Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 123: Família Abrahão Borges lê carta deixada por Renato
Quase uma hora se passa e a família Abrahão Borges continua no velório de Renato. Felipe é consolado por Isabela em um sofá branco. Ele está com a cabeça apoiada no ombro dela enquanto recebe carinho em seu cabelo.
— Amor, quer dar uma volta? — ela pergunta fechando os dedos em torno dos dele. — Sair daqui talvez seja melhor.
— Eu não quero deixar o meu avô aqui — responde Felipe com a voz rouca de choro.
— Ele não gostaria que você ficasse assim — ela diz ficando com os olhos marejados. — Eu tenho certeza disso.
Felipe vira a cabeça, escondendo o rosto no pescoço dela enquanto chora. Ao sentir as lágrimas dele molhando sua clavícula, o seu coração se aperta.
— Felipe... — Isabela tenta consolá-lo, mas um soluço de choro escapa de seus lábios e ela abaixa a cabeça, encostando a testa no cabelo negro dele. Como estão com as cabeças baixas, não veem quando Yasmin e Victor passam por eles rumo à saída.
Ao colocar os pés na calçada, Yasmin curva os ombros e deixa as lágrimas rolarem por seu rosto. Victor a abraça por trás e diz em seu ouvido:
— Solta tudo o que tiver no seu coração. Vai ser melhor pra você. — Yasmin assente. — Quer desabafar?
Ela gira, ficando com o rosto na altura do queixo dele.
— Eu estou me sentindo tão triste e tão culpada.
— Culpada? Pelo o quê?
— Ele já estava mal faz um tempo e eu não me importei. — Ela soluça. — Eu nem fui visitá-lo, apenas conversei com ele pelo telefone. Podia ter feito muito mais por ele, ter ficado ao seu lado, só que eu pensei que ele fosse se recuperar como nas outras vezes... Eu não pensei que isso fosse acontecer.
— Yasmin, você não tem que se culpar por nada. Isso é loucura, amor!
A adolescente está tão mal e culpada que não reage ao ouvir a forma com que Victor a chama.
— Eu sei, eu sei, é que... Ai, Victor. — Ela envolve os ombros dele com força e afunda seu rosto na camisa dele, chorando de soluçar. O loiro fecha seus braços em torno da cintura dela, encostando a bochecha no cabelo dela.
Dentro do local do velório, Vinícius conversa com a namorada com lágrimas no olhos.
— Eu sei que ele já estava velhinho, mas é difícil imaginar que nunca mais eu vou conversar com ele. Eu lembro de uma vez em que eu e a Isa fomos pra casa da Sophia e ele e a Branca estavam lá. A Isa estava triste porque tinha machucado o dedo e ele começou a contar uma historinha pra gente. No final da história, a Isa já tinha até esquecido do machucado e começou a correr pela casa junto com o Felipe. Ele ficou contando histórias para mim e depois eu fiquei com o livro de contos dele. — Vinícius sorri melancolicamente e Marina faz o mesmo.
— Parece que ele foi um grande homem.
— E foi.
Marina gira a cabeça na direção do caixão e abaixa o olhar para fitar as próprias mãos.
Sentado confortavelmente sobre a sua mesa, Jonas conversa com Samuel, seu melhor amigo.
— Será que o sexteto não vai vim? — ele pergunta olhando para as carteiras do meio da sala, onde costumam sentar Isabela, Felipe, Vinícius e Marina.
— Eles não vêm — responde Samuel com firmeza.
— Como você pode ter tanta certeza?
— O avô da Yasmin e do Felipe morreu, eles devem estar de luto ou algo do gênero.
— O velho bateu as botas? Do quê?
— Jonas!? Olha o respeito.
O adolescente revira os olhos.
— Qual foi o motivo da morte daquele senhor adorável?
— Não sei. — Samuel dá de ombros. — Só fiquei sabendo porque passei pela Malu e pela Graziele e acabei ouvindo.
— Seu fofoqueiro.
— Falou quem tava querendo saber o porquê da falta deles.
— Vai se f*der. — Os dois riem.
Com descrição, Mel caminha até a recepção do espaço em que Renato está sendo velado para retornar à ligação de Verediana.
— Oi. Só fui ver sua ligação agora.
— Já estou sabendo do ocorrido — conta sua empresária. — Não queria te incomodar nesse momento, mas eu estou precisando que você assine uns documentos.
— Sério?
— Você sabe que eu não te incomodaria se não fosse urgente.
Mel suspira.
— Tudo bem, antes do almoço eu passo aí e assino.
— Ok, até mais tarde.
— Até!
Elas desligam e Mel ouve a voz Isabela a chamando.
— O que foi, filha? — pergunta se aproximando dela e de Felipe.
— Eu queria avisar a senhora que vou passar o dia com o Felipe, tá?
Mel olha para Felipe, que está desolado ao lado de Isabela. Suas feições se parecem muito com a de Sophia.
— Tudo bem. — Ela se senta ao lado de Felipe e passa a mão no braço dele, dizendo: — Ei, você precisa ser forte, tá bom?
— Não sei se eu consigo — ele sussurra. Isabela olha para sua mãe, suplicando com os olhos para que ela console Felipe. Mel não precisa nem olhar para a filha para saber que é isso que deve fazer.
— Felipe, toma consciência de uma coisa — ela pede com suavidade. — Era para isso ter acontecido, ele estava sofrendo. Já faz algum tempo que ele estava nesse barco.
— Mas eu não consigo imaginar que não vou mais conversar com o meu vô.
Mel puxa o adolescente para os seus braços e o aperta. Isabela, vendo que Felipe não precisa de seu apoio no momento, levanta e vai atrás do outro neto que Renato deixou. Ao entrar na sala em que o caixão está, nota que apenas duas loiras estão no espaço: Branca e Sophia.
— Vinícius — pronuncia se juntando ao irmão e Marina no canto. — Você sabe onde a Yas está?
— Não — ele responde com sinceridade.
— Eu sei — diz Marina. — Eu vi ela e o Victor saindo, devem estar lá na calçada.
— Valeu. — Isabela passa por alguns amigos de Renato que acabaram de chegar e sai.
Yasmin e Victor permanecem abraçados do lado de fora.
— Oi — diz Isabela baixinho ao se aproximar. Victor dá um leve sorriso para ela e Yasmin gira a cabeça para fitar o rosto da amiga, agora mais calma. — Queria ver como você está.
— Nada bem — responde a loira.
— Foi o que eu imaginava. — Isabela dá um passo na direção do casal e Yasmin solta Victor para abraçar Isabela. — A minha mãe disse uma coisa pro Felipe que eu acho que é verdade.
— Que coisa? — pergunta Yasmin soltando a melhor amiga. Victor coloca as mãos no bolso e observa a conversa das duas.
— Que se isso aconteceu agora é porque era pra ter acontecido. Ele já estava sofrendo com tudo isso.
— Mas é difícil aceitar.
— É por isso que você precisa ser forte. Eu sei que você consegue, amiga.
— Não sei se eu consigo — diz Yasmin exatamente igual ao irmão. Victor acaricia as costas dela e diz:
— Consegue, sim!
Isabela olha para os lados.
— Vamos entrar — fala para os dois. — Vai que alguém passa por aqui e tira alguma foto da gente. A última coisa que a gente precisa é disso.
— É, vamos — concorda Victor envolvendo a cintura de Yasmin.
As horas passam. Por volta das seis horas da tarde, Branca pede para que a família se reúna na sala principal da mansão da filha.
— Há alguns dias, quando o Renato passou mal e acabou indo para o hospital ele escreveu algo e me pediu para guardar, dizendo que no momento certo era para eu ler para todos vocês. Na hora eu não entendi exatamente qual seria esse momento certo, mas hoje eu sei do que ele estava falando. — Ela faz uma pausa para respirar fundo. Sophia e Micael, que estão juntos em um sofá permanecem fitando-a com intensidade. Felipe e Yasmin se olham na poltrona que estão dividindo. Um dos braços dele está em torno dos ombros dela e a cabeça da loira está apoiada no peito dele. Branca prossegue: — Nesse carta que ele me deixou está um bilhete que diz que é para eu ler isso junto com a família. Então, vamos lá. — Ela desdobra uma folha de papel que está escrita com a caligrafia de Renato. — Branca, se você está lendo essa carta agora é porque eu já fui para os céus. — Uma lágrima escapa de seus olhos azuis. — Sei também que minha princesa Sophia está com você, assim como, meu genro Micael e os meus abençoados netos Felipe e Yasmin. Espero que vocês não estejam chorando ou com olhos vermelhos, porque essa é a última coisa que eu quero ver daqui de cima. Sophia, quero que você fique do lado da sua mãe nesse momento e tente ser o mais forte possível, porque eu sei que você é capaz. Quero também que você saiba que o meu maior orgulho sempre foi você, a pessoa que se tornou. Amável com todos, independentemente da classe social ou qualquer coisa. Micael, sei que você com certeza é o que está agindo com mais tranquilidade. Eu torço por isso. Você é a pessoa mais centrada para lidar com o que está acontecendo - prefiro não usar a expressão "minha morte". Não me arrependo por ter permitido que você namorasse minha filha, tenho uma gratidão enorme por tudo o que você já fez por mim e por minha família. Felipe, meu netinho mais velho, quero que você preste muita atenção nas minhas palavras. Você é um rapaz incrível, educado, inteligente e especial. Não se deixe levar por más influências que, com certeza, irão aparecer durante os anos de sua vida. Seu futuro está escrito e tem tudo para ser tão brilhante quanto você. O que eu posso falar da minha neta mais linda e mais loira? Yasmin, nunca se esqueça de quem você realmente é. A garota que corria descalça pela nossa casa, que pulava na piscina sem boia só para provar para o irmão que não se afogaria, que comia frango com a mão e que tirava a comida dos dentes com o dedo. Enfim, acho que você já entendeu meu pedido. Nunca deixe de ser simples! Te peço isso porque sei que você tem uma tendência de sair do chão para pisar nas nuvens. No entanto, não quero que você entenda isso como uma ordem para permanecer sempre com os pés no chão, porque não é isso. Quero apenas que você não se esqueça da realidade, porque no mundo em que vocês vivem é muito fácil perder a noção do que é real. Continue sendo essa garota maravilhosa que você é, pois eu vou estar sempre torcendo por você. Acho que nas atuais circunstâncias não devo dizer que você me mataria de orgulho, por isso acho que convém dizer que você me encheria de orgulho. Por último, você minha esposa, minha companhia, minha inspiração, meu porto seguro, minha Branca. Só quero agradecer por todos esses anos que você passou ao meu lado, pelo maior presente que você me deu, minha Sophia, e por sempre me amar. Mesmo não estando mais fisicamente ao seu lado, espiritualmente nunca irei te deixar. Sempre irei zelar por todos vocês. Com muito carinho, Renato Abrahão.
Branca fica observando a carta por um momento, absorvendo cada palavra escrita por Renato. Os outros quatros permanecem em silêncio, chorando sem realizar um ruído sequer.
Com o cabelo preso em um rabo de cavalo e usando um moletom e calça jeans, Isabela desce a escada da mansão de seus pais e encontra Chay sentado sozinho no sofá.
— Ei, pai, queria falar com o senhor.
— Pode falar — diz Chay e Isabela senta ao seu lado no sofá.
— Eu não sou supersensível como o Vinícius, mas eu senti que o clima entre você e a mãe não está bom.
Chay pega nas mãos de sua filha.
— Isa, esse não é o melhor momento para falar disso.
— Pai, o que está havendo entre vocês?
— Nada demais — mente ele.
— Nada demais? — repete Isabela com descrença. — Vocês vão viajar para ter uma nova lua de mel, mas acabam voltando mais cedo e quase nem se olham. Isso não me parece "nada demais".
— É coisa nossa, filha. Quando chegar o momento certo você e o Vinícius vão ficar sabendo.
— E qual é o momento certo, pai? — pergunta Isabela tentando não se exaltar. — Quando a bomba estourar?
— Você não estava de saída? — indaga Chay tentando cortá-la. Isabela entende a mensagem e levanta, totalmente desapontada com o resultado da conversa.
— Estava.
Ela caminha apressadamente para a porta, frustrada e chateada com Chay.
Envolvida por seus pensamentos, Yasmin nem nota quando Victor entra em seu quarto.
— Hello — cumprimenta ele sentando ao lado dela. A loirinha se espanta e gira, ficando de barriga para cima.
— Oi, nem vi você chegando.
Ele passa uma mão pelo cabelo dela.
— Como está?
— Melhor. Minha vó leu uma carta que o meu vô deixou e eu vi que ele não queria que a gente ficasse assim. Vou me esforçar para melhorar. Por ele.
— Exatamente.
Yasmin sorri levemente e se senta.
— Obrigada por ter ficado do meu lado. Você me provou mais uma vez que é especial.
— Não fiz mais do que minha obrigação.
— Apenas diga que fez isso porque me ama, ok?
— Isso já é pedir demais. — Os dois riem, Yasmin pela primeira vez depois da morte de Renato.
— Você é ridículo!
Victor se aproxima ainda mais dela.
— Eu te amo — sussurra no ouvido de Yasmin. — Eu te amo muito.
Ela sorri e beija os lábios dele com delicadeza.
A sala da mansão está vazia quando Isabela passa pela porta. Ela sorri levemente para a empregada e sobe as escadas, sabendo exatamente onde irá encontrar o namorado. Quando gira a maçaneta da porta do quarto dele e encontra Felipe deitado sem camisa em sua cama, não consegue controlar o calor que esquenta sua pele. Ela caminha até a cama e senta ao lado dele. Antes de qualquer palavra, passa a mão pequena pelo cabelo dele, acariciando a nuca. Felipe abre os olhos lentamente, desejando poder dormir até que toda a dor se dissipe. Ao enxergar os olhos castanhos da namorada, momentaneamente a dor em seu peito desaparece.
— Não sabia se deveria vim ou não — diz Isabela com sua voz fina e suave.
— Ainda bem que você veio.
— Não podia deixar você aqui, sozinho.
— Que bom.
— Quando você me contou por mensagem o lance da carta, eu fiquei muito tocada. Foi uma atitude muito boa a do Renato.
— É, eu fiquei mais tranquilo depois de ouvir as palavras dele.
Isabela pega na mão dele.
— Que bom.
Felipe sorri e se inclina para beijá-la. Quando os lábios deles estão quando em contato um com o outro, o celular dela toca.
— Notificação — sussurra Isabela antes de unir os seus lábios com os de Felipe. Depois do beijo, pega o seu iphone e sua testa se franze ao ver de quem é sua nova mensagem no whatsapp. Mesmo atônita, ela ele o que Jonas mandou: "Fiquei sabendo da morte do avô de seu namorado... Gostaria de estar no lugar dele somente para receber seu consolo."
— Mas que merda é essa? — ela pergunta para si mesma. A reação dela causa curiosidade em Felipe.
— O que foi, amor?
Me emocionei com a carta do Renato. Muito lindo!!!!
ResponderExcluirEssa carta me emocionou... caramba que perfeito! Continua muito perfeito!
ResponderExcluirO que o Jonas está querendo? Espero que o Felipe acabe com ele. Se bem que ele não está muito bem emocionalmente. Mas continuo torcendo kkkk
ResponderExcluirO Victor dizendo que ama muito a Yasmin foi muito fofo. Acredito que é uma questão de tempo para eles estarem namorando novamente.
ResponderExcluirCAPÍTULO LINDO!! CHOREI.
ResponderExcluirCapitulo maravilhoso!
ResponderExcluirNossa coitados da família Abraão Borges posta mais estou morrendo de curiosidades
ResponderExcluirNão acredito que o Jonas tá mandando essa mensagem pra Isa, tomara que o Felipe de umas belas de umas porradas nele, ele vai ver o que é bom pra toçe/tosse, slá como escreve. Sorry ¬¬ Mas que coisa, garoto insurpotavel. Tadinhos da familia Borges Abrahão, cara, tadinhos. :(
ResponderExcluirMais .Será que ela vai mentir ?
ResponderExcluirMuito linda a parte da carta ♡♡♡♡
ResponderExcluirAdmito que uma lagrima solitária caiu de meus olhos na hora da carta! Parabéns, você escreve muito bem!! By: Gabriella
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