Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 112: Victor sente ciúmes de Yasmin com Lorenzo

Na manhã seguinte, os adolescentes acordam para ir pro colégio. Antes de descer Isabela passa no quarto dos pais sabendo que irá encontrar a mãe sozinha, pois viu o pai indo para o escritório - Isabela não sabe que ele dormiu no quarto de hóspedes. Ela passa pela porta e mergulha na escuridão do cômodo. Ao se aproximar da cama, liga o abajur do lado de Chay e senta perto da mãe.
   — Mãe? — chama baixinho. — Mãe?
Mel abre os olhos lentamente. 
   — Oi, minha linda.
   — Está tudo bem? — pergunta Isabela notando os olhos inchados da mãe.
   — Não — Mel responde com sinceridade. — Você não está atrasada pra escola? — pergunta se controlando para não chorar ao recordar de todos os eventos da noite anterior. 
   — Não. O que aconteceu, mãe? — insiste Isabela. — A senhora e o pai brigaram ontem? Eu nem vi a senhora chegar. Por que a senhora não foi no jantar?
   — Você e suas diversas perguntas. — A empresária força um sorriso para não deixar a filha ainda mais preocupada, mas não funciona. — Quando você voltar a gente conversa, tá bom?
   — Eu vou ficar a manhã inteira sem saber de nada?
   — É muita coisa pra contar, não quero te atrasar pro colégio.
Isabela assente e passa uma das pequenas mãos na cabelo escuro de Mel.
   — Tudo bem, a senhora tem razão. Depois a gente conversa. Fica bem, tá?
   — Pode deixar, minha princesa. Estuda bastante, tá?
Isabela sorri e dá um beijo na testa da mãe antes de se afastar. Há poucos metros dali, em seu escritório, Chay compõem uma melodia lenta para a letra que escreveu durante a madrugada. 
   — Pelo menos essa discussão me rendeu uma música nova — ele fala com tristeza. 

Acomodada confortavelmente no banco do passageiro do banco do carro de Bernardo, Anelise atualiza suas redes sociais. Em seu twitter, posta a frase "Rumo a lua de mel! <3". Bernardo termina de colocar as bagagens no porta-malas e senta ao lado dela. 
   — Partiu hotel fazenda? — pergunta sorrindo para ela.
   — Partiu!
Eles riem e Bernardo liga o motor do carro.

Em sua sala de aula, Yasmin observa os seus colegas de classe percebendo que algo está diferente no clima. Ela pula de sua carteira no fundo da sala e caminha até a mesa de Lorenzo.
   — Oi, desenhista — fala sentando na carteira de Mayara, que fica na frente da dele.
   — Oi, Yasmin — ele responde timidamente.
   — Aconteceu alguma coisa aqui na sala? — ela pergunta diretamente.
   — Em que sentido?
   — Sei lá, eu faltei ontem e parece que o clima está pesado. Queria saber se aconteceu alguma coisa.
   — O Jonas brigou na aula de inglês — conta Lorenzo em seu tom de voz calmo e baixo.
Os olhos de Yasmin se arregalam e ela pergunta:
   — Sério?
   — Aham.

Do lado de fora da sala, Malu e Mayara conversam encostadas na parede. Minutos antes, Samuel passou por elas e cumprimentou Malu com um abraço apertado, deixando Mayara enciumada. A morena está mexendo no celular da amiga para passar uma música para o seu quando uma mensagem chega no whatsapp dela. 
   — Mensagem da Vanessa — diz Malu entregando o celular pra Mayara. — É sua amiga?
   — Aham — responde a loira digitando com rapidez. — A gente saiu ontem, fomos pra uma baladinha, aposto que ela está mandando as fotos da noite.
   — Vocês saíram juntas? — Malu se espanta por achar um ciúmes oculto em sua pergunta.
   — É — responde Mayara. — Uma baladinha básica. 
   — Entendi. Só mais uma perguntinha, vocês são amigas, né?
   — Somos — diz Mayara entregando o celular de volta pra Malu.
   — Amigas, tipo, nós duas?
A loira sorri e fala:
   — Se você quer saber se a gente já ficou ou não, a resposta é não. Ainda.
   — Ainda? — deixa escapar Maria Luíza.
   — Ah, Malu, você sabe de quem eu realmente gosto, mas como diz o ditado, quem não dá assistência perde pra concorrência. 
Maria Luíza assente, compreendendo muito bem as palavras de Mayara. 

Na sala, Yasmin fica esperando que Lorenzo continue, mas ele não fala mais nada e desvia o olhar para a porta.
   — Conta mais — pede. — Com quem ele brigou?
   — Com o Thiago.
   — NÃO! — O queixo dela cai. — Conta! Conta!
Um sorrisinho de canto de boca surge nos lábios de Lorenzo e ele continua:
   — A gente tava fazendo exercícios e eles se desentenderam por causa de alguma coisa que o Jonas disse, parece que ele acusou o Thiago de ter envolvimento com drogas, algo do gênero. — O corpo de Yasmin fica tenso, pois ela sabe que Thiago fuma cigarro e já experimentou coisas mais pesadas. Lorenzo continua contando sem perceber a mudança dela: — O Thiago ficou com bastante raiva e partiu pra cima do Jonas.
   — Caraca! E aí?
   — Eles foram para a direção.
   — Mas o Jonas revidou? Eles saíram no soco, tipo, UFC?
Lorenzo dá mais um leve sorriso e responde:
   —  Revidou, eles ficaram trocando socos até o Samuel e o Alexandre conseguirem separá-los.
   — Gente, estou passada. Caramba, como eu perdi isso? 
O sinal toca e os alunos começam a ir para os seus lugares. Victor se aproxima de sua carteira e nota que Yasmin está conversando com Lorenzo. Uma pontada de ciúmes surge em seu peito, mas ele logo afasta a sensação pois lembra de que agora eles são apenas amigos. 
   — Vou pro meu lugar — diz Yasmin levantando ao ver Mayara entrar na sala. — Valeu, Lorenzo. Ah, e sorri mais vezes, tá? Você fica uma gracinha. — Ela pisca pra ele de maneira carinhosa e vai para o seu lugar. Lorenzo enrubesce e olha para as próprias mãos. 
   Yasmin senta em sua carteira e cutuca Victor.
   — O que foi? — ele pergunta se virando pra ela.
   — Você não sabe o que eu descobri. 
   — O quê?
   — Ontem teve treta aqui na sala.
   — O que é treta? 
Yasmin sorri e explica com rapidez:
   — Briga.
   — Ah tá, entre quem?
   — Entre o Jonas e o Thiago.
   — Sério? Por quê?
   — Umas coisas aí. Quando tiver nos seis, eu explico melhor.
Victor olha de relance para Lorenzo e pergunta para Yasmin:
   — Foi o nerd ali que te contou?
A loira sorri e confirma.
   — Foi sim.
   — Legal. — Ambos percebem que a afirmação não teve nada de sincera. 
   — Então, só amigos, lembra?
   — Lembro, por quê?
   — Você está com ciúmes de mim com o Lorenzo.
   — Claro que não. — Mais uma vez eles percebem que o que Victor disse não foi verdadeiro. 
   — Ok, vamos fingir que esse foi um ciúmes de amigo — fala Yasmin sorrindo. A professora entra na sala e começa a sua aula. Nem Jonas nem Thiago aparecem na escola. 

Por volta das oito e meia da manhã, Mel decide sair do quarto. Após fazer sua higiene matinal, colocar um robe preto e prender o cabelo em um coque, ela deixa o quarto rumo a cozinha. No corredor ouve o som do violão de Chay e lágrimas se formam em seus olhos, obrigando-a a parar em frente a um espelho para se recompor.
   — Força, Mel, esse não é o fim. Foca mais uma vez no seu trabalho, que agora ele está precisando ainda mais de você. — Depois de trancar as lágrimas bem fundo no seu interior, ela desce as escadas com rapidez e encontra com Vera no andar de baixo.
   — Bom dia, Mel.
   — Acho difícil ser — responde a morena com melancolia.
   — O que houve?
Mel prefere guardar a crise de seu casamento para si e conta apenas do incêndio para a governanta enquanto uma das empregadas prepara o seu café da manhã na cozinha.
   — Nossa Senhora de Fátima! — exclama Vera. — E agora?
   — Eu não sei como vai ser. Hoje a tarde vai ter uma reunião para nós decidirmos que rumo tomar. A única certeza é que nos próximos dias eu não vou parar, porque o lançamento da nova coleção não pode ser adiado e temos muito trabalho pela frente.
   — Pode contar comigo para qualquer coisa, tá bom? 
   — Pode deixar, Verinha. 
Carregando um prato com restos de pão e uma xícara de porcelana, Chay entra na cozinha, dizendo:
   — Aqui, Verinha. — O seu olhar se cruza com o de Mel e ele diz com a voz indiferente: — Bom dia, Mel.
   — Bom dia — ela responde com a voz embargada. Vera, que tem o casal como filhos, sabe que eles não estão bem, mas finge que não percebeu nada. 
   — Eu vou ficar no meu escritório, não me interrompam caso não seja alguma coisa muito séria, ou horrível — completa olhando para Mel. A morena morde a língua para não responder algo ofensivo e começa a comer o seu café da manhã. Chay deixa a louça sobre a pia e retorna para o andar de cima. 
   Minutos depois, Mel abre a porta do escritório dele, dizendo:
   — Não gostei do seu comentário — desabafa.
   — Eu não sei do que você tá falando — Chay finge inocência.
   — Você sabe muito bem do que eu tô falando — diz Mel fechando a porta. — Daquele seu comentário ridículo sobre "não me interrompam caso não seja alguma coisa muito séria, ou horrível". Você ainda faz piada com o que aconteceu, Chay? — ela pergunta adotando um tom de voz melancólico. 
   — Eu não fiz piada com nada.
   — Para com isso! — pede Mel elevando a voz. — Para de fingir que você não fez referência ao que eu disse ontem na mensagem. 
   — Ok, Mel, e se eu tiver feito. Qual é o problema? — pergunta Chay sentando em sua cadeira de couro atrás da mesa repleta de papéis.
   — O problema que o que aconteceu não deve ser usado como piada! — esbraveja Mel apoiando as mãos na mesa de frente para ele. — Meses de trabalho foram perdidos, Chay. Meses! Você tem noção disso? Acho que não, porque se tivesse não teria feito aquele comentário ridículo.
Chay massageia as têmporas e diz com tranquilidade:
   — Mel, eu não consegui dormi a noite, não quero ter nenhuma discussão agora, com certeza diria coisas que me arrependeria depois.
   — Como aquele comentário? — pergunta Mel visivelmente irritada.
   — É, Mel, como aquele comentário. Tá satisfeita? Agora você pode me deixar em paz?
Mel passa a língua pelos dentes de trás e diz:
   — Ok! Vou te deixar em paz. — Ela caminha rumo a porta e chuta a lixeira no caminho. Antes que ela possa sair, Chay a alcança e segura em braço com firmeza.
   — Pirou, Mel? — pergunta com ódio nos olhos. Mel respira ofegante e responde:
   — Eu estou com vários problemas, pouco me interessa se você dormiu ou não, então não venha pra cima de mim, ok?
   — Eu que não dormi e você que não está dizendo coisa com coisa. Afinal de contas, que veio atrás de quem aqui? Eu estava quieto na minha.
   — Você fez piada com o incêndio que destruiu a coleção.
   — Não foi com o incêndio, foi com a sua mensagem.
   — Não tem diferença! — Mel grita.
   — Você já foi bem mais inteligente, hein Mel? Porque existe uma enorme diferença.
Mel puxa seu braço e empurra Chay com força.
   — Ai, que ódio! — Ela começa a dar tapas no peito dela e depois de um tempo Chay consegue controlá-la. 
   — PARA! PARA COM ISSO! NÃO É PORQUE VOCÊ ESTÁ CHEIA DE PROBLEMAS COM A GRIFE QUE VAI VIM DESCONTAR EM MIM, OK? EU NÃO SOU SEU SACO DE PANCADAS, ENTENDEU? NÃO SOU!
Chay larga Mel e abre a porta.
   — Me deixa sozinho!
   — Com o maior prazer — diz Mel saindo do escritório. Chay bate a porta com força e ela corre para o quarto do casal. Assim que se tranca no cômodo, Mel desaba na cama e começa a chorar compulsivamente, chegando a utilizar o travesseiro para abafar os soluços cada vez mais altos. No escritório, Chay chuta mais uma vez a lixeira, que já está no chão, e se joga no sofá.
   — Merda! Merda! Merda, merda, merda! — xinga levando as mãos a cabeça e deixando as lágrimas rolarem pelas suas bochechas. 

Na hora do intervalo, Yasmin conta para os amigos da briga entre Jonas e Thiago, deixando todos de queixo caído, exceto por Felipe, que fica animado.
   — Como eu perdi isso, velho? — ele pergunta. 
   — Será que o Thiago está bem? — pergunta Isabela com seriedade.
   — Deve estar — opina Vinícius. — A gente sabe que o Jonas não briga bem.
   — É claro, é um filhinho de mamãe — diz Yasmin com ódio. Eles ficam discutindo mais um pouco sobre a briga e em um determinado momento Marina arrasta Vinícius até a lanchonete. Eles pedem dois salgados e um suco para ela e um refrigerante pra ele.
   — Tenho uma coisinha pra te contar. É boba, mas eu acho melhor você saber com antecedência. 
   — O quê?
Marina toma fôlego e conta de uma vez:
   — O Brian vai vir pra cá nas férias.
   — Como é? — indaga Vinícius erguendo as sobrancelhas. 

Próximo capítulo | Capítulo anterior