Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 98: Victor decide dar um tempo em seu namoro com Yasmin
Yasmin permanece olhando para Victor sem dizer nada.
— Então, Yasmin, o gato comeu a sua língua? — ele pergunta. A loira recupera a voz e fala:
— Você pode esperar eu me trocar pra gente conversar?
Victor lança um olhar dos pés a cabeça para ela e responde friamente:
— Posso.
Yasmin assente e entra em seu closet. Enquanto coloca um short jeans e uma blusa regata, ela pensa em como vai contar o que houve para Victor. Minutos depois, sai vestida e com o cabelo molhado. Victor está sentado na cama olhando para o chão. Assim que ela surge, ele ergue a cabeça para encará-la.
— Eu só quero te pedir uma coisa — diz Yasmin sentando ao lado dele. — Me ouve até o final, por favor! — Victor não responde nada e ela começa: — Ontem eu fui na inauguração de uma loja de roupas com a minha mãe, nesse evento eu conheci um garoto chamado Breno, ele se aproximou de mim e a gente começou a conversar. Eu percebi que às vezes ele jogava uma cantadinha em mim, mas eu fingia que não entendia. Depois a gente foi andar pela loja e paramos em frente a um lugar que tinha cuecas e tinha uma de cor vermelha. Eu perguntei quem usava cueca vermelha e ele contou que ele usava. Por isso ele deve ter falado que é o garoto da cueca vermelha. — Ela se silencia, esperando alguma resposta de Victor, mas ele continua quieto. — Na hora que a gente foi se despedir — ela prossegue —, ele deu um beijo na minha bochecha e... e acabou rolando um clima.
Victor respira profundamente e desvia o olhar do rosto de Yasmin, querendo não ter ouvido aquilo. Yasmin olha para as próprias mãos e continua:
— Depois ele pediu o meu número porque a mãe dele é dona de um blog e se ela precisasse de alguma pessoa para fotografar, ele me indicaria. A gente se abraçou... e ele acabou dando um beijo no canto da minha boca.
Yasmin morde o lábio inferior, contendo um choro. Victor aperta a ponta do nariz e olha para ela, perguntando:
— O que mais aconteceu?
— Mais nada — responde a loira com sinceridade.
— Nem precisaria, né? — diz Victor levantando. — Você quis ficar com ele, Yasmin? — ele indaga se virando para encará-la.
Yasmin segue olhando para baixo e usa o silêncio para responder a pergunta.
— Você quis — constata Victor ficando com raiva. — Sabe como eu estou me sentindo? Sabe como eu estou me sentindo, Yasmin? — ele questiona aumentando o tom da voz. Mesmo achando que está errada, Yasmin não consegue ouvir ele gritando com ela e permanecer em silêncio.
— Não, Victor! Eu não sei! — responde erguendo a cabeça para encará-lo com os olhos marejados, culpada pelo o que fez e enfurecida por ele estar gritando com ela.
— Estou me sentindo um idiota! Um ridículo! Um retardado! — ele desabafa. — Eu perguntei várias vezes se tava tudo bem ontem, fiz até massagem em você. Como você pôde me fazer de idiota?
— Eu não te fiz de idiota!
— Só me escondeu que quis ficar com um moleque.
— Ele não é um moleque, já está na faculdade — ela conta baixinho. A frase de Yasmin deixa Victor ainda mais raivoso.
— Que ótimo, Yasmin! Então quem é moleque sou eu, ele é universitário intelectual.
— Eu não quis dizer isso!
— Claro que não, afinal a única coisa que você quis foi ficar com ele, né?
— Para de jogar isso na minha cara! — pede Yasmin levantando.
— A verdade te incomoda? — provoca Victor se aproximando dela.
— Sim — grita Yasmin. — Me incomoda! Você acha que é fácil estar sentindo o que eu estou sentindo?
Victor dá uma risada sem humor algum e pergunta:
— O que você está sentindo, Yasmin? Aposto que não chega aos pés do que eu estou sentindo.
— Eu tô confusa! Culpada! Não consigo entender como senti atração pelo Breno, já que eu namoro você.
— É simples — responde Victor com amargura na voz. — Você não me ama o suficiente.
— Não! Não é isso. É claro que eu te amo.
— Se me amasse não teria sentindo vontade de ficar com outro — grita Victor.
— Isso não envolve sentimento, Victor. O que houve com o Breno foi uma coisa física, uma atração simplesmente física.
— Ah, deixa eu ver se entendi. Se aparecer uma garota gostosa na minha frente eu posso querer ficar com ela só porque ela me atrai fisicamente? Se não tiver sentimento no meio não tem problema? É isso, Yasmin?
— Não é isso!
— Então como você quer que eu te entenda?
— Eu não quero que você me entenda, só não quero que você continue gritando comigo.
— Eu estou gritando porque estou com raiva, Yasmin. Acha que é fácil ouvir a minha namorada dizendo que se sentiu atraída por outro garoto? Que quis ficar com outro garoto?
— Eu sei que não é fácil, mas eu estou me sentindo tão mal quanto você.
— Aposto que não.
— Você não sabe o que eu estou sentindo! — berra Yasmin e começa a chorar. Ela vira as costas para Victor, limpando as lágrimas que não param de escorrer pelo seu rosto, não querendo que ele a veja chorar.
— Suas lágrimas não vão me comover — diz Victor.
— Eu não quero que elas te comovam — fala Yasmin não conseguindo controlar o choro. O quarto fica silencioso por alguns instantes, até que Victor diz:
— Vou embora.
— Victor — chama Yasmin limpando as lágrimas enquanto se vira para ele. — Não vai embora assim. A gente precisa conversar.
— Eu não quero conversar com você — ele fala colocando suas coisas dentro da mochila que trouxe. — Eu quero distância de você.
— Victor, para! — pede Yasmin chorando. — Não houve nada!
— Nada fisicamente, mas só a sua vontade já basta.
— Mas eu estou arrependida, isso não importa?
— Se arrepender depois é fácil.
— Não, não é!
Victor fecha o zíper da mochila com rapidez e olha para Yasmin.
— Sabe o que mais me machuca? — Yasmin balança a cabeça negativamente e ele continua: — Me dói saber que durante esse tempo todo que nós estamos juntos eu só tenho olhos pra você e em uma oportunidade que surge, você pensa em me trair.
— Eu nunca quis te trair!
— Querer ficar com outro é a mesma coisa, Yasmin! Acorda.
— Eu queria mesmo acordar e ver que isso tudo não passou de um pesadelo.
— Eu também — concorda Victor colocando a mochila nas costas. — Mas não é um sonho. É a realidade que você criou.
— Eu não criei nada disso! — fala Yasmin chorando.
— Eu é quem não fui — rebate Victor.
— Foi o destino.
— Talvez o destino queira nos dizer alguma coisa.
— Como assim?
— Depois a gente conversa. Agora eu preciso ir.
Ele começa a andar em direção a porta, mas Yasmin segura em seu braço.
— O que você quis dizer?
— Me solta — pede Victor puxando o braço da mão de Yasmin. — Eu quero ficar longe de você, só isso.
Victor abre a porta e sai, deixando Yasmin desolada. Ele desce as escadas rapidamente e sai da mansão sem falar com ninguém. Em seu quarto, Yasmin solta um grito de raiva e continua chorando. Agindo por impulso, ela caminha até a sua escrivaninha e derruba todos os objetos no chão.
— Merda! Merda! Merda! — xinga enquanto chora.
Com os pés descalços, Isabela chega ao quintal da mansão de seus pais e encontra Felipe deitado em uma espreguiçadeira ao lado de uma mesa. Ela fica surpresa ao olhar para a decoração da mesa: uma toalha azul clara recobre a madeira nobre; dois jarros de vidro contendo sucos de laranja e melancia estão ao lado de um cesto com pães integrais; ao canto estão reunidos um pote de requeijão, patês de dois sabores, queijo ricota e alguns frios; um recipiente de vidro acomoda maças, peras, uvas, morangos e pêssegos; de cada lado da mesa, há um pires com um xícara de porcelana com detalhes vermelhos, um pequeno prato de louça branca, um copo de vidro transparente, um guardanapo de pano marrom claro, talheres de prata reluzentes e ao centro uma garrafa vazia serve de vaso para duas rosas vermelhas.
Encantada com a jeitosa mesa Isabela olha para o namorado, que permanece deitado na espreguiçadeira. Ela pega um morango e caminha até ele. Felipe está cochilando serenamente e não sente a presença de Isabela quando esta senta ao seu lado. Ela leva o morango até a sua boca e começa a roçá-lo por seus lábios corados. O jovem desperta aos poucos e abre os olhos, vendo Isabela entrar em foco.
— Bom dia — ela deseja sorrindo adoravelmente.
— Nossa, dormi que nem percebi — diz Felipe coçando os olhos. Ele olha em direção a mesa e pergunta: — O que achou?
— Lindo — responde comendo o morango em suas mãos. — Você fez tudo isso sozinho?
— Está duvidando do meu talento? — ele questiona sorrindo.
— É que está tudo tão perfeito... — ela diz olhando para a mesa.
— Que não parece que foi eu que fiz? — completa Felipe.
— É — confessa Isabela rindo. Os dois levantam e Felipe fala caminhando até a mesa:
— Só não vou me ofender por causa da noite de ontem.
Isabela se vira abruptamente para ele e deixa escapar a pergunta:
— O que você achou? — Quando percebe o que disse, trata de tentar consertar: — Quer dizer... Eu quis dizer — ela não encontra palavras e prefere ficar quieta. Felipe segura o seu rosto em suas mãos e fala próximo a sua boca.
— Foi maravilhoso, Isa. Você é maravilhosa.
— Sério?
— Muito — ele responde com sinceridade. — Foi a melhor noite da minha vida.
— Você não está dizendo isso só pra me deixar feliz, né?
— Claro que não, só estou sendo sincero. Valeu muito a pena esperar!
Um sorriso apaixonado surge entre os lábios de Isabela e Felipe a beija. Após o carinho, eles sentam em torno da mesa.
— É tanta coisa que eu não sei por onde começar — fala a adolescente rindo.
Enrolados cada um em um roupão, Marina e Vinícius saem do banheiro. Ele diz sacudindo o cabelo:
— Esse foi o melhor banho que eu já tomei.
— Me too — concorda Marina. Eles sorriem um para o outro e começam a se vestir. Quando está em frente ao espelho se maquiando Marina ouve a batida de uma porta. — Nossa! Deve ser o Victor acordando a casa.
— Pensei que ele fosse tomar café na casa da Yasmin — opina Vinícius secando os pés.
— Eu também. Será que aconteceu alguma coisa?
— Você não quer ir lá ver?
— Acho que pode ser uma boa. — Ela deixa o corretivo sobre a cama e sai do quarto. Com cuidado, se aproxima do quarto de Victor e dá duas batidas na porta. "Eu quero ficar sozinho" esbraveja o loiro de dentro do cômodo. — O que aconteceu? — pergunta Marina. "Nada que seja da sua conta" responde Victor. — Você brigou com a Yasmin? — A resposta não vem e Marina ouve passos se aproximando da porta. Instantes depois, Victor surge com o rosto vermelho.
— Não dava para ter atendido o meu pedido e me deixado sozinho? — indaga com grosseria. Marina ignora a falta de gentileza do irmão e entra no quarto, perguntando:
— Por que você está assim?
Victor bate a porta do quarto mais uma vez e olha para Marina.
— Eu tive uma briga com a Yasmin.
— Vocês nunca brigaram tão sério assim antes — ela constata. — Qual foi o motivo? O que ela fez?
— O que ela fez? Aquela... garota quase ficou com outro ontem.
— Quase?
— Ela jogou na minha cara que sentiu atração por outro garoto, Marina!
Marina sente o ódio nas palavras de Victor e dá um passo para trás, recuando instintivamente.
— Você precisa se acalmar! — aconselha.
— Me acalmar? Eu quero quebrar tudo o que está na minha frente de tanta raiva que eu estou!
— Fazer isso não vai mudar nada.
— Eu sei que não. — Ele dá um chute na parede. — Que ódio! — esbraveja cuspindo as palavras. Marina se aproxima dele e pega em seus braços.
— Victor, para! Tenta se acalmar.
— Eu não quero me acalmar, quero que tudo isso não esteja acontecendo. — Ele apoia a cabeça no ombro da irmã e solta uma longa expiração. — Por ela fez isso comigo? — pergunta baixinho. Marina fica comovida e abraça Victor.
— Vocês terminaram?
— Não. Ainda não.
— Você quer isso?
— Eu estou com raiva da Yasmin, quero ficar longe dela.
Marina o abraça com ainda mais força.
— Nunca pensei que fosse te ver assim por causa de uma garota.
— Nem eu. Me esforcei tanto para que esse namoro desse certo.
— Você sabe que ele não precisa acabar assim, né?
— Eu não vou ficar com uma garota que sente atração por outros.
— Isso aconteceu apenas uma vez, Victor — diz Marina soltando-o.
— Você está defendendo aquela garota? — Victor prefere não pronunciar o nome de Yasmin porque só de fazer isso o seu coração se aperta ainda mais. — Não foi você que nem queria que eu namorasse com ela?
— Acontecesse que agora eu vejo como vocês dois se gostam. Se amam!
— Se ela me amasse o suficiente, não teria pensado em ficar com outro — ele diz com ressentimento.
— Pensa bem no que você vai fazer, Victor.
— Eu já tomei a minha decisão. Mais tarde vou colocar um ponto final no meu namoro com a Yasmin! — ele fala com firmeza, porém um lampejo de tristeza passa por seus olhos.
Sophia entra no quarto de Yasmin polpando as batidas na porta. Ela encontra a adolescente chorando sentada no chão ao lado da cama. Ao olhar vários objetos da escrivaninha espalhados pelo chão, a loira adulta fica ainda mais preocupada.
— Filha, você está bem?
— Não, mãe — responde Yasmin aos prantos. — Eu e o Victor brigamos.
— Eu sei, eu e o seu pai ouvimos. — Yasmin olha para ela com espanto e Sophia explica: — Vocês estavam gritando muito, era impossível não ouvir. O Micael até quis vim aqui para interromper, mas eu sabia que vocês estavam precisando ter essa conversa.
— Não deu tempo de eu contar para ele — menciona Yasmin. — O Breno ligou para o meu celular e o Victor atendeu.
Sophia fica espantada e se agacha ao lado da filha.
— E aí?
— Eu tive que contar toda a verdade e ele ficou furioso e começou a gritar comigo. Eu não consegui ficar calada — ela diz entre os soluços. — Eu sei que estava errada! Mas ele não tinha o direito de gritar comigo.
Sophia passa a mão pelo cabelo de Yasmin, tirando algumas mechas de seu rosto.
— Se acalma, Yasmin. Respira!
— A gente vai terminar. Eu tenho certeza!
— Não sofra por antecipação. Não tem como você saber disso.
— Eu sei que ele vai terminar comigo. Se fosse ao contrário eu também terminaria com ele. É isso que me deixa mais mal, saber que a culpa de tudo isso é minha.
— Ei, calma! — pede Sophia abraçando a filha. Yasmin chora ainda mais no colo da mãe.
Em seu quarto, Mel observa Chay se vestindo.
— A gente poderia dar uma volta pela cidade, né? — ela propõem. — Você só embarca pra Porto Alegre amanhã de manhã e eu volto pro Rio.
— Eu gostaria — responde Chay. — Só que eu estou cansado do hoje de ontem.
— Qual é, Chay? A gente sempre fez isso! — ela tenta animá-lo. — Vamos aproveitar o tempo de sobra pra dar uma volta em São Paulo.
— Nós já conhecemos, viemos várias vezes para cá, lembra?
— Acontece que cada vez é diferente.
— Se você quiser ir, tudo bem, amor. Eu não estou em condições — ele fala passando a mão no cabelo. Mel olha para baixo, ficando desanimada. Chay nota a reação dela, mas prefere continuar de boca fechada. Depois de alguns instantes, Mel ergue a cabeça e diz:
— Quer saber? Eu vou dar uma volta sozinha. — Ela levanta da cama e pega a sua bolsa e celular. — Como dizem, antes só do que mal acompanhado — diz abrindo a porta. — Sem contar que eu posso conhecer algum paulista que me dê atenção. Ao contrário de algumas pessoas — completa batendo a porta após sair.
— Mel! — chama Chay. Ao perceber que ela não irá voltar, ele solta um suspiro de frustração e fecha os olhos lentamente.
Depois de terem tomado café da manhã Isabela e Felipe deitaram sobre uma espreguiçadeira e ficaram namorando. No momento, ela está com a cabeça apoiada no ombro dele e Felipe acaricia o seu cabelo comprido.
— Daqui a pouco eu vou ter que ir — diz Felipe.
— Ah não! — lamenta Isabela rindo. — Almoça comigo.
— Olha que a dona Sophia vai te acusar de sequestro, hein?
Isabela ri ainda mais e se lembra da conversa que teve com Mel, Sophia e Yasmin.
— Yasmin — diz levantando. — Eu preciso falar com ela.
— Por?
Isabela ignora a pergunta de Felipe e corre para dentro da mansão. Felipe apoia a cabeça na espreguiçadeira e deduz o que Isabela quer contar para Yasmin com tanta urgência.
— Meninas — diz sorrindo.
Marina deixa Victor no quarto dele e retorna para o seu. Vinícius, que está sentado em uma poltrona vermelha com o celular nas mãos, ergue a cabeça quando ela passa pela porta.
— Então, o que aconteceu?
Marina solta um suspiro e responde:
— Ele e a Yasmin brigaram.
— O quê? Eles estavam tão bem.
— Pelo o que eu entendi, a Yasmin conheceu um garoto e quis ficar com ele. O Victor descobriu e ela confessou a verdade na cara dele.
— Não acredito nisso!
— Pois é — fala Marina sentando em sua cama. Vinícius permanece calado por um momento, em seguida diz:
— Preciso conversar com a Yasmin.
— Agora que eu estava tentando ver o lado positivo dela, ela faz isso com o Victor?
— Calma, Marina! Nós precisamos ouvir os dois lados.
— Eu não quero ouvir o lado dela, ela magoou o meu irmão!
— O Victor não é nenhuma peça rara, que quebra com qualquer coisa.
— Você precisava ver como ele estava — diz Marina. — Por um momento eu pensei que ele fosse chorar.
— Qual é o problema se ele chorasse?
— O Victor quase nunca chora. Por menina mesmo ele nunca derrubou uma lágrima.
— Pra tudo tem uma primeira vez.
— Você está do lado da Yasmin? — questiona Marina boquiaberta. Vinícius levanta da poltrona e vai até ela.
— Mari, não é porque os dois brigaram que a gente tem que fazer o mesmo, ok?
Marina respira fundo.
— Você tem razão. Desculpa — pede. — Foi o estresse do Victor que acabou passando pra mim.
Vinícius dá um leve sorriso e beija Marina com suavidade.
— É melhor eu ir — diz levantando.
— Fica mais um pouco.
— Não posso. O Felipe deve estar lá em casa ainda e eu não quero que ele pense que lá é a casa da Mãe Joana.
— Mãe Joana? — repete Marina sem entender. Vinícius ri e diz:
— Deixa pra lá. Me leva até a porta?
— Claro.
Vinícius pega a sua mochila e sai de mão dada com Marina.
O celular de Yasmin começa a tocar sobre a cama e ela se estica para pegá-lo.
— É a Isabela — diz enxugando as lágrimas. — Ela deve estar querendo contar sobre a noite com o Felipe — ela dá um sorriso entristecido. — Eu não posso falar com ela agora, ela vai perceber que eu estou mal e eu não quero deixar a Isa preocupada comigo. Ela deve estar tão feliz.
— Me dá o telefone — pede Sophia esticando a mão em direção à filha. A loirinha entrega o celular à sua mãe, que diz atendendo: — Oi, Isa!
— Sophia? — pergunta Isabela reconhecendo a voz da mulher.
— Sim.
— A Yasmin está por aí?
— Ela está tomando banho, Isa.
— Ah, eu queria conversar com ela. Finalmente aconteceu, Sophia — conta a adolescente sorridente.
— Sério, meu anjo? Que fantástico!
Isabela balança as pernas sentada em sua cama no segundo andar da mansão. Nina, sua cachorrinha, passeia pelo quarto.
— Foi perfeito, eu queria conversar com a Yas. Quando ela sair do banho fala para ela me ligar?
— Claro — responde Sophia educadamente.
— Então tá. Tchau!
— Tchau!
Elas desligam e Isabela desce as escadas rapidamente. Quando está atravessando a sala dá de encontro com Felipe.
— O que foi? — pergunta olhando para o rosto sério do namorado.
— Eu não sei. O Vinícius me mandou uma mensagem que dizia SOS YasVic.
— Como assim?
— Sei lá — responde Felipe tão confuso quanto ela. — Estou indo para casa.
— Eu acabei de ligar para a Yas e foi a Sophia que atendeu e disse que ela estava tomando banho. Acho que se tivesse acontecido alguma coisa, ela teria me contado, não?
— Não se o ocorrido fosse estragar com a sua felicidade — diz Felipe acariciando o queixo de Isabela.
— Você acha que...? — ela pensa rápido. — É claro que sim! Se a Yasmin tivesse falado comigo eu perceberia que algo está acontecendo e ela não quer estragar a minha alegria.
— Bingo! — fala Felipe dando um soquinho de leve no queixo dela.
— Eu vou com você! — diz Isabela decidida. — Se alguma coisa séria aconteceu, a Yasmin está precisando de mim.
— Você não acha que se ela quisesse você lá não teria te atendido? — pergunta Felipe tentando não parecer grosseiro.
— Não me importa. Eu vou com você!
Felipe dá um leve sorriso e pega na mão dela.
— Então vamos!
Quando os dois abrem a porta principal da mansão e saem rumo ao portão, encontram com Vinícius chegando.
— Que mensagem foi aquela? — pergunta Felipe.
— O Victor chegou em casa furioso, ele e a Yasmin tiveram uma briga super séria.
— Qual foi o motivo? — indaga Isabela.
— A Marina me explicou por cima, mas é muito confuso. Pra onde vocês estão indo?
— Para a minha casa — responde Felipe.
— Você vai junto, Isa? — pergunta Vinícius.
— Vou. A Yas está precisando de mim.
— Você não acha melhor esperar um pouco? — pondera o adolescente. — Talvez ela precise ficar sozinha agora.
Isabela olha para Felipe, querendo saber a opinião dele.
— Concordo com ele — diz o jovem. Contrariada, Isabela solta a mão de Felipe.
— Ok, eu fico.
Felipe dá um selinho nela e sai rapidamente.
Minutos depois Felipe passa pela porta da mansão em que mora e encontra com seu pai sentado no sofá da sala principal. O adolescente joga a mochila em um dos sofás e desaba em uma poltrona.
— Como estão as coisas? — pergunta a Micael.
— Normais, tirando a sua irmã que brigou com o Victor hoje.
— Tô sabendo. Foi sério?
— Eles gritaram tanto que acho que deu pra ouvir na mansão toda.
Felipe ri e levanta.
— Vou lá falar com ela.
Ele sobe as escadas com rapidez e vai para o quarto de Yasmin. Dando batidinhas na porta, ele abre.
— Yas? — chama suavemente.
— Estou aqui — ela responde saindo do banheiro.
— Como você está?
— Bem.
— Eu soube da briga que você teve com o Victor — conta Felipe sentando na cama dela.
— Todo mundo já está sabendo dessa merda? — ela pergunta mal-humorada.
— Só a gente. Por que vocês brigaram?
— Por minha culpa.
— O que você fez?
Yasmin repete toda a história para Felipe. Por fim, ele exclama:
— Uau! Você quis mesmo ficar com o outro garoto?
— Quis, mas me arrependo amargamente disso.
— Mas você não teve escolha. Aconteceu.
— A mãe disse a mesma coisa.
— E agora, como ficam você e o Victor?
— Não sei — ela responde com sinceridade. — A única certeza que eu tenho é que se ele quiser terminar eu vou respeitar a decisão dele.
— Isso quer dizer quê?
— Que se nós terminarmos, eu não vou buscar reconciliação.
— Yas...
— Não, Felipe — ela o interrompe antes que ele possa dizer algo. — Eu sei que eu tô errada. Se fosse ao contrário eu terminaria com ele. Então, o que eu posso fazer?
Felipe suspira.
— Nada.
— Exatamente.
— Justo agora que eu tava aceitando aquele idiota como genro.
Yasmin abaixa a cabeça e os seus olhos se enchem de lágrimas mais uma vez.
— Eu não quero que a nossa história acabe!
— Ei! — Felipe passa os braços em torno dos ombros dela, a envolvendo em um abraço fraternal. — Não fica assim. Cadê aquela Yasmin que não se envolvia, que não estava interessada em nenhum compromisso?
— É difícil dizer isso, mas ela desapareceu quando eu conheci o Victor.
Felipe afaga o ombro da irmã, tentando deixá-la mais tranquila.
As horas passam e todos almoçam em suas casas. Por volta das duas da tarde, Mel retorna ao hotel. Chay está deitado na cama assistindo televisão. Ela entra silenciosamente no quarto e não fala nenhuma palavra enquanto tira os sapatos. Após alguns instantes:
— Mel? — Chay chama.
— Hum? — ela responde sem erguer a cabeça.
— Senta aqui — ele pede indicando o espaço na cama ao seu lado. Mel termina de tirar os seus sapatos e senta ao lado dele.
— O que foi?
— Eu queria te pedir desculpas — ele começa. — Eu agi errado com você.
— Você vem agindo errado comigo faz bastante tempo, Chay — desabafa Mel.
— Sério? Porque eu não faço de propósito.
— Isso é o que é pior! Você não faz de propósito, você me deixa de lado naturalmente.
— Quando que eu te deixei de lado? — Chay pergunta mais com curiosidade do que por acusação.
— Não estou falando deixar de lado fisicamente, mas você vem me excluindo da sua vida aos poucos, Chay. Eu já não sei como vão as coisas no seu trabalho, a gente não sai mais, nem dar uma volta na cidade comigo você quis.
— É que eu estou focado no meu trabalho, mas juro que vou mudar. — Ele pega nas mãos dela. — Você é muito importante pra mim e eu não vou te perder por uma bobeira.
Mel dá um leve sorriso e Chay se aproxima ainda mais dela.
— Eu te amo, minha pimentinha.
— Eu também te amo.
Chay aproxima os seus lábios aos de Mel e a beija com suavidade.
Isabela está deitada no sofá da sala de jogos vendo Vinícius jogar. O celular dela começa a tocar e a jovem olha no visor.
— É a Yasmin. — Ela atende. — Oi, Yas.
— Oi, amiga — fala Yasmin com a voz fraca.
— Como você está?
— Bem — mente a loira. — Quero saber como foi a sua tão esperada noite com o Felipe.
— Foi ótima — responde Isabela ainda preocupada com a amiga.
— Só isso? Eu quero detalhes.
— E eu quero saber como você realmente está.
Isabela ouve um suspiro do outro lado da linha e Yasmin responde:
— Eu estou péssima, mas não quero continuar assim. A única coisa que eu quero é ouvir como foi a noite da minha melhor amiga. Tenho certeza que isso vai me deixar melhor.
Isabela sorri e fala:
— Tudo bem. Foi a melhor noite da minha vida — ela começa. — O Felipe me levou para jantar em um restaurante super chique, depois nós fomos para a praia e ficamos namorando por lá um pouco. Quando a gente chegou aqui em casa, viemos para o meu quarto e o resto você já pode imaginar.
— Não posso, não — mente Yasmin. — Quero saber todos os detalhes, dona Isabela, pode ir me contando.
— Yasmin, você me conhece.
— Como é a pegada do Felipe? — pergunta Yasmin sorrindo, esquecendo dos próprios problemas.
— A minha mãe perguntou a mesma coisa — gargalha Isabela.
— E o que você respondeu?
— Que ele tem muita pegada.
— Sempre achei que o Felipe tivesse cara de brocha — Yasmin ri levemente, ainda bem longe de seu estado de espírito habitual.
— Eu nunca achei isso e posso comprovar que não é verdade.
As duas riem.
— Estou tão feliz por você — fala Yasmin com sinceridade.
— Eu queria dizer o mesmo por você.
— Eu vou ficar bem, pode ter certeza. Afinal, não vai ser qualquer moleque que vai me deixar triste por muito tempo.
— O Victor não é qualquer moleque — lembra Isabela com a voz arrastada.
— Eu sei — concorda Yasmin tristemente. — Acontece que eu estou tentando dizer isso para não sofrer ainda mais.
— Entendi. Mais tarde posso passar aí?
— Eu queria dizer que prefiro ficar sozinha, mas estou precisando do colinho de uma amiga.
Isabela sorri carinhosamente.
— Mais tarde eu te vejo então.
— Ok. Beijos!
— Beijos!
As duas desligam.
Assim que deixa o celular sobre a mesinha de cabeceira, Yasmin vê a porta de seu quarto se abrir e Sophia entrar.
— Tem alguém que quer falar com você.
Como sabe que Isabela não é, Yasmin imagina que é o irmão da amiga, Vinícius.
— Quem é? — pergunta só para confirmar.
— O Victor — responde Sophia para o espanto da loirinha. Ela se senta na cama com rapidez.
— O Victor?
— Aham, está lá em baixo. Deixo ele subir?
Yasmin leva um tempo para responder.
— Deixa.
Três minutos depois, Victor passa pela porta do quarto da até então namorada. Yasmin espera por ele em pé ao lado da cama.
— Eu precisava falar com você — ele diz fechando a porta.
— Pode falar — ela sussurra. Ao olhar para Yasmin, Victor nota que ela está tão mal quanto ele. O cabelo está bagunçado, os olhos inchados e vermelhos e aparência abatida.
— Você almoçou? — ele pergunta olhando para as feições dela.
— Almocei — ela responde estranhando a pergunta. Victor assente e prefere guardar para si a frase "Mas não parece". Ele diz:
— Desde que eu saí daqui não parei de pensar em nós dois.
— E? — ela pergunta ansiosa.
— Por incrível que parece eu entendo que você não teve culpa — ele começa.
— Como? — ela indaga de queixo caído. — Eu pensei que você fosse...
— Eu ainda não terminei — ele a interrompe. Yasmin engole seco, prevendo que o pior ainda não passou. Victor continua: — Eu sei que você não teve culpa de ter se sentido atraída pelo garoto lá, mas acontece que algo está errado no nosso namoro. Só isso justifica o fato de você ter tido vontade de ficar com outro.
— Eu não acho que seja isso — discorda Yasmin.
— Se não for isso, a única opção que resta é a que você não está preparada para ter um relacionamento sério.
Yasmin olha para baixo, não acreditando nessa versão.
— Eu pensei e repensei — Victor continua —, e decidi que é melhor nós darmos um tempo.
— Victor...
— Eu ainda estou muito chateado com você, Yasmin. Esse tempo é a oportunidade de eu me acalmar um pouco e de você decidir se realmente quer continuar namorando comigo.
— Eu tenho certeza de que quero continuar namorando com você.
— Querer é uma coisa, estar preparada é outra.
— Eu não sou mais criança, Victor. Sei muito bem quando estou preparada ou não para as coisas — ela fala ficando irritada.
— Se você tivesse tão convicta de si não teria derrapado desse jeito — ele fala com rispidez.
— Não quer jogar mais alguma coisa na minha cara?
— Eu não queria jogar nada na sua cara, mas você praticamente pediu.
— Victor, para com isso!
— Realmente, é melhor eu parar. Não quero estragar ainda mais o que você estragou.
Yasmin morde o lábio, controlando a raiva.
— Quer saber de uma coisa? Acho melhor mesmo nós darmos um tempo. Vou aproveitar esse tempo pra ver onde foi que eu errei.
— Você errou no momento que quis ficar com o garoto!
— Eu estava me referindo ao erro de ter me deixado apaixonar.
— Está arrependida? — pergunta Victor com irritação.
— Talvez sim — ela responde para o espanto dele.
— Então aproveita bastante esse tempo, Yasmin. Se você achar o seu erro e consertar, quem sabe a gente nem volte.
As palavras de Victor atingem Yasmin como se fosse um tapa.
— É essa a sua vontade? — ela pergunta.
— Não, mas parece que é a sua.
— Ai, Victor, vai embora! Essa conversa não vai chegar a lugar algum.
— Ok. Adeus, Yasmin!
Victor sai do quarto da loira e ela solta um suspiro.
— Por que tinha que ser assim? — ela pergunta se jogando na cama.
Sophia entra no quarto de Yasmin polpando as batidas na porta. Ela encontra a adolescente chorando sentada no chão ao lado da cama. Ao olhar vários objetos da escrivaninha espalhados pelo chão, a loira adulta fica ainda mais preocupada.
— Filha, você está bem?
— Não, mãe — responde Yasmin aos prantos. — Eu e o Victor brigamos.
— Eu sei, eu e o seu pai ouvimos. — Yasmin olha para ela com espanto e Sophia explica: — Vocês estavam gritando muito, era impossível não ouvir. O Micael até quis vim aqui para interromper, mas eu sabia que vocês estavam precisando ter essa conversa.
— Não deu tempo de eu contar para ele — menciona Yasmin. — O Breno ligou para o meu celular e o Victor atendeu.
Sophia fica espantada e se agacha ao lado da filha.
— E aí?
— Eu tive que contar toda a verdade e ele ficou furioso e começou a gritar comigo. Eu não consegui ficar calada — ela diz entre os soluços. — Eu sei que estava errada! Mas ele não tinha o direito de gritar comigo.
Sophia passa a mão pelo cabelo de Yasmin, tirando algumas mechas de seu rosto.
— Se acalma, Yasmin. Respira!
— A gente vai terminar. Eu tenho certeza!
— Não sofra por antecipação. Não tem como você saber disso.
— Eu sei que ele vai terminar comigo. Se fosse ao contrário eu também terminaria com ele. É isso que me deixa mais mal, saber que a culpa de tudo isso é minha.
— Ei, calma! — pede Sophia abraçando a filha. Yasmin chora ainda mais no colo da mãe.
Em seu quarto, Mel observa Chay se vestindo.
— A gente poderia dar uma volta pela cidade, né? — ela propõem. — Você só embarca pra Porto Alegre amanhã de manhã e eu volto pro Rio.
— Eu gostaria — responde Chay. — Só que eu estou cansado do hoje de ontem.
— Qual é, Chay? A gente sempre fez isso! — ela tenta animá-lo. — Vamos aproveitar o tempo de sobra pra dar uma volta em São Paulo.
— Nós já conhecemos, viemos várias vezes para cá, lembra?
— Acontece que cada vez é diferente.
— Se você quiser ir, tudo bem, amor. Eu não estou em condições — ele fala passando a mão no cabelo. Mel olha para baixo, ficando desanimada. Chay nota a reação dela, mas prefere continuar de boca fechada. Depois de alguns instantes, Mel ergue a cabeça e diz:
— Quer saber? Eu vou dar uma volta sozinha. — Ela levanta da cama e pega a sua bolsa e celular. — Como dizem, antes só do que mal acompanhado — diz abrindo a porta. — Sem contar que eu posso conhecer algum paulista que me dê atenção. Ao contrário de algumas pessoas — completa batendo a porta após sair.
— Mel! — chama Chay. Ao perceber que ela não irá voltar, ele solta um suspiro de frustração e fecha os olhos lentamente.
Depois de terem tomado café da manhã Isabela e Felipe deitaram sobre uma espreguiçadeira e ficaram namorando. No momento, ela está com a cabeça apoiada no ombro dele e Felipe acaricia o seu cabelo comprido.
— Daqui a pouco eu vou ter que ir — diz Felipe.
— Ah não! — lamenta Isabela rindo. — Almoça comigo.
— Olha que a dona Sophia vai te acusar de sequestro, hein?
Isabela ri ainda mais e se lembra da conversa que teve com Mel, Sophia e Yasmin.
— Yasmin — diz levantando. — Eu preciso falar com ela.
— Por?
Isabela ignora a pergunta de Felipe e corre para dentro da mansão. Felipe apoia a cabeça na espreguiçadeira e deduz o que Isabela quer contar para Yasmin com tanta urgência.
— Meninas — diz sorrindo.
Marina deixa Victor no quarto dele e retorna para o seu. Vinícius, que está sentado em uma poltrona vermelha com o celular nas mãos, ergue a cabeça quando ela passa pela porta.
— Então, o que aconteceu?
Marina solta um suspiro e responde:
— Ele e a Yasmin brigaram.
— O quê? Eles estavam tão bem.
— Pelo o que eu entendi, a Yasmin conheceu um garoto e quis ficar com ele. O Victor descobriu e ela confessou a verdade na cara dele.
— Não acredito nisso!
— Pois é — fala Marina sentando em sua cama. Vinícius permanece calado por um momento, em seguida diz:
— Preciso conversar com a Yasmin.
— Agora que eu estava tentando ver o lado positivo dela, ela faz isso com o Victor?
— Calma, Marina! Nós precisamos ouvir os dois lados.
— Eu não quero ouvir o lado dela, ela magoou o meu irmão!
— O Victor não é nenhuma peça rara, que quebra com qualquer coisa.
— Você precisava ver como ele estava — diz Marina. — Por um momento eu pensei que ele fosse chorar.
— Qual é o problema se ele chorasse?
— O Victor quase nunca chora. Por menina mesmo ele nunca derrubou uma lágrima.
— Pra tudo tem uma primeira vez.
— Você está do lado da Yasmin? — questiona Marina boquiaberta. Vinícius levanta da poltrona e vai até ela.
— Mari, não é porque os dois brigaram que a gente tem que fazer o mesmo, ok?
Marina respira fundo.
— Você tem razão. Desculpa — pede. — Foi o estresse do Victor que acabou passando pra mim.
Vinícius dá um leve sorriso e beija Marina com suavidade.
— É melhor eu ir — diz levantando.
— Fica mais um pouco.
— Não posso. O Felipe deve estar lá em casa ainda e eu não quero que ele pense que lá é a casa da Mãe Joana.
— Mãe Joana? — repete Marina sem entender. Vinícius ri e diz:
— Deixa pra lá. Me leva até a porta?
— Claro.
Vinícius pega a sua mochila e sai de mão dada com Marina.
O celular de Yasmin começa a tocar sobre a cama e ela se estica para pegá-lo.
— É a Isabela — diz enxugando as lágrimas. — Ela deve estar querendo contar sobre a noite com o Felipe — ela dá um sorriso entristecido. — Eu não posso falar com ela agora, ela vai perceber que eu estou mal e eu não quero deixar a Isa preocupada comigo. Ela deve estar tão feliz.
— Me dá o telefone — pede Sophia esticando a mão em direção à filha. A loirinha entrega o celular à sua mãe, que diz atendendo: — Oi, Isa!
— Sophia? — pergunta Isabela reconhecendo a voz da mulher.
— Sim.
— A Yasmin está por aí?
— Ela está tomando banho, Isa.
— Ah, eu queria conversar com ela. Finalmente aconteceu, Sophia — conta a adolescente sorridente.
— Sério, meu anjo? Que fantástico!
Isabela balança as pernas sentada em sua cama no segundo andar da mansão. Nina, sua cachorrinha, passeia pelo quarto.
— Foi perfeito, eu queria conversar com a Yas. Quando ela sair do banho fala para ela me ligar?
— Claro — responde Sophia educadamente.
— Então tá. Tchau!
— Tchau!
Elas desligam e Isabela desce as escadas rapidamente. Quando está atravessando a sala dá de encontro com Felipe.
— O que foi? — pergunta olhando para o rosto sério do namorado.
— Eu não sei. O Vinícius me mandou uma mensagem que dizia SOS YasVic.
— Como assim?
— Sei lá — responde Felipe tão confuso quanto ela. — Estou indo para casa.
— Eu acabei de ligar para a Yas e foi a Sophia que atendeu e disse que ela estava tomando banho. Acho que se tivesse acontecido alguma coisa, ela teria me contado, não?
— Não se o ocorrido fosse estragar com a sua felicidade — diz Felipe acariciando o queixo de Isabela.
— Você acha que...? — ela pensa rápido. — É claro que sim! Se a Yasmin tivesse falado comigo eu perceberia que algo está acontecendo e ela não quer estragar a minha alegria.
— Bingo! — fala Felipe dando um soquinho de leve no queixo dela.
— Eu vou com você! — diz Isabela decidida. — Se alguma coisa séria aconteceu, a Yasmin está precisando de mim.
— Você não acha que se ela quisesse você lá não teria te atendido? — pergunta Felipe tentando não parecer grosseiro.
— Não me importa. Eu vou com você!
Felipe dá um leve sorriso e pega na mão dela.
— Então vamos!
Quando os dois abrem a porta principal da mansão e saem rumo ao portão, encontram com Vinícius chegando.
— Que mensagem foi aquela? — pergunta Felipe.
— O Victor chegou em casa furioso, ele e a Yasmin tiveram uma briga super séria.
— Qual foi o motivo? — indaga Isabela.
— A Marina me explicou por cima, mas é muito confuso. Pra onde vocês estão indo?
— Para a minha casa — responde Felipe.
— Você vai junto, Isa? — pergunta Vinícius.
— Vou. A Yas está precisando de mim.
— Você não acha melhor esperar um pouco? — pondera o adolescente. — Talvez ela precise ficar sozinha agora.
Isabela olha para Felipe, querendo saber a opinião dele.
— Concordo com ele — diz o jovem. Contrariada, Isabela solta a mão de Felipe.
— Ok, eu fico.
Felipe dá um selinho nela e sai rapidamente.
Minutos depois Felipe passa pela porta da mansão em que mora e encontra com seu pai sentado no sofá da sala principal. O adolescente joga a mochila em um dos sofás e desaba em uma poltrona.
— Como estão as coisas? — pergunta a Micael.
— Normais, tirando a sua irmã que brigou com o Victor hoje.
— Tô sabendo. Foi sério?
— Eles gritaram tanto que acho que deu pra ouvir na mansão toda.
Felipe ri e levanta.
— Vou lá falar com ela.
Ele sobe as escadas com rapidez e vai para o quarto de Yasmin. Dando batidinhas na porta, ele abre.
— Yas? — chama suavemente.
— Estou aqui — ela responde saindo do banheiro.
— Como você está?
— Bem.
— Eu soube da briga que você teve com o Victor — conta Felipe sentando na cama dela.
— Todo mundo já está sabendo dessa merda? — ela pergunta mal-humorada.
— Só a gente. Por que vocês brigaram?
— Por minha culpa.
— O que você fez?
Yasmin repete toda a história para Felipe. Por fim, ele exclama:
— Uau! Você quis mesmo ficar com o outro garoto?
— Quis, mas me arrependo amargamente disso.
— Mas você não teve escolha. Aconteceu.
— A mãe disse a mesma coisa.
— E agora, como ficam você e o Victor?
— Não sei — ela responde com sinceridade. — A única certeza que eu tenho é que se ele quiser terminar eu vou respeitar a decisão dele.
— Isso quer dizer quê?
— Que se nós terminarmos, eu não vou buscar reconciliação.
— Yas...
— Não, Felipe — ela o interrompe antes que ele possa dizer algo. — Eu sei que eu tô errada. Se fosse ao contrário eu terminaria com ele. Então, o que eu posso fazer?
Felipe suspira.
— Nada.
— Exatamente.
— Justo agora que eu tava aceitando aquele idiota como genro.
Yasmin abaixa a cabeça e os seus olhos se enchem de lágrimas mais uma vez.
— Eu não quero que a nossa história acabe!
— Ei! — Felipe passa os braços em torno dos ombros dela, a envolvendo em um abraço fraternal. — Não fica assim. Cadê aquela Yasmin que não se envolvia, que não estava interessada em nenhum compromisso?
— É difícil dizer isso, mas ela desapareceu quando eu conheci o Victor.
Felipe afaga o ombro da irmã, tentando deixá-la mais tranquila.
As horas passam e todos almoçam em suas casas. Por volta das duas da tarde, Mel retorna ao hotel. Chay está deitado na cama assistindo televisão. Ela entra silenciosamente no quarto e não fala nenhuma palavra enquanto tira os sapatos. Após alguns instantes:
— Mel? — Chay chama.
— Hum? — ela responde sem erguer a cabeça.
— Senta aqui — ele pede indicando o espaço na cama ao seu lado. Mel termina de tirar os seus sapatos e senta ao lado dele.
— O que foi?
— Eu queria te pedir desculpas — ele começa. — Eu agi errado com você.
— Você vem agindo errado comigo faz bastante tempo, Chay — desabafa Mel.
— Sério? Porque eu não faço de propósito.
— Isso é o que é pior! Você não faz de propósito, você me deixa de lado naturalmente.
— Quando que eu te deixei de lado? — Chay pergunta mais com curiosidade do que por acusação.
— Não estou falando deixar de lado fisicamente, mas você vem me excluindo da sua vida aos poucos, Chay. Eu já não sei como vão as coisas no seu trabalho, a gente não sai mais, nem dar uma volta na cidade comigo você quis.
— É que eu estou focado no meu trabalho, mas juro que vou mudar. — Ele pega nas mãos dela. — Você é muito importante pra mim e eu não vou te perder por uma bobeira.
Mel dá um leve sorriso e Chay se aproxima ainda mais dela.
— Eu te amo, minha pimentinha.
— Eu também te amo.
Chay aproxima os seus lábios aos de Mel e a beija com suavidade.
Isabela está deitada no sofá da sala de jogos vendo Vinícius jogar. O celular dela começa a tocar e a jovem olha no visor.
— É a Yasmin. — Ela atende. — Oi, Yas.
— Oi, amiga — fala Yasmin com a voz fraca.
— Como você está?
— Bem — mente a loira. — Quero saber como foi a sua tão esperada noite com o Felipe.
— Foi ótima — responde Isabela ainda preocupada com a amiga.
— Só isso? Eu quero detalhes.
— E eu quero saber como você realmente está.
Isabela ouve um suspiro do outro lado da linha e Yasmin responde:
— Eu estou péssima, mas não quero continuar assim. A única coisa que eu quero é ouvir como foi a noite da minha melhor amiga. Tenho certeza que isso vai me deixar melhor.
Isabela sorri e fala:
— Tudo bem. Foi a melhor noite da minha vida — ela começa. — O Felipe me levou para jantar em um restaurante super chique, depois nós fomos para a praia e ficamos namorando por lá um pouco. Quando a gente chegou aqui em casa, viemos para o meu quarto e o resto você já pode imaginar.
— Não posso, não — mente Yasmin. — Quero saber todos os detalhes, dona Isabela, pode ir me contando.
— Yasmin, você me conhece.
— Como é a pegada do Felipe? — pergunta Yasmin sorrindo, esquecendo dos próprios problemas.
— A minha mãe perguntou a mesma coisa — gargalha Isabela.
— E o que você respondeu?
— Que ele tem muita pegada.
— Sempre achei que o Felipe tivesse cara de brocha — Yasmin ri levemente, ainda bem longe de seu estado de espírito habitual.
— Eu nunca achei isso e posso comprovar que não é verdade.
As duas riem.
— Estou tão feliz por você — fala Yasmin com sinceridade.
— Eu queria dizer o mesmo por você.
— Eu vou ficar bem, pode ter certeza. Afinal, não vai ser qualquer moleque que vai me deixar triste por muito tempo.
— O Victor não é qualquer moleque — lembra Isabela com a voz arrastada.
— Eu sei — concorda Yasmin tristemente. — Acontece que eu estou tentando dizer isso para não sofrer ainda mais.
— Entendi. Mais tarde posso passar aí?
— Eu queria dizer que prefiro ficar sozinha, mas estou precisando do colinho de uma amiga.
Isabela sorri carinhosamente.
— Mais tarde eu te vejo então.
— Ok. Beijos!
— Beijos!
As duas desligam.
Assim que deixa o celular sobre a mesinha de cabeceira, Yasmin vê a porta de seu quarto se abrir e Sophia entrar.
— Tem alguém que quer falar com você.
Como sabe que Isabela não é, Yasmin imagina que é o irmão da amiga, Vinícius.
— Quem é? — pergunta só para confirmar.
— O Victor — responde Sophia para o espanto da loirinha. Ela se senta na cama com rapidez.
— O Victor?
— Aham, está lá em baixo. Deixo ele subir?
Yasmin leva um tempo para responder.
— Deixa.
Três minutos depois, Victor passa pela porta do quarto da até então namorada. Yasmin espera por ele em pé ao lado da cama.
— Eu precisava falar com você — ele diz fechando a porta.
— Pode falar — ela sussurra. Ao olhar para Yasmin, Victor nota que ela está tão mal quanto ele. O cabelo está bagunçado, os olhos inchados e vermelhos e aparência abatida.
— Você almoçou? — ele pergunta olhando para as feições dela.
— Almocei — ela responde estranhando a pergunta. Victor assente e prefere guardar para si a frase "Mas não parece". Ele diz:
— Desde que eu saí daqui não parei de pensar em nós dois.
— E? — ela pergunta ansiosa.
— Por incrível que parece eu entendo que você não teve culpa — ele começa.
— Como? — ela indaga de queixo caído. — Eu pensei que você fosse...
— Eu ainda não terminei — ele a interrompe. Yasmin engole seco, prevendo que o pior ainda não passou. Victor continua: — Eu sei que você não teve culpa de ter se sentido atraída pelo garoto lá, mas acontece que algo está errado no nosso namoro. Só isso justifica o fato de você ter tido vontade de ficar com outro.
— Eu não acho que seja isso — discorda Yasmin.
— Se não for isso, a única opção que resta é a que você não está preparada para ter um relacionamento sério.
Yasmin olha para baixo, não acreditando nessa versão.
— Eu pensei e repensei — Victor continua —, e decidi que é melhor nós darmos um tempo.
— Victor...
— Eu ainda estou muito chateado com você, Yasmin. Esse tempo é a oportunidade de eu me acalmar um pouco e de você decidir se realmente quer continuar namorando comigo.
— Eu tenho certeza de que quero continuar namorando com você.
— Querer é uma coisa, estar preparada é outra.
— Eu não sou mais criança, Victor. Sei muito bem quando estou preparada ou não para as coisas — ela fala ficando irritada.
— Se você tivesse tão convicta de si não teria derrapado desse jeito — ele fala com rispidez.
— Não quer jogar mais alguma coisa na minha cara?
— Eu não queria jogar nada na sua cara, mas você praticamente pediu.
— Victor, para com isso!
— Realmente, é melhor eu parar. Não quero estragar ainda mais o que você estragou.
Yasmin morde o lábio, controlando a raiva.
— Quer saber de uma coisa? Acho melhor mesmo nós darmos um tempo. Vou aproveitar esse tempo pra ver onde foi que eu errei.
— Você errou no momento que quis ficar com o garoto!
— Eu estava me referindo ao erro de ter me deixado apaixonar.
— Está arrependida? — pergunta Victor com irritação.
— Talvez sim — ela responde para o espanto dele.
— Então aproveita bastante esse tempo, Yasmin. Se você achar o seu erro e consertar, quem sabe a gente nem volte.
As palavras de Victor atingem Yasmin como se fosse um tapa.
— É essa a sua vontade? — ela pergunta.
— Não, mas parece que é a sua.
— Ai, Victor, vai embora! Essa conversa não vai chegar a lugar algum.
— Ok. Adeus, Yasmin!
Victor sai do quarto da loira e ela solta um suspiro.
— Por que tinha que ser assim? — ela pergunta se jogando na cama.
Sinto que esse tempo de YasVic vai agitar ainda mais a história, hein!
ResponderExcluirAi tomara que eles voltem logo
ResponderExcluirhaaaa n YasVic n podeem ficar separadoos poor mttt teeempo,ouu vaao???? (responda-me)
ResponderExcluirlourenzo vai entra na historia??
ResponderExcluir#tristecomotermino
Ameeeeeei u.u
ResponderExcluirlindo,lindo,lindo
mais axo q vc podia te colocao mais detalhes de BeLipe
Faz uma cena hot dos dois,vai ficar perfeitooooo <33333333333
Renata, será que vc poderia falar se vai haver a 5° temporada? Por favor, responda!
ResponderExcluirLeio seu imagine desde a primeira temporada, e acho que vc é uma ótima escritora. Já pensou em escrever um livro de romance?
Eu gostaria muito de continuar escrevendo, mas está cada vez mais difícil continuar conciliando o Imagine com o colégio, então eu realmente não sei se terá continuação. Talvez sim, talvez não. E respondendo a outra pergunta, o meu maior sonho é ser autora de um livro. Quem sabe? hihihi Beijos!
ExcluirOoh mai goudi *oo* tive um infarto *o* ta prfta ah fic :')
ResponderExcluirQuero ThiEle de volta,co o Phil na histiria.
ResponderExcluirPor favoooooor
haaa n Yasvic n poode acabar assim,dps de tudo qe fizeram... elees vao volra looogo ne ????
ResponderExcluirTomará ke eles volte logo->>> continua amando o imagine
ResponderExcluir