Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 67: Felipe é operado
O médico olha para os rostos repletos de preocupação dos pais de Felipe e responde:
— Ele teve algumas escoriações pelo corpo, quebrou duas costelas e torceu o tornozelo.
Sophia leva as mãos à boca e Isabela esconde o rosto no ombro de Chay.
— Como ele está? — pergunta Micael aflito.
— Está sendo levado para o centro cirúrgico.
— CENTRO CIRÚRGICO? — repete Sophia.
— É necessário para a reconstrução das costelas para evitar traumas maiores.
— Que tipo de traumas, doutor? — pergunta Chay segurando Isabela.
— A perfuração de alguns órgãos.
Todos ficam perplexos com a informação e o médico completa:
— Isso é só uma possibilidade, não irá acontecer nada mais sério se a cirurgia for feita o quanto antes.
— Seja sincero, doutor — pede Sophia — o meu filho corre risco de morrer?
— Sempre há uma chance, mas o percentual é mínimo. Ele vai se sair muito bem disso! Agora eu preciso ir para a sala de cirurgia, com licença.
O médico se afasta, deixando a família devastada. Sophia chora abraçada em Micael enquanto Isabela é amparada por seus pais. Yasmin solta a mão de Victor e começa a caminhar pelo corredor, se afastando de todos. Ele vai atrás dela e pergunta ao se aproximar:
— Pra onde você vai?
— Rezar para que tudo saia bem na cirurgia.
— Eu vou com você — diz Victor.
— Você não falou que não se sente bem dentro de uma igreja?
— Eu não preciso entrar, fico te esperando do lado de fora. Não vou te deixar sozinha!
Yasmin dá um meio sorriso com os olhos cheios de lágrimas, Victor pega na mão dela e os dois caminham em busca da capela.
Vinícius discorda de Marina, dizendo:
— Eu não previ o que ia acontecer, só senti uma coisa ruim.
— E a imagem do Felipe veio na sua mente. Isso é um dom, Vinícius!
O jovem levanta do sofá, ficando incomodado com o olhar intenso de Marina sobre ele.
— Isso não é nada demais!
— Claro que é. Você sente quando algo vai acontecer de ruim, não é todo mundo que faz isso.
— Mas não é nada demais.
— Você pode evitar os acontecimentos — diz Marina com empolgação.
— Claro que não — discorda Vinícius novamente. — Ninguém pode evitar os acontecimentos.
— Se você tivesse ligado para o Felipe pedindo para ele ficar mais atento talvez ele pudesse ter desviado do carro.
— Ninguém pode mudar o futuro, Marina.
— Se você prefere acreditar nisso, mas eu acho que está desperdiçando um talento.
— Talento? — repete Vinícius sem acreditar no que ouviu. — Isso não é um talento. Talento é o que os nossos pais tem, não isso.
— Ok, talento não, mas um dom.
— Eu só senti isso duas vezes. Duas vezes!
— E eu nenhuma. Nem nem, nem os meus pais, nem o meu irmão, nem ninguém que eu conheço, exceto você.
— Esquece isso, Marina! Não quero ninguém me olhando como um médium ou algo do tipo, porque eu não sou isso!
— Se você quer isso — ela dá de ombros.
Vinícius vira de costas para ela e respira fundo, tentando se acalmar. Marina percebe como a conversa ficou pesada e levanta, caminhando até ele. Ela abraça Vinícius por trás e dá um beijo na nuca dele.
— Desculpa se eu disse algo que você não gostou.
Vinícius se vira para ela e pega em suas mãos.
— Se põem no meu lugar — ele pede com calma. — Já estou assustado com o que aconteceu com o Felipe, com o que eu senti e você ainda coloca mais pilha nisso?
Marina suspira e abaixa o rosto.
— Foi mal — pede em um sussurro —, de verdade.
— Tudo bem — diz Vinícius abraçando ela. — Só não faz isso de novo.
— Pode deixar — promete Marina. Vinícius dá um beijo na bochecha dela e eles se abraçam.
Isabela volta a se sentar em uma das cadeiras azuis do corredor e chora com as mãos no rosto. Mel tenta consola-lá, mas Chay segura em seu braço e diz:
— Deixa ela sozinha um pouco. Vai ser melhor pra ela!
Mel assente com a cabeça e olha para Sophia, que continua junto de Micael. Isabela chora compulsivamente com medo de que Felipe não fique bem.
Yasmin e Victor encontram uma capelinha no hospital. O local está em uma área aberta e florida. Yasmin entra na capela e Victor senta em um dos bancos que ficam na frente. Ao entrar, Yasmin percebe que está sozinha e agradece por isso. Ela caminha até o altar e se ajoelha de frente para uma grande cruz de madeira. Com as mãos unidas, ela começa a orar.
— Jesus, espero que o senhor consiga me ouvir dentre os diversos pedidos desesperados. — Ela começa a chorar, mas não para de falar baixinho: — Eu sei que a minha relação com o Felipe não é das mais carinhosas, mas é através das nossas brincadeiras, das nossas zoações que nós dois demonstramos o nosso amor. Ele sempre foi o meu irmão, o meu melhor amigo e o meu ombro pra chorar. É com ele que eu passo as noites desabafando quando algo acontece, é nele que eu despejo o meu mau-humor matinal, é com ele que eu posso contar sempre. A minha amizade com a Isa e com o Vini pode acabar um dia, mas o Felipe sempre vai ser o meu irmão, o meu amigo. Eu te peço por tudo o que é mais sagrado, não tire ele de mim, da minha família.
Yasmin abaixa o rosto e chora com compulsão.
Chay levou Sophia para a lanchonete para que ela coma algo e se acalme um pouco. Mel caminha até Micael, que está orando baixinho sentado em uma cadeira, e senta ao lado dele.
— Micael?
Ele olha para ela.
— Hum?
— Eu sei que esse não é o melhor momento para falar sobre isso, mas é necessário — começa a morena. — Vocês precisam fazer um boletim de ocorrência contra o motorista do carro que atropelou o Felipe. A Isabela me contou que ele invadiu a calçada, ele precisa pagar por isso.
— Eu sei disso — concorda Micael. — Estava falando com o Chay e o advogado da família já entrou com isso. Vou fazer de tudo para que esse cara fique atrás das grades.
— Pode contar com o meu apoio, ok? — diz Mel pegando na mão de Micael.
— Obrigada — diz Micael apertando a mão dela.
As horas passam e a noite começa a se aproximar. Isabela já não tem mais lágrimas para chorar e permanece imóvel em uma das cadeiras, ao lado de Sophia que reza sem parar. Micael e Chay voltam a conversar em um canto sobre as legalidades e Mel observa os dois de longe enquanto Yasmin e Victor ficam sentados nas cadeiras ao lado de Sophia. Em um determinado momento, o mesmo médico que falou do estado de Felipe surge no corredor e se aproxima das famílias. Todos ficam de pé e se juntam ao redor dele.
— E aí, doutor, como foi a cirurgia? — pergunta Chay.
O médico abre um pequeno sorriso e conta:
— A cirurgia foi um sucesso.
Os outros respiram aliviados, mas Isabela continua tensa.
— Como ele está? Ele vai ficar bem? — pergunta ainda aflita.
— O paciente no momento se encontra na ala pós operatória se recuperando da cirurgia, mas em breve será transferido para um quarto e vocês poderão visitá-lo.
Isabela dá um leve sorriso.
— Então vai ficar tudo bem?
— Sim — o médico sorri para tranquilizá-la.
— Como está o pé dele, doutor? — pergunta Sophia se lembrando que o médico falou que Felipe torceu o tornozelo.
— Está OK, assim como os arranhões pelo corpo.
Todos sorriem mais calmos e o médico se afasta. Victor diz para Yasmin:
— Sua reza deve ter funcionado.
— Consegue acreditar agora? — pergunta Yasmin dando um sorriso.
— Não — responde Victor rindo. Eles dão um selinho e se abraçam.
— Estou tão feliz por saber que o meu irmão vai ficar bem. Tão feliz! — diz Yasmin no ombro dele. Isabela se afasta e vai para o banheiro, onde fica sozinha encarando o seu reflexo no espelho.
— Obrigada, meu Deus! Obrigada! Obrigada!
Ela abre a torneira e molha as mãos, em seguida o rosto. Quando retorna para perto de seus pais, Mel diz à ela:
— Vamos para casa, filha?
— O quê?
— Nós precisamos comer, tomar banho, Isa — diz Chay com tranquilidade.
— Podem ir, eu vou ficar.
— Quando digo nós, quero dizer você também.
— Eu não vou deixar o Felipe sozinho, pai!
— Ele não vai ficar sozinho, meu amor — diz Mel com sutileza. — Tem uma equipe médica cuidando dele.
— Mesmo assim eu não vou conseguir ficar tranquila. Vou ficar aqui!
— Isa, é melhor você ir descansar um pouco — opina Yasmin.
— Por que não vai você então? — rebate Isabela com um pouco de grosseria. Yasmin nota que ela está nervosa e ignora.
— Você não vai conseguir visitar o Felipe enquanto ele não ir para o quarto, Isa — diz Chay. — É melhor você está bem quando for visitá-lo. Você não vai querer que ele fique preocupado com você, né?
Isabela pensa no que o seu pai disse.
— Ok, mas eu vou voltar. Vocês não vai tentar me impedir, né?
— Claro que não, filha — garante Mel.
— Então vamos!
Isabela, Chay e Mel se despedem dos demais e saem. Victor apoia a cabeça no ombro de Yasmin e fecha os olhos.
— Você não quer ir com eles? — pergunta Yasmin. — Se correr pode alcançá-los no estacionamento.
— Não vou te deixar aqui sozinha — diz Victor sem se mexer.
— Eu estou vendo como você tá cansado, Victor. Sem contar que nós não comemos nada além daqueles salgados que tem na lanchonete.
— Eu estou bem!
— Você tá quase dormindo.
Victor levanta a cabeça e encara Yasmin.
— Não vou te deixar sozinha agora que você mais precisa de mim.
— Os meus pais estão aqui, não vou ficar sozinha. Eu tô bem agora que sei que o Felipe também está bem.
— Então estamos todos bem — diz Victor voltando a apoiar a cabeça no ombro dela. Yasmin sorri, desistindo de convencê-lo a ir para casa.
Sentada no banco de trás do carro de seus pais, Isabela apoia a cabeça na janela e o cansaço toma conta, adormecendo-a em minutos. Em seus sonhos, Isabela relembra do acidente e de Felipe deitado na calçada inconsciente. Mel também fecha os olhos no banco da frente, mas não dorme, e mesmo estando cansado, Chay fica atento ao trânsito. Eles se assustam ao ouvir Isabela gritar, despertando do sono. Chay para o carro no acostamento imediatamente e olha para ela, assim como Mel.
— O que houve, filha?
Isabela olha para eles com lágrimas correndo pelo seu rosto.
— Eu estava tendo um pesadelo e — ela soluça — via o Felipe sendo atropelado de novo e pior — mais um soluço interrompe a frase dela — eu aparecia em um lugar todo branco e ele surgia na minha frente e começava a se despedir de mim.
Chay e Mel assistem a filha contar o seu sonho chorando e ficam comovidos com o desespero dela. Isabela continua:
— O Felipe falava que me amava e que sempre iria me proteger, depois desaparecia e eu surgia no velório dele. Eu via o Felipe no caixão, mãe! — chora Isabela. — Ele morria, ele me deixava!
Mel pula para o banco de trás e abraça Isabela.
— Ei, calma! Foi só um pesadelo. O Felipe está bem no hospital, ele vai sair dessa. Calma!
— Eu não quero perder o meu namorado, mãe. Não quero!
— Isso não vai acontecer — tenta tranquilizá-la Mel. — Eu te prometo!
Ainda bem que o Felipe ficou bem.@FMeldosantoro2
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