vão pagar. 

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