Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 56: Marina passa mal e Yasmin se arrepende

Victor continua imóvel na frente de Yasmin, com alguns metros e um sofá entre eles.
   — Você pediu sinceridade. 
   — Você me traiu, Victor Aguiar! — esbraveja Yasmin com ódio. 
   — Eu não disse isso — responde Victor com calma. 
   — Não precisa nem dizer, você acabou de confessar que saiu do quarto de uma menina! O que vocês estavam fazendo, tricotando? Ou melhor, retocando a maquiagem? 
   — Deixa de deboche, Yasmin.
   — Eu vou te matar, Victor. Te matar! — Yasmin rodeia o sofá e parte para cima de Victor, dando tapas nos braços dele. 
   — Para com isso — ele pede tentando afastá-la. — Para com isso, Yasmin!
Victor consegue segurar os braços de Yasmin e ela se contorce, buscando se soltar. 
   — Me ouve! — ele diz. Yasmin respira fundo, tentando controlar sua raiva. 
   — Não tenho mais nada para ouvir, você já disse tudo. 
   — Não — discorda Victor. — Não disse nem a metade. 
Victor caminha, ainda segurando os braços de Yasmin, e encosta as costas dela na parte de trás do sofá. Ele apoia as mãos no sofá, uma em cada lado do corpo dela. 
   — Eu voltei para a mesa dos doces atrás de você e não te encontrei, decidi ficar por lá e uma garota se aproximou de mim.
   — Eu não quero ouvir! — Yasmin tenta empurrar um dos braços dele para sair, mas Victor empurra as costas dela contra o sofá novamente. 
   — Deixa eu terminar — diz. — A gente começou a conversar e ela me chamou para ir ao quarto dela — ele solta um suspiro — e eu fui. Chegando lá ela me empurrou para sua cama.
Yasmin fecha os olhos, querendo poder fechar os ouvidos também para não ter que ouvir o que Victor diz e ele continua:
   — Ela sentou no meu colo e veio pra me beijar, nessa hora eu ouvi a minha própria voz dizendo que não te trairia. 
Yasmin abre os olhos e ri. 
   — Você quer que eu acredite nisso? 
   — Mas é verdade — diz Victor com convicção. — Eu empurrei a loira e sai do quarto. 
   — Ela é loira — Yasmin se prende a essa detalhe. 
   — Só que é aquele louro branco, não é natural igual ao da minha namorada — diz Victor olhando para o cabelo de Yasmin. 
   — Eu já disse a você uma vez que o meu cabelo não é loiro, é castanho claro. 
   — Só você acha isso — Victor dá um leve sorriso. 
   — Eu não acredito em você. 
   — Mas eu não estou mentindo, você é loira mesmo. 
Yasmin bufa.
   — Estou falando da traição. 
   — Ah, eu também não estou mentindo sobre isso. Olha para mim — ele pede. — Não tenho nenhum chupão, nenhuma marca de batom, nada. 
Yasmin lembra dos chupões que recebeu de Fernando e torce para não ter ficado nenhuma marca. 
   — Ainda estou confusa — ela admite. 
   — Yasmin — diz Victor abaixando o tom de voz —, eu não te traí. Eu posso ter os meus defeitos, mas não sou covarde, se tivesse mesmo ficado com a gostosa lá, te falaria mesmo que isso acabasse com o nosso namoro. 
   — Você acha ela gostosa? — pergunta Yasmin. 
   — Isso foi a única coisa que você prestou a atenção? — ele pergunta rindo. 
   — Jura para mim que não ocorreu nada? 
   — Não — responde Victor. — Juro pela minha morte, eu não fiquei com a garota. 
Yasmin pensa por um momento e diz por fim:
   — Ok, dessa vez vou acreditar, mas que fique claro uma coisa, se você se deixar levar por um corpinho bonito mais uma vez, eu termino com você. Não vai interessar se aconteceu ou não traição? Fui clara? 
   — Totalmente. 
   — Acho bom.
Victor sorri e tenta beijar Yasmin, mas ela o empurra. 
   — Não, estou brava com você. 
   — Yas? 
   — Deixa eu sair — ela diz empurrando o braço dele.
   — Só depois de um beijo. 
Yasmin encara Victor e dá um selinho nele. Antes que ela possa afastar um pouco mais o rosto, Victor tasca um beijo nela, abraçando sua cintura. Yasmin tenta empurrá-lo, mas acaba cedendo e retribui o beijo. 

As horas passam e a festa acaba. Os seis adolescentes vão para o interior do casarão. 
   — Ok, vocês vão dormir no outro quarto — diz Marina para os outros. 
   — Vamos! — concorda Victor. 
   — Logo de manhã nós vamos ter que trocar de novo — fala Felipe. — Se não os nossos pais podem pegar. 
   — Tudo bem — afirma Vinícius. 
   — Ok, boa noite pra vocês — deseja Marina pegando na mão de Vinícius. 
   — Boa noite pra vocês também — diz Isabela. 
   — Ótima noite — sussurra Yasmin para si. Marina e Vinícius vão para o corredor. 
   — Vamos, Felipe! — Isabela puxa Felipe para o corredor. 
   — Nós vamos também — diz Yasmin indo atrás do casal. Isabela para e olha para ela.
   — Vocês vão dormir no mesmo quarto que a gente?
   — É o único lugar que a gente tem para dormir — fala Victor atrás de Yasmin. 
   — O sofá é muito confortável — sugere Felipe sorrindo. 
   — Ah claro — ironiza Yasmin. — Os nossos pais acordam e veem nós dois no sofá. Vai ser ótimo!
Isabela faz bico, mas sabe que a amiga está com razão.
   — Tá, vamos lá para o quarto. 
Os quatro vão para o corredor.
   — Suruba — gargalha Victor atrás de todos. Felipe, Isabela e Yasmin param e olham para ele com descrença. — Foi uma piada!
Eles balançam a cabeça e voltam a caminhar para o quarto. Isabela abre a porta e Victor, entrando por último, fecha. 
   — Tem três camas — observa Isabela. — Eu e o Felipe dividimos uma e vocês dois decidem quem dorme na cama e no colchão. 
   — Por que eu e a Yasmin não podemos dormir na cama e vocês ficam com o colchão e a cama? — questiona Victor. 
Isabela e Felipe ficam surpresos. 
   — Vocês querem dormir juntos? — pergunta Isabela. Yasmin lança um olhar matador na direção de Victor e responde:
   — Óbvio que não! O Victor está bêbado, por isso tá falando merda. 
   — Ele não parece bêbado — opina Felipe observando Victor. 
   — Erro meu, esqueci que o Victor não precisa estar bêbado para falar merda — diz Yasmin. O loiro dá um leve sorriso. 
   — A gente já pode dormir ou vocês vão ficar falando? — pergunta Isabela indo para o banheiro. 

No quarto ao lado, Marina e Vinícius se beijam na cama. Ela ignora a dor que se espalha por sua barriga, pensando que é nervosismo. 
   — Nem acredito que estamos finalmente sozinhos — sussurra Vinícius no ouvido dela. 
   — É — concorda Marina sentindo uma dor cada vez mais intensa. Vinícius volta a beijá-la e tira o casaco. Marina joga o seu chapéu no chão e sente as mãos de Vinícius abrir o seu casaco preto e beijar o seu pescoço. Enquanto fita o teto do quarto, sentindo a boca dele em sua pele, Marina tem uma náusea muito forte. Assustada, ela empurra Vinícius e levanta da cama.
   — O que foi? — ele pergunta ainda na cama.
   — Uma ânsia de vômito — responde Marina levando a mão a boca. — Acho que eu vou... — ela corre para o banheiro. Vinícius pula da cama e vai atrás dela, encontrando-a ajoelhada na frente do vaso sanitário. 
   — Marina, o que está acontecendo? — ele corre até ela. 
   — Eu não sei — diz a garota limpando a boca com as costas da mão. 
   — O que você está sentindo? 
   — Uma dor de estômago muito forte — responde Marina e volta a inclinar a cabeça para dentro do vaso. Vinícius levanta e pega a toalha de rosto enquanto ela vomita novamente. 
   — Limpa aqui — ele entrega o pano para ela. Marina pega e enxuga a boca. 
   — Eu nunca passo mal desse jeito — ela diz sem entender o motivo do que está acontecendo. 
   — Você nem bebeu tanto — pensa Vinícius. 
   — Eu nunca passei mal por causa de bebida.
Marina volta a vomitar e Vinícius passa a mão no cabelo, preocupado.
   — Eu vou chamar os seus pais! — ele avisa. Marina ergue a cabeça do vaso, limpando a boca com rapidez. 
   — NÃO! 
   — Você está botando tudo pra fora, Mari.
Ela vomita novamente e volta a olhar para Vinícius. 
   — Chama o meu irmão! 
   — O Victor? — pergunta surpreso. 
   — Não tenho outro irmão — diz Marina voltando a inclinar a cabeça para o vaso, sentindo que irá vomitar novamente. 
   — Já volto!
Vinícius corre para fora do banheiro e quando está saindo do quarto ouve Marina vomitar novamente. 

Deitado no colchão ao lado da cama de Yasmin, Victor mexe no celular. Felipe está cochilando na cama do outro lado e Yasmin e Isabela tiram a maquiagem no banheiro. Vinícius escancara a porta e Victor se assusta no chão. 
   — Quer me matar do coração? — ele pergunta assustado. — Veio pedir ajuda? Não vai me dizer que não conseguiu colocar a camisinha? — gargalha sem notar a cara apavorada de Vinícius.
   — A Marina tá passando mal! — informa o outro na porta. 
Yasmin chega a porta do banheiro seguida por Isabela.
   — Está falando sozinho, Victor? — ela vê Vinícius. — Ah, Vinícius.
   — O que você está fazendo aqui? — pergunta Isabela logo atrás da amiga. 
Victor responde levantando rapidamente do colchão.
   — A minha irmã está passando mal. 
Isabela leva as mãos a boca, chocada e Yasmin não reage. 
   — Ela não para de vomitar — informa Vinícius. 
   — Vou até lá — diz Victor saindo do quarto com Vinícius. 
   — Eu vou também! — Isabela corre atrás dos dois. 
Yasmin olha para o irmão, que dorme na cama, e volta para o banheiro.
   — O que foi que eu fiz? — pergunta ao seu reflexo no espelho. Ela se arrependeu no momento em que viu os rostos do melhor amigo e do namorado cheios de preocupação. 

Marina está sentada na tampa do vaso com a toalha na boca. Victor e Vinícius entram correndo no banheiro e Isabela logo atrás.
   — O que foi? — pergunta Victor se agachando na frente dela. 
   — A minha barriga está doendo muito — responde Marina abaixando a toalha. 
Victor apoia as mãos em cada joelho de Marina, ficando preocupado.
   — O que você está sentindo?
   — Dor e ânsia. 
   — Será que é alguma virose? — supõem Isabela encostada na pia. 
   — Não, até agora pouco ela estava bem — responde Vinícius. 
   — Então deve ter sido alguma coisa que ela comeu na festa — pressupõem Victor olhando para a irmã.
   — Eu não comi nada de diferente — diz Marina.
   — Mas só pode ter sido isso — diz Vinícius. 
   — A ânsia passou? — pergunta Victor. 
   — Um pouco. Eu nunca senti uma dor igual a essa — ela pensa em voz alta — só quando...
Marina pensa no que está sentindo e no que já sentiu anos atrás. 
   — Quando? — pergunta Isabela incentivando Marina a continuar. 
   — Quando eu comi amendoim — ela diz olhando para o irmão. Victor levanta. 
   — É claro! Você deve ter comigo alguma coisa com amendoim. 
   — Qual é o problema com o amendoim? — pergunta Isabela confusa.
   — Eu tenho intolerância a amendoim — responde Marina sentindo pontadas na barriga. 
   — E é isso que você tem quando come amendoim? — indaga Vinícius.
   — É exatamente isso — diz Marina olhando para ele.
   — Então você deve ter comido amendoim! — conclui Isabela. 
   — Não! — discorda Marina. — Eu sempre tomo cuidado para não comer nada que tenha amendoim. 
   — O que você comeu? — pergunta Victor. 
Marina pensa por um momento e começa a enumerar:
   — Coxinha, quibe, brigadeiro, beijinho, empada, torta de limão, torta de maracujá, um pavê de chocolate...
   — Você comeu, hein! — exclama Isabela. 
   — Um saquinho de pipoca e algodão doce — ela finaliza. — Nada tinha amendoim. 
   — Ah, você comeu aquele mousse de chocolate que o Fernando entregou também — lembra Vinícius.
   — Verdade — confirma Marina. — Só que tinha pedaços de chocolate, não de amendoim. 
   — Em alguma dessas coisas tinha amendoim — conclui Victor. — É a única resposta para esse seu mal-estar. 

Minutos depois, Victor e Isabela voltam para o quarto. Yasmin está sentada no colchão de Victor, já sem maquiagem e vestida com um babydoll preto. Ao verem os dois entrarem pela porta, ela levanta rapidamente. 
   — E aí? — pergunta. 
   — A Marina está com alergia a amendoim — responde Isabela. — Vou terminar de tirar a minha maquiagem. — Ela caminha para o banheiro e fecha a porta. Yasmin caminha até Victor.
   — Você está bem? — ela pergunta.
   — Preocupado com a Marina — responde o loiro. 
   — Ela vai ficar bem, não vai? — pergunta Yasmin tentando ficar menos culpada.
   — Vai — responde Victor. — Só que ela vomitou tanto já. A gente não conseguiu pensar no que ela pode ter ingerido que tenha amendoim.
Yasmin dá de ombros. 
   — Não gosto de ver a minha irmã mal desse jeito — ele diz.
   — Eu não gosto de te ver mal desse jeito.
Victor suspira e abraça Yasmin, buscando um apoio. 
   — Ela parou de vomitar e agora está se contorcendo de dor na cama. 
   — Não tem remédio? — pergunta Yasmin ainda nos braços dele. 
   — Tem, mas ela não trouxe. Agora vai ter que esperar a dor passar naturalmente.
Yasmin encosta a testa no ombro dele, se sentindo mal pelo o que fez e em duvida se deve ou não contar ao namorado a verdade.

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