Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 117: Yasmin e Breno se beijam após ensaio fotográfico

Em um espelho no final do corredor do primeiro andar Yasmin confere seu batom e faz os últimos retoques em sua maquiagem. Após se certificar de que tudo está de seu agrado, caminha até as escadas e desce os degraus discando o número de Breno.

   — Oi, modelo mais bonita que minha mãe já teve — fala o jovem atendendo. Yasmin sorri enquanto pega o seu celular na mesinha de centro e responde:

   — Oi, Breno, só estou ligando pra avisar que vou me atrasar um pouco. Estou saindo de casa agora e até eu chegar aí, você sabe como é o trânsito. 

   — Sei, sim — ele diz com tranquilidade. — Fica tranquila, minha mãe também não chegou.

   — Ok, até daqui a pouco?

   — Com toda certeza.

Eles sorriem e desligam. Ainda com um sorriso no rosto, Yasmin caminha até a sala ao lado, onde Felipe e Micael jogam uma partida de xadrez. 

   — Estou indo para aquela sessão de fotos, tá pai?

   — Tudo bem. É seguro, né Yasmin?

Ela ri.

   — É, pai, a mãe conhece a pessoa que me chamou. 

   — Ok. Qualquer coisa é só me ligar.

   — Pode deixar — ela diz dando um beijo na bochecha dele. — Tchau, Felipe!

   — Tchau — responde o adolescente sem olhar para ela, pois está bastante concentrado no tabuleiro. 

Yasmin caminha em sua ankle boot até a porta e caminha com pressa até o carro que a aguarda na garagem.

   — Oi, Ulisses, vamos?

   — Sim, senhorita — responde o senhor entrando no carro. Após se acomodar no banco traseiro, Yasmin manda uma mensagem para Isabela: "Estou indo para a sessão. Me deseje sorte!!" 

No escritório de seu pai, Isabela lê um dos livros de sua vasta coleção sentada confortavelmente na cadeira de couro de Chay. Em cima da mesa, um bipe de seu celular a desconcentra. Ela pega o aparelho e lê o que Yasmin mandou. Sorrindo, digita:

   — Você não precisa de sorte, vai arrasar.

Graziele tira um cochilo deitada sobre um lençol no jardim da mansão em que mora. O portão se abre automaticamente ao ser liberado por uma das empregadas dentro da casa e Thiago entra. Ele anda pela trilha entre o jardim que o leva para dentro da mansão. Larissa está na sala caminhando de um lado para o outro enquanto conversa com alguém pelo celular. Quando vê Thiago, corta o papo dizendo:
   — Eu te ligo mais tarde, ok? Tchau!
   — Desculpa, Larissa, não queria atrapalhar — diz o garoto.
   — Imagina, você foi a luz que surgiu. Eu estava tentando resolver um probleminha de uma das sedes da livraria, só que o sujeito não é muito amigável, então a Nathália que se vire com ele. — Ela ri. — Sobra para ela negociar com essas pessoas, digamos que ela não seja a mais educada das pessoas, então dá certo.
Thiago ri.
   — É verdade, acho que a Malu puxou a ela. 
   — Pior que é — concorda Larissa se sentando em uma poltrona de frente para Thiago, que permanece próximo da porta. 
   — Cadê a Grazi? — ele pergunta.
   — Está no jardim.
   — Nossa, eu nem vi. — Ele gira o corpo em direção a porta, mas para ao ouvir o chamado de Larissa. — Oi? 
   — Senta aqui rapidinho. 
Thiago, achando estranho o súbito chamado da mãe de Graziele, caminha até um dos sofás e se senta. 
   — O que foi?
Após se endireitar na poltrona, Larissa fala:
   — A Graziele chegou ontem da festa que vocês foram meio... perturbada. 
Os músculos da mandíbula de Thiago se contraem e ele permanece olhando inexpressivo para a mulher. Larissa prossegue:
   — Ela estava agitada e quando eu perguntei o que aconteceu, ela não respondeu, mas eu sei que alguma coisa teve nessa festa. Por isso eu te pergunto, Thiago, o que aconteceu? Me responda com sinceridade.
Ele respira fundo e fala encarando os olhos de Larissa:
   — Não aconteceu nada na festa.
   — Thiago, não minta pra mim.
A mente do adolescente trabalha com rapidez e ele une as mãos e olha para baixo, fingindo estar envergonhado.
   — Não houve nada na festa, é que eu e a Grazi, nós... — ele ergue os olhos para fitar o rosto de Larissa — nós brigamos na volta. 
Larissa ergue as sobrancelhas visivelmente espantada. 
   — Ah, vocês brigaram — repete baixinho. — Posso perguntar o motivo?
Thiago desvia o olhar novamente, dessa vez fitando o tapete no centro e diz ainda mais baixo que Larissa:
   — É pessoal. 
A mulher se endireita na poltrona.
   — Tudo bem, não quero me meter nos problemas de vocês. 
Thiago olha para ela e sorri gentilmente, em seguida levanta.
   — Vou lá falar com ela.
   — Ok — responde Larissa sorrindo levemente. Thiago caminha olhando para o chão e quando passa pela porta solta um suspiro e um sorriso triunfante surge no canto de sua boca. Busca Graziele pelo jardim e enxerga os fios laranjas surgindo atrás de um arbusto. 
   — Grazi? — chama se aproximando do lugar em que ela está. Ao notar que ela está dormindo, ele se agacha e senta ao lado dela no lençol e começa a fazer carinho em seu cabelo. Graziele abre os olhos e fita o rosto de Thiago.
   — Oi.
   — Não queria atrapalhar o seu sono — ele se desculpa. Graziele vira de barriga para cima e fala:
   — Imagina, você nunca atrapalha. 
Thiago sorri carinhosamente e inclina o tronco para beijar Graziele. Após o beijo, ela puxa o jovem que deita ao seu lado. 
   — A sua mãe me perguntou o que houve na festa ontem. 
A lembrança de Jonathan convulsionando invade a mente de Graziele e ela se mexe incomodada. 
   — E o que você respondeu?
   — Não comentei nada sobre o que aconteceu com aquele garoto, nem nada. Disse que a gente discutiu na volta. 
Graziele assente lentamente, absorvendo as palavras ditas por Thiago, e fala:
   — Tudo bem, é melhor a minha mãe não saber mesmo do que aconteceu. 
   — Se ela souber jamais vai deixar que você saia comigo novamente.
A ruiva apoia o cotovelo no lençol e encara o rosto de Thiago com seriedade.
   — Dessa vez foi por uma causa necessária, mas eu não quero mais que você minta para a minha mãe, entendeu? Ela não é a Fernanda.
As feições de Thiago ficam endurecidas e ele responde:
   — Desculpa, Graziele. Mas não precisa falar assim da minha mãe também, né?
Ela ri sem o menor humor.
   — Vai negar que você mente para a sua mãe? Não só para a sua mãe, para o seu pai também. 
O jovem respira fundo duas vezes com os olhos fechados e depois fala:
   — Eu não quero discutir com você, pode ser? 
Graziele assente com a cabeça e volta a se deitar no lençol. 

O carro dirigido por Ulisses estaciona em frente a um prédio comercial. Yasmin pega sua bolsa e fala para ele:
   — Me espera aqui, tá bom?
   — Sim, senhorita.
Yasmin desce do carro com um sorriso no rosto e entra no prédio. Quando chega no andar da sede do blog da mãe de Breno é recebida por uma moça, que diz:
   — Boa tarde, Yasmin.
   — Boa tarde!
Breno sai de uma sala rindo e o seu sorriso aumenta ainda mais ao ver Yasmin.
   — Oi! — fala se aproximando dela.
   — Olá — ela responde sorrindo.
   — Vem, minha mãe ainda não chegou. Estou conversando com o fotógrafo que vai tirar suas fotos.
Ele pega na mão de Yasmin e retorna para a sala da qual saiu. O contato faz com que Yasmin sinta um calor percorrer todo o seu corpo.
Eles entram na sala e ela olha para um homem de pele bronzeada que está sentado em um sofá. 
   — Que honra conhecer Yasmin Borges! — diz o homem se levantando com rapidez. — Prazer, meu nome é Lorenzo. — Ele estica a mão para ela, que aceita.
   — Lorenzo? — fala Yasmin se lembrando do seu colega de classe. — Sinto que eu vou gostar de você.
   — Ai — Lorenzo solta a mão de Yasmin e leva ao peito. — Assim eu tenho uma coisa do coração! Yasmin Borges disse que vai gostar de mim. 
Breno olha para Yasmin e ri com ela.
   — Ele adora você — conta. 
   — Se eu adoro? Eu amo você, Yasmin! — fala o homem sorrindo com entusiasmo. 
   — Obrigada, me sinto lisonjeada. 
   — Acompanho as suas redes sociais, e amo os seus looks. 
   — Obrigada. 
   — Fiquei muito feliz quando a Marcela me chamou para fotografar você. 
   — Ouvi o meu nome — diz a mãe de Breno entrando na sala com rapidez. Ela deixa sua bolsa envelope sobre a mesa e olha para o filho e Yasmin, que permanecem de mãos dadas. — Oi, Yasmin, que bom ver você novamente. 
Marcela caminha até a loirinha e dá dois beijinhos em suas bochechas. 
   — Está empolgada para a sessão de fotos?
   — Muito! — responde Yasmin sorridente. 
   — Não sei se o Breno te contou, mas nós iremos fotografar fora do estúdio.
Yasmin olha para Breno e em seguida volta a fitar Marcela.
   — Não, não me contou.
   — Pois é, nós vamos fotografar no Jardim Botânico. 
   — Ok. 
Marcela olha para o Lorenzo, o fotógrafo, e fala:
   — Tudo pronto?
   — Aham.
   — Então vamos lá — diz a mulher pegando sua bolsa novamente. No elevador, Marcela se encontra com a responsável pelos looks que Yasmin irá fotografar e conta para a adolescente que as trocas de roupa ocorrerão em uma cabine que será montada.

Com uma câmera fotográfica semi-profissional em uma das mãos e uma bolsa pequena na outra, Marina desce as escadas rumo a porta da mansão. Victor, seu irmão, está deitado em um dos sofás mexendo em seu ipad. 
   — Aonde você vai? — pergunta olhando para ela.
   — Vou tirar algumas fotos — responde Marina abrindo a porta.
   — Fotos do quê? Aonde? — ele questiona se sentando.
   — O Vinícius me recomendou um lugar muito bonito chamado Jardim Botânico. 
Victor deixa seu ipad de lado e levanta, dizendo:
   — Eu vou com você!
   — Quem te convidou? — pergunta Marina rindo.
   — Eu não preciso de convite — rebate o loiro caminhando até ela. — Sem contar que eu estou morrendo de tédio aqui. 
Marina sacode a cabeça e sai da mansão com o irmão. Os dois entram em um táxi que está aguardando na calçada e ela fala para o motorista:
   — Para o Jardim Botânico, please. — Em seguida olha para Victor, dizendo: — Estou tão empolgada para voltar a fotografar. 
   — É, você sempre gostou de fazer isso mesmo. 
   — Um tempo atrás eu comentei isso com o Vinícius e ele me incentivou a voltar, mas só agora eu tomei coragem. 
Eles riem e Victor apoia a cabeça no vidro do carro. 

Cansada de ler, Isabela decide dar uma volta com Nina pelo condomínio. Ela coloca uma coleira na cachorrinha e sai. Durante o passeio, se encontra com Maria Luíza. 
   — E aí, resolveu dar as caras na rua? — pergunta Malu sorrindo.
   — Hã? Não entendi.
   — É que você nunca anda pelo condomínio, só de carro. 
Isabela ri.
   — É verdade, mas eu resolvi mudar um pouco a rotina, às vezes é bom, né?
   — Concordo plenamente — fala Malu balançando a cabeça. — Você ficou sabendo do rolo que teve uns dias atrás?
   — Que rolo? — pergunta Isabela franzindo a testa.
   — Pelo visto não — Malu ri. — Um morador de uma das primeiras quadras atropelou um garoto aqui dentro.
   — Sério? E aí?
Malu dá de ombros, respondendo:
   — Parece que foi parar na delegacia. 
   — Também, as pessoas dirigem aqui dentro como se fossem uma pista de corrida. 
   — Pois é, parece que o moleque tava andando de skate e dai, pow. Agora meu pai não quer mais que eu ande pelas ruas, só na praça.
   — Sobrou pra você.
   — Pois é! Só que eu não vou obedecer. Pra início de conversa, nem na praça eu ando. Só playboyzinho fica andando por lá pagando de skatista. 
Isabela assente.
   — O Felipe comentou isso comigo já. Ele também não gosta de andar lá na praça.
   — Ninguém que realmente anda de skate gosta de ficar lá na praça, só se for para humilhar aqueles retardados — diz Malu rindo e elas continuam caminhando. 

Quase uma hora se passa. Marina caminha alegremente pelo Jardim Botânico, fotografando tudo que chama a sua atenção, e Victor vai atrás dela, observando o lugar com admiração. Um pouco cansada, ela se apoia no irmão e fala sorrindo:
   — O Vinícius tinha razão, esse lugar é maravilhoso.
   — Verdade. Já tirou muitas fotos bonitas?
   — Claro, meu querido, eu sou uma fotógrafa nata. 
   — Muito! — fala o loiro em tom de ironia. Há alguns metros dali, Yasmin encerra a sessão de fotos e se aproxima de Breno já vestida com as próprias roupas.
   — E aí, o que achou? — pergunta sorridente. 
   — Achei fantástico. Você tava linda — elogia. Marcela caminha até os dois com um sorriso de orelha à orelha. 
   — Genial, Yasmin! O ensaio ficou divino. Você fotografa muito bem, sabia? 
Yasmin sorri, contente com sua performance e pelos elogios de Breno e Marcela.
   — Obrigada. Estou doida para ver as fotos em seu blog. 
   — Logo mais estará lá e o país irá se encantar com você. 
A loirinha sorri ainda mais.
   — Qualquer garota fica encantadora fotografando pra sua equipe. 
   — Não precisa dessa humildade toda, garota — fala Marcela rindo e se afasta para conversar com Lorenzo. Yasmin olha para Breno, que está fitando-a com intensidade. Ela desvia o olhar com rapidez, observando a paisagem. 
   — Esse lugar é inspirador. 
   — Concordo — diz Breno seguindo o seu olhar. — Yasmin?
   — O que foi? — ela pergunta olhando para ele.
   — Eu gostaria de saber se você aceita jantar lá em casa mais tarde — ele convida olhando para os olhos claros dela. 
Yasmin coça uma das sobrancelhas loiras e fala:
   — Eu gostaria, mas...
   — Tem sempre um "mas" — interrompe Breno rindo. Yasmin também ri, se sentindo mais leve, e completa:
   — Mas eu já marquei de jantar fora com uns amigos. 
   — Uns amigos e o seu namorado? — ele pergunta com curiosidade.
Yasmin demora um tempo para responder e quando abre a boca, diz:
   — Eu não tenho mais namorado. 
Breno fica surpreso e não esconde. 
   — Não!? 
Yasmin assente com a cabeça.
   — Que pena — ele diz mais por gentileza do que sinceridade. — Espero que o motivo não tenha sido aquela minha ligação.
   — Não, claro que não — Yasmin mente com facilidade. 
   — Então o nosso jantar fica para outro dia? — ele pergunta pegando em uma das mãos dela.
   — Sim! — confirma a loirinha sorrindo. — O jantar não vai rolar hoje, mas um passeio agora pode ser. O que acha? 
   — Acho magnífico — responde Breno com um sorriso no rosto. Yasmin se despede de Marcela, agradecendo mais uma vez pelo convite para as fotos, e se afasta com Breno. 

Chay e Mel estão se beijando deitados juntos em uma rede na varanda da casa de praia. Suas pernas estão entrelaçadas e ela acaricia o cabelo dele enquanto pressiona os seus lábios contra os dele com intensidade. O celular de Chay começa a tocar e vibrar em seu bolso e Mel sente.
   — Seu celular — fala afastando sua boca da de Chay. 
   — Desculpa — ele pede pegando o aparelho. — É o meu produtor. Rapidinho, tá?
Chay dá um selinho em Mel e pula da rede enquanto atende o celular. Ele desce os degraus até a areia da praia e Mel aproveita o momento sozinha para checar o seu próprio celular. Após debloquear a tela do aparelho, vê que tem uma mensagem de Sophia "Recebi uns croquis hoje, te mandei as fotos por e-mail. Preciso da sua aprovação. Por aqui está tudo O.K." 
   — Não posso me esquecer de ver o e-mail mais tarde. 
Quando guarda o celular no bolso, Chay retorna e limpa os pés antes de deitar novamente na rede.
   — Desculpa por ter atrapalhado nosso momento. 
   — Ok, está tudo bem — responde Mel com culpa no coração. 
   — Prometo que isso não irá acontecer mais. 
Mel não quer mais ficar falando sobre esse assunto, pois vai ficando cada vez mais incomodada. Para finalizar a conversa, rouba um beijo de Chay e ele aceita e retribui com rapidez. 

Ainda abraçados, Marina e Vinícius fazem uma curva e caminham em direção a saída do Jardim Botânico. Devido a um simples movimento dos olhos, o corpo de Victor fica tenso. Com os dentes cerrados, ele fala para a irmã:
   — Acho que alguém decidiu dar uma volta também. 
   — Hã? — pergunta Marina olhando para ela. Victor aponta com o queixo para Yasmin e Breno, que conversam a alguns metros de distância. — Ah — ela deixa escapar. — Eles só estão conversando, Victor.
   — De mãos dadas?
Marina olha mais atentamente e percebe que os dedos deles estão unidos. 
   — Mesmo assim, isso não quer dizer nada. 
   — Pra mim já quer dizer muita coisa — responde o loiro com a voz áspera e solta a irmã. Ele desvia por outra passagem, para não ter que cruzar com a ex-namorada e Breno. Marina segue o irmão, quase correndo para acompanhar os passos apressados dele. 
   Todos os pelos do corpo de Yasmin se arrepiam quando Breno acaricia a palma de sua mão com o polegar e a área em que o contato ocorre formiga. 
   — Eu estou adorando essa tarde — ele confessa desviando o olhar para o chão.
   — Eu também estou — fala Yasmin com sinceridade. Breno sorri e olha para ela.
   — Yasmin... — Ele não prossegue, apenas deixa que o nome dela fique no ar.
   — O que foi?
   — Eu queria saber uma coisa.
   — Que coisa?
Breno dá um passo na direção dela.
   — Eu queria saber se agora que você está solteira eu tenho alguma chance. 
Yasmin não consegue controlar o sorriso que surge em seus lábios e dá um passo rumo à ele. Agora poucos centímetros separam os seus corpos e ela responde:
   — Não prefere descobrir sozinho?
É a vez de Breno sorrir. Ele leva a mão livre até o pescoço dela, que segura com firmeza mas com um toque delicado, e inclina a cabeça em direção à boca dela. Yasmin não se move e até esquece de respirar, permanece apenas olhando para os olhos verdes de Breno. Segundos depois os seus lábios se unem e um calor se espalha pelo corpo de Yasmin, aquecendo o seu rosto. No fundo de seu coração, a atração que sentiu por Breno no dia em que o conheceu ressurge com rapidez e inconscientemente ela aprofunda o beijo e envolve o corpo dele com seus braços. 

O entardecer se aproxima com rapidez e a noite ainda mais. Isabela resolve se arrumar junto com Yasmin na casa da amiga para ir à inauguração do restaurante. Felipe, que já está pronto a alguns minutos, assiste as duas se aprontarem deitado na cama da irmã. Yasmin conta para eles sobre a sua sessão de fotos.
   — O melhor foi o final — comenta sorridente. 
   — O que aconteceu? — pergunta Isabela com curiosidade. 
   — Eu e o Breno nos beijamos.
   — O quê!? — se espanta Felipe erguendo as sobrancelhas. 
   — Sério, amiga?
   — Aham — confirma Yasmin. — Sabe, durante a volta eu vim pensando no Victor, mas a gente não está mais junto, não tem por quê eu ficar grilada, né? 
   — Vocês não estão mais juntos, mas ainda se gostam, lembra? — fala Isabela sabiamente. 
   — No fundo, no fundo eu sei disso — confessa Yasmin baixinho, tanto que Felipe não consegue ouvir.
   — Hã?
   — Ela falou que sabe que ainda gosta do Victor — responde Isabela rapidamente. 
   — Mas com o Breno foi tão bom. Tipo, eu gosto dele, ele é legal, mas o que me fez mesmo deixar rolar foi a atração que eu senti por ele. Sério, eu não consegui controlar. 
   — Só que você também se sente atraída pelo Victor, não sente? — questiona Felipe. 
   — Ai, gente, é muito confuso! — exclama Yasmin. — Eu senti atração pelo Breno, mas é claro que não se compara ao que eu sinto pelo Victor. — Ela sorri ao recordar o rosto sorridente do loiro. — Com ele é tudo maior. Não é apenas uma atração, é um desejo insaciável. E também tem o coração, né? Eu gosto do Breno e tudo, mas nem se compara com o Victor. 
   — Nossa, que declaração — comenta Felipe rindo.
   — Não contem isso pra ele! — Yasmin pede gargalhando. 
   — Se você sente tudo isso por ele, por que não voltam? — questiona Isabela.
   — Porque é melhor pra gente permanecer separados. É bom que a gente fique só na amizade. 
   — Vocês são muito complicados — fala Felipe.
   — Concordo — apoia Isabela. Ela dá uma última conferida no espelho e completa: — Estou pronta.
   — Eu também — diz Yasmin. — Vamos?
Os três descem as escadas, se despedem de Micael - Sophia ainda não retornou da sede da grife - e vão de carro até a mansão de Lua e Arthur. 
   — Nós vamos com o Ulisses e a Marina, o Vinícius e o Victor vão com o Evaldo? — pergunta Isabela vendo o carro do motorista da sua família parado em frente a mansão dos Aguiar.
   — Parece que sim — responde Yasmin. Eles descem do carro enquanto os outros três saem da mansão. Marina e Vinícius vêm gargalhando na frente seguidos por Victor, que está com a expressão endurecida. Assim que os seus olhos se encontram com os dele, Yasmin sente um calafrio macabro pelo corpo.  
   — Oi! — cumprimenta Isabela sorrindo. Após se cumprimentarem, Yasmin tenta se aproximar de Victor, porém o jovem passa direto por ela e entra no carro dirigido por Evaldo. A loirinha olha para Marina e pergunta:
   — O que houve com ele?
   — Não sei — mente Marina dando de ombros. 
Eles se dividem nos carros e partem para o restaurante. 

Minutos depois, os dois carros de alto luxo param em frente a um restaurante. O local não é nem sofisticado, nem rústico, ficou estacionado no meio termo. Victor, Marina e Vinícius são os primeiros a descerem e se aproximam do carro dos pais de Yasmin e Felipe. Os outros três também saem e eles se juntam antes de passarem pela porta do restaurante. Como é a inauguração, o espaço está lotado de gente que conversa empolgadamente em suas meses. Eles são guiados pelo maitrê até uma grande mesa e se sentam. Felipe fica de frente para Isabela, Marina e Vinícius um do lado do outro, assim como Yasmin e Victor. Após fazerem o pedido, eles começam a conversar.
   — Parece ser legal aqui — diz Felipe. — Ninguém é metido a esnobe e essas coisas. 
   — Menos mau, né? — fala Marina. Yasmin olha para Victor, que está mexendo distraidamente no próprio celular e desvia o olhar quando Vinícius pergunta diretamente para si:
   — Como foi a sessão de fotos, Yas?
Felipe e Isabela trocam um breve olhar e Marina olha para o irmão antes de virarem as cabeças em direção a Yasmin.
   — Foi legal — responde a loirinha sorrindo. — Foi bem bacana.
   — Aposto que foi — comenta Victor deixando o celular sobre a mesa. Yasmin franze ligeiramente a testa, não entendendo as palavras dele e fala:
   — A Marcela, dona do blog, disse que eu fiquei encantadora. 
   — Quando o post com as fotos vai ser publicado? — pergunta Vinícius.
   — Não sei, mas acho que o Breno — a voz dela treme levemente ao pronunciar o nome — vai me avisar quando acontecer.
Os músculos da mandíbula de Victor se contraem e Yasmin nota juntamente com Isabela, que está sentada do lado esquerdo dele.
   — Então — fala a jovem — quando será que o karaokê vai começar?
   — Espero que seja logo, estou empolgado — responde Felipe com animação tentando mudar o rumo da conversa junto com a namorada. 
Marina percebe o exagero na voz de Felipe e cogita a possibilidade deles estarem sabendo de algo que ocorreu após as fotos, algo além das mãos dadas.
   — Eu queria muito saber quando o nosso prato vai chegar, porque estou faminta — diz sorrindo. 
Yasmin se apoia no braço de sua cadeira e inclina o tronco para Victor, perguntando só para ele ouvir:
   — O que está pegando?
   — O quê? — Ele olha para ela.
   — Você está estranho desde que saiu de casa. 
   — Não é nada que você mereça saber — fala o loiro.
   — Victor, nós somos amigos agora.
   — É, amigos. 
   — Então me conta o que está te deixando esquisito.
   — Eu não quero, Yasmin — ele responde pegando o celular novamente. Yasmin balança a cabeça e volta a se recostar em sua cadeira. Os pedidos chegam e eles jantam enquanto conversam. Após terminar de comer, Victor caminha até o banheiro. Minutos se passam e ele não retorna.
   — O Victor está demorando, né? — comenta Yasmin forçando a voz para parecer o mais natural possível. 
   — Talvez ele foi para o Ministério da Magia — responde Vinícius e ele e Marina riem. 
   — Acho que ele já saiu do banheiro — comenta Felipe olhando para o lado. Os outros quatro olham para a mesma direção que ele e enxergam Victor conversando com uma mulher no balcão do bar. 
   — Ele está dando em cima dela? — se surpreende Isabela.
   — Ela não vai ficar com ele — diz Yasmin sem conseguir esconder a torcida na voz. — Ela é meio velha pra ele, não?
   — Ela aparenta ter uns 23 anos — fala Vinícius observando a morena com quem Victor bate papo.
   — O que uma mulher de 23 anos iria querer com um moleque de 16? — Yasmin pergunta com impaciência. Marina permanece muda, pois sabe que o irmão já ficou com mulheres nessa faixa etária. 
   — Deixa o Victor com as peguetes dele — fala Felipe desviando o olhar do loiro. — Cada um com o seu rolo, né? — Ele olha para a irmã, que estreita os olhos em sua direção. Eles voltam a conversar e em alguns momentos Yasmin olha discretamente para Victor, que continua conversando empolgadamente com a mulher. Assim que terminar de beber seu suco, ela decide ir ao banheiro.
   — Já volto — diz levantando. Isabela observa a amiga caminhar até o toillet e quando ela desaparece, olha para Victor.
   — Uau! — exclama vendo-o beijar a mulher. 
   — Prevejo a Yasmin ficando com ciúmes — diz Vinícius.
   — Se bem que ela não tem o direito, né? — fala Felipe e Isabela chuta a sua canela por de baixo da mesa. Ele olha feio para ela, que emenda:
   — Eles nem estão namorando mais.
A dedução de Marina se confirma, mas ela prefere não dizer nada a respeito. Após o beijo, Victor retorna a mesa.
   — Voltei!
   — Acho que aquela mulher deveria saber que pedofilia é crime — diz Felipe rindo.
   — Cala a boca — rebate Victor limpando a boca suja de batom vermelho. Yasmin volta do banheiro e se senta ao lado dele. Com apenas um olhar, ela sabe que ele ficou com a mulher, pois nota a marca de batom no pescoço dele. 
   — Acho que você esqueceu de limpar o pescoço — comenta. 
Victor passa a mão no pescoço com rapidez e não fala nada, porém por dentro se sente melhor por ter dado o "troco" em Yasmin, pois tem quase certeza de que ela e Breno não pararam apenas nas mãos dadas. 
Eles ficam mais algum tempo no restaurante e vão embora após saberem que o karaokê será inaugurado apenas na próxima semana. 

Na manhã seguinte, Yasmin acorda com despertador de seu celular. Durante a madrugada, sonhou que no lugar de Breno era Victor que beijava. Ela levanta, se arruma e desce para tomar café da manhã com os pais. Felipe está deitado no sofá da sala já vestido com o uniforme do colégio e uma calça jeans. A loirinha pega uma almofada de uma poltrona e joga nele.
   — Acorda!
   — Vai se f*der.
   — A menininha acordou de mau-humor?
   — É, agora me deixa em paz.
Yasmin ri e vai para a sala de jantar. Sophia está terminando de tomar o café da manhã, seus olhos estão fundos e a maquiagem quase não conseguiu esconder suas olheiras. 
   — A senhora está bem, mãe? — pergunta Yasmin se sentando na frente dela.
   — Sim, só um pouco cansada. 
   — Ela mal dormiu a noite, passou a madrugada falando com a Mel pelo celular.
Sophia coça um dos olhos enquanto fala:
   — Foi a hora em que deu para ela conversar, o Chay já estava dormindo.
   — O Chay não podia ouvir? — pergunta Yasmin.
   — Eles estão tendo uma nova lua de mel, sem compromissos e nem trabalho.
   — E a Mel está de ligando pra falar da grife, né?
   — Exatamente.
   — Se o Chay descobrir não vai pegar mal pra ela?
   — Vai, mas a gente precisa conversar.
Yasmin assente.
   — É torcer para que ele não descubra.

Próximo capítulo | Capítulo anterior