Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 127: Victor acorda Yasmin de maneira especial
Luíza respira fundo enquanto sua mente trabalha a toda velocidade.
— Não autoriza a entrada dele.
— Sim, senhora.
Ela coloca o telefone no gancho novamente e se apoia na parede. Nícolas se aproxima dela sem fazer barulho e diz:
— Tudo bem, mamãe?
Os olhos de Luíza se abrem rapidamente e ela leva a mão ao peito.
— Ai, que susto, filho! — Ela se agacha para ficar com o rosto perto do dele. — Cadê o papai?
— Não sei.
— Vamos procurar o papai com a mamãe? — ela sugere se levantando.
— Vamos — responde o garoto ainda sentindo que Luíza não está tranquila. Ela pega na mão dele e os dois saem atrás de Daniel. Minutos depois, encontram o empresário deitado no chão na beira da piscina.
— Papai! — grita Nícolas correndo na direção dele. Daniel se assusta e olha na direção do garoto, que se aproxima.
— Oi, filhão — diz tentando parecer animado. Luíza, que caminhava atrás de Nícolas, se junta aos dois.
— Até que enfim a gente te encontrou, pensei que você tivesse saído sem avisar.
Nos braços do pai, Nícolas, diz:
— A gente andou pela casa toda.
— Vocês andaram então, hein? — Os dois riem e Luíza se esforça para gargalhar junto com eles. Ao fitar o rosto dela e constatar que os olhos não estão rindo como a boca, Daniel pergunta:
— Algum motivo especial pra vocês estarem me procurando?
Antes de responder, ela lança um olhar nada discreto na direção do filho, que está de costas para ela, e diz:
— Não.
Daniel, entendendo o sinal, assente e levanta com Nícolas no colo.
— Que garoto pesado — diz rindo para o filho. A criança boceja. — Tá com sono?
— Um pouco — responde Nícolas apoiando a cabecinha no ombro do pai.
— Vou te levar para o quarto — diz Daniel passando por Luíza. Ao ficar sozinha na cobertura, Luíza anda até uma espreguiçadeira e se senta. Mesmo contra a sua vontade, a lembrança do sequestro que passou invade sua mente.
O sorriso perverso de Marisa, madrasta de Daniel, surge ao ver a cara de espanto de Luíza. Ela diz:
— Como vai, norinha?
— Ela é mãe do Daniel? — pergunta Larissa com surpresa. Lançando um breve olhar para ela, Luíza responde:
— Madrasta. — Ela volta a olhar para Marisa. — Então quer dizer que foi você o tempo todo? — Levanta sem desviar o olhar de Marisa. — Foi você quem mandou me atropelar e me perseguirem, não foi?
— Madrasta. — Ela volta a olhar para Marisa. — Então quer dizer que foi você o tempo todo? — Levanta sem desviar o olhar de Marisa. — Foi você quem mandou me atropelar e me perseguirem, não foi?
Marisa ri.
— Quem comandou essas brincadeirinhas foi a Míriam.
Larissa continua sem entender nada, querendo saber o motivo de tudo isso. Mel observa Marisa, querendo avançar sobre ela. Luíza diz:
— Tinha que ser. Agora, por quê? Hein?
— Você já está querendo saber de mais, queridinha.
— Acho que eu tenho o direito de saber, afinal estou presa aqui por sua culpa.
—Minha, não. Por causa do seu namorado.
— O que o Daniel tem a ver com isso?
— Pergunta pra ele quando você sair daqui, se você sair viva.
Luíza sente um calafrio se espalhar por seu corpo. Larissa busca a mão de Mel e elas se olham, assustadas.
— Você só pode estar brincando — diz tentando esconder a perplexidade da voz. Marisa responde com frieza:
— Eu não vou polpar esforços para conseguir o que quero.
— Se você me matar, o Daniel nunca vai se aproximar de você. Assim você não vai conseguir o dinheiro dele. Vai pagar pra ver?
— Você está muito abusada para o meu gosto. — Marina olha para o cara ao seu lado e ordena: — Faz aquilo que a gente combinou.
Rapidamente, o homem pega Luíza pelo braço e a tira do quarto, contra vontade dela. Lutando para se soltar, ela é arrastada para perto da parede oposta a porta do quarto e é jogada no chão.
— O que vocês vão fazer comigo? — pergunta entrando em estado de pânico.
— Te ensinar a ficar quietinha — responde o homem pegando um canivete no bolso. Luíza puxa as pernas para perto de tronco, se tornando uma bola de medo. O homem se aproxima dela, dando passos pesados e puxa uma de suas mãos. Com a mão livre, ela tenta socar o rosto dele, mas não consegue. O outro capanga se junta a eles e segura no outro braço de Luíza. O que está com o canivete sorri malignamente e aproxima o metal da pele de Luíza, que respira ofegante. Com rapidez, ele perfura a pele dela. Um grito escapa da boca de Luíza, que se contorce tentando se soltar enquanto sente o braço arder. O homem passa o canivete mais uma vez por sua pele, gerando mais uma onde de dor lancinante na jovem. Mais um grito sai de sua boca e lágrimas escorrem por seu rosto assim como sangue de seu braço. Suas pernas se debatem no chão quando o canivete entra em contato com sua pele pela terceira vez.
Luíza sacode a cabeça, jogando a lembrança para o fundo de sua mente, onde esteve guardada por todos esses anos. Ela se levanta, sentindo uma tontura repentina, e caminha para dentro do apartamento. Quando está chegando na sala, encontra com Daniel, que desce as escadas.
— O Nícolas dormiu — ele conta no último degrau. Ao visualizar o rosto pálido de Luíza, pergunta: — O que aconteceu?
Ela se joga no sofá e esconde o rosto nas mãos.
— Eu estava me lembrando do sequestro.
Daniel senta ao lado dela e afaga seu joelho.
— Pra que reviver isso? Acabou.
Olhando para o chão, Luíza conta:
— Seu pai esteve aqui agora pouco.
— Como é?
Ela abaixa as mãos e encara os olhos castanhos esverdeados de Daniel.
— O porteiro avisou que tinha o senhor pedindo permissão para subir. Um senhor chamado Augusto.
Daniel continua fitando Luíza inexpressivelmente. Ela, já acostumada com o jeito do marido, deita a cabeça no apoio do sofá e fecha os olhos. Minutos depois, Daniel levanta abruptamente, assustando-a.
— Eu vou ligar para o César.
César, agora um senhor, é o homem de confiança de Daniel.
— O que você vai fazer? — pergunta Luíza se arrastando para a beirada do sofá.
— Vou pedir para ele averiguar melhor o retorno do Augusto para o Brasil.
— Apenas isso? — ela pergunta desconfiada.
— Por enquanto sim.
Poucas horas depois do nascer do Sol, o despertador de Marina começa a tocar. Ela desliga e puxa o cobertor para cima de sua cabeça. Após alguns minutos, Arthur entra no cômodo e acende a luz.
— Ai, pai — ela reclama. — Me deixa dormir.
— Esqueceu que tem escola? — pergunta ele andando até a cama.
— Não, mas não vou hoje.
Arthur se senta na lateral da cama.
— E desde quando a senhorita ficou dona do próprio nariz?
— Desde sempre.
— Acho que você ainda está sonhando. — Ele puxa o cobertor, exibindo o rosto inchado de sono da filha. — Vai, levanta.
— Pai! — ela choraminga.
— Levanta, Marina. — Antes de levantar, ele bagunça ainda mais o cabelo dela e sai do quarto. Emburrada, a adolescente levanta e se arrasta para o banheiro. Depois de fazer suas higienes matinais, ela entra na porta ao lado do banheiro. Em seu closet, coloca o uniforme do colégio, uma calça jeans e um mocassim preto. Ao ouvir o som da sua porta abrindo, grita:
— Já levantei, pai!
— Percebi isso — responde Lua. Marina deixa o closet terminando de pentear o cabelo e fala:
— Oi, mãe. — Percebe o sorriso radiante no rosto da loira. — O que aconteceu?
— Eu recebi um convite ma-ra-vi-lho-so.
— Que convite?
Lua pega nas mãos da filha.
— Eu fui convidada para uma entrevista no Mais Você!
Marina não reage como ela esperava e pergunta:
— O que é isso?
— Como assim?
— Isso, Mais Você.
Lua sorri ao entender a confusão da filha.
— Mais Você é um programa de televisão apresentado pela Ana Maria Braga. Vai ser a minha primeira aparição pública oficial desde que eu voltei para o Brasil!
Marina, finalmente, reage da maneira prevista por Lua.
— Ai, mãe, que ótimo! — vibra abraçando a loira.
Depois de utilizar a função soneca do despertador três vezes, Yasmin decide levantar. Ela se senta no meio da cama e refaz o coque que se soltou durante a noite. Quando se prepara para jogar o cobertor para o lado e colocar os pés no chão, a porta do quarto se abre e Victor entra carregando uma bandeja de madeira.
— O que é isso? — ela pergunta espantada. O loiro sorri e fecha a porta com o pé.
— Surpresa pra você.
Victor caminha até a cama enquanto Yasmin permanece atônita.
— Você fez isso pra mim? — ela indaga depois de um tempo.
— Sim — ele responde com o sorriso desaparecendo do rosto. — Você não gostou?
Yasmin sorri imediatamente.
— É claro que eu gostei, é que... você? Eu não esperava.
— Eu sou fofo às vezes, se acostume.
O sorriso dela aumenta ainda mais e ela pula da cama.
— Já volto!
Victor apoia a bandeja na cama e olha as horas no celular dela. Minutos depois, Yasmin sai do banheiro e se joga nos braços dele.
— Muito obrigada — agradece sorrindo. Sua boca se une a dele com carinho. Após o beijo, Victor pergunta acariciando o rosto dela:
— Você acordou mais animada hoje, estou certo?
— Sim! — ela senta ao lado dele e pega um morango na bandeja. — Eu sonhei com o meu avô.
Victor se endireita na cama.
— É? E o que acontecia no sonho?
— A gente conversava. Ele me disse para lembrar da carta que ele deixou para nós... Ele me disse que não queria me ver mais chorar e que era para eu ficar do lado da minha mãe e da minha avó.
Victor assente.
— Legal.
Yasmin dá um leve sorriso e mastiga o morango.
— Eu sei que você não acredita no que eu vou dizer, mas eu acho que esse sonho foi uma mensagem, sabe? Acho que o meu avô queria dizer isso pra mim.
Ele toma um gole do suco de laranja que trouxe para ela e diz:
— Você tem razão, eu não acredito nisso, acho que foram só as áreas do seu cérebro trabalhando sem nenhuma gerência.
— Hã?
— É que o sonho nada mais é do que sua mente trabalhando sem nenhum comando, pois o córtex pré-frontal, que é quem comanda tudo quando a gente está acordado, desliga durante o sono. Por isso...
— Eu não quero saber a explicação científica do sonho — corta Yasmin. — Nada disso que você falou mudou a minha opinião de que o meu avô, de algum modo, entrou em contato comigo.
Um sorriso acolhedor surge no rosto de Victor.
— Eu não quero mudar a sua opinião, fico até feliz por você pensar assim, pois isso te deixa mais melhor.
Yasmin faz uma careta de dor.
— Essa atingiu o meu coração. — Ao ver a confusão nos olhos do loiro, explica: — Mais melhor não existe.
— Ah, desculpa.
— Tudo bem. Ainda bem que você disse isso aqui comigo, imagina se você fala "Mais melhor" na rua? Iam achar que você é analfabeto — ela ri, mas Victor permanece sério. — Eu não tô estou zoando com a sua cara, tá? — emenda abraçando-o.
— Eu sei. — Ele dá um beijo no queixo dela. — Agora toma logo o seu café se não a gente vai chegar atrasado no colégio. Ainda tenho que passar em casa.
Saindo do banheiro de Felipe, Isabela penteia o cabelo com os dedos. Sorri ao ver o namorado acordando em sua cama.
— Bom dia!
— Bom dia — ele responde com sonolência. — Estou muito atrasado?
— Só um pouco. — Isabela calça suas sapatilhas. — Eu estou indo para casa.
— Não vai tomar café da manhã aqui?
— Não dá, eu tenho que tomar banho e trocar de roupa. Vou ter que comer no carro pra chegar no horário.
— Então tá, te vejo no colégio.
Ela nota os olhos inchados e vermelhos dele, mas prefere não comentar nada.
— Até daqui a pouco — diz dando um beijo no canto da boca dele e sai do quarto. Felipe joga o cobertor para o lado, desliga o ar-condicionado e vai para o banheiro.
Os minutos se passam e os ponteiros se aproximam das 7 horas da manhã. Reunida com suas amigas, Graziele conversa sobre a festa de Maísa, marcada para o próximo final de semana. Ela vê Thiago conversar com Samuel e Alexandre na porta da sala e se afasta de suas colegas, caminhando até eles.
— Oi — cumprimenta ao se aproximar.
— Oi — eles respondem em um uníssono.
— Thiago, vem cá um pouquinho?
— Tá bom.
O casal anda até a escada e se sentam nos degraus.
— Eu queria te fazer um convite — começa Graziele.
— Que convite?
— É que hoje um primo do meu pai vai chegar de Londres e vai rolar um jantar na casa da minha avó. Queria saber se você quer ir comigo.
— Opa, claro.
— Só que tem uma coisinha.
— Que coisinha?
— É traje de gala.
O queixo de Thiago cai.
— Traje a rigor para um simples jantar de família?
— É — ela revira os olhos. — É que esse primo está fora desde que eu não era nascida e agora que está voltando a exigência é que nesse jantar esteja toda a família e que todos usem traje a rigor.
— Eu não tenho roupa pra ir.
— Larga de ser mentiroso! — pede Graziele dando um tapa no braço dele. — Vamos comigo, Thiago, por favor.
— Traje a rigor, Graziele — ele choraminga.
— Olha aqui, Thiago Bergmann, eu já me meti em casa festinha por sua causa sem reclamar.
— Mas...
— Mas nada! A festa da minha família não vai ter drogado, nem traficante de luxo, nem nada disso. É pedir demais que você me acompanhe?
— Tudo bem, você me convenceu. Eu vou. — Ao ver o sorriso de Graziele, o coração dele se agita. — Que horas a gente vai?
— O jantar começa às oito, a gente chega às nove.
— Não que eu me importe, mas a gente não vai estar atrasado?
— Não, o jantar mesmo deve começar umas nove e meia, a gente não vai perder nada. A não ser que você queira ouvir as conversas chatas do povo da família do meu pai.
— Eu nem quero ir! — ele gargalha.
— Ai, Thiago, quer saber de uma coisa? Não quer ir, não vai.
Ela levanta, mas Thiago a puxa e ela cai novamente nos degraus.
— Eu vou, ok? Por você.
Ele dá um beijo no canto da boca dela.
Juntos, os irmãos Abrahão Borges chegam ao colégio. Eles sobem diretamente para o primeiro andar, ignorando os olhares curiosos de alguns alunos.
— Todo mundo daqui já está sabendo? — ele pergunta caminhando até a sala.
— Sim.
Felipe revira os olhos.
— Merda.
Eles entram na sala e vão para os seus respectivos lugares. Quase que imediatamente, Vinícius e Isabela também entram na sala.
— Bom dia — diz Isabela dando um selinho no namorado. — Tudo bem?
— Na medida do possível.
Isabela sorri acariciando o rosto dele e olha para o fundo da sala, onde Yasmin conversa com Malu.
— Vou ali falar com a Yas. Já volto.
— Tá.
Isabela anda delicadamente até a melhor amiga.
— Olá.
— Oi — responde Yasmin dando um leve sorriso.
— Oi — Malu fala olhando para a porta, vendo Mayara entrar.
— Como você está? — Isabela pergunta para Yasmin.
— Bem.
— Ontem eu encontrei com o Victor na cozinha da sua casa... Ele dormiu lá?
— Aham.
— Vocês voltaram?
Yasmin sorri.
— Não, a nossa amizade continua colorida.
— É uma questão de tempo pra esses dois se pegarem sério de novo — opina Malu. — Fui. — Ela caminha até a carteira de Mayara. Isabela diz:
— Você está mais alegre hoje ou é impressão minha?
— Eu estou melhor. — Ela conta sobre o sonho.
— Nossa, que legal, Yas — fala Isabela depois que a amiga termina. — Eu acredito nisso.
— Eu também, ainda mais que...
A frase dela é cortada quando seus olhos encontram uma cena desagradável na parte da frente da sala. Felipe e Jonas se encaram e conversam baixinho com olhares furiosos. Isabela olha na mesma direção da amiga e diz:
— Isso não pode estar acontecendo.
— Quem comandou essas brincadeirinhas foi a Míriam.
Larissa continua sem entender nada, querendo saber o motivo de tudo isso. Mel observa Marisa, querendo avançar sobre ela. Luíza diz:
— Tinha que ser. Agora, por quê? Hein?
— Você já está querendo saber de mais, queridinha.
— Acho que eu tenho o direito de saber, afinal estou presa aqui por sua culpa.
—Minha, não. Por causa do seu namorado.
— O que o Daniel tem a ver com isso?
— Pergunta pra ele quando você sair daqui, se você sair viva.
Luíza sente um calafrio se espalhar por seu corpo. Larissa busca a mão de Mel e elas se olham, assustadas.
— Você só pode estar brincando — diz tentando esconder a perplexidade da voz. Marisa responde com frieza:
— Eu não vou polpar esforços para conseguir o que quero.
— Se você me matar, o Daniel nunca vai se aproximar de você. Assim você não vai conseguir o dinheiro dele. Vai pagar pra ver?
— Você está muito abusada para o meu gosto. — Marina olha para o cara ao seu lado e ordena: — Faz aquilo que a gente combinou.
Rapidamente, o homem pega Luíza pelo braço e a tira do quarto, contra vontade dela. Lutando para se soltar, ela é arrastada para perto da parede oposta a porta do quarto e é jogada no chão.
— O que vocês vão fazer comigo? — pergunta entrando em estado de pânico.
— Te ensinar a ficar quietinha — responde o homem pegando um canivete no bolso. Luíza puxa as pernas para perto de tronco, se tornando uma bola de medo. O homem se aproxima dela, dando passos pesados e puxa uma de suas mãos. Com a mão livre, ela tenta socar o rosto dele, mas não consegue. O outro capanga se junta a eles e segura no outro braço de Luíza. O que está com o canivete sorri malignamente e aproxima o metal da pele de Luíza, que respira ofegante. Com rapidez, ele perfura a pele dela. Um grito escapa da boca de Luíza, que se contorce tentando se soltar enquanto sente o braço arder. O homem passa o canivete mais uma vez por sua pele, gerando mais uma onde de dor lancinante na jovem. Mais um grito sai de sua boca e lágrimas escorrem por seu rosto assim como sangue de seu braço. Suas pernas se debatem no chão quando o canivete entra em contato com sua pele pela terceira vez.
Luíza sacode a cabeça, jogando a lembrança para o fundo de sua mente, onde esteve guardada por todos esses anos. Ela se levanta, sentindo uma tontura repentina, e caminha para dentro do apartamento. Quando está chegando na sala, encontra com Daniel, que desce as escadas.
— O Nícolas dormiu — ele conta no último degrau. Ao visualizar o rosto pálido de Luíza, pergunta: — O que aconteceu?
Ela se joga no sofá e esconde o rosto nas mãos.
— Eu estava me lembrando do sequestro.
Daniel senta ao lado dela e afaga seu joelho.
— Pra que reviver isso? Acabou.
Olhando para o chão, Luíza conta:
— Seu pai esteve aqui agora pouco.
— Como é?
Ela abaixa as mãos e encara os olhos castanhos esverdeados de Daniel.
— O porteiro avisou que tinha o senhor pedindo permissão para subir. Um senhor chamado Augusto.
Daniel continua fitando Luíza inexpressivelmente. Ela, já acostumada com o jeito do marido, deita a cabeça no apoio do sofá e fecha os olhos. Minutos depois, Daniel levanta abruptamente, assustando-a.
— Eu vou ligar para o César.
César, agora um senhor, é o homem de confiança de Daniel.
— O que você vai fazer? — pergunta Luíza se arrastando para a beirada do sofá.
— Vou pedir para ele averiguar melhor o retorno do Augusto para o Brasil.
— Apenas isso? — ela pergunta desconfiada.
— Por enquanto sim.
Poucas horas depois do nascer do Sol, o despertador de Marina começa a tocar. Ela desliga e puxa o cobertor para cima de sua cabeça. Após alguns minutos, Arthur entra no cômodo e acende a luz.
— Ai, pai — ela reclama. — Me deixa dormir.
— Esqueceu que tem escola? — pergunta ele andando até a cama.
— Não, mas não vou hoje.
Arthur se senta na lateral da cama.
— E desde quando a senhorita ficou dona do próprio nariz?
— Desde sempre.
— Acho que você ainda está sonhando. — Ele puxa o cobertor, exibindo o rosto inchado de sono da filha. — Vai, levanta.
— Pai! — ela choraminga.
— Levanta, Marina. — Antes de levantar, ele bagunça ainda mais o cabelo dela e sai do quarto. Emburrada, a adolescente levanta e se arrasta para o banheiro. Depois de fazer suas higienes matinais, ela entra na porta ao lado do banheiro. Em seu closet, coloca o uniforme do colégio, uma calça jeans e um mocassim preto. Ao ouvir o som da sua porta abrindo, grita:
— Já levantei, pai!
— Percebi isso — responde Lua. Marina deixa o closet terminando de pentear o cabelo e fala:
— Oi, mãe. — Percebe o sorriso radiante no rosto da loira. — O que aconteceu?
— Eu recebi um convite ma-ra-vi-lho-so.
— Que convite?
Lua pega nas mãos da filha.
— Eu fui convidada para uma entrevista no Mais Você!
Marina não reage como ela esperava e pergunta:
— O que é isso?
— Como assim?
— Isso, Mais Você.
Lua sorri ao entender a confusão da filha.
— Mais Você é um programa de televisão apresentado pela Ana Maria Braga. Vai ser a minha primeira aparição pública oficial desde que eu voltei para o Brasil!
Marina, finalmente, reage da maneira prevista por Lua.
— Ai, mãe, que ótimo! — vibra abraçando a loira.
Depois de utilizar a função soneca do despertador três vezes, Yasmin decide levantar. Ela se senta no meio da cama e refaz o coque que se soltou durante a noite. Quando se prepara para jogar o cobertor para o lado e colocar os pés no chão, a porta do quarto se abre e Victor entra carregando uma bandeja de madeira.
— O que é isso? — ela pergunta espantada. O loiro sorri e fecha a porta com o pé.
— Surpresa pra você.
Victor caminha até a cama enquanto Yasmin permanece atônita.
— Você fez isso pra mim? — ela indaga depois de um tempo.
— Sim — ele responde com o sorriso desaparecendo do rosto. — Você não gostou?
Yasmin sorri imediatamente.
— É claro que eu gostei, é que... você? Eu não esperava.
— Eu sou fofo às vezes, se acostume.
O sorriso dela aumenta ainda mais e ela pula da cama.
— Já volto!
Victor apoia a bandeja na cama e olha as horas no celular dela. Minutos depois, Yasmin sai do banheiro e se joga nos braços dele.
— Muito obrigada — agradece sorrindo. Sua boca se une a dele com carinho. Após o beijo, Victor pergunta acariciando o rosto dela:
— Você acordou mais animada hoje, estou certo?
— Sim! — ela senta ao lado dele e pega um morango na bandeja. — Eu sonhei com o meu avô.
Victor se endireita na cama.
— É? E o que acontecia no sonho?
— A gente conversava. Ele me disse para lembrar da carta que ele deixou para nós... Ele me disse que não queria me ver mais chorar e que era para eu ficar do lado da minha mãe e da minha avó.
Victor assente.
— Legal.
Yasmin dá um leve sorriso e mastiga o morango.
— Eu sei que você não acredita no que eu vou dizer, mas eu acho que esse sonho foi uma mensagem, sabe? Acho que o meu avô queria dizer isso pra mim.
Ele toma um gole do suco de laranja que trouxe para ela e diz:
— Você tem razão, eu não acredito nisso, acho que foram só as áreas do seu cérebro trabalhando sem nenhuma gerência.
— Hã?
— É que o sonho nada mais é do que sua mente trabalhando sem nenhum comando, pois o córtex pré-frontal, que é quem comanda tudo quando a gente está acordado, desliga durante o sono. Por isso...
— Eu não quero saber a explicação científica do sonho — corta Yasmin. — Nada disso que você falou mudou a minha opinião de que o meu avô, de algum modo, entrou em contato comigo.
Um sorriso acolhedor surge no rosto de Victor.
— Eu não quero mudar a sua opinião, fico até feliz por você pensar assim, pois isso te deixa mais melhor.
Yasmin faz uma careta de dor.
— Essa atingiu o meu coração. — Ao ver a confusão nos olhos do loiro, explica: — Mais melhor não existe.
— Ah, desculpa.
— Tudo bem. Ainda bem que você disse isso aqui comigo, imagina se você fala "Mais melhor" na rua? Iam achar que você é analfabeto — ela ri, mas Victor permanece sério. — Eu não tô estou zoando com a sua cara, tá? — emenda abraçando-o.
— Eu sei. — Ele dá um beijo no queixo dela. — Agora toma logo o seu café se não a gente vai chegar atrasado no colégio. Ainda tenho que passar em casa.
Saindo do banheiro de Felipe, Isabela penteia o cabelo com os dedos. Sorri ao ver o namorado acordando em sua cama.
— Bom dia!
— Bom dia — ele responde com sonolência. — Estou muito atrasado?
— Só um pouco. — Isabela calça suas sapatilhas. — Eu estou indo para casa.
— Não vai tomar café da manhã aqui?
— Não dá, eu tenho que tomar banho e trocar de roupa. Vou ter que comer no carro pra chegar no horário.
— Então tá, te vejo no colégio.
Ela nota os olhos inchados e vermelhos dele, mas prefere não comentar nada.
— Até daqui a pouco — diz dando um beijo no canto da boca dele e sai do quarto. Felipe joga o cobertor para o lado, desliga o ar-condicionado e vai para o banheiro.
Os minutos se passam e os ponteiros se aproximam das 7 horas da manhã. Reunida com suas amigas, Graziele conversa sobre a festa de Maísa, marcada para o próximo final de semana. Ela vê Thiago conversar com Samuel e Alexandre na porta da sala e se afasta de suas colegas, caminhando até eles.
— Oi — cumprimenta ao se aproximar.
— Oi — eles respondem em um uníssono.
— Thiago, vem cá um pouquinho?
— Tá bom.
O casal anda até a escada e se sentam nos degraus.
— Eu queria te fazer um convite — começa Graziele.
— Que convite?
— É que hoje um primo do meu pai vai chegar de Londres e vai rolar um jantar na casa da minha avó. Queria saber se você quer ir comigo.
— Opa, claro.
— Só que tem uma coisinha.
— Que coisinha?
— É traje de gala.
O queixo de Thiago cai.
— Traje a rigor para um simples jantar de família?
— É — ela revira os olhos. — É que esse primo está fora desde que eu não era nascida e agora que está voltando a exigência é que nesse jantar esteja toda a família e que todos usem traje a rigor.
— Eu não tenho roupa pra ir.
— Larga de ser mentiroso! — pede Graziele dando um tapa no braço dele. — Vamos comigo, Thiago, por favor.
— Traje a rigor, Graziele — ele choraminga.
— Olha aqui, Thiago Bergmann, eu já me meti em casa festinha por sua causa sem reclamar.
— Mas...
— Mas nada! A festa da minha família não vai ter drogado, nem traficante de luxo, nem nada disso. É pedir demais que você me acompanhe?
— Tudo bem, você me convenceu. Eu vou. — Ao ver o sorriso de Graziele, o coração dele se agita. — Que horas a gente vai?
— O jantar começa às oito, a gente chega às nove.
— Não que eu me importe, mas a gente não vai estar atrasado?
— Não, o jantar mesmo deve começar umas nove e meia, a gente não vai perder nada. A não ser que você queira ouvir as conversas chatas do povo da família do meu pai.
— Eu nem quero ir! — ele gargalha.
— Ai, Thiago, quer saber de uma coisa? Não quer ir, não vai.
Ela levanta, mas Thiago a puxa e ela cai novamente nos degraus.
— Eu vou, ok? Por você.
Ele dá um beijo no canto da boca dela.
Juntos, os irmãos Abrahão Borges chegam ao colégio. Eles sobem diretamente para o primeiro andar, ignorando os olhares curiosos de alguns alunos.
— Todo mundo daqui já está sabendo? — ele pergunta caminhando até a sala.
— Sim.
Felipe revira os olhos.
— Merda.
Eles entram na sala e vão para os seus respectivos lugares. Quase que imediatamente, Vinícius e Isabela também entram na sala.
— Bom dia — diz Isabela dando um selinho no namorado. — Tudo bem?
— Na medida do possível.
Isabela sorri acariciando o rosto dele e olha para o fundo da sala, onde Yasmin conversa com Malu.
— Vou ali falar com a Yas. Já volto.
— Tá.
Isabela anda delicadamente até a melhor amiga.
— Olá.
— Oi — responde Yasmin dando um leve sorriso.
— Oi — Malu fala olhando para a porta, vendo Mayara entrar.
— Como você está? — Isabela pergunta para Yasmin.
— Bem.
— Ontem eu encontrei com o Victor na cozinha da sua casa... Ele dormiu lá?
— Aham.
— Vocês voltaram?
Yasmin sorri.
— Não, a nossa amizade continua colorida.
— É uma questão de tempo pra esses dois se pegarem sério de novo — opina Malu. — Fui. — Ela caminha até a carteira de Mayara. Isabela diz:
— Você está mais alegre hoje ou é impressão minha?
— Eu estou melhor. — Ela conta sobre o sonho.
— Nossa, que legal, Yas — fala Isabela depois que a amiga termina. — Eu acredito nisso.
— Eu também, ainda mais que...
A frase dela é cortada quando seus olhos encontram uma cena desagradável na parte da frente da sala. Felipe e Jonas se encaram e conversam baixinho com olhares furiosos. Isabela olha na mesma direção da amiga e diz:
— Isso não pode estar acontecendo.
Posta mais! Esta muito perfeito
ResponderExcluirContinuaaaaaaaa perfeito como sempreee!
ResponderExcluirPosta mais adoro o imagine
ResponderExcluirAh meu deus! Continua logo, por favor, esse imagine perfeito! Sério, está muito bom. E estou louca para saber oque irá acontecer entre o Jonas e o Felipe.
ResponderExcluirContinua, ta muito bom. / Manu
ResponderExcluirContiinuaaa amo muito esse imagine !
ResponderExcluir