Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 126: Luíza e Daniel têm surpresa desagradável


Victor sorri levemente, dizendo:
   — Daqui a algumas horas vocês vão estar se falando. Garotas são sempre assim. 
   — Você entende de garotas, né? — ironiza Marina rindo.
   — Conheço muito, ok? Tenho pouco idade, mas muita experiência. — Os irmãos e Vinícius riem, mas Yasmin vira o rosto para o outro lado, fitando a rua movimentada por carros luxuosos. Vinícius abraça Marina e dá um beijo na nuca dela, ela sorri e vira o rosto na direção do dele. Os dois trocam um olhar carinhoso e começam a se beijar com delicadeza, de maneira tranquila, relaxada, como se estivessem a sós. Não querendo ficar de vela, Victor puxa Yasmin e a abraça por trás. 
   — O que foi, hein? — pergunta cheirando o cabelo dela.
   — Nada. 
   — Eu te conheço.
   — É só o lance do meu avô.
Victor segura nos braços de Yasmin com firmeza, obrigando-a a encará-lo. 
   — Não é só o lance do seu avô. 
A loirinha suspira e apoia a cabeça no peito dele, querendo que ele a abrace com força para que o calor que se espalhará por sua pele a faça esquecer dos problemas e aqueça o seu coração melancólico. De olhos fechados, responde:
   — A última coisa que eu queria ouvir agora era a sua longa ficha de galinha. 
Victor sorri com suavidade e abaixa a cabeça, encaixando seu rosto no pescoço dela.
   — Desculpa. 
Yasmin estica os braços, envolvendo os ombros dele com força. 
   — Vá pra casa junto comigo? — pede. — Eu mais carro mais silêncio igual a choro. Eu não quero que essa equação seja efetuada. 
   — Tudo bem. Eu vou. — Ele segura o queixo dela com os dedos e beija os seus lábios lentamente. 

As horas se passam e o fim de tarde se aproxima. Chay e Mel passaram a tarde envolvidos com seus trabalhos. Ela ralando bastante para repor a ausência de Sophia. Victor e Vinícius foram para a academia. Com o nervosismo alojado em seu estômago, Isabela caminha até a mansão de Sophia e Micael. A empregada abre a porta e ela entra, encontrando todo o interior do casarão com as luzes apagadas. 
   — Cadê todo mundo? — pergunta.
   — Estão em seus quartos — responde Sandra.
   — Eles estão bem? — indaga a morena com preocupação. 
   — Sim. Logo que chegaram do enterro foram para os quartos e não saíram mais de lá, até o almoço foi levado pra lá. 
Isabela assente e dá um leve sorriso.
   — Eu vou subir. — Ela caminha até a escada e sobe com rapidez, tentando demonstrar tranquilidade para a empregada. Assim que pisa no primeiro andar, praticamente corre em direção ao quarto de Felipe. Após bater na porta e não receber nenhuma resposta, ela gira a maçaneta e entra. 
   Felipe está deitado de bruços em sua cama ainda vestido com o terno preto que usou no enterro de seu avô, dormindo com suavidade. Isabela caminha até ele e se senta ao seu lado. Nervosa e culpada por não ter contado para ele sobre Jonas, ela fecha os olhos e respira fundo, sentindo o cheiro do perfume amadeirado dele. 
   Como se estivesse sentido a presença dela, Felipe me move, virando de lado. Isabela abre os olhos e passa a mão pelo rosto dele. Ela se inclina e diz no ouvido do namorado:
   — Eu estou aqui. — Deita suavemente ao lado dele e em uma fração de segundos, Felipe a puxa para perto, colando os seus corpos. Como a luz do quarto está apagada e as cortinas entreabertas, o máximo que Isabela consegue enxergar é a penumbra do rosto dele. Vê quando a cabeça dele se encaixa em seu pescoço, sentindo lágrimas molharem a sua pele.
   — Ei, o que houve? — ela pergunta levando à mão ao cabelo dele. Felipe continua chorando e abraça Isabela com ainda mais força, machucando um pouco a cintura dela, que mesmo se sentindo incomodada não diz nada. — Felipe, o que aconteceu?
   — Acho que a ficha caiu totalmente.
   — Hã?
   — Ver o caixão, imaginar que o meu avô está ali... — Ele se engasga com as lágrimas. O coração de Isabela fica ainda mais apertado.
   — Não fica assim, por favor. 
   — Eu não consigo. — Felipe continua chorando compulsivamente de maneira que Isabela nunca tinha visto. Depois de alguns minutos ele a solta de maneira abrupta e se vira para o outro lado.
   — O que foi? — ela pergunta se aproximando dele novamente. 
   — Não queria que você me visse nesse estado.
   — Felipe? — Ela abraça os ombros dele. — Sou eu, Isabela, lembra? Sua namorada.
Ele continua em silêncio, chorando mais controladamente agora.
   — Você já me viu em situações piores do que essa e ficou do meu lado em todo momento — diz ela. Agora que você está precisando, deixa eu ficar com você.
Após alguns instantes, ele diz:
   — Tudo bem. 
Isabela dá um beijo na nuca dele e em seguida levanta da cama. Ela acende a luz do quarto e Felipe esconde a cabeça, imediatamente, sob o travesseiro.
   — Você precisa trocar de roupa, tomar um banho. — Isabela caminha até a cama e segura no braço dele. — Vem. 
   — Não quero.
   — Felipe, vem! — Ela chama puxando o braço dele.
   — Isabela, por favor...
   — Não, Felipe! — ela interrompe. — O Renato não gostaria de te ver assim. Vem logo!
   — Isabela, me deixa!
Ela solta o braço dele e respira fundo. 
   — Não adianta ser grosso comigo, ok? Eu não vou largar do seu pé até você tomar banho.
   — E depois?
   — Ainda estou pensando nisso.
Felipe revira os olhos e tira o travesseiro da cabeça.
   — Tá.
Isabela o puxa para fora da cama e tira o paletó de seu corpo. 
   — Fica o tempo que quiser debaixo do chuveiro, tá? Isso vai te fazer bem. 
Felipe revira os olhos, dessa vez para Isabela ver, e caminha em direção ao banheiro. Ela segura em seu braço obrigando-o a se voltar para ela.
   — O que foi agora? — ele pergunta.
   — Te amo. — Isabela fica na ponta dos pés e dá um selinho nele. — Agora pode tomar seu banho.
Felipe caminha mecanicamente para o banheiro. 

Vestida com um roupão branco, Yasmin sai de seu banheiro e se espanta ao encontrar Maria Luíza sentada em sua cama.
   — Malu?
A morena abre um - raro - sorriso carinhoso e levanta.
   — Vim saber como você está.
Yasmin sorri, ainda mais surpresa e responde:
   — Obrigada, amiga. — Ela caminha para o seu closet. — Vou só colocar uma roupa.
   — Ok, sem problemas. — Malu se senta novamente enquanto Yasmin se tranca no closet. Minutos depois, sai usando calça moletom e uma regata cavada preta. 
   — Pela primeira vez não te vejo com uma roupa fashion — brinca Maria Luíza. Yasmin dá um leve sorriso e se joga em sua cama.
   — Nada mais confortável do que moletom e blusa do namorado. 
   — É o Victor? 
   — Sim.
   — Então vocês voltaram mesmo?
   — Não, somos apenas amigos coloridos.
   — Já vi esse filme antes.
Elas sorriem.
   — E aí, como está?
   — Melhorando.
Malu pega nas mãos de Yasmin.
   — Eu sei que nós nos afastamos um pouco, mas eu sempre serei sua amiga, tá bom?
   — Obrigada.
A loirinha abraça Malu e expira enquanto fecha os olhos. Duas batidinhas na porta fazem as suas pularem.
   — Pode abrir — autoriza Yasmin. A porta é aberta e Victor entra. 
   — Ah, oi, Malu — ele cumprimenta surpreso. — Não sabia que você ia estar aqui. Eu volto depois.
   Não! — exclama a morena levantando. — Fica, a Yas precisa mais de você do que de mim. 
   — Não, de verdade, eu não quero... — ele busca a palavra — atrapalhar. 
   — Não precisa fingir ser gentil, eu te conheço. — Malu afaga o ombro de Yasmin e caminha até a porta. — Tchau!
Victor fecha a porta, sorrindo com suavidade, e vai até a cama de Yasmin.
   — Como você está? 
A jovem joga a cabeça para trás.
   — Não! Tudo menos essa pergunta.
   — Ok, sorry. 
   — Você falando inglês é tão fofo. Agora entendo o porquê de você ser cobiçado na sua antiga escola. 
   — Eu não era cobiçado somente na minha antiga escola, nessa também. 
Yasmin o puxa para perto, ficando a pouquíssimos centímetros da boca dele.
   — Mas nessa escola você tem alguém para ser fiel. 
   — Alguém maravilhoso. — Victor beija Yasmin com suavidade. — As luzes de toda a casa estão apagadas, está tudo bem?
   — Sim, está. Só precisamos de um pouco de escuridão pra depois encontrar a luz.
   — Essa foi profunda.
   — Profunda e sincera. — Ela levanta. — Vou pegar um copo d'água.
   — Deixa que eu pego pra você. Fica aí. 
Yasmin sorri e se senta novamente.
   — Tá bom.
Victor deixa o quarto e desce as escadas rapidamente. Na cozinha, enxerga o pequenino corpo de Isabela encostado em um balcão.
   — Não esperava te encontrar aqui. 
   — Muito menos eu — rebate a adolescente. — Estou fazendo um sanduíche para o Felipe.
   — Desde quando você saber fazer alguma coisa na cozinha?
   — Pra fazer um sanduíche não é necessário ter grande habilidades. Sem contar que eu precisava esfriar um pouco a cabeça.
Victor abre a geladeira.
   — O que houve?
   — O Felipe se exaltou um pouco.
   — Eu tenho que implorar pra você continuar? 
Isabela ri enquanto ele enche um copo de vidro com água.
   — Ele está abalado com a morte do Seu Renato. — Um suspiro escapa de sua boca. — Eu  nunca tinha visto ele desse jeito. 
   — A Yasmin também está sofrendo bastante. 
   — Nós temos que ficar ao lado deles. — Isabela coloca dois sanduíches em um prato. 
   — Então o que nós estamos fazendo aqui? — indaga o loiro sorrindo. 
   — Vamos subir!
Eles saem da cozinha juntos. Na escada, ele passa um braço em torno dos ombros dela.
   — O Felipe sabe da sua conversa nada agradável com o seu ex?
Os músculos dela ficam tensionados.
   — Não. Por favor, não toca no nome do Jonas perto do Felipe.
   — Relaxa, grande anã, eu não vou falar nada. Só queria saber. Acho que o Felipe não vai gostar nem um pouco de ser o último a saber. 
   — Deixa que com isso eu me viro. — Eles chegam no corredor e se soltam. — Cuida da minha amiga, tá?
   — Pode deixar. 
Eles entram nos quatros de Yasmin e Felipe. 

Com a cabeça apoiada no braço do sofá, Luíza observa Nícolas brincar no tapete. A porta da cobertura em que eles moram se abre e Daniel chega. Ao olhar para o esposo, todos os sentidos de Luíza ficam em alerta máxima. 
   — O que foi? — ela pergunta erguendo o tronco. O rosto de Daniel está pálido feito papel e ele caminha para a área de bebidas que fica na lateral da sala de estar. O local é mais para visitas, pois ele não bebe e ela pouquíssimas vezes. Nícolas, sentindo o clima tenso do ambiente, para de brincar e olha para a mãe. Luíza levanta do sofá e passa a mão pelo cabelo escuro do filho, sorrindo com tranquilidade.
   — Cansou, meu amor?
Com o tom de voz suave de sua mãe, Nícolas fica relaxado novamente e volta a brincar. Ela, com os pés descalços, anda até o esposo. 
   — Dan, o que aconteceu? Algum problema no trabalho?
Daniel sacode a cabeça em negativa. 
   — Então o que foi?
   — O país recebeu mais um habitante hoje.
Luíza franze a testa.
   — Como?
   — O Augusto voltou pro Brasil.
O queixo de Luíza não cai. Despenca. 
   — Como é? O seu pai voltou pra cá depois de tanto tempo?
   — Sim! — Ele dá um soco no móvel, fazendo as garrafas vibrarem. — Pensei que aquele homem já tivesse morrido pra lá. 
Mesmo com as palavras fortes de Daniel, Luíza não consegue sentir repulsa pelo modo com que ele fala do próprio pai, muito menos pena de Augusto. 
   — Como você soube? — ela indaga recuperando a calma.
   — O miserável teve a capacidade de aparecer no meu escritório lá na ONG.
   — Não brinca!? Como ele soube onde te encontrar?
   — Isso pouco me importa. Você acredita, Luíza, que ele teve a capacidade de me pedir abrigo?
   — Sério? Ele está sem dinheiro?
   — Pior que não! Ele é ganancioso, aposto que está interessado na nossa fortuna. 
Luíza respira fundo lançando um breve olhar para o filho, que permanece brincando com os seus carrinhos no tapete. 
   — Esse homem não vai se aproximar da nossa família — diz com firmeza. — A mulher dele e a filha já causaram muitos transtornos nas nossas vidas no passado. No meu filho ninguém daquela laia vai tocar. 
Daniel, visivelmente mais controlado, se aproxima de Luíza e pega em uma das mãos dela.
   — Eu sei que anos atrás eu prometi à você que não iria sujar minhas mãos com a minha "adorável" família, mas dessa vez não vou medir esforços para tirar esse homem das nossas vidas. 
   — Eu continuo achando que você não deve sujar suas mãos. 
   — Lu, esse homem não vai se afastar se nós formos gentis. 
   — Eu não estou falando de ser gentil, Daniel, estou falando de não ser do mesmo nível do que ele. Se ele é capaz de tudo, nós não. 
   — Eu já era capaz de muita coisa quando só tinha que proteger você, agora com o Nícolas eu sou capaz de tudo. 
Daniel dá um beijo na testa dela e caminha rumo a escada. Luíza suspira e passa a mão na testa, ficando extremamente preocupada com o marido. 

Com os pés doloridos por ter ficado o dia todo usando salto alto, Mel desaba em sua cama. A porta do quarto se abre e Chay entra com a aparência mais cansada do que a dela. 
   — Oi.
   — Olá — responde a morena sem abrir os olhos. Chay deita ao lado dela.
   — Moída também?
   — Até o último fio de cabelo.
   — Está complicado sem a Sophia, né?
   — Muito. 
Um silêncio duradouro permanece entre os dois. Não querendo pronunciar as palavras, Mel abre os olhos e diz:
   — Até quando a gente vai ficar adiando aquela conversa?
   — Eu não sei.
   — Nós não podemos ficar empurrando isso com a barriga. É do nosso casamento que a gente está falando, da nossa história. Se a gente continuar nesse comodismo, só vamos estragar ainda mais tudo o que a gente construiu nesses anos.
   — Você tem razão. Nós temos que conversar o mais rápido possível.
   — Amanhã de manhã, pode ser?
   — De manhã? Eu tenho uma reunião com a pessoa que vai fazer a arte da capa do disco.
   — Chay, é o nosso casamento. Depois dessa conversa você terá o tempo que quiser para se preocupar com o seu disco. — Mel se levanta e vai para o banheiro. Chay se senta na cama e passa as mãos no cabelo, não querendo enxergar a decisão que está por trás das palavras dela. 

Após o banho, Felipe se vestiu e comeu os sanduíches feitos por Isabela. Em nenhum momento ele abriu a boca e ela permaneceu imóvel sobre a cama dele.
   — Obrigada pelo lanche — ele diz colocando o prato sobre a mesinha de estudos. — Estava uma delícia.
   — De nada.
Felipe se junta a ela na cama.
   — Desculpa por ter te tratado mal anteriormente, tá?
   — Tudo bem, eu te perdoou por causa de tudo o que você está passando.
Ele acaricia a coxa dela.
   — Obrigada por ficar comigo. 
   — Eu sempre vou estar do seu lado, pra qualquer coisa.
   — Você também pode contar comigo para o que for, tá bom? Independentemente do que for. 
Automaticamente a lembrança da mensagem de Jonas surge na cabeça de Isabela.
   — Eu sei.
Felipe segura o rosto dela entre as mãos e a beija com graciosidade. 

Deitado em sua cama, Vinícius ouve arranhões na porta de seu quarto. Franzindo a testa, ele levanta e abre a porta, encontrando Nina sentada no chão.
   — Oi, Nina. — Ele se agacha e a pega no colo. — Sua dona te esqueceu, é? — Após retornar para dentro do quarto, fecha a porta com o pé. — Não fica brava com ela, não tá? O seu pai, é assim que a Isa chama o Felipe, né? Está passando por um perrengue e ela está dando um apoio para ele. 
A cachorrinha, como se tivesse entendido cada palavra dele, late baixinho. Vinícius senta na cama.
   — Você deve estar se perguntando por que eu estou sozinho, né? A minha namorada preferiu assistir a uma partida de futebol americano do que ficar comigo. — Ele funga, mas acaba rindo. — Eu entendo que ela sempre estará ligada com o Brian e todos os amigos americanos dela, mas é impossível não ficar com ciúmes. Me trocou por causa daquele quarterback.
Nina lambe o braço dele e Vinícius afaga a cabeça dela. 

O interfone do apartamento de Luíza toca e ela atende.
   — Dona Luíza, tem um senhor aqui pedindo autorização para subir. 
Os pelos da nuca de Luíza se eriçam. 
   — Qual é o nome dele?
   — Augusto. 


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