Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 70: Felipe é transferido para um quarto



Graziele deixa a escova sobre a estante, ao lado de alguns livros escolares, e sai de seu quarto. Ela desce as escadas com tranquilidade e encontra os seus pais, Larissa e Henrique, trocando beijos na sala de estar.
   — Bom dia — diz para os dois. O casal se solta rapidamente e olha para a filha. 
   — Ãh, bom dia, filha — responde Larissa ficando sem graça.
   — Bom dia, Grazi! — Ao contrário da mulher Henrique permanece totalmente a vontade. 
   — Vocês já tomaram café da manhã? — a adolescente pergunta enquanto pega o seu celular em uma mesinha com flores.
   — Ainda não, estávamos esperando você descer — conta Larissa e levanta do sofá.
   — Pelo o que eu vi vocês estavam aproveitando bem o tempo livre — comenta Graziele sorrindo.
Larissa fica vermelha rapidamente enquanto Henrique ri junto com a filha.
   — Tem que ser, né! — ele comenta. 
   — Vocês vão querer sair mais tarde? Pra jantar fora ou algo assim? — pergunta a ruiva.
   — Não, por quê? — questiona Larissa.
Graziele começa a contar para os pais:
   — É que eu vou sair com a Malu e com o Thiago, então se vocês fossem sair ia dizer para não contarem comigo.
   — Pra onde vocês vão? — pergunta Henrique com curiosidade.
   — Nós vamos naquele barzinho que tem aqui perto. 
   — Entendi.
   — Então — Larissa eleva um pouco a voz —, vamos tomar café porque eu tô com fome. 
Eles riem e vão para a sala de jantar. 

Sophia engole com rapidez uma maçã verde enquanto termina de se arrumar em seu quarto. Ela coloca uma calça jeans de lavagem clara, uma blusa vermelha de manga longa e calça uma sapatilha de veludo bege. Em seguida pega sua bolsa preta sobre a poltrona e enfia o celular em um dos bolsos. Comenta ao sair do quarto:
   — Tadinho do Micael, passou a noite toda naquelas cadeiras duras. 
Ela desce as escadas rapidamente e sai da mansão em seu carro de alto luxo. 

Ainda com um pouco de sono e cansaço do dia anterior, Isabela caminha pelo seu quarto, se arrumando. Duas batidas são ouvidas e a porta se abre. Mel entra e caminha até a filha com suavidade. Ela pergunta:
   — Como você está?
   — Mais ou menos — responde Isabela calçando o seu oxford. 
   — Quer que eu te leve para o hospital?
   — Sim.
   — Ok, vou só me trocar e a gente vai. Come alguma coisa enquanto eu me arrumo, tá bom?
Isabela responde se levantando da cama.
   — Estou sem fome.
   — Isa, você não pode ir de estômago vazio.
   — Tá certo, eu como alguma fruta antes de ir.
Mel dá um beijo na testa da filha e sai do quarto silenciosamente. Isabela penteia o cabelo e sai do quarto para tomar um breve café da manhã. 

Marina senta em uma das cadeiras da sala de jantar e não faz questão de esconder a sua felicidade. Lua e Arthur se olham, percebendo a euforia que emana da jovem. 
   — Que alegria toda é essa? — pergunta Lua. — Alguma notícia boa do Felipe?
O sorriso de Marina desaparece quando sua mãe fala de Felipe e ela pensa em voz alta:
   — Ah! Tinha até esquecido do Felipe.
   — E o que te fez esquecer? — questiona Arthur. Marina conta para os pais da discussão que teve com Vinícius e do presente que ganhou dele.
   — Eu recebi o embrulho logo cedo — conta Lua. — Ele mesmo veio entregar, só que eu pensei que fosse só um agrado. Não sabia da briga.
   — Pois é, ele ficou com ciúmes do Brian.
   — Eu também ficaria — comenta Arthur passando requeijão em uma torrada. 
   — Por quê? — se espanta Marina. — Eu e o Brian somos só amigos agora.
   — Mas já foram namorados. 
   — Sim, mas isso é passado.
Lua entromete:
   — Uma passado bem recente. 
   — Que não deixa de ser passado — rebate Marina. — O que importa é o presente, não é? E no presente eu estou com Vinícius. 
   — Só que você tem que entender o lado dele também, filha — diz Arthur com paciência. 
   — Eu entendo, mas não concordo. 
   — Vamos imaginar uma situação hipotética — começa Arthur. — No ano que vem, quando você começar a estudar no colégio dele, uma garota se aproxima de vocês e você descobre que ela é uma ex-ficante do Vinícius. Eles dois continuam bem próximos, mas ele garante que o que aconteceu ficou no passado. Você ficaria incomodada?
Marina pensa um pouco antes de responder:
   — Acho que ficaria. 
   — Então agora você entende o que passa pela cabeça do Vinícius.
Marina demora mais um tempinho para dizer.
   — É verdade, agora faz um pouco de sentido.
Lua e Arthur trocam um sorriso e eles continua tomando café. 

Aos poucos Yasmin começa a acordar e sente o corpo de Victor em contato com o seu. Olha para ele e sorri.
   — Aposto que várias garotas queriam estar tendo essa visão agora — sussurra consigo mesma. Para sua surpresa, Victor responde de olhos fechados.
   — Concordo com você.
Yasmin ri.
   — Você está acordado?
   — É o que tudo indica, né? — diz Victor abrindo os olhos. A loira balança a cabeça e levanta da cama, caminhando para o banheiro. Minutos depois os dois saem do quarto dela, Victor desce as escadas e Yasmin vai para o quarto de sua mãe. Após dar algumas batidas de leve na porta com os nós dos dedos, ela resolve entrar. 
   — Mãe? — chama fechando a porta. A cortina já está aberta e cama arrumada. Yasmin vai até o banheiro, que está vazio, e volta para o quarto. — Ué! Será que ela já acordou?
Com curiosidade, ela sai do quarto dos pais, desce as escadas e vai até a cozinha, onde encontra com o namorado e pergunta:
   — Você viu a minha mãe por aí?
   — Não — responde Victor enquanto coloca achocolatado em um copo de leite. Yasmin espera ele terminar de mexer o conteúdo e pega o copo de cima da mesa. — Onde você vai com o meu leite? — pergunta Victor vendo ela sair da cozinha.
   — Vou procurar a minha mãe pelo resto da casa. 
   — Não seria mais rápido você ligar para ela? Essa casa é enorme — diz Victor indo atrás de Yasmin. Ela responde:
   — É o que se espera de uma mansão, né?
   — Idiota!
   — Se bem que a sua ideia não é das piores, porque se ela não estiver em casa eu vou ter que ligar de qualquer jeito.
Yasmin retorna para a cozinha acompanhada por Victor. Os dois passam reto pela sala de jantar e vão para a sala de visitas. A adolescente pega o seu celular e disca o número de sua mãe. Ignorando as regras de trânsito, Sophia atende ao telefonema da filha enquanto dirige para o hospital.
   — Oi, Yasmin.
   — Aonde a senhora tá?
   — Indo para o hospital.
   — Por que não acordou a gente para ir com você? 
   — Não tinha necessidade disso. 
Yasmin discorda da mãe, mas prefere não falar nada.
   — Quando tiver informações do Felipe me diz, tá? — pede.
   — Pode deixar.
Elas desligam. Yasmin joga o celular sobre o sofá e olha para Victor.
   — Ela foi para o hospital.
   — Tomara que o Felipe tenha melhorado, né?
   — Só dele não ter piorado já vai ser ótimo — diz Yasmin com seriedade. Victor se aproxima dela e a abraça.
   — Fica tranquila. Tudo vai dar certo!
Yasmin sorri e diz:
   — Você está sendo um fofo comigo.
   — Sabe um jeito de me agradecer?
   — Que jeito?
   — Não me chame mais de fofo — responde ele rindo. Yasmin também ri e diz:
   — Ok, pode deixar.
Victor dá um beijo na testa dela, outro na bochecha e finalmente, na boca. Yasmin entrelaça as mãos na nuca dele, colando o seu corpo no de Victor. 

Sophia vira no corredor em que estava com Micael, Yasmin e Victor na noite anterior e encontra o espaço vazio. Ela fica confusa e olha para os lados.
   — Ué, será que ele foi embora? Não, eu saí com o carro ontem. Se bem que ele pode ter ido de táxi — ela cogita em voz alta. Micael se aproxima por trás dela e diz:
   — Oi, amor!
Sophia vira de frente para ele.
   — Oi! Pensei que você tivesse ido embora. 
   — Não, só fui ao banheiro. 
Sophia dá um beijo nele e pergunta:
   — Novidades?
   — Ontem uma enfermeira veio falar que ele estava chamando por nós e pela Isabela.
Sophia fica emocionada com o que Micael conta e leva uma das mãos à boca para conter o choro.
   — O meu filho está precisando de mim. 
Micael dá um abraço dela e tenta tranquilizá-la.
   — Ele tá bem! Ele tá bem!
Sophia se afasta para olhar no rosto dele.
   — Você pode ir para casa.
   — Você fica bem aqui sozinha?
   — Claro, amor. Pode ir, você precisa descansar. 
   — Eu vou mesmo, estou muito cansado. 
Sophia dá um leve sorriso e eles se beijam.
   — Qualquer notícia me liga.
   — Pode deixar.
Sophia entrega as chaves do seu carro e Micael vai embora. Ela senta em uma das cadeiras e fica pensativa. Depois de alguns minutos decide ir atrás de informações. Sophia se aproxima de um balcão e pergunta para uma funcionária:
   — Você pode me dar informações sobre um paciente?
   — Claro, Dona Sophia. 
A loira se pergunta por um momento como a funcionária sabe seu nome, depois se lembra de que é conhecida nacionalmente. 
   — Qual é o nome? — pergunta a secretária. 
   — Felipe Abrahão Borges.
A moça digita o nome de Felipe no sistema do hospital e vê a ficha dele.
   — Ele está no centro pós-operatório e tem previsão para que ele vá para o quarto ainda hoje.
A notícia faz Sophia abrir um sorriso.
   — Sério?
   — É o que está previsto.
   — Ok, obrigada.
Sophia se afasta mais aliviada e encontra Mel e Isabela em um dos corredores do hospital.
   — Ah, oi, gente — cumprimenta.
   — Oi, Sophia — diz Mel.
   — Oi — responde Isabela.
   — Tenho uma ótima notícia para vocês — começa Sophia. Isabela fica eufórica e pergunta:
   — Que notícia?
   — O Felipe vai ser transferido para um quarto ainda hoje.
Mel e Isabela sorriem.
   — Sério? — pergunta a morena.
   — Sim — confirma Sophia. — Uma secretária acabou de me informar.
   — Que notícia maravilhosa!
As três sentam em cadeiras no corredor e começam a conversar. 

Chay está relaxado no sofá vendo um noticiário na televisão quando a campainha toca. Vera, a governanta da mansão, atende e Marina entra.
   — Oi! O Vinícius está em casa?
   — Sim — responde a senhora. — Vou chamá-lo.
Vera sobe as escadas e Marina se aproxima dos sofás ainda sem ver Chay deitado em um deles. Ela para ao vê-lo e cumprimenta:
   — Oi, Chay!
   — Oi, Marina — ele responde sentando. — E aí? Como vai?
   — Vou bem — ela diz sentando em um sofá de frente para ele. Vinícius desce as escadas rapidamente e vai até ela.
   — Oi, Mari.
   — Oi!
Eles se olham e Vinícius senta ao lado dela.
   — Está tudo bem entre a gente? — ele pergunta sussurrando no ouvido dela.
   — Tem como não estar depois do bonequinho trasgo que eu ganhei? — ela rebate com um sorriso no rosto. Vinícius também sorri e dá um selinho nela. Chay continua observando os dois e diz:
   — Acho que vou deixar vocês sozinhos. — Ele levanta e caminha para as escadas.
   — Valeu, pai. 
Assim que Chay desaparece no andar de cima, Vinícius se vira totalmente para Marina.
   — Desculpa por ontem, tá?
   — Tudo bem. Eu me coloquei no seu lugar e te entendo. 
   — Sério? — pergunta Vinícius surpreso.
   — Sim! Sei que deve ser difícil pra você.
Vinícius sorri e se aproxima ainda mais dela. Os dois fecham os olhos e se beijam. 

As horas passam e Felipe é transferido para um quarto. No condomínio onde todos moram, Chay, Marina e Vinícius almoçam juntos, assim como, Micael, Yasmin e Victor. Sophia, Mel e Isabela comem sanduíches na lanchonete do hospital e voltam para onde estavam. Uma enfermeira se aproxima das três e diz:
   — O Felipe já pode receber visitas. 
Elas se olham empolgadas e enfermeira continua:
   — Uma pessoa por vez e por apenas quinze minutos. Quem vai primeiro?
Sophia e Isabela se olham. 
   — Você primeiro — diz a loira e Isabela discorda.
   — Não, a senhora é a mãe dele. Vá primeiro!
Sophia sorri e levanta.
   — Então eu vou.
   — Siga-me! — diz a enfermeira. Ela e Sophia desaparecem por outro corredor. Mel diz para a filha:
   — Muito gentil o seu gesto.
   — Justo seria uma palavra melhor — sorri Isabela, ansiosa para ver o namorado. 

A enfermeira abre a porta e Sophia passa por ela, entrando no quarto em que seu filho, Felipe, está. A funcionária os deixa sozinhos e Sophia corre até a cama de Felipe. O garoto olha para ela e sorri. O seu rosto está com alguns arranhões, assim como os braços e pernas. Seu abdômen está enfaixado por baixo da roupa azul clara que ele veste e seu pé está imobilizado. 
   — Meu bebê — se emociona Sophia passando a mão no cabelo dele. 
   — Não precisa chorar, mãe — sussurra Felipe, ainda com a voz fraca.
   — Eu trocaria de lugar com você, meu filho, só pra não te ver deitado desse jeito.
   — Eu tô bem. — Felipe prefere ocultar de Sophia que está sentindo algumas dores pelo corpo para não deixá-la ainda mais preocupada. 
   — Ontem nós passamos o dia inteiro aqui, esperando por alguma notícia sua. Até o Victor ficou.
   — O Victor?
   — Sim, ele ficou com a Yasmin.
Felipe dá um leve sorriso. Sophia continua:
   — O seu pai só foi embora hoje de manhã.
   — Ele dormiu aqui?
   — Sim.
   — Coitado — sussurra Felipe. 
   — Uma pena ele não estar aqui para te visitar. 
   — Daqui a pouco a gente se vê, assim que eu sair desse hospital. 
Sophia sorri com o otimismo do filho.
   — Fico feliz de ver bem desse jeito, mesmo com esses machucados. 
   — Mãe? 
   — O que foi?
   — O cara que me atropelou... o que aconteceu com ele?
   — Não é hora da gente falar sobre isso, filho.
   — Eu quero saber — insiste Felipe.
   — O seu pai está fazendo de tudo para que ele fique atrás das grades, mas você sabe como é esse país, né?
   — Ele está solto? — pergunta Felipe.
   — Parece que sim. Eu não sei direito. 
Felipe fica indignado.
   — Ele solto e eu preso nessa cama.
Sophia pega no braço dele.
   — Não por muito tempo. 
   — Eu espero — torce Felipe. A porta do quarto é aberta pela enfermeira, que diz:
   — O horário acabou.
Sophia lança um sorriso triste para Felipe.
   — Queria poder ficar mais tempo com você.
   — Eu também queria que você ficasse, mãe. Ah! E a Isabela?
Sophia sorri.
   — Daqui a pouco você vai saber como ela está. Te amor, meu amor! — Ela dá um beijo na testa dele e sai do quarto com a enfermeira, deixando Felipe confuso. Cinco minutos depois a porta abre novamente e Isabela passa por ela.
   — Isa! — sussurra Felipe vendo a namorada se aproximar da cama.


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