Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 146: Isabela recusa investida de Felipe

A voz de Felipe fica engasgada em sua garganta.

   — Vou voltar a ver o filme — diz Isabela pegando o copo de suco. Ela dá dois passos em direção à porta, mas para ao sentir a mão de Felipe se fechar em torno de um de seus braços. 

   — Espera — ele pede baixinho. 

   — O que foi?

O adolescente solta o braço dela após se certificar que ela não sairá.

   — Eu queria te perguntar o que está rolando entre você e o Iago. 

Uma gargalha surge no interior de Isabela e ela não consegue controlar. 

   — É sério isso? — ela pergunta e quando Felipe assente, prossegue: — Não está rolando nada, não que seja da sua conta. Agora se me der licença. — Isabela dá meia volta e caminha apressadamente para a porta da cozinha, mas não está completamente fora quando ouve Felipe falar:

   — Sinto sua falta. 

Ela para onde está e respira fundo, fechando os olhos e abaixando a cabeça. Em seguida, levanta o queixo e continua seu caminho para a sala. Felipe sacode a cabeça e vai atrás dela. 

   Victor está rindo de uma piada feita por Marina enquanto brinca com o cabelo de Yasmin, quando vê Isabela chegando com o suco pedido por Vinícius. Felipe retorna logo depois e analisando o rosto dos dois, todos constatam que a conversa não rendeu bons resultados. 

   Isabela entrega o suco silenciosamente ao irmão e volta a deitar no sofá em que estava. Felipe se joga na poltrona e amarra a cara. 

   — Pode continuar — diz Isabela e Vinícius aperta o play. 

Após jantarem em um restaurante rústico, Graziele e Thiago partem para uma boate para encontrar com Maria Luíza e Samuel. 
   — Eu não sei até quando eles vão ficar nessa — diz Graziele retocando o lápis de olho. — É sério, a Malu nunca encontrou um garoto tão parecido com ela antes. Acho que é por isso que eles se odiavam, porque eram iguais demais. 
Thiago ri, segurando um espelhinho para ela. 
   — Eles não ficaram mais?
   — Ah, às vezes rola uns beijinhos, mas não passa daí. Vamos ver se essa noite eles ficam.
O carro para em frente ao estabelecimento e o casal desce. A fila não está muito grande e minutos depois, eles entram na casa noturna. Lá dentro, pessoas dançam freneticamente ao som de uma música eletrônica. 
   — Quero ver a gente encontrar eles — grita Graziele para tentar ser ouvida acima da música.
   — Hã? — Thiago se aproxima mais dela.
   — Nada, vamos dançar. 
Pela expressão do namorado, Graziele constata que ele não entendeu nenhuma palavra que foi dita por ela. A ruiva pega no pulso dele e o arrasta para o meio da pista de dança. 

   Alguns metros de distância, Malu e Samuel dançam. 
   — A gente deveria ter feito isso antes — diz Samuel no ouvido dela. 
   — Isso o quê? — pergunta Malu virando a cabeça para falar no ouvido do jovem. 
   — Vir para a balada juntos.
   — Por quê? — ela questiona sem parar de dançar. 
   — Porque você fica toda soltinha — Samuel responde e coloca as mãos na cintura dela, colando os seus corpos. Malu ri na bochecha dele.
   — Você quer tirar proveito de mim? 
   — Eu sempre quero. — Ele afasta o cabelo dela no pescoço e dá um beijo na região. Malu ri e o empurra.
   — Otário.
Samuel também ri e grita:
   — Eu sei que você me ama.
   — Vai sonhando! — A música chega no seu auge e a adolescente pula sacudindo a cabeça. Duas músicas depois, uma loira se aproxima de Samuel e passa a dançar junto com ele. Malu vê os dois e gesticula para Samuel que está indo para o bar. 
   Ela se apoia no balcão e pede uma cerveja. O barman não pergunta sua idade nem algo do gênero e serve o que foi pedido. Malu toma um gole da cerveja, observando a pista de dança. Algo laranja chama sua atenção e imediatamente ela reconhece o cabelo de Graziele em meio as pessoas, em seguida enxerga Thiago ao lado da jovem. Logo que termina de beber sua cerveja, Samuel se encosta no balcão ao seu lado. 
   — Nossa, que calor — fala passando a mão na testa. 
   — Ficou com a loira lá? 
   — Aham. Muito gostosa, e olha que eu prefiro as morenas — diz colocando o braço sobre o balcão pelas costas de Malu. Ele dá um beijo no queixo dela. Malu coloca uma das mãos no meio do rosto dele e o afasta. 
   — Eu não pego baba de vadia. 
   — Então se eu não tivesse ficado com ela, você teria ficado comigo?
   — Quem sabe? Não seria a primeira vez, não é? — Ela sorri com superioridade e caminha em direção à pista, indo para onde viu Thiago e Graziele. 

O filme termina e todos na sala de estar da mansão dos Aguiar se espreguiçam. 
   — Como eu amo esse filme — diz Isabela levantando do sofá.
Como eu te amo pensa Felipe instantaneamente. Yasmin se inclina sobre Victor e o beija. 
   — Dorme aqui em casa — pede Victor. — Amanhã é sábado, não tem aula.
   — Eu tenho hora marcada no salão de manhã — ela diz apoiando o queixo no peito dele. 
   — Se você ficar eu até vou com você.
Yasmin ergue as sobrancelhas.
   — Sério?
   — Aham.
A loirinha sorri.
   — Ok, eu fico.
   — Se vocês não saírem daí eu vou pisar em vocês — avisa Marina colocando a cabeça para fora do sofá.
   — Ah, vai de f*der — rebate Yasmin sorrindo. 
   — Eu avisei.
A morena coloca os pés para fora do sofá e o casal de loiros tem que levantar o tronco com rapidez para não serem atingidos. 
   — Vamos, Isa? — chama Vinícius se levantando também.
   — Vamos. Estou com sono — fala a morena coçando o olho. 
   — Eu vou ficar — avisa Yasmin para o irmão. 
   — Opa, será que hoje rola? — pergunta Felipe rindo.
   — Não — garante a loirinha. 
Felipe acaricia o topo da cabeça dela.
   — Vou indo.
   — Ok. 
Marina caminha até a porta e é seguida por Felipe, Vinícius e Isabela.
   — Tchau, galera — se despede Victor. 
   — Tchau — fala Yasmin junto com ele.
   — Tchau — os outros respondem em um uníssono. 
Marina puxa Vinícius e dá um beijo de tirar o fôlego no garoto.
   — Dorme bem — fala Vinícius dando um selinho nela. 
   — Você também. 
Eles dão mais um beijo, rápido, e Vinícius sai com a irmã e o ex-cunhado. 

No portão da mansão, Felipe e Vinícius se despendem com um toque de mão e quando Felipe sugere que irá se aproximar de Isabela, ela dá um passo para trás olhando para a rua. Vinícius se sente constrangido por estar naquela situação e Felipe morde um lábio.
   — Tchau — fala por fim e vira as costas. Isabela e Vinícius caminham na direção oposta da de Felipe. A noite está silenciosa e é possível ouvir o latido de alguns cachorros ao longe. 
   O rugido de um carro em alta velocidade quebra o silêncio noturno. Os próximos sons são rápidos, emitidos em menos de trinta segundos. Uma freada brusca e uma batida ecoam sob o luar. 
   Isabela e Vinícius se viram sobressaltados e um grito de horror escapa da boca da garota. O corpo de Felipe se encontra caído no asfalto iluminado pelos faróis brancos de um utilitário preto. O sangue tinge sua camisa e escorre por seu rosto. 
   Isabela desperta abruptamente em sua cama. Ela olha atordoada para os lados e assimila que tudo não passou de um sonho. A lembrança do final da noite se juntou com um pesadelo tornando os sonhos da adolescente turbulentos. Ela tira o cabelo do rosto e joga a coberta para o lado, saindo da cama. Com os pés descalços, anda até o banheiro e lava o rosto suado. Ao se olhar no espelho nota que está chorando e a recordação do atropelamento que Felipe sofreu ano anterior invade sua mente misturada com o pesadelo. Um soluço escapa de sua boca assim como o grito saiu no pesadelo. 
   — Felipe — sussurra com a voz embargada. A dor em seu peito a deixa sem ar e só aumenta ao imaginar perder Felipe. — Como se eu já não tivesse perdido — fala ao ter esse pensamento. — Mas o Felipe do meu pesadelo não era o mesmo que armou todo aquele plano. O Felipe do pesadelo não agiu pelas minhas costas. O Felipe do pesadelo não existe e talvez o Felipe que eu pensei que fosse o meu namorado também não. 
Isabela apoia as mãos na pia e inclina o tronco, chorando silenciosamente. 

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